A Inclusão Do Aluno Autista Na Educação Matemática Na Perspectiva Da Aprendizagem Através Do Lúdico
A Inclusão Do Aluno Autista Na Educação Matemática Na Perspectiva Da Aprendizagem Através Do Lúdico
A Inclusão Do Aluno Autista Na Educação Matemática Na Perspectiva Da Aprendizagem Através Do Lúdico
3631 Artigo
Resumo: A inclusão de alunos com deficiência ou transtorno é um direito garantido por lei,
por este motivo este artigo foi realizado tendo como intuito discutir, refletir e compreender
sobre a inclusão no ensino da matemática para alunos com TEA, o Transtorno do espectro
autista, matriculados na escola de ensino fundamental anos finais vinculadas a rede pública de
ensino de Penaforte-CE. Foi realizado o diagnóstico na escola campo, onde foi evidenciado que
o processo de inclusão dos alunos com autismo no ensino da matemática ainda é bastante
desafiadora, tendo em vista que a escola não possui materiais adaptados, nem incluem em seus
debates ou documentos norteadores sobre a educação inclusiva, não tem uma infraestrutura
adequada, sobretudo, em relação a capacitação dos docentes, entretanto, buscou-se demonstrar
aos discentes que é possível inovar suas práticas pedagógicas através de estratégias e
metodologias de ensino que facilite a aplicação de atividades voltadas para o ensino desta
disciplina, assim desta forma, a partir do desenvolvimento de planejamentos pedagógicos, a
utilização de materiais didáticos manipuláveis, que desenvolva o raciocínio lógico, o
pensamento, a criatividade e a capacidade de resolver problemas, assim proporcionando uma
aprendizagem significativa deste público que necessita de um olhar especial na forma de
ensinar, com a finalidade de, posteriormente, realizar uma intervenção, com a utilização de
jogos, e tecnologias assistivas, através da gamificação, ferramentas essas que potencializem o
ensino e a aprendizagem dos conteúdos matemáticos. Quanto ao tipo de pesquisa, optou-se pela
pesquisa de campo, de caráter qualitativa e exploratório, de natureza bibliográfica onde os
estudos sobre a educação matemática evidenciaram que é necessário promover uma educação
que preze pela aprendizagem dos alunos autistas.
_____________________________________________
1
Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central (FACHUSC). [email protected];
2
Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central (FACHUSC). [email protected];
3
Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central (FACHUSC). [email protected].
38 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
The Inclusion of the Autistic Student in Mathematics Education
in the Perspective of Learning through Ludic
Abstract: The inclusion of students with disabilities or disorders is a right guaranteed by law, for this
reason this article was carried out with the aim of discussing, reflecting and understanding about
inclusion in the teaching of mathematics for students with ASD, Autism Spectrum Disorder, enrolled in
the final year elementary school linked to the public education network of Penaforte-CE. The diagnosis
was carried out at the rural school, where it was evidenced that the process of including students with
autism in the teaching of mathematics is still quite challenging, given that the school does not have
adapted materials, nor do they include in its debates or guiding documents about the inclusive education,
does not have an adequate infrastructure, especially in relation to the training of teachers, however, we
sought to demonstrate to students that it is possible to innovate their pedagogical practices through
teaching strategies and methodologies that facilitate the application of activities aimed at teaching of
this discipline, thus, from the development of pedagogical plans, the use of manipulative teaching
materials, which develops logical reasoning, thinking, creativity and the ability to solve problems, thus
providing a significant learning of this public that needs a special look at the way of teaching, with the
purpose of, po later, carry out an intervention, using games, and assistive technologies, through
gamification, tools that enhance the teaching and learning of mathematical content. As for the type of
research, field research was chosen, of a qualitative and exploratory nature, of a bibliographic nature,
where studies on mathematics education showed that it is necessary to promote an education that values
the learning of autistic students.
