Dissertação Final PDF
Dissertação Final PDF
Dissertação Final PDF
Em primeiro lugar, os meus agradecimentos vão para o Professor Doutor Luis Maia,
pela compreensão, pela disponibilidade, mesmo quando fora de horas, pelo exemplo de
pertinência de críticas e sugestões.
Aos meus pais, por serem incansáveis, pela paciência, pela força transmitida, pela
ajuda prestada e pelo apoio incondicional, hoje e sempre.
Bem-haja!
iii
iv
Resumo
Palavras-chave
v
vi
Abstract
This study aims to assess depressive symptomatology and coping strategies in adults
with ages between 18 and 50 years old.
In a sample of 153 participants, the assessment instruments used were the following:
Sociodemographic Questionnaire, Solution of Problems Inventory (Vaz Serra, 1987), Symptom
Checklist-90-R (Lipman, Derogatis & Covi, 1973) and Clinical Assessment of Depression
Inventory (Vaz Serra, 1994).
The statistical results show the relation between the sociodemographic variables
(age, sex, occupational status and academic level) and the three assessment tests
aforementioned.
Keywords
vii
viii
Índice
Agradecimentos iii
Resumo v
Abstract vii
Índice ix
Lista de tabelas xi
Lista de acrónimos xiii
CAPÍTULO 1. Introdução 1
CAPÍTULO 2. Enquadramento teórico 3
2.1.Estratégias de coping 3
2.1.1. Estilos e estratégias de coping 4
2.1.2. Eficácia das estratégias de coping 6
2.2. Depressão 7
2.3. Satisfação/insatisfação no trabalho 11
2.4. Crise económica/no mercado de trabalho 14
Capítulo 3. Metodologia 17
3.1. Pertinência, objetivos, variáveis e tipo de estudo 17
3.2. Instrumentos de avaliação 17
3.2.1. Caracterização dos instrumentos de avaliação 18
3.2.1.1. Questionário sociodemográfico 18
3.2.1.2. Inventário de Resolução de Problemas (IRP) 18
3.2.1.3. Symptom Checlist -90-R (SCL-90-R) 19
3.2.1.4. Inventário de Avaliação Clínica da Depressão (IACLIDE) 20
3.3. Procedimento 21
3.4. Análise descritiva da amostra 21
CAPÍTULO 4. Apresentação dos resultados 23
4.1. Análise descritiva dos instrumentos 23
4.2. Análise estatística 28
CAPÍTULO 5. Discussão de resultados 38
CAPITULO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 43
Referências bibliográficas
Anexos
ix
x
Lista de Tabelas
xi
xii
Lista de Acrónimos
xiii
xiv
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
“ E entre a nostalgia do paraíso perdido e a esperança da aventura sonhada, fica o vazio que
a tristeza preenche. Vazio dolente que, no entanto, pode permitir uma reavaliação do passado e um
questionar do futuro, que projetem o indivíduo para uma melhor compreensão de si e dos outros e uma
inserção coerente no presente_ a depressão é, assim, um momento privilegiado de elaboração mental”.
O stress constitui um fenómeno que invade a vida de qualquer ser humano, pelo que
se tornou motivo de profunda investigação. Esta ajuda-nos a compreender a fronteira entre o
normal e o patológico, a interligação entre o biológico, o psicológico e o social (Vaz Serra,
1999).
São vastas as definições de stress, as quais vão desde o senso comum às definições
científicas. A definição mais comumente aceite foi desenvolvida por Lazarus e Folkman
(1984), tendo estes considerado o stress como uma transação entre as pessoas e o meio
ambiente. Assim, consideram que o mesmo está muito associado ao trabalho, pelo que
constitui outro problema de saúde, denominado stress ocupacional. O stress no trabalho é um
problema que atinge, praticamente, todos os grupos da população ativa, sendo considerado
um dos maiores problemas de saúde no local de trabalho nos países altamente desenvolvidos.
Para Cassemeyer (1991), os fatores de stress são agentes que desafiam as capacidades
de adaptação de um organismo ou pessoa. Ainda segundo o mesmo autor, estas forças geram
uma tensão e determinam uma resposta ao stress e à doença.
O stress, a fadiga, o excesso de trabalho, entre vários outros fatores, podem levar a
uma mudança no humor, provocando a depressão. (Silva, 1999).
Torna-se, assim, imperioso que cada indivíduo, por si só, aprenda a lidar com
situações stressantes de forma a que as mesmas possam ser ultrapassadas de forma positiva.
Cabe ao próprio uma grande parte de responsabilidade no reconhecimento do seu nível de
stess, fatores desencadeantes e estratégias a utilizar, para evitar ou reduzir os efeitos
nefastos e, assim, conseguir um equilíbrio entre o trabalho e a recreação (Breakwell,G,1991).
A depressão é uma doença com um índice bastante elevado, ocorrendo em pessoas
de todas as idades, sendo considerada a grande vilã do século xx, originando uma das maiores
ameaças do equilíbrio e do bem-estar. Detém um conjunto de manifestações que envolvem
aspetos afetivos, motivacionais, cognitivos e neurovegetativos sendo, portanto, detentora de
um forte impacto negativo na qualidade de vida dos indivíduos. Abrange pessoas de todas as
idades (crianças, adolescentes, adultos e idosos). (Gameiro, Carona, Pereira, Canavarro,
Simões, Rijo, Quartilho, Paredes & Vaz Serra, 2008; Aragão, Coutinho, Araújo & Castanha,
2009).
1
A depressão, bem como todos os transtornos a ela associados, constitui uma carga
demasiado pesada para os indivíduos e respetivas famílias. Vai ter, também, repercussões na
sociedade, pois a sua produtividade, enquanto cidadão ativo e enquanto cidadão com
compromissos sociais, será bastante prejudicada. No entanto, devido aos novos
conhecimentos e às novas opções terapêuticas, a depressão é considerada uma doença
tratável e curável. Há uma série de fatores como a reordenação dos serviços de saúde, a
introdução de novos antidepressivos, a participação mais ativa da comunidade, a preocupação
com os custos pessoais e sociais da doença, entre outros, tornando-se essencial evidenciar o
seu alcance e as suas consequências para a população atingida por este transtorno. (Furegato,
Santos & Silva, 2010).
Atualmente, este transtorno depressivo é reconhecido como um problema de saúde
pública, pela sua prevalência e pelo seu impacto no cotidiano de pacientes e familiares
envolvidos (Fleck, Lima, Louzada, Schestasky, Henriques, Borges, Camey & Grupo LIDO, 2002
Uma das formas a que o indivíduo pode recorrer para debelar a depressão, são as
denominadas estratégias de coping. Este conceito pode ser definido como um “conjunto de
estratégias utilizadas pelas pessoas para se adaptarem a circunstâncias adversas” (Antoniazzi,
Dell´aglio & Bandeira,1998).
Assim, o objetivo deste estudo centra-se na avaliação da presença de sintomatologia
depressiva e estratégias de coping em adultos com idade compreendidas entre os 18 e os 50
anos de idade. O trabalho começa com uma contextualização teórica dos conceitos de
depressão e coping, abordando, também, temas preocupantes na atualidade, como o
desemprego e a satisfação no trabalho. De seguida, a metodologia abordará os instrumentos
utilizados, o procedimento, a amostra e os resultados estatísticos. Por fim, serão discutidos
os resultados e apresentadas as conclusões.
