Compendio CP - Direito Civil
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Direito Civil
COMPÊNDIO DE FORMAÇÃO
Índice
1. Contratos em Geral .............................................................................................................................. 3
1.1. Noção de Contrato ...................................................................................................................... 3
1.2. O contrato no Código Civil Português ......................................................................................... 3
1.2.1. Contratos unilaterais e bilaterais (quanto à estrutura) .......................................................... 4
1.2.2. Contratos consensuais ou não solenes e contratos formais ou solenes ................................ 4
2. Contrato de Transporte – Legislação Nacional ..................................................................................... 5
2.1. Legislação .................................................................................................................................... 5
2.1.1. Noção ...................................................................................................................................... 5
2.1.2. Guia de Transporte ................................................................................................................. 6
2.2. Remuneração do contrato de transporte ................................................................................... 7
2.3. Direitos e obrigações das partes ................................................................................................. 8
2.3.1. Direitos do Expedidor (art. 5.º do DL 239/2003) .................................................................... 8
2.3.2. Obrigações do transportador ................................................................................................. 9
2.4. Direitos do transportador ......................................................................................................... 11
2.4.1. Direito de retenção ............................................................................................................... 11
2.4.2. Privilégio creditório .............................................................................................................. 11
3. Responsabilidade civil ........................................................................................................................ 12
3.1. Responsabilidade civil contratual ............................................................................................. 12
3.2. Responsabilidade civil extracontratual ..................................................................................... 12
3.2.1. Pressupostos do dever de indemnizar.................................................................................. 13
3.2.2. Responsabilidade pelo risco (responsabilidade objetiva) .................................................... 13
4. O regime da Convenção Relativa ao Contrato de Transporte Internacional de Mercadorias por
Estrada (CMR) ............................................................................................................................................. 17
4.1. Âmbito de aplicação ................................................................................................................. 17
4.2. A declaração de expedição ....................................................................................................... 17
4.2.1. Conteúdo da declaração de expedição................................................................................. 18
4.3. Responsabilidades do Transportador ....................................................................................... 18
4.3.1. Outras responsabilidades: .................................................................................................... 19
4.4. Responsabilidade do Expedidor ................................................................................................ 19
4.5. Destinatário .............................................................................................................................. 20
4.6. Mercadorias Perigosas .............................................................................................................. 20
4.7. Reclamações e Ações ................................................................................................................ 20
4.8. Transporte efetuado por transportadores sucessivos .............................................................. 21
5. Bibliografia.......................................................................................................................................... 22
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1. Contratos em Geral
1.1. Noção de Contrato
Diz-se contrato, o acordo vinculativo, assente sobre duas ou mais declarações de vontade (oferta ou
proposta, de um lado; aceitação, do outro), contrapostas, mas perfeitamente harmonizáveis entre si,
que visam estabelecer uma composição unitária de interesses.
O contrato é essencialmente um acordo vinculativo de vontades opostas, mas harmonizáveis entre si. O
seu elemento essencial é, assim, o mútuo consenso.
É essencial que as partes queiram um acordo vinculativo, um pacto colocado sob a alçada do Direito.
As vontades que integram o acordo contratual, embora concordantes ou ajustáveis entre si, têm de ser
opostas.
Ex.:
O vendedor quer obter o dinheiro, desfazendo-se da coisa vendida; o
comprador quer alcançar a coisa, abrindo mão do dinheiro que dispõe.
Assim, o preceito basilar que serve de trave-mestra da teoria dos contratos é o da:
LIBERDADE CONTRATUAL – faculdade que as partes têm, dentro dos limites da lei, de fixar, de
acordo com a sua vontade, o conteúdo dos contratos que realizarem, celebrar contratos diferentes
dos prescritos no Código ou incluir neles as cláusulas que entenderem. As partes são livres de
contratar, na medida em que podem seguir os impulsos da sua razão, sem estarem aprisionados
pelas normas legais.