Introdução
A educação inclusiva, e a luta das pessoas com deficiência ou transtorno, vêm sendo
constantes discussões de várias reflexões e propostas diferenciadas, pelas especificidades
inerentes a pessoa e pelos diversos problemas de inclusão existentes no contexto escolar, sabe-
se que cada vez o número de crianças com alguma deficiência vem aumentando, portanto, é um
desafio da escola compreender para possíveis articulações, dentre dessas temáticas da educação
inclusiva, apresentamos o transtorno do espectro autista (TEA), que ainda é pouca debatida no
meio educacional, priorizando uma reflexão na prática pedagógica voltada para diversidade.
Sabe-se que o aluno com autismo apresenta algumas dificuldades e limitações no processo de
ensino e aprendizagem, portanto é necessário que toda a instituição, principalmente os
professores que trabalham diretamente com eles, tenham conhecimento da realidade de cada
um, para que desta forma não lhes seja negada o direito de uma educação de qualidade.
Neste contexto, o interesse pelo assunto abordado surgiu através de observações dentro
da escola campo, do desafio que os professores enfrentam de ensinar alunos especiais, dentre
39 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
eles, um aluno da turma do 6° ano do ensino fundamental no ano de 2022, com Transtorno do
espectro autista (TEA), buscamos, a partir disto, mostrar a realidade do ensino da matemática
inclusiva na perspectiva da aprendizagem do aluno autista.
A escola, como instituição que legitima a prática pedagógica e formação de seus
educandos, precisa romper com a homogeneidade e adotar estratégias para assegurar os direitos
de aprendizagem. Diante do que foi apresentado, chega-se ao seguinte questionamento a ser
respondido: como favorecer uma educação matemática inclusiva para alunos autistas nos anos
finais do ensino fundamental? E quais estratégias de ensino os docentes podem incluir na sua
prática para favorecer a aprendizagem dos alunos autistas? A utilização de jogos matemáticos
e brincadeiras em sala de aula, são uma importante ferramenta para facilitar a inclusão e dar a
oportunidade para que os alunos aprendam brincando, assim proporcionando o ensino e
aprendizagem de forma significativa, outra questão importante é as escolas e os sistemas de
ensino oferecer formações continuadas específicas para os professores que atuam nos anos
finais, principalmente com foco na metodologia do ensino da matemática, onde o professor
seja preparado para atender sua clientela, incluindo a todos, principalmente os alunos com
alguma deficiência que necessitam de uma atenção maior. A formação continuada é uma prática
que todos os profissionais devem estar à procura, assim a luta poderá ser vitoriosa na forma de
ensinar, cabe ao educador fazer de sua prática uma das melhores, visando cada aluno de maneira
a favorecer a todos.
Para Kishimoto (1993):
O termo autismo foi utilizado pela primeira vez pelo psiquiatra Suíço Eugen Bleuler,
para descrever um grupo de estudos relacionado a esquizofrenia. A palavra tem raízes no grego
“autos” (eu) que significa próprio ou “de si mesmo”. É então a partir de 1943 que Leo Kanner,
psiquiatra austríaco, começa a delimitação e estudos científicos do autismo, publicando obras
onde descrevia características sociais, comportamentais e linguísticas do autismo. O Autismo
41 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
é um transtorno do desenvolvimento que envolve atrasos e comprometimentos nas áreas de
interação social e linguagem, incluindo uma ampla gama de sintomas emocionais, cognitivos,
motores e sensoriais.
Esses problemas e dificuldade que eles apresentam, são complexos de desenvolvimento
e se expressam de modo diferente em cada indivíduo, sendo assim, nem todas as crianças com
o mesmo diagnóstico, apresentam os mesmos sintomas nas mesmas intensidades; ou seja, cada
autista é único. Segundo especialistas, o autismo é classificado em 3 níveis de gravidade: o
nível 1 ou leve; o 2 ou moderado e o nível 3 o grave. Quanto maior o nível, maiores são os
sintomas e as dificuldades. Muitas crianças autistas ainda têm seu desenvolvimento prejudicado
por falta de um diagnóstico e acompanhamento apropriado no ambiente escolar.
Segundo Belisário Filho e Cunha (2010, p. 15),
Com a evolução das pesquisas científicas chegaram à conclusão de que o autismo não é
um distúrbio de contato afetivo, mas sim um distúrbio de desenvolvimento, que geralmente
aparece nos três primeiros anos de vida e compromete as habilidades de comunicação e
interação social.