2
CAPITULO 2. Enquadramento teórico
A partir da década de 50 que as situações de stress vivenciadas pelas pessoas têm sido
objeto de estudo. Lazarus e Folkman (1984; cit. in Damião, Rossato, Fabri & Dias, 2009)
apresentam, talvez, a definição mais divulgada de enfrentamento, sendo este conceito visto
como os esforços cognitivos ou comportamentais que mudam constantemente e que se
desenvolvem para enfrentar demandas específicas externas e/ou internas que, segundo o
indivíduo, sobrecarregam ou excedem os seus próprios recursos (Diniz & Zanini, 2010;
Kohlsdorf & Junior, s.d.; Gomes & Pereira, 2008).
O processo de coping envolve quatro conceitos básicos:
1º) o coping é um processo que ocorre entre indivíduo e ambiente;
2º) a função do coping é administrar a situação stressora;
3º) o processo de coping pressupõe que o indivíduo percebeu, interpretou e
representou cognitivamente a situação avaliada como stressante;
4º) o processo de coping constitui uma mobilização de esforços cognitivos e
comportamentais para administrar o evento adverso, ou seja, para que ocorra a elaboração
das estratégias de enfrentamento, o indivíduo deve perceber o evento estressante, avaliar as
suas opções e, por fim, adequar a estratégia avaliada como a mais apropriada para o
momento (Compas, Connor-Smith, Saltzman, Thomsen & Wadsworth, 2001, cit. in Diniz &
Zanini, 2010; Barnabe & Dell´Acqua, 2008).
A teoria de Lazarus e Folkman (1984, cit. in Barnabe & Dell´Acqua, 2008). refere que
uma dada situação pode ser apreciada como irrelevante, benigna ou stressante. No caso de se
considerar esta última, a situação pode ser percebida pelo indivíduo como uma ameaça, um
prejuízo ou um desafio. Este processo é chamado de avaliação primária. Com base nela, o
indivíduo tende a buscar formas de administrar a situação, considerando o que pode ser feito
sobre ela, qual é o custo emocional envolvido e quais são os resultados esperados desse
processo. Esta é chamada avaliação secundária (Antoniazzi, Dell’Aglio & Bandeira, 1998, cit.
in Barnabe & Dell´Acqua, 2008). O comportamento e as atitudes procedentes dessa reflexão
são as estratégias de coping (Diniz & Zanini, 2010).
3
2.1.1. Estilos e estratégias de Coping
Estilos de Coping
Segundo Carver e Scheier (1994, cit. in Antoniazzi, Dell´Aglio & Bandeira, 1998), as
pessoas desenvolvem formas habituais de lidar com stress e estes hábitos ou estilos de coping
podem influenciar as suas reações noutras situações. A definição do estilo de coping que estes
autores consideram refere-se à tendência a usar, em maior ou menor grau, perante situações
de stress. No entanto, os estilos de coping não implicam, necessariamente, a presença de
traços subjacentes de personalidade que predispõem a pessoa a responder de determinada
forma. Ao contrário, eles podem refletir a tendência a responder de uma de forma particular
quando confrontados com uma série específica de circunstâncias.
Miller (1981, Antoniazzi, Dell´Aglio & Bandeira, 1998) apresenta dois estilos de
coping: monitorador e desatento. Os mesmos referem-se ao estilo de atenção do indivíduo em
situação de stress. O indivíduo representante do estilo monitorador utiliza estratégias que
envolvem estar alerta e sensibilizado a aspetos negativos de uma experiência, apresentando
uma atenção vigilante, procurando informações e visualizando a situação para controlá-la. O
estilo desatento envolve distração e proteção cognitiva de fontes de perigo. O indivíduo
apresenta um comportamento de desatenção, tendendo a afastar-se da ameaça, distrair-se e
evitar informações.
Band & Weisz. (1988, Antoniazzi, Dell´Aglio & Bandeira, 1998) apresentam a tipologia
de coping primário e secundário. Primário significa o coping utilizado com o objetivo de lidar
com situações ou condições objetivas e o secundário envolve a capacidade de adaptação da
pessoa às condições de stress. O estilo de coping passivo e ativo (Billings & Moss, 1984;
Holahan & Moss, 1985, cit. in Antoniazzi, Dell´Aglio & Bandeira, 1998) considera ativo o
coping no qual há esforços de aproximação do foco de stress, enquanto o estilo passivo
evitaria o foco de stress. Estes estilos são paralelos ao da tipologia aproximação versus
evitação, que inclui vários tipos de estratégias de coping relacionadas aos comportamentos de
aproximação e evitação da situação stressante, busca de informação e evitação de
informação, focalização da atenção e distração e, ainda, passividade e atividade (Rudolph et
al., 1995, cit. in Antoniazzi, Dell´Aglio & Bandeira, 1998).
4
Estratégias de Coping
5
situações avaliadas como inalteráveis (Folkman & Lazarus, 1980, cit. in Antoniazzi, dell´Aglio
& Bandeira, 1998).
A importância do coping quer focalizado no problema quer na emoção pode variar em
resposta a diferentes tipos de stress ou diferentes momentos no tempo. O coping focado na
emoção pode facilitar o coping focado no problema por remover a tensão e, da mesma forma,
o coping focado no problema pode diminuir a ameaça reduzindo, assim, a tensão emocional.
Os estudos indicam que ambas as estratégias de coping são usadas durante, praticamente,
todos os episódios stressantes, e que o uso de uma ou de outra pode variar em eficácia,
dependendo dos diferentes tipos de stressores envolvidos (Compas, 1987, cit. in Antoniazzi,
dell´Aglio & Bandeira, 1998).
Quando a pessoa procura apoio e conselhos entre os amigos ou familiares, as
estratégias de coping de apoio social estão a ser dirigidas para o problema; porém, se a
pessoa apenas necessita expressar os seus sentimentos não esperando conselhos, mas sim a
compreensão dos outros, então esses esforços estão a ser orientados para um apoio emocional
(Pereira, 1991, 1999, cit. in Gomes & Pereira, 2008). Por seu lado Vaz-Serra (2002, cit. in
Gomes & Pereira, 2008), considera que, mesmo sendo estas modalidades bem-sucedidas,
verifica-se uma redução do stresse, pois caso contrário a situação mantém-se. Contudo, não
há estratégias modelo, pois o nível de eficácia é determinado pelo tipo de recursos que o
indivíduo apresenta, assim como pelo tipo de problemas com que se defronta. Neste sentido,
o desenvolvimento do processo de coping é influenciado pelas características da
personalidade, pela influência cultural e pelos fatores situacionais.
Outro aspeto controverso na literatura do coping tem a ver com a eficácia das
estratégias utilizadas pelos indivíduos durante as situações de coping. Na perspetiva de
Beresford (1994, cit. in Antoniazzi, dell´Aglio & Bandeira, 1998), embora o julgamento sobre
a eficácia ou adaptabilidade das estratégias de coping se tenha mostrado extremamente
subjetivo em muitas pesquisas, coping deve ser visto como independente do seu resultado. Na
perspetiva de Lazarus e Folkman (1984, cit. in Antoniazzi, dell´Aglio & Bandeira, 1998),
qualquer tentativa de administrar o stressor é considerado coping, tenha ela ou não sucesso
no resultado. Assim sendo, qualquer estratégia de coping não pode ser considerada boa ou
má, adaptativa ou mal adaptativa. Dever-se-à considerar a natureza do stressor, a
disponibilidade de recursos de coping e o resultado do esforço de coping.