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Contratos bilaterais ou sinalagmáticos – nestes contratos, não só nascem obrigações para ambas as
partes, como essas obrigações se encontram unidas uma à outra por um vínculo de reciprocidade ou
interdependência. Assim acontece na compra e venda, na locação, na empreitada, no contrato de
trabalho, no contrato de transporte, entre outros.
Este vínculo acompanha as obrigações típicas do contrato desde o seu nascimento, continua a refletir-se
no regime da relação contratual, durante todo o período de execução do negócio e em todas as
vicissitudes registadas ao longo da existência das obrigações.
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Nota: Este diploma não abrange os contratos de transporte de envios postais a efetuar no âmbito dos
serviços postais e os transportes de mercadorias sem valor comercial.
2.1.1. Noção
Por transportador entende-se a empresa regularmente constituída para o transporte público ou por
conta de outrem, de mercadorias;
Assim, no contrato de transportes encontramos duas partes com interesses contrapostos, mas
harmonizáveis entre si.
Juridicamente, o contrato de transporte é:
• Bilateral ou sinalagmático – porque impõe obrigações recíprocas às partes;
• Oneroso – porque a atribuição patrimonial efetuada por cada um dos contraentes tem por
correspetivo a atribuição da mesma natureza proveniente do outro: o expedidor obtém a
colocação da mercadoria no local indicado e o transportador recebe o preço do transporte;
• Consensual –as partes podem manifestar a sua vontade por qualquer forma. Apesar de ter
vantagens que o contrato de transporte seja escrito, o contrato verbal é tão válido como
aquele.
Como consta do art. 3.º, n.º 2 do DL, a falta, irregularidade ou perda da guia não prejudicam a
existência nem a validade do contrato de transporte.
• Comercial – Nos termos do art. 366.º do Código Comercial: “O contrato de transporte por
terra, canais ou rios considerar-se-á mercantil quando os condutores tiverem constituído
empresa ou companhia regular permanente.
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Artigo 3.º
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c) Outros elementos
As partes podem ainda inscrever na guia de transporte outras menções, nomeadamente o preço e
outras despesas relativas ao transporte, lista de documentos entregues ao transportador e
instruções do expedidor ou do destinatário.
O preço do transporte é calculado com base, pelo menos, nos seguintes fatores:
a) Prestação a realizar pelo transportador;
b) Tempo em que os veículos, os serviços e a mão-de-obra estão à disposição da operação de
carga e descarga;
c) Tempo necessário para a realização do transporte, em condições compatíveis com as regras
aplicáveis em termos de segurança;
d) Preço de referência do combustível e tipo de combustível necessário à realização da operação
de transporte.
Caso o contrato de transporte revista a forma escrita, este tem de mencionar expressamente o preço de
referência do combustível e o tipo de combustível utilizado para estabelecer o preço final do transporte.
Na ausência de contrato escrito, o preço de referência do combustível é determinado com referência ao
preço médio de venda do combustível ao público divulgado no sítio da Direção Geral de Energia e
Geologia nos dias imediatamente anteriores à celebração do contrato e à realização de cada operação
de transporte (ver artigo 4.º - A do Decreto-Lei n.º 145/2008 de 28 de Julho).
O preço do transporte é revisto sempre que se verifique uma alteração de amplitude superior a 5%
entre, consoante o caso:
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De acordo com o Despacho n.º 21 994/99, pode igualmente ser utilizado, no transporte de âmbito
nacional, o modelo da declaração de expedição adotado para efeitos da Convenção relativa ao Contrato
de Transporte Internacional de Mercadorias por Estrada.
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Sempre que da guia de transporte conste a cláusula de entrega mediante reembolso e a mercadoria seja
entregue ao destinatário sem cobrança, o transportador fica obrigado a indemnizar o expedidor até esse
valor, sem prejuízo do direito de regresso.
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Por regra, o transportador deve expedir a mercadoria pela ordem que a recebe.
Essa ordem só poderá ser alterada se convenção, natureza ou destino das mercadorias a isso obrigarem,
ou quando caso fortuito ou de força maior o impeçam de a observar.