Para a psicanálise o autismo é uma forma de defesa do indivíduo exposto a situações
adversas, como pontua Guedes (2002). O autor cita que para os estudos da psicanálise de
Melanie Klein o autismo é uma forma de defesa do momento traumático do nascimento, ou
seja, o contato forçado com o mundo externo causaria um retardamento profundo no indivíduo.
Pesquisas recentes indicam que o quadro do autista ou transtorno global do desenvolvimento
apontam algumas características relacionadas ao autismo devido a sua complexibilidade foi
ampliado, apresentando-se em estado puro ao associado a outras patologias. Comentado [m1]:
42 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
A Matemática Inclusiva na Perspectiva da Aprendizagem do Aluno Autista
43 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
matemática, por exemplo, é um desafio para todos, principalmente para essa clientela
heterogênea, que apresentam dificuldades na compreensão de termos abstratos e conceitos
matemáticos, apresentando também diferentes habilidades e formas de compreensão, o pensar
matemático precisa ser cada vez mais trabalhado de forma dinâmica, através de atividades
lúdicas que dessa forma facilite a compreensão dos conteúdos, pois os jogos quando bem
trabalhados motivam os alunos a aprender, além de ajudar na fixação dos temas abordados. O
aluno autista faz parte de um público que necessita de diferentes olhares na forma de
transmissão do conteúdo matemático, sendo assim vem à matemática inclusiva trabalhada em
uma perspectiva de construção da aprendizagem significativa para o aluno autista.
Segundo Rosa (2005) os profissionais de educação precisam estar à procura de
qualidade no ensino, através de estudos, compromisso e educação é possível ensinar pra
compreensão dos alunos autistas, portanto um professor que tem sua profissão como algo que
transforma vidas, esse procura proporcionar um ensino adequado para alunos com deficiência:
44 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
Em uma visão tendo como referência a citação de Medeiros (2011) mostra que não basta
apenas trabalhar com jogos em sala, mas além de trabalhar, planejar a ação docente, ter
objetivos a atingir, que cada jogo vise à aprendizagem matemática do estudante, onde a aula
seja bem articulada com jogos contextualizados. Diante do que foi apresentado, conclui-se que
o lúdico, e a brincadeira constituem-se de uma estratégia importante para o desenvolvimento e
aprendizagem, pois além de contribuir na aprendizagem dos conteúdos escolares, auxilia no
desenvolvimento, afetivo, cognitivo, social, intelectual e psicomotor do aluno autista.
O desafio da inclusão provoca inquietações, pois, embora as leis estejam em vigor para
assegurar uma educação de qualidade aos alunos que apresentam algum tipo de deficiência ou
transtorno, sobretudo, sabemos que existem diversos problemas para que de fato. Em virtude
disso, se faz necessário ampliar o olhar para a prática pedagógica, inserindo a escola como um
todo, analisando e repensando o modelo de ensino na perspectiva inclusiva, com o intuito de
atender às diferenças, e consequentemente, a melhoria da educação, baseando-se no
pensamento de CARVALHO (2005):
45 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
desenvolvimento nesta disciplina por estes alunos. A matemática está constantemente presente
na vida das pessoas, no entanto, tem em seu ensino e aprendizagem um desafio para as várias
dimensões educacionais (SANTOS, 2016).
Perante o exposto, a prática docente precisa ser avaliada a todo o momento, pois muitas
das vezes a mesma não está sendo satisfatória para atingir a construção de habilidades
matemáticas para aprendizagem não só do aluno autista, mas todos em geral. Nesta perspectiva
o professor precisa procurar possibilidades de ensino que facilite a compreensão da matemática,
além dos jogos nas aulas de matemática existem outras inovações que tem um papel importante
na construção de habilidades. Com objetivos de aprendizagens para o aluno com autismo, o
lúdico, por exemplo, vem sendo trabalhado onde está proporcionando grandes resultados na
aprendizagem matemática, a aula dinâmica com o uso da tecnologia tem se tornado importante
ferramenta na prática do professor.