Sabe-se que os fatores psicológicos e sociais podem causar efeitos negativos na saúde
orgânica dos indivíduos (Krantz, 2002, cit. in Câmara & Carlotto, 2007). É nesse sentido que
as estratégias de coping diante de situações stressantes têm impacto, não somente sobre a
saúde mental mas, também, sobre a saúde física e o bem-estar social (Byrne, 2000, cit. in
Câmara & Carlotto, 2007).
6
Folkman e Lazarus (1980, cit. in Câmara & Carlotto, 2007), consideram que, para
fazer frente às situações stressantes da vida, há a necessidade de encontrar recursos ao nível
das dimensões cognitiva e comportamental tendo, como base, a orientação do indivíduo sobre
o problema. Blalock e Joiner (2000, cit. in Câmara & Carlotto, 2007) transformaram estas
duas dimensões iniciais em quatro categorias:
aproximação comportamental (realização de uma ação concreta para fazer
face a uma situação stressante ou suas consequências);
aproximação cognitiva (realização de uma análise lógica da situação,
reavaliação positiva ou ensaio mental de ações alternativas);
evitação comportamental (envolvimento em comportamentos impulsivos,
redutores de tensão);
evitação cognitiva (pensamentos ou respostas que objetivam negar ou
minimizar a gravidade da situação de crise ou suas consequências) (Câmara &
Carlotto, 2007).
A utilização destas dimensões relaciona-se com os recursos pessoais de coping
(habilidades aprendidas no e do ambiente) e com recursos socio ecológicos (condições e
recursos do ambiente em interação com o indivíduo). A partir destas disposições, a ocorrência
geradora de stress é submetida a uma avaliação, na qual o sujeito procura estratégias com o
objetivo de equilibrar favoravelmente a relação custo-benefício (Antoniazzi, Dell' Aglio &
Bandeira, 1998, cit. in Câmara & Carlotto, 2007).
Em suma, pode-se concluir que o tipo de situação pode influenciar as estratégias de
coping as quais, por sua vez, não são uniformes. Nalguns casos, a pessoa tenta resolver o
problema, enquanto que noutros altera o significado da situação ou o significado das
consequências (Vaz Serra, 1988).
2.2. Depressão
Desde o final do século XX que se tem vindo a verificar, cada vez mais, um elevado
número de pessoas que se queixam de um mal-estar generalizado, o qual abrange todas as
fachas etárias (crianças, adolescentes, adultos e idosos) (Gameiro, Carona, Pereira,
Canavarro, Simões, Rijo, Quartilho, Paredes & Vaz Serra, 2008; Aragão, Coutinho, Araújo &
Castanha, 2009).
Teoricamente, os quadros da depressão, caraterizados por transtornos de humor
multifatorial (Lemos, Baptista & Carneiro, 2011), possuem esquemas estruturais bastante
claros. No entanto, na prática, nem sempre esses esquemas se revelam com tanta clareza,
devido à pluralidade da sua etiologia e à complexidade da sua sintomatologia, as quais
dificultam o reconhecimento precoce prejudicando, consequentemente, o desenvolvimento
preventivo do diagnóstico/prognóstico (Aragão, Coutinho, Araújo & Castanha, 2009).
7
Deste modo, e segundo o DSM-IV-TR (2002), fala-se de Episodio Depressivo Major
quendo, num período de pelo menos duas semanas, existe humor depressivo ou perda de
interesse em quase todas as atividades. Mais ainda, deve haver a existência de quatro
sintomas adicionais, entre os quais se encontram alterações no apetite ou peso, sono e
atividade psicomotora, diminuição da energia, sentimentos de desvalorização ou culpa,
dificuldades em pensar, concentrar-se ou em tomar decisões, presença de pensamentos
recorrentes sobre morte ou ideação e planos ou tentativas suicidas. Estes sintomas devem
persistir durante a maior parte do dia e quase todos os dias. Consequentemente, considera-se
uma Perturbação Depressiva major quando existe uma evolução clinica com a presença de um
ou mais Episódios Depressivos Major.
Os transtornos depressivos constituem um “pesado fardo” não só para a pessoa mas,
também, para a sua família e, consequentemente, para a sociedade, uma vez que aqueles se
vão refletir na produtividade da pessoa enquanto cidadão ativo e enquanto cidadão com
compromissos sociais. Todavia, considera-se que a depressão é uma doença tratável e
curável, devido aos novos conhecimentos e às novas opções terapêuticas. Aliada a uma série
de fatores como a desinstitucionalização, a reordenação dos serviços de saúde, o
deslocamento político do foco decisório, a introdução de novos antidepressivos, a
participação mais ativa da comunidade, a preocupação com os custos pessoais e sociais da
doença, bem como os custos com os tratamentos, acresce a necessidade de evidenciar o
alcance desse conjunto de fatores e as suas consequências para a população atingida pela
doença mental (Furegato, Santos & Silva, 2010).
Parece existir uma relação entre a presença, a intensidade e o comprometimento da
depressão, com o funcionamento físico, psicológico, social e ambiental, de acordo com
estudos recentes (Okasha, 2005, cit. in Furegato, Santos & Silva, 2010). Atendendo aos
fatores acima mencionados, há que relevar a ligação da depressão com a qualidade de vida
das pessoas afetadas (Rosenbaum & Hylan, 2005, cit. in Furegato, Santos & Silva, 2010)
Ela manifesta uma forte influência negativa na qualidade de vida relacionada com a
saúde e, consequentemente, na qualidade de vida geral, revelando-se mais forte do que
noutros quadros clínicos crónicos, como sejam a hipertensão, a diabetes, a artrite e os
problemas gastrointestinais (Coulehan, Schulberg, Block, Madonia, & Rodriguez, 1997; Wells
et al., 1989, cit. in Gameiro et al, 2008). Foram realizados estudos que nos revelam que a
depressão sub-sindromal, que é aquela em que são observados, apenas, alguns dos sintomas
depressivos considerados necessários para o diagnóstico de uma depressão clínica, tem um
impacto funcional negativo e significativo (Judd, Schettler, & Akiskal, 2002;Wells et al., 1989,
cit. in Gameiro et al, 2008). Outros estudos, ainda, verificaram que os doentes que
apresentavam uma sintomatologia depressiva de menor gravidade, apresentavam níveis
superiores de funcionamento e de satisfação nas atividades de vida diária, bem como no
desempenho dos seus papéis ao nível das relações sociais (Huchner, 2002; Huppert,Weiss,
Lim, Pratt, & Smith, 2001; Saarijarvi, Salminen, Toikka, & Raitasalo, 2002, cit. in Gameiro et
al, 2008).