O transportador tem o dever de guarda e conservação das mercadorias que lhe são confiadas, desde
que as recebe até que as entregue ao destinatário, sendo responsável por deteriorações ou perdas
ocorridas entre o momento em que recebeu e o momento em que as entrega ao destinatário.
Existe avaria ou deterioração da mercadoria quando há qualquer desgaste ou estrago que retire à
mercadoria parte ou todo o seu valor económico ou da sua utilidade.
Verifica-se perda de mercadorias quando não há coincidência entre a mercadoria que consta da guia de
transporte e a que é entregue ao destinatário.
Esta responsabilidade poderá ser afastada se a avaria ou perda resultar de caso fortuito ou de força
maior, se for culpa do expedidor ou do destinatário.
Para sua salvaguarda o transportador deverá mencionar na guia de transporte qualquer reserva quanto
ao modo como a mercadoria lhe é entregue. Para que esta reserva seja válida deverá ser formulada de
forma clara e fundamentada e deverá ser aceite pelo expedidor. Se não for mencionado na guia de
transporte presume-se que o transportador aceita a mercadoria sem reservas não existindo vícios
aparentes.
Caso não exista acordo entre o transportador e o expedidor quanto ao estado das mercadorias estas
serão depositadas em armazém seguro até ser proferida sentença judicial, salvo se o Tribunal ordenar
que sejam entregues ao possuidor da guia de transporte.
O destinatário tem o direito de proceder, a expensas suas, à verificação do estado da mercadoria,
mesmo que esta não apresente sinais exteriores de deterioração.
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O direito de reclamação do destinatário por perdas ou avarias das mercadorias caduca com a entrega
das mesmas no caso de ter havido verificação ou sendo o vício aparente; nos outros casos caduca em 8
dias a contar da data da entrega.
As partes podem, no próprio contrato de transporte, estipular cláusulas que determinem o montante
indemnizatório as pagar em caso de perdas ou avarias. Na falta de tais cláusulas contratuais, a
indemnização será calculada nos termos gerais de direito.
O direito à indemnização está garantido por privilégio creditório, sobre os instrumentos principais e
acessórios que o transportador empregar no transporte.
O privilégio creditório é a faculdade que a lei, em função do motivo do crédito, concede a certos
credores de serem pagos com preferência em relação a quaisquer outros.
O transportador responde, como se fossem cometidos por ele próprio, por todos os atos ou omissões
dos seus empregados, agentes, representantes e outras pessoas a quem recorra para a execução do
contrato.
Em caso de transportes sucessivos (mesmo contrato, vários transportadores), verificando-se a
ocorrência de danos e não podendo determinar-se o transportador responsável por aqueles, todos os
transportadores são solidariamente responsáveis pelas indemnizações que sejam devidas.
A lei presume que o transportador subsequente recebeu as mercadorias em bom estado, se a guia de
transporte não contiver reservas quanto ao estado das mesmas.
É, por isso, de extrema importância, que o transportador subsequente formule as reservas convenientes
nas guias de transporte.
O transportador é também responsável perante o expedidor, por todas as omissões no cumprimento
das leis fiscais em todo o curso da viagem.
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3. Responsabilidade civil
A responsabilidade civil consiste na obrigação legal de reparar um dano causado a um terceiro e pode
ser:
a) Contratual – decorre da falta de cumprimento de um contrato;
b) Extracontratual – consiste na violação de direitos de outrem ou na prática de atos que
violam leis que protegem interesses alheios (ex.: acidentes de viação, acidentes de trabalho);
O transportador é assim responsável por atrasos, perdas ou deteriorações que se verifiquem nas
mercadorias entre o momento em que as recebe até que as entrega ao destinatário ( a menos que
consiga provar que o atraso, a perda ou a deterioração ficou a dever-se a caso fortuito ou de força maior
ou a culpa do expedidor ou do destinatário).
O transportador é também responsável pelos atos e omissões dos seus empregados, agentes,
representantes ou outras pessoas a que recorra para a execução do contrato.
No entanto, esta responsabilidade do transportador (comitente) só existe se o dano for causado pelo
motorista (comissário) no exercício das suas funções.