Segundo Baptista (2002), a educação inclusiva para pessoas autistas requer inicialmente
uma habilidade de avaliação de situação contextual: Quem é o sujeito? Quais os seus vínculos?
Quais os pontos de partida para um trabalho pedagógico? Através destes questionamentos
percebe-se o quanto se faz necessário que o professor tenha conhecimento da realidade onde o
aluno está inserido, quais seus hobbies, e principalmente descobrir quais habilidades aquele
aluno apresenta, segundo pesquisas em sites, e artigos, os alunos autistas apresentam em sua
maioria uma grande habilidade na disciplina de matemática, que muitas vezes perpassam até os
demais alunos, por é necessário que se faça uma avaliação dos mesmos, para que desta forma,
possa se trabalhar atividades voltadas para a realidade do aluno, podendo assim chegar a uma
aprendizagem significativa no aluno.
Neste pensamento, o ensino da matemática para alunos com autismo tem que partir de
aulas dinâmicas, trabalhando para estimular a autonomia e confiança na capacidade de cada
um. As atividades lúdicas, e principalmente as que são realizadas por meio do concreto,
evoluem o pensamento matemático individual no processo de aprendizagem, ainda é necessário
que a recreação da prática docente seja trabalhada de forma a atingir os objetivos de
aprendizagem. A criatividade na prática do professor também é muito importante no processo
de aprendizagem da matemática, através dela é possível alcançar o sucesso no ensino.
Segundo a autora (MANTOAN, 1997):
46 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
A postura do professor em sala de aula conta muito no processo de ensino, a forma de
comunicação da linguagem utilizada em sala de aula é fundamental para desenvolver
habilidades de comunicação e interação entre alunos com autismo. Há estudiosos que relata o
desenvolvimento da linguagem de criança com autismo. De acordo com Orrú, 2009):
47 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
Segundo Silva (2014) a matemática no contexto do aluno autista precisa de um trabalho
planejado em cima da realidade do meio que o aluno está inserido, ou seja, com suas vivências,
costumes, gostos e também suas personalidades. A contextualização de problemas matemáticos
facilita uma melhor compreensão da matemática. Os jogos matemáticos para o ensino do aluno
com autismo não necessariamente precisam ser contextualizados, mas necessita deles pra obter
sucesso no ensino da matemática. O trabalho com jogos possibilita que as demonstrações das
teorias matemáticas sejam provadas, sendo assim proporcionando uma visão mais clara da
matemática.
Ainda é importante assinalar que o uso de jogos na sala de aula, precisa ser planejado em
uma perspectiva de aprendizagem, não só basta que aconteça o momento do uso do jogo, mas
que se tenham objetivos a atingir, onde a metodologia do professor esteja condizendo com as
metas de aprendizagem.
O aluno com transtorno do espectro autista (TEA) vem ganhando espaço importante
dentro da educação, com a lei 12.764 que garante os direitos aos alunos com autismo, sendo
uma política nacional de proteção aos direitos do aluno autista. A aprendizagem e a inclusão
dos mesmos vêm sendo cada vez mais significativa, a escola com seu papel de incluir e fazer
acontecer à educação faz-se necessário o uso de uma pedagogia inovadora. Diante de uma
educação pública ainda frágil, necessitada de um olhar mais coerente com a realidade dos
alunos, é necessário que a escola e à família trabalhem juntas com um só objetivo, a
aprendizagem do aluno autista!
É evidente a importância da família na escola para uma educação inclusiva e
significativa. A constituição no seu art. 205 diz:
Portanto, a lei garante uma parceria entre a família e escola. Quando existe um
acompanhamento clínico, a presença da família na vida estudantil do aluno e a escola
procurando cada vez mais ensinar de forma inclusiva procurando inovar suas práticas
educacionais. A criança com autismo tem dificuldades de comunicação, de aprendizagem
48 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
cognitiva e enquanto mais forças estiverem lutando por um propósito será mais fácil de garantir
uma educação de qualidade. De acordo com a lei 12764/2012, estabelece no inciso VII que a
família seja orientada e participe de formações para compreender os direitos estabelecidos na
lei.