8
Atualmente, este transtorno depressivo é reconhecido como um problema de saúde
pública, pela sua prevalência e pelo seu impacto no cotidiano de pacientes e familiares
envolvidos (Fleck, Lima, Louzada, Schestasky, Henriques, Borges, Camey & Grupo LIDO, 2002)
Como foi, anteriormente, referido, a depressão tem um forte impacto negativo na
vida do paciente, não se limitando aos sintomas apresentados pela doença. É sabido que os
pacientes depressivos utilizam os serviços médicos com maior frequência, apresentando níveis
inferiores de produtividade no trabalho e prejuízo da qualidade de vida quando comparados a
portadores de outras doenças de caráter crónico (Fleck, Lima, Louzada, Schestasky,
Henriques, Borges, Camey & Grupo LIDO, 2002).
Geralmente, o seu início parece ser gradual, aparecendo os sintomas durante dias ou
semanas. Vários fatores podem levar a uma mudança no humor provocando a depressão,
como sejam fadiga, stress, deceção, excesso de trabalho, perda de um amigo ou familiar
(Silva, 1999).
Abrange uma vasta área que vai da infelicidade, que pode ser expressa pela tristeza, até à
psicose. Estudos epidemiológicos revelam que se verifica uma maior incidência da depressão
nas mulheres, sendo nelas duas vezes mais comum do que nos homens (Silva, 1999).
A psicodinâmica do trabalho dá primazia à centralidade do trabalho na vida dos
trabalhadores, analisando os aspetos dessa atividade que podem favorecer quer a saúde quer
a doença. Dejours (1986, cit. in Glina, Rocha, Batista & Mendonça, 2001), ao analisar a inter-
relação entre saúde mental e trabalho, dá relevância ao papel da organização do trabalho, no
que diz respeito aos efeitos negativos ou positivos que aquela possa exercer sobre o
funcionamento psíquico e, também, à vida mental do trabalhador. Este autor considera a
organização do trabalho como a divisão das tarefas e a divisão dos homens. A divisão das
tarefas engloba o conteúdo das mesmas, o modo operatório e tudo que é prescrito pela
organização do trabalho. A divisão dos homens compreende a forma pela qual as pessoas são
divididas numa empresa e as relações humanas que aí se estabelecem.
A inevitabilidade da inter-relação saúde mental e trabalho abrange, assim, desde o
mal-estar ao quadro psiquiátrico, incluindo o sofrimento mental. Para Dejours et al. (1994,
cit. in Glina, Rocha, Batista & Mendonça, 2001), o sofrimento mental pode ser concebido
como a experiência subjetiva intermediária entre doença mental descompensada e o conforto
(ou bem-estar) psíquico. É fundamental que se considere que o trabalho pode funcionar como
agravante ou desencadeante de distúrbios psíquicos, uma vez que pode causar prejuízos, não
só à qualidade e à eficácia do tratamento, como aos direitos legais do trabalhador, que pode
deixar de usufruir de benefícios previdenciários aos quais, eventualmente, tenha direito. É,
pois, relevante a caraterização do papel do trabalho.
O afastamento do trabalho acontece quando a pessoa é considerada incapacitada para
trabalhar, seja por motivos relacionados com acidentes ou com doenças de caráter físico ou
psíquico. Quanto às possibilidades de afastamento do trabalho relacionadas à saúde mental, a
American Medical Association (AMA, 1995, cit. in Cavalheiro & Tolfo, 2011) define disfunção e
9
incapacidade causadas pelos transtornos mentais e comportamentais relacionadas com o
trabalho em quatro áreas:
limitações em atividades da vida diária da pessoa (autocuidado, higiene
pessoal, comunicação, repouso e sono);
funções sociais (capacidade de interagir apropriadamente e comunicar-se com
outras pessoas);
concentração, persistência e ritmo (capacidade de completar ou realizar as
tarefas);
deterioração ou descompensação no trabalho (falhas repetidas na adaptação a
circunstâncias estressantes) (Campos, 2006, cit. in Cavalheiro & Tolfo, 2011).
Segundo Brant e Minayo-Gomez (2004, cit. in Cavalheiro & Tolfo, 2011), no mundo do
trabalho existe uma tendência em rejeitar o sofrimento. Todavia, consideram que existe um
adoecimento, ou seja, é possível constatar a tristeza e ela poderá ser considerada como
depressão. Esse movimento de rotulação contribui para discriminação, estigma e exclusão de
trabalhadores e permite a medicação das manifestações do sofrimento por meio da prescrição
indiscriminada de antidepressivos e ansiolíticos.
Beck (1963, cit. in Bahls, 1999) argumenta que a cognição é o fator determinante da
doença, o transtorno cognitivo é elemento primário na patologia e as construções negativistas
do pensamento são o fato primeiro na cadeia sintomatológica. Bandura (1969, cit. in Bahls,
1999) destaca que as pessoas deprimidas apresentam expetativas de desempenho
excessivamente elevadas, o que as conduz a experimentar pouco sucesso e muitos fracassos.
Lembra, ainda, Bandura (1977, cit. in Bahls, 1999), o ciclo vicioso dos deprimidos, com a sua
teoria do comportamento que influencia e é influenciado, uma vez que as pessoas
depressivas, estando pessimistas, facilmente despertam rejeição, o que intensifica a sua auto
- desaprovação, tornando-as mais negativas e, assim, alimentando o ciclo doentio. Seligman
(1977, cit. in Bahls, 1999), com a sua teoria do desamparo aprendido, colabora com os
conceitos cognitivistas através da compreensão de que a aprendizagem da impotência
perante os acontecimentos, que se estabelece em determinadas pessoas no início da vida, é
responsável pela representação cognitiva de fracasso existente nos pacientes deprimidos.
Schereiber (1978, cit. in Bahls, 1999) chega a afirmar que as distorções negativistas dos
pacientes depressivos podem ser igualadas em importância aos sintomas básicos da
depressão.
Beck (1976, cit. in Bahls, 1999) considera a necessidade da existência de uma
predisposição cognitiva para a depressão, cuja origem está nas experiências iniciais das
pessoas, formando os conceitos ou esquemas negativistas sobre si mesmas e sobre a vida.
Guidano e Liotti (1983, cit. in Bahls, 1999) consideram que os esquemas disfuncionais dos
pacientes depressivos têm origem nas experiências de perdas ou desapontamentos durante a
infância ou adolescência, causando distorções que moldam a perceção da realidade dentro de
um quadro negativista. A experiência pessoal forma pressupostos cognitivos que estabelecem
sistemas de valores e crenças que, por sua vez, dão sentido e previsão aos acontecimentos.
10
Devido à forma e intensidade das experiências iniciais, alguns desses pressupostos podem ser
disfuncionais, que por si só não causam a depressão mas, uma vez ativados, desencadeiam os
chamados pensamentos negativos automáticos que interferem diretamente na interpretação
de tudo que ocorre com os indivíduos. Portanto, na depressão há uma distorção patológica de
um processo que existe em qualquer pessoa (Shinohara, 1998, cit. in Bahls, 1999).
O modelo cognitivo propõe três conceitos clássicos para explicar o substrato
psicológico da depressão:
-tríade cognitiva;
-esquemas cognitivos disfuncionais;
-distorções ou erros cognitivos (Bahls, 1999).