Se o motorista, ainda que no horário de trabalho, praticar o ato fora do exercício das suas funções só ele
será responsabilizado.
A responsabilidade civil pressupõe sempre a existência de culpa ou negligência.
Não tendo o agente agido com culpa, só excecionalmente, nos casos expressamente previstos na lei,
poderá ser responsabilizado, ao abrigo da chamada responsabilidade objetiva (sem culpa).
Parecem assim ficar fora da proteção legal aquelas situações em que há atraso, perda ou deterioração
da mercadoria sem que haja culpa do transportador, expedidor ou destinatário (ex.: ocorrência de
fenómenos naturais, doença súbita do motorista que provoca um acidente e a consequente
deterioração da mercadoria, etc.).
Em casos como estes, será de negar ao lesado o direito ao ressarcimento pelos prejuízos sofridos?
No exercício de certas atividades que envolvem perigos constantes considerou-se justo que os danos
provenientes desses riscos fossem suportados por quem lucra com a atividade.
Esta ideia de socialização do risco levou a alargar a responsabilidade sem culpa à circulação rodoviária,
criando-se o seguro obrigatório e até o fundo de garantia automóvel, para os casos de falta de seguro
ou de seguro ineficaz.
A responsabilidade pelo risco, em última análise, também está dependente da violação de um direito de
outrem ou de uma disposição legal destinada a proteger interesses alheios bem como da verificação de
um dano.
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A grande diferença em relação à responsabilidade por factos ilícitos é, como se disse, o facto de a
obrigação de indemnizar não estar dependente da culpa. Tal obrigação nasce do risco próprio de certas
atividades e integra-se nelas, independentemente de dolo ou mera culpa.
A lei prevê algumas situações que se enquadram no âmbito da responsabilidade pelo risco.:
a) Relação entre comitente e comissário;
b) Danos causados por veículos.
À relação que se estabelece entre comitente e comissário dá-se o nome de relação de comissão e
significa qualquer serviço ou atividade realizada por alguém (comissário) por conta e sob direção de
outrem (comitente), podendo essa atividade traduzir-se num ato isolado ou numa função duradoura,
ter carácter oneroso ou gratuito, manual ou intelectual.
A relação de comissão pressupõe uma dependência entre comitente e comissário que legitime aquele a
dar ordens ou instruções a este.
Só este poder justifica a responsabilidade do comitente pelos atos do comissário.
Nos termos da lei “aquele que encarrega outrem de qualquer comissão responde, independentemente
de culpa, pelos danos que o comissário causar, desde que se sobre este recaia também a obrigação de
indemnizar.”
Significa isto que, havendo uma relação de subordinação entre duas pessoas (comitente e comissário) o
comitente, independentemente de culpa sua, responde pelos danos causados pelo comissário.
Porém, só será assim, se o comissário atuar com culpa (no sentido visto para a responsabilidade
objetiva).
Se não houver culpa do comissário, o comitente não será obrigado a pagar qualquer indemnização e,
conforme já foi referido a propósito da responsabilidade subjetiva, a responsabilidade do comitente só
existe se o facto danoso for praticado no exercício das funções do comissário ainda que contra as
instruções daquele.
Em suma, o comitente, independentemente de culpa sua, será responsável pelos atos danosos
praticados pelo comissário, quando:
a) O comissário contribui, com culpa, para a produção do dano;
b) O comissário agiu no exercício das suas funções.
De ressalvar o direito de regresso do comitente, exigindo o reembolso do que tenha pago a título de
indemnização sobre o comissário.
No âmbito da responsabilidade pelo risco (sem culpa) os danos podem resultar da utilização dos
veículos.
Nos termos da lei: “pelos danos que o veículo de circulação terrestre causar responde a pessoa – singular
ou coletiva – que tiver a direção efetiva do veículo e o utilizar no seu próprio interesse “, ou seja, aquele
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que beneficia das vantagens que o veículo proporciona deve, por essa razão, arcar com os riscos
próprios da sua utilização.