Os desafios ainda são muitos a inclusão, o preconceito e o abandono já fazem parte da
sociedade, principalmente na vida das famílias de muitos autistas. A inclusão das pessoas com
autismo deve começar em casa. Todo autista tem o direito de ser acolhido por sua família que
deve ser fortalecida, construir e instrumentalizada para garantir os direitos das pessoas com
autismo. Podemos sugerir ações e atividades para serem realizadas como: rodas de conversas
com autistas e familiares, mobilização da família nas mídias e incentivar a formação de uma
associação para família de autistas.
Metodologia
Resultados e Discussão
A educação inclusiva tem um papel fundamental dentro do espaço escolar, visto que ela
surge como um novo paradigma educacional no século atual, garantindo a necessidade de se
construir uma educação de qualidade para todos, na perspectiva da educação matemática na
inclusão do aluno autista, tende a romper paradigmas da segregação e da integração, portanto
50 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
para romper essa barreira, compete aos educadores buscarem novas formas de ensinar, que seja
de acordo com as especificidades de cada aluno, e que promova a efetiva aprendizagem de
todos os educandos.
No entanto sabe-se que a inclusão de alunos com dificuldade de aprendizagem ou
alguma deficiência é bastante desafiadora, e que diante do que se pode evidenciar
através da pesquisa a integração dos mesmos nas salas de aulas regulares ainda apresenta
limites, e potencialidades.
Perante o exposto, após a leitura e avaliação das respostas do questionário aplicado aos
professores, evidencia-se aspectos significativos relacionados às dificuldades enfrentadas tanto
na garantia dos direitos de aprendizagem dos alunos autistas como também no desenvolvimento
das atividades que formam pontuadas para nossa análise, o questionário aplicado, buscou
justamente mostrar essa realidade, foram escolhidas as questões consideradas mais pertinentes
para discutirmos sobre as mesmas, a primeira indagação foi feita com objetivo de investigarmos
se os professores têm conhecimento do que é a educação inclusiva, perguntamos o que é a
educação inclusiva, tendo em vista que para oportunizar a garantia de inclusão a todos, é
necessário ter conhecimento. Dos três professores respondentes, apenas dois conseguiram
afirmar o que é de fato a educação inclusiva, professor 1 afirma: [...] é uma educação que
promove o desenvolvimento das particularidades de cada estudante[...] e, professor 2 reitera,
[...] é dar acessibilidade, e oportunidades iguais para todos. Sendo acima de tudo, humano,
compreensivo, criativo, dinâmico. Mostrando que todos são iguais nas diferenças, que a
forma de aprender de cada um seja valorizada e trabalhada. Que a vida, a realidade, o meio
que o aluno vive seja levado para sala de aula, assim proporcionando uma forma de
aprendizagem mais significativa e eficaz. Proporcionar trabalhos em equipes, participação
em projetos, eventos culturais e sociais no âmbito escolar, fortalece a união e assim a
inclusão dos nossos alunos [...].
51 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
mediador. O Professor 2 completa,
Mediante as falas dos professores acima, fica evidente que a inclusão de alunos com
dificuldades de aprendizagem ou autismo nas salas regulares, ainda é uma questão bastante
desafiadora, mediante a isso, indagamos aos professores, quais as maiores dificuldades
enfrentadas, no ensino da matemática visto que os sistemas de ensino apresentam diversos
problemas, professor 3 relatou que : [...] a falta de pessoas capacitadas para media-los no
ensino e aprendizagem, a falta de materiais pedagógicos, de acessibilidade referente a falta de
espaços próprios para desenvolvimento de atividade, e principalmente turmas com grande
número de alunos[...]. O Professor 2, afirma: [...] que a maior dificuldade enfrentada seja a
falta de preparação, pois segundo o mesmo na graduação ele não estudou, nenhuma disciplina
que o orientasse a lidar com alunos com alguma dificuldade de aprendizagem ou
deficiência[...]