A tríade cognitiva consiste no fato de o paciente apresentar uma visão negativa e
persistente em relação a três aspetos fundamentais que são: sobre si mesmo, sobre o mundo
e sobre o futuro. Através dessa falsa interpretação, a pessoa com depressão sente-se
encurralada, envolvida por situações nas quais só podem ocorrer deceções, sofrimento,
desamparo e desesperança (Bahls, 1999)
Os esquemas cognitivos dizem respeito à forma sistemática como a pessoa interpreta
as situações adequando-as a suas referências vivenciais. Na organização estrutural do
paciente deprimido, esses padrões estáveis, que servem de base para transformar os dados
em cognições, encontram-se disfuncionais gerando perceções distorcidas da realidade que se
encaixam nos esquemas previamente ativados (Goldrajch, 1996, cit. in Bahls, 1999). O
paciente perde grande parte do controle sobre os seus pensamento. À medida que a
depressão se intensifica mais automático se torna o pensamento. A pessoa pode vir a ser,
então, inteiramente dominada pelo esquema disfuncional, ficando a organização cognitiva
autónoma e independente de fatores externos (Ito, 1997). Os erros cognitivos representam as
distorções que acontecem no processamento das informações, no sentido de adaptar a
realidade aos esquemas negativistas. Segundo Burns (1980, cit. in Bahls, 1999), os principais
erros cognitivos são: pensamento dicotómico, sobregeneralização, abstração seletiva,
inferência arbitrária, magnificação e minimização e personalização.
11
física e mental. O conteúdo do trabalho, as possibilidades de promoção, o reconhecimento, as
condições e o ambiente, as relações com os colegas e subordinados e as características da
supervisão são fatores essenciais que parecem influenciar o nível de satisfação que cada
individuo sente no seu local de trabalho (Lock, 1976, cit. in Martinez, Paraguay & Latorre,
2004). Segundo esta linha de pensamento, a satisfação parece interferir na capacidade de
adaptação ao trabalho, uma vez que se refere à integração, à autonomia, à motivação, ao
envolvimento e à utilização das capacidades físicas e mentais (Marqueze & Moreno, 2005).
Também como fator de relevância para a satisfação no trabalho, a literatura sugere o
stress, ou situações tidas como stressantes, vistas como tendo uma especial importância na
vida do trabalhador moderno. O conceito de stress no trabalho diz respeito à adaptação que
um individuo tem que fazer para se ajustar às pressões internas e externas que surgem no seu
ambiente de trabalho; assim, ele aparece quando se apresenta um desajuste entre a pessoa,
o posto de trabalho e a própria organização (Medina, 2000, cit. in Meirelles & Zeitoune 2003).
Estes fatores que causam ansiedade ao trabalhador e, por conseguinte, desencadeiam
o stress, poderão provocar desgastes emocionais e físicos, com manifestações desagradáveis
que, se agravadas desencadearão doenças (O.M.S., 1985; Dejours, 1992, cit. in Meirelles &
Zeitoune 2003) Assim sendo, será necessário o conhecimento sobre os stressores, de forma a
se desenvolver uma estratégia para lidar com a situação que contribuirá para o controlo do
stress. Bringuente et al.(1997, cit. in Meirelles & Zeitoune 2003) consideram muito
importante a forma como a pessoa identifica e gere as situações stressoras e o desenvolvendo
de um mecanismo cognitivo de coping, em virtude desse mecanismo atuar na prevenção de
stresse. Deste modo, do trabalhador podem estar vinculadas a
aspetos como as condições de trabalho (ambiente físico, químico e biológico, condições de
higiene e segurança) e a organização do trabalho (divisão do trabalho, das tarefas, as relações
de poder, as questões de responsabilidade e o relacionamento entre as pessoas). Sendo o
stress no local de trabalho considerado um resultado de um desequilíbrio entre as exigências
ambientais e a incapacidade de lutar contra elas, é considerado importante que haja uma
adaptação do trabalho ao individuo e de cada individuo ao trabalho (ICN, 1998, cit. in
Meirelles & Zeitoune 2003).
Por seu lado, Herzberg (1968, cit. in Franco, 2008) sugere que a qualidade de vida no
trabalho diz respeito ao senso de autorrealização que os indivíduos adquirem através do seu
próprio trabalho, e não do ambiente em que estão inseridos. O autor dividiu os fatores ligados
à motivação em duas categorias diferentes, os fatores higiénicos (relacionados com as
condições de trabalho) e os fatores de satisfação, ou motivacionais (relacionados diretamente
com o trabalho. Deste modo, os fatores higiénicos não são parte intrínseca das tarefas,
relacionando-se com as condições sob as quais elas ocorrem, como, por exemplo, políticas
organizacionais, salário, supervisão, condições e segurança no trabalho e relações
interpessoais. Estes fatores não são, para este autor, suficientes para promover a motivação
e, consequentemente, a produtividade dos membros da organização; porém, quando se
12
deterioram ou ficam abaixo de determinados níveis, podem resultar em insatisfação e
atitudes negativas em relação ao trabalho e à organização.
Os fatores motivacionais parecem relacionar-se com os aspetos responsáveis pela
satisfação do indivíduo no que toca à tarefa e à sua execução, compreendendo, entre outros
aspetos, a liberdade para criar e inovar, a realização, o reconhecimento, a responsabilidade,
a possibilidade de crescimento, o desenvolvimento e o progresso. Deste modo, é estabelecida
uma relação direta e de dependência entre a produtividade e a motivação (Franco, 2008).
A literatura sugere, ainda, que o papel do líder e seu estilo de liderança são
fundamentais para desenvolver a satisfação dos funcionários no trabalho. Contribuindo para a
motivação encontram-se fatores como o comprometimento dos funcionários, a confiança na
empresa, a segurança e o sentimento de valorização do funcionário conquistado através do
feedback, do respeito e da credibilidade. A Liderança está entre uma das principais causas de
(in) satisfação no trabalho. Bons líderes criam todas as condições possíveis para que os
ambientes de trabalhos sejam lugares aprazíveis e nos quais as pessoas possam desenvolver e
realizar os seus potenciais. É muito importante que a liderança de, por exemplo, uma
empresa seja consciente do papel que exerce perante a motivação dos funcionários, uma vez
que será o responsável direto por criar as condições básicas para que se possa encontrá-la
(Carvalho, Fernandes, Oliveira & Zamberlan, 2006).
Num campo mais emocional, a satisfação no trabalho resulta da avaliação que o
indivíduo faz do seu trabalho e da sua perceção sobre como este satisfaz ou permite a
satisfação de seus valores importantes no trabalho (Locke, 1969, 1976, cit. in Carvalho,
Fernandes, Oliveira & Zamberlan, 2006). Isto é, a componente afetiva ou emocional diz
respeito a quão bem uma pessoa se sente em relação a um trabalho, sugerindo que a
satisfação no trabalho é baseada parcialmente no que o indivíduo pensa e parcialmente no
que o indivíduo sente (Wright & Cropanzano, 2000; Zalewska, 1999, Carvalho et al, 2006).