• Riscos próprios dos veículos: aqueles que estão diretamente relacionados com o
funcionamento do veículo, que derivam dos riscos específicos da utilização do veículo,
ficando de fora todos os que não têm conexão com os riscos específicos do veículo,
isto é, aqueles danos que apesar de terem sido causados por um veículo poderiam ter
sido causados por qualquer outra coisa móvel.
Só haverá responsabilidade pelo risco, atinente a danos causados por veículos quando estiverem
preenchidos todos os requisitos atrás mencionados.
De referir ainda que “aquele que conduzir por conta de outrem responde pelos danos que causar, salvo
se provar que não houve culpa da sua parte”.
Isso significa que nos casos em que exista uma relação de subordinação, o motorista que conduz o
veículo também poderá responder pelos danos que causar, a menos que consiga provar que não houve
culpa sua.
Assim, em caso de acidente em que seja interveniente o motorista de uma empresa de transporte de
mercadorias, trabalhando por conta de outrem, responde a entidade empregadora independentemente
de culpa e o motorista solidariamente, a menos que prove que não houve culpa sua, isto é, o motorista
por conta de outrem não responde pelo risco, só pela culpa).
B) Danos indemnizáveis
De acordo com os princípios da responsabilidade civil, aquele que estiver obrigado a reparar um dano
deve reconstituir a situação que existiria se não se tivesse verificado o evento que obriga à reparação.
Não sendo possível essa reparação/reconstituição, é fixada uma indemnização em dinheiro.
Existem dois tipos de danos, a saber:
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• Danos não patrimoniais ou morais - todos aqueles aos quais não corresponde
qualquer quantia pecuniária determinada, porque insuscetíveis de terem um valor
económico que lhes seja atribuído segundo as regras do mercado.
Ex.: Sofrimento, dor, angústia, causados por diferentes motivos como sejam a morte,
os ferimentos, a amputação de um membro, etc.
Nota: Dentro das situações relativas aos danos causados por veículos, existem várias que derivam
unicamente da colisão de veículos. Importa, neste âmbito, considerar as seguintes hipóteses:
• Ambos os condutores agiram com culpa: cada um responde pelos danos que causou na devida
proporção (responsabilidade por factos ilícitos);
• Apenas um dos condutores teve culpa: responde por todos os danos causados
(responsabilidade por factos ilícitos);
• Nenhum dos condutores agiu com culpa: os valores dos danos são somados e repartidos na
proporção com que cada um dos veículos contribuiu para a produção dos danos.
Em caso de dúvida, considera-se igual (responsabilidade pelo risco)
• Nenhum dos condutores agiu com culpa e apenas um dos veículos causou danos: apenas o
detentor desse veículo está obrigado a reparar os danos (responsabilidade pelo risco)
O capital seguro e o limite da responsabilidade é, normalmente, fixado por viagem e/ou transporte, em
relação a cada veículo devidamente identificado na apólice.
Transporte Internacional:
No caso de seguros de carga relativos à execução do contrato de transporte internacional, o limite da
responsabilidade pelo transporte é fixado de acordo com as normas da convenção CMR.
A indemnização a pagar não poderá ultrapassar 8,33 DSE – direitos de saque especial (unidade de conta
do Fundo Monetário Internacional) por KG de mercadoria em falta (ver art. 23.º, n.º 3 da CMR).
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O valor da indemnização devida por perda ou avaria não pode ultrapassar €10 por quilograma de peso
bruto de mercadoria em falta.
A indemnização por demora na entrega não pode ser superior ao preço do transporte e só é devida
quando o interessado demonstrar que dela resultou prejuízo, salvo quando exista declaração de
interesse especial na entrega, caso em que pode ainda ser exigida indemnização por lucros cessantes de
que seja apresentada prova.
A Convenção Relativa ao Contrato de Transporte Internacional de Mercadorias por Estrada (CMR) é uma
norma pela qual se regem todos os contratos de transporte de mercadorias por estrada a título
oneroso, por meio de veículos, quando o lugar do carregamento da mercadoria e o lugar da entrega
previsto se encontram situados em dois países diferentes.
E também aos transportes efetuados por Estados ou por instituições ou organizações governamentais.