Nessa direção, o estudo de (Carvalho 2005) aponta que a várias barreiras a ser
removidas para que haja realmente uma educação inclusiva, uma dessas barreiras é a falta de
formações de professores sobre o autismo, mesmo a constituição de 1988 tendo garantido as
pessoas com deficiência, o direito à uma educação inclusiva, preferencialmente, na rede regular
de ensino, as políticas de formação dos docentes, que desenvolveram até o momento, foram
insuficientes para atender a demanda de educadores que necessitam de suporte formativo, seja
pela oferta de cursos de formações continuadas, ou ainda pela falta de investimento e incentivo
aos professores por parte dos municípios para participarem de cursos na área de educação
especial.
No que se refere a educação matemática nas escolas de educação básica, é
constantemente debatida em pesquisas, sobre a dificuldade que muitos alunos apresentam no
processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos matemáticos. Essa dificuldade tende a se
agravar quando se trata de alunos com deficiência, que necessitam ser atendidos com estratégias
metodológicas e recursos que respeitem suas especificidades.
Cerqueira (2016) fala da importância da aprendizagem significativa dos conceitos
matemáticos, que somente irá acontecer mediante reflexão sobre as estratégias didáticas que o
52 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
professor pode utilizar para auxiliar seu aluno a construir seus conhecimentos sobre a disciplina.
Diante disso, foi perguntado aos professores quais estratégias e metodologias são utilizadas
no ensino da matemática para alunos autistas, o professor 3 relata; [...] não utilizo em minhas
aulas atividades adaptadas para alunos autistas, tendo em vista que nunca fui treinado para
dar aulas a alunos com deficiência ou dificuldade de aprendizagem, e nunca vi uma atividade
de matemática para um aluno autista[...], é evidente a falta de conhecimento do professor em
relação as metodologias ativas que garantem a inclusão dos alunos com deficiência ou
transtornos, e diante dessa resposta, Corroborando com o pensamento de Silva (2009)
identifica-se que só se pode alcançar bons resultados através de uma boa qualificação
profissional, e de acordo com a fala desse autor fica comprovado a importância e a falta que
uma formação faz no desenvolvimento das práticas pedagógicas. Tendo em vista que uma boa
formação voltada para um ensino de qualidade por meio da utilização do lúdico, na perspectiva
de uma educação inclusiva, contribui no desenvolvimento de métodos de ensino que
proporcionem uma aprendizagem significativa para esses alunos.
Foi observado que dentre os três professores entrevistados apenas um respondeu, que
pretende mudar suas estratégias e metodologias e utilizar atividades lúdicas que incentive e
garanta a participação de todos os alunos durante suas aulas, no entanto em relação aos demais,
fica explícito que o que falta é repensar suas abordagens e suas metodologias para procurar
inovar os métodos atuais, e desapegar dos velhos métodos tradicionais nos quais estão
utilizando até hoje e mostram-se ineficazes, evidencia-se que falta desempenho e
disponibilidade por parte dos mesmos, pois aplicar aulas dinâmicas que envolvem o lúdico
exige maior trabalho para o professor e mudanças no planejamento das aulas normais, e para
que isso aconteça exige tempo e desenvoltura, ao elaborar uma atividade, e por este motivo
alguns acreditam ser inviável a aplicação. Diante do que foi mencionado acima mediante o
comentário de um dos professores, perante as atividades lúdicas no ensino da matemática estão
de acordo com o que diz Silva (2005): Ensinar por meios de jogos é o caminho para o educador
desenvolver aulas mais interessantes, descontraídas e dinâmicas, podendo competir em
igualdade de condições com inúmeros recursos a que o aluno tem acesso fora da escola. [...]
sendo agente no processo de ensino e aprendizagem, já que aprende e se diverte
simultaneamente (SILVA, apud SELVA E CAMARGO, 2009, p. 5).
Outro questionamento que buscou-se investigar é a questão da parceria entre os
professores e os mediadores que apoiam os alunos autistas, tendo em vista que para que de fato
se proporcione uma educação de qualidade se faz necessário essa união, perguntamos se os
53 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
professores realizam planejamento em conjunto com os mediadores, mediador I afirma que:
[...] não ocorre um planejamento entre professores e mediadores, se acontecesse seria muito
benéfico para os professores saberem em que nível estão os alunos, e os mediadores poderiam
aprender dicas de como trabalhar os conteúdos matemáticos [...].