Como já foi referido, a satisfação no trabalho exerce a sua influência sobre o
trabalhador, afetando a sua saúde física e mental, as suas atitudes, o seu comportamento
profissional e social e a sua qualidade de vida, tendo repercussões tanto para a vida pessoal e
familiar do indivíduo como para as organizações. No que concerne à saúde mental do
indivíduo, e considerando a extensão que o efeito da satisfação no trabalho pode ter para a
sua vida particular, quando ocorre uma insatisfação, esta será acompanhada de um
desapontamento que permeará a sua vida, afetando o seu comportamento fora do trabalho
(Coda, 1986, Carvalho, cit. in Fernandes, Oliveira & Zamberlan, 2006). Um estudo realizado
por Zalewska (1996, cit. in Carvalho, Fernandes, Oliveira & Zamberlan, 2006), revelou que
trabalhadores insatisfeitos demonstraram ser mais suscetíveis à ansiedade depressiva em
situações difíceis, o que provavelmente dificultaria a organização das tarefas e o seu
desempenho, e se ressentiam dos efeitos do stress causado por uma sobrecarga, apresentando
sintomas como dores de cabeça, cansaço, corpo tenso, fraqueza muscular e dificuldade em
respirar com mais frequência do que os trabalhadores satisfeitos (Martinez & Paraguay, 2003).
13
Em suma, suspeita-se que índices altos de insatisfação com o trabalho produzem altos
níveis de sofrimento mental, que podem levar o trabalhador a desenvolver certas síndromes
ou doenças relacionadas com o trabalho, como o stress ocupacional, doenças cardíacas e
burnout, tido como uma condição extrema de frustração ou fadiga, tensão emocional,
esgotamento e falta de energia para lidar com a rotina profissional (Maslach & Leiter (1997,
cit in Martins & Santos, 2006). A definição de satisfação no trabalho com mais relevância até
hoje aparenta ser a de Locke (1976, cit in Martins & Santos, 2006), definindo a satisfação
como um estado emocional agradável ou positivo, que resulta de algum trabalho ou de
experiências no trabalho.
14
Estudos têm demonstrado que o desemprego está associado, num nível pessoal, com a
deterioração da saúde mental, havendo uma correlação com o risco de mortalidade,
especialmente em situações de suicídio (Sharp, 2009), assim como com doenças
incapacitantes e comportamentos de risco, como problemas de alcoolismo e tabagismo. Por
outro lado é, também, sugerido que a falta de saúde mental pode ser uma causa do
desemprego (Bambra & Eikemo, 2009).
Nesta linha de pensamento, o medo e a angústia do trabalhador são das piores
consequências do desemprego, uma vez que levam ao sofrimento mental. Todavia, esta
situação parece acontecer tanto ao trabalhador empregado, como ao desempregado. O
desempregado, encontrando-se excluído do mercado de trabalho, tem medo de não encontrar
um novo emprego. Por seu lado, o trabalhador empregado sofre com o medo, pressões e
ameaças de novas demissões. Deste modo, pesquisas revelam que, hoje em dia, o maior medo
de quem tem emprego é perdê-lo (Castelhano, 2005; Pinheiro & Monteiro, 2007).
15
16
CAPITULO 3. Metodologia
Tendo em consideração as áreas que iriam ser estudadas, optou-se pela utilização de
um conjunto de questionários: Questionário Sociodemográfico (Anexo A), Inventário de
Resolução de Problemas (IRP) (Vaz Serra, 1988) (Anexo B), Symptom Checklist -90 (SCL-90-R)
(Lipman, Derogatis & Covi,1973) (Anexo C) e o Inventário de Avaliação Clínica da Depressão
(IACLIDE) (Vaz Serra, 1994) (Anexo D)
17
3.2.1. Caracterização dos instrumentos de avaliação
3.2.1.1Questionário Sociodemográfico
18
de .808 (N=102). Foi, também, demonstrada uma boa consistência interna com o coeficiente
de Spearman-Brown de .860. Mais ainda, uma análise dos componentes principais dos 40 itens
e uma rotação ortogonal do tipo varimax revelaram a existência dos nove fatores já referidos,
que explicam 51,7% da variância total (Vaz Serra, 1988) um estudo sobre o coping
19
auto referencial e ideação delirante, hostilidade, grandiosidade, medo da perda de
autonomia e necessidade de controlo;
Psicoticismo – compreende dez sintomas que configuram um espectro psicótico que
se estende desde a esquizofrenia leve até uma psicose mais complicada. No entanto,
na população em geral, está mais relacionada com sentimentos de alienação social do
que com a psicose clinica manifesta (Degoratis, 2002).
A aplicação requer de 15 a 20 minutos e a pontuação é obtida a partir de uma escala
de Likert de cinco pontos, que varia entre 0 (nunca) e 4 (extremamente). A informação do
número de sintomas e a sua intensidade (número de sintomas presentes) e o índice de
sintomas positivos (medida de intensidade ajustada para o número de sintomas presentes) são
combinados no Índice Geral de Sintomas (Degoratis, 2002).
No que diz respeito às características psicométricas na população portuguesa, existem níveis
adequados de consistência interna e de estabilidade temporal. Os coeficientes alfa de
Cronbach variam entre .77 e .90 para as nove dimensões e as correlações entre o teste e o
reteste oscilam entre .78 e .90 (Soares, Moura, Carvalho e Baptista, 2000).
20
fim, no que concerne à homogeneidade dos itens, o valor do Alpha de Cronbach foi de 0.890 e
apresentou, também, um coeficiente de validação concorrente com a versão portuguesa do
Inventário de Depressão de Beck de 0.717 (Vaz Serra, 1995).
3.3. Procedimento
21
(13,1%) concluíram a escolaridade obrigatória e 115 (75,2%) têm formação superior à
escolaridade obrigatória.
No respeitante ao estatuto socioeconómico, 11,1% (17) dos participantes encontra-se
no nível baixo, 35,3% (54) no nível médio-baixo, 51,6% (79) no nível médio e 2% (3) no nível
alto.
Relativamente ao contexto de residência, 65 participantes (42,5% do total da
amostra) residem em contexto rural; por seu lado, 88 participantes (57,5% da amostra) vivem
em contexto urbano.
2% da amostra, ou 3 participantes, refere viver com o pai/padrasto, 5,2%, ou 8
participantes, refere viver com a mãe/madrasta e 20,3%, ou 31 participantes, refere viver
com ambos os pais. Assim, 51 participantes (33,3%) vive com o/a companheiro/a, 2 (1,3&)
vive com os filhos e 31 (20,3%) vive com o/a companheiro/a e os filhos. Os restantes 27
participantes, constituintes de 17,6% da amostra recaem sobre a categoria “outros”.
No que concerne à qualidade da rede de suporte social da amostra, 4 participantes,
2,6%, consideram que é muito fraca, 7, 4,6%, dizem que é fraca, 60, 39,2%, pensam que é
razoável, 60, 39,2%, afirma que é boa e 22, 14,4,%, consideram que é muito boa.
Por fim, em relação ao estatuto ocupacional, 12 participantes, ou 7,8% da amostra,
encontram-se desempregados, sendo que os restantes 141 participantes, constituintes de
92,2% da amostra, se encontram empregados.
22
CAPITULO 4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
23
A dimensão “autorresponsabilização e medo das consequências” apresentou uma
média de 16,16, uma mediana de 17, um desvio padrão de 2,57 e uma variância de 6,63.
Na ultima dimensão, “confronto com os problemas e planificação de estratégias”,
observou-se uma média com o valor 10,74 e uma mediana com o valor de 11. O desvio padrão
assumiu o valor de 1,94 e a variância um valor de 3,79.