A declaração é feita em três exemplares originais assinados pelo expedidor e pelo transportador. As
assinaturas podem ser impressas ou substituídas pelas chancelas do expedidor e do transportador se tal
for permitido pela legislação do país onde é preenchida a declaração de expedição.
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O expedidor e o transportador podem exigir que sejam preenchidas tantas declarações de expedição
quantos os veículos a utilizar ou quantas as espécies ou lotes de mercadorias.
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No caso de não dispor dos meios para verificar a exatidão das indicações referentes ao número de
volumes, marcas e números deverá inscrever na declaração de expedição as devidas reservas
(fundamentadas).
Sempre que o expedidor o exija, deverá ter que verificar o peso bruto da mercadoria ou o conteúdo dos
volumes; nestes casos, o transportador poderá reclamar o pagamento das despesas decorrentes da
verificação e o resultado das verificações efetuadas.
O transportador é responsável pela perda total ou parcial da carga, ou pela avaria que se produzir entre
o momento do carregamento da mercadoria e o da entrega desta, bem como pelo eventual atraso na
entrega.
O transportador fica ainda isento da sua responsabilidade, quando a perda ou avaria resultar dos riscos
particulares inerentes a um ou mais dos factos a seguir descritos:
a) Utilização de veículos abertos e não cobertos com encerado, quando este uso foi acordado de
forma expressa e mencionado na declaração de expedição;
b) Falta ou defeito da embalagem quanto às mercadorias que, pela sua natureza, estão sujeitas a
perdas ou avarias quando não se encontram embaladas ou estão mal embaladas;
c) Manutenção, carga, arrumação ou descarga da mercadoria, pelo expedidor, pelo destinatário
ou por pessoas que intervenham por conta do expedidor ou do destinatário;
d) Origem de certas mercadorias, sujeitas, por causas inerentes a essa própria origem, quer a
perda total ou parcial, quer a avaria, especialmente por fratura, ferrugem, deterioração interna
e espontânea, secagem, derramamento, quebra normal ou ação de bicharia e de roedores;
e) Insuficiência ou imperfeição das marcas ou dos números dos volumes;
f) Transporte de animais vivos.
Caberá sempre ao transportador a prova de que a perda, avaria ou demora teve por base um dos factos
anteriormente descritos.
Sempre que a mercadoria for entregue ao destinatário sem cobrança do reembolso que deveria ter sido
percebido pelo transportador, de acordo com o respetivo contrato de transporte, o transportador terá
de indemnizar o expedidor até ao valor do reembolso, exceto se proceder contra o destinatário.
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O expedidor é responsável, perante o transportador, por eventuais danos a pessoas, materiais ou outras
mercadorias, assim como por despesas originadas por defeito da embalagem da mercadoria, a não ser
que, sendo o defeito aparente ou tendo conhecimento dele no momento em que se tornou conta da
mercadoria, o transportador não tenha feito reservas a seu respeito.
O expedidor é também responsável para com o transportador por todos os danos resultantes da falta,
insuficiência ou irregularidade dos documentos necessários para o cumprimento das formalidades
aduaneiras.
4.5. Destinatário
Após a chegada da mercadoria, o destinatário tem o direito de solicitar que o segundo exemplar da
declaração de expedição e a mercadoria lhe seja entregue.
As mercadorias perigosas, de cujo perigo o transportador não tenha tido prévio conhecimento poderão
ser descarregadas, destruídas ou tornadas inofensivas pela intervenção do transportador, sempre e em
qualquer lugar, sem direito a indemnização, sendo o expedidor responsável por todas as despesas e
prejuízos resultantes de terem sido entregues para transporte ou do respetivo transporte.
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5. Bibliografia
Antunes Varela, Das obrigações em geral, Vol. I.
Antunes Varela, Das obrigações em geral, Vol. I
Decreto-Lei n.º 239/2003 de 4 de Outubro com as alterações do Decreto-Lei n.º 145/2008 de 28 de
Julho
Decreto-Lei nº 257/2007 de 16 de Julho de 2007 Código Civil
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