Outro ponto que precisa de ser observado é a comunicação entre os professores e
mediadores, tendo em vista que se ambos trabalhassem em conjunto como mencionado na
resposta do mediador haveria maior possibilidade de os professores saberem em que nível se
encontram os alunos, como planejar para eles, tendo em vista que essa troca de informações
entre os mesmos favoreceria a todos, e facilitaria a aprendizagem dos educandos.
Outro questionamento feito aos mediadores foi: Para que a educação básica publica
garanta o direito de aprendizagem de todos os alunos, incluindo os que apresentam alguma
dificuldade de aprendizagem, ou deficiência, o que poderia ser feito, mediador 2 afirma que;
[...] a Oferta de materiais lúdicos, a não utilização de aulas no método tradicionalista,
disponibilização de mediadores, e uma Sala de Atendimento educacional especializado[...].
Infelizmente, as escolas/ou sistemas de ensino não oferecem apoio e material necessário
para a efetivação da inclusão dos alunos com deficiência, a falta de investimento em
infraestrutura como mencionado acima, a escola não dispõe de sala de AEE que tem como
finalidade promover o atendimento de habilidades necessárias que oferecem suporte para o
desenvolvimento e desempenho dos alunos com deficiência, é indisponível a contribuição do
AEE, para que o processo de inclusão aconteça, observa-se que são necessários implementações
em relação ao desenvolvimento de políticas públicas voltadas, especificamente para a
capacitação docente, é importante também que as escolas tenham disponibilidade de
equipamentos com recursos como/ jogos pedagógicos, e matérias manipuláveis.
Foi evidenciado de acordo com os resultados coletados que a educação básica pública
principalmente referente ao ensino da matemática, ainda tem muito o que se avançar, tanto em
questão de formação de professores, como uma formação inicial mais voltada para a questão
da valorização das diferenças, para que os professores tenham conhecimento e possam olhar
para seus alunos enxergando suas potencialidades e não as suas limitações; questões estruturais
também, para que a escola seja um espaço mais acessível, para que todos os alunos, possam
aproveitar de todos os espaços da mesma maneira. Outro fator essencial é a mudança de olhar
dos educadores, para que possam reavaliar os conceitos e suas concepções, e acreditarem que
na educação como sendo possível para todos, uma educação de qualidade, que possam enxergar
essa questão do potencial em todos os estudantes, que não olhem para os alunos que possuem
54 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
alguma limitação e pensem que por possuir alguma dificuldade ou deficiência eles não são
capazes de aprender, mas que acredite que todos possam evoluir e aprender.
Considerações Finais
Referências
CARVALHO Rosita Edler. Educação Inclusiva: com os pingos nos is. 3. Ed. Porto Alegre:
Mediação, 2005.
KIRK, Samuel; GALAGLER, James J. Educação da criança Excepcional. 3ª ed., São Paulo:
Martins Fontes, 1996.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna.
MANTOAN, Maria Teresa Egler. Pela escola inclusiva para todos, direcionais escolas,
jul. de 2007
56 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Inclusão. Revista da Educação Especial. O Atendimento
Educacional Especializado na Educação Inclusiva. Secretaria de educação Especial, v. 05.
ORRÚ, Silva Ester. Autismo, linguagens e educação: interação no cotidiano escolar. Rio de
Janeiro: Wak Ed.,2009.
ROSA. C.C. Os limites da inclusão. Revista Pátio. Porto Alegre, ano III, n.32. p. 08-12, nov.
2004/jan. 2005.
•
Como citar este artigo (Formato ABNT):
FERREIRA, Geovana Silva; TEIXEIRA, Verônica Rejane de Lima; BRINGEL, Maricelia Félix
Andrade. A Inclusão do Aluno Autista na Educação Matemática na Perspectiva da Aprendizagem
através do Lúdico. Id on Line Rev. Psic., Dezembro/2022, vol.16, n.64, p. 38-57, ISSN: 1981-1179.
Recebido: 01/11/2022;
Aceito 08/11/2022;
Publicado em: 30/12/2022.
57 Id on Line Rev. Psic. V.16, N. 64, p. 38-57, Dezembro/2022 - Multidisciplinar. ISSN 1981-1179
Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id