Por fim, a média da pontuação global IRP, no que respeita às medidas de tendência
central, apresentou uma média de 16,56 e uma mediana de 16,44; nas medidas de dispersão,
o desvio padrão foi de1,34 e a variância foi de 1,81.
Estes resultados serão apresentados na tabela 1.
Esta escala faz uma avaliação dos sintomas de desajustamento emocional fazendo uso
de nove dimensões primárias de sintomas: somatização (1); obsessões – compulsões (2);
sensibilidade interpessoal (3); depressão (4); ansiedade (5); hostilidade (6); ansiedade fóbica
(7); ideação paranóide (8) e psicoticismo (9).
No que concerne às medidas de tendência central da dimensão somatização, a média
apresentou o valor 56.07 e a mediana o valor 55. Nas medidas de dispersão da mesma
dimensão, foram observados os valores de 7,41 e 54,98 no desvio padrão e na variância,
respetivamente.
Na segunda dimensão, obsessões – compulsões, as pontuações verificadas foram 58,24
na média, 58 na mediana, 9,32 no desvio padrão e 86,99 na variância.
24
A média da dimensão sensibilidade interpessoal apresentou um valor de 47,69,
enquanto que a mediana apresentou um valor de 47. No que respeita ao desvio padrão, o
valor apresentado foi 8,24, sendo que o apresentado na variância foi 67,94.
Na média e na mediana da dimensão depressão foram verificadas as pontuações de
42,97 e 43, respetivamente; já a pontuação do desvio padrão foi 8,29 e a pontuação da
variância foi 68,78.
No que diz respeito à dimensão ansiedade, as medidas de tendência central foram
55,26 (média) e 57 (mediana) e as mediadas de dispersão foram 8,27 (desvio padrão) e 68,43
(variância).
Na dimensão hostilidade, observou-se, na média, o valor 56,86 e, na mediana, o valor
58, no desvio padrão, o valor 6,98 e, na variância, o valor 48,71.
Por sua vez, a dimensão ansiedade fóbica apresentou um valor médio de 51,63, com
uma mediana de 53. O desvio padrão apresentou o valor 13,51 e a variância o valor 182,59.
Relativamente à dimensão ideação paranóide, verificou-se uma média de 58,48, uma
mediana de 60, um desvio padrão de 7,89 e uma variância de 62,37.
Na última dimensão, o psicoticismo, pode ser observado uma média com o valor 57,08
e uma mediana com o valor 58. Já no que toca ao desvio padrão e à variância, os resultados
foram 10,07 e 101,56, respetivamente.
Por último, o Índice Geral de Sintomas revelou uma média de 55,41 e uma mediana de
60, enquanto que o desvio padrão foi de 12,94 e a variância de 167,66.
Estes resultados serão apresentados na tabela 2.
25
4.1.3. Inventário de Avaliação Clínica da Depressão (IACLIDE)
26
Mais ainda, afigurou-se importante a apresentação da pontuação no que diz respeito à
variável dos graus de classificação da depressão. Nesta variável, 113 participantes (73,9% da
amostra) revelaram uma ausência de depressão, 14 participantes (9,2%) apresentavam alguns
estados depressivos leves (depressão sindromal), 23 participantes (15%) tinham depressão
leve e apenas 3 participantes (2%) tinham depressão moderada.
N %
Depressão leve 23 15
Depressão moderada 3 2
Assim sendo, verificou-se, para esta variável, uma média de 0,45, uma mediana de 0,
um desvio padrão 0,81 e uma variância de 0,67.
27
4.2. Análise estatística
As variáveis seguintes vão ser avaliadas pelo teste de Mann-Whitney. Este teste tem
como objetivo averiguar se existem diferenças nas ordens médias de dois grupos
independentes ao nível de uma variável dependente ordinal diferem (Martins, 2011; Pallant,
2011 & Laureano, 2011).
No que diz respeito a estas duas variáveis, observou-se que não existem diferenças
estatisticamente significativas entre os dois grupos da variável idade (18 aos 34 anos e 35 aos
50 anos), U = 2373,50, p = 0,07, ou seja, não existem diferenças significativas nas estratégias
de coping entre os dois grupos.
IDADE
18-34 anos 35-50 anos
(N=89) (N=64) U P
Ordem média Ordem média
28
Tabela 7. Teste Mann-Whitney para o IRP e o género
GÉNERO
Masculino Feminino
(N=87) (N=66) U P
Ordem média Ordem média
Também em relação a estas variáveis se pode observar que não existem diferenças
estatisticamente significativas nos dois grupos da variável estatuto ocupacional
(desempregado e empregado), U = 716,50, p = 0,51. Assim, pode dizer-se que não há
diferenças significativas no modo como estes dois grupos lidam com as situações.
ESTUTO OCUPACIONAL
Desempregado Empregado
(N=12) (N=141) U P
Ordem média Ordem média
No que concerne ao SCL-90-R e à idade, pode observar-se que não existem diferenças
estatisticamente significativas nos dois grupos da idade, U = 2727, p = 0,64. Pode concluir-se,
assim, que a idade não tem influência nas manifestações de alteração de humor e
manifestações psicopatológicas da depressão.
29
Tabela 9. Teste Mann-Whitney para o SCL-90-R e idade
IDADE
18 - 34 anos 35 - 50 anos
(N=89) (N=64) U P
Ordem média Ordem média
Com estas duas variáveis, pode ser verificado que existem diferenças estatisticamente
significativas no que concerne às influências do género nas manifestações de alteração de
humor e manifestações psicopatológicas da depressão, U = 1549,50, p = 0. Deste modo,
observa-se que os homens demonstram uma maior incidência de depressão (M=92,19) do que
as mulheres (M=56,98).
GÉNERO
Masculino Feminino
(N=87) (N=66) U P
Ordem média Ordem média
30
Tabela 11. Teste Mann-Whitney para o SCL-90-R e estatuto ocupacional
ESTATUTO OCUPACIONAL
Desempregado Empregado
(N=12) (N=141) U P
Ordem média Ordem média
IDADE
18 – 34 anos 35 – 50 anos
(N=89) (N=64) U P
Ordem média Ordem média
31
Tabela 13. Teste Mann-Whitney para o IACLIDE e género
GENERO
Masculino Feminino
(N=87) (N=66) U P
Ordem média Ordem média
ESTATUTO OCUPACIONAL
Desempregado Empregado
(N=12) (N=141) U P
Ordem média Ordem média
32
4.2.2.1. IRP e grau de escolaridade
Por ser importante para a realização deste teste, criou-se uma variável com um ponto
de corte, utilizando, para isso, o valor da mediana acima descrito (148).
Deste modo, 86 participantes da amostra total encontram-se abaixo do ponto de
corte, isto é, apresentam um nível de estratégias de coping mais elevado, sendo que 7
participantes (8,1%) apresentam uma iliteracia funcional, 16 (18,6%) concluíram a
escolaridade obrigatória e 63 (73,3%) aparentam ter um grau de escolaridade superior ao
obrigatório.
Para os valores inferiores ao ponto de corte, ou seja, aqueles participantes que
aparentam possuir um nível de estratégias de coping menos elevado, pode ser observado que
11 sujeitos (16,4%) apresentam iliteracia funcional, 4 (6%) completaram a escolaridade
obrigatória e 52 (77,6%) possuem um nível académico mais elevado.
GRAU ESCOLARIDADE
Iliteracia Até Acima
IRP funcional escolaridade escolaridade Total
obrigatória obrigatória
Valores 7 16 63 86
inferiores ao (8,1%) (18,6%) (73,3) (100%)
ponto de corte
11 4 52 67
Valores (16,4%) (6%) (77,6%) (100%)
superiores ao
ponto de corte
Assim, os resultados mostram que existe uma associação significativa entre o grau de
escolaridade e o IRP, [(X2 (2) = 6,89, p = 0,03)]. Pode concluir-se, por isso, que o grau de
escolaridade influencia as manifestações de sintomatologia depressiva.
X2 df p N
6,89 2 0,03 153
33
4.2.2.2. SCL-90-R e grau de escolaridade
Fazendo uso do ponto de corte do instrumento (60), criou-se uma variável com duas
categorias.
Os resultados demonstram que, nos participantes com valores inferiores ao ponto de
corte, e por isso com uma menor incidência de perturbação de humor e sintomatologia
psicopatológica, apenas 3 (3%) apresentam iliteracia funcional, 6 (6,1%) estudaram até ao 12º
ano e 90 (90,9%) adquiriram um grau de escolaridade superior.
Já nos participantes que com valores superiores ao ponto de corte, 15 (27,8%)
encontram-se na iliteracia funciona, 14 (25,9%) na escolaridade obrigatória e 25 (46,3%)
acima da escolaridade obrigatória.
GRAU ESCOLARIDADE
Iliteracia Até Acima
SCL-90-R funcional escolaridade escolaridade Total
obrigatória obrigatória
Valores 3 6 90 99
inferiores ao (3%) (6,1%) (90,9) (100%)
ponto de corte
15 14 25 54
Valores (27,8%) (25,9%) (46,3%) (100%)
superiores ao
ponto de corte
X2 Df p N
37,99 2 0 153
34
4.2.2.3. IACLIDE e grau de escolaridade
Com os pontos de corte do IACLIDE, foi criada uma variável com apenas quatro
categorias, uma vez que nenhum participante manifestou sofrer de uma depressão grave.
Deste modo, dos participantes com ausência de depressão, 15 (3%) revelaram uma
iliteracia funcional, 13 (6,1%), completaram a escolaridade obrigatória e 85 (90%) possuem
um grau académico superior; os participantes que manifestam um estado depressivo leve (14
participantes, correspondentes a 100% da amostra) apenas pontuaram na categoria acima da
escolaridade obrigatória; na categoria depressão leve, 3 sujeitos (13%) apresentaram uma
iliteracia funcional, 7 (30,$%) concluíram a escolaridade obrigatória e 13 (56,5%) apresentam
uma escolaridade superior à obrigatória; por fim, os participantes com depressão moderada
também pontuaram apenas na categoria acima da escolaridade obrigatória.
GRAU ESCOLARIDADE
Iliteracia Até Acima
IACLIDE funcional escolaridade escolaridade Total
obrigatória obrigatória
15 13 85 113
Ausência (3%) (6,1%) (90,9) (100%)
Estados 0 0 14 14
depressivos (0%) (0%) (100%) (100%)
leves
3 7 13 23
Depressão leve (13%) (30,4%) (56,5%) (100%)
0 0 3 3
Depressão (0%) (0%) (100%) (100%)
moderada
Os resultados do cruzamento destas duas variáveis demonstram que não existe uma
associação entre elas, [(X2 (6) = 12,45, p = 0,053)]. Assim sendo, pode concluir-se que o grau
de escolaridade não influencia as manifestações de sintomatologia depressiva.
35
Tabela 20. Valor Qui-quadrado e nível de significância
X2 Df p N
12,45 6 0,053 153
do SCL-90-R foi encontrada uma relação fraca negativa, r = -0,27, n = 153, p = 0,001, podendo
significar que uma menor ocorrência de estratégias de coping está associada com uma maior
SCL-90-R
R - 0,27
IRP p 0,001
n 153
correlação fraca negativa, r = -0,19, n = 153, p = 0,02, podendo inferir-se que quanto menos
forem as estratégias de coping de que sujeito faz uso, maior será a incidência de
sintomatologia depressiva.
36
Tabela 22. Correlação entre o IRP e IACLIDE
SCL-90-R
R -0,19
IRP p 0,02
n 153
37
38
CAPITULO 5. DISCUSSÃO DE RESULTADOS
39
sobrecarga de stress e tensão que propicia o desenvolvimento ou aparecimento de
sintomatologia depressiva. (Aube, Fleury & Smetana, 2000; Martire, Stephens & Townsen,
2000; Kandel, Davies & Ravies, 1986).
40
Aldao, Nolen-Hoeksema & Schweizer (2010) sugeriram que estas estratégias são
consistentemente relacionadas com a psicopatologia.
Novamente, a literatura sugere que os sintomas depressivos diminuem com a idade, o
que poderá corroborar o facto de os adultos mais velhos serem mais eficazes na regulação das
emoções (Charles, Reynolds, & Gatz, 2001; Fiske, Wetherell, & Gatz, 2009).
Pode observar-se, através dos resultados do nosso estudo, que a maior parte dos
participantes tem uma formação académica superior à escolaridade obrigatória. Foi, também,
verificado que existe uma associação entre o grau de escolaridade e as estratégias de coping
utilizadas pelos sujeitos, o que pode levar a concluir que um nível mais elevado de formação
académica influencia a capacidade que cada individuo tem de fazer uso das estratégias de
coping.
Deste modo, esta situação pode verificar-se uma vez que, através do conhecimento
adquirido ao longo dos anos de estudo, das vivências por que poderão passar e, ainda, de um
elevado nível de cultura, as pessoas com um grau superior de formação poderão estar mais
aptas a fazer uso das estratégias de coping.
A corroborar esta ideia, está o facto de que, conforme já visto no estado da arte, o
coping necessita de um conjunto de fatores cognitivos e comportamentais que unirão esforços
para administrar o evento adverso, isto é, para que o individuo seja capaz de utilizar as
estratégias de coping na sua plenitude, ele deve perceber o evento provocador de stress,
avaliar as opções que se lhe afiguram e, numa fase final, avaliar e escolher a estratégia
adequada para o momento (Barnabe & Dell´Acqua, 2008).
Mais ainda, o individuo terá, também, que perceber se a situação será benigna,
stressante ou irrelevante. A teoria de Lazarus e Folkman (1984, cit. in Barnabe & Dell´Acqua,
2008). A partir deste ponto, e no caso de se considerar o evento como stressante, este pode
ser percebido como uma ameaça. Dá-se, então, o processo designado por avaliação primária.
Numa fase seguinte, a pessoa procura formas de lidar com a situação, tendo em conta o que
poderá fazer sobre ela, quais as consequências a nível emocional e quais os resultados que daí
podem advir. a esta fase dá-se o nome de avaliação secundaria (Antoniazzi, Dell’Aglio &
Bandeira, 1998, cit. in Barnabe & Dell´Acqua, 2008).
Por outras palavras, na maneira como ocorre no ambiente natural, a resolução de
problemas pode ser definida como um processo cognitivo-comportamental autodirigido, pelo
qual cada um tenta identificar soluções adaptativas para determinados problemas
encontrados na vida quotidiana (Dobson, 2006).
Assim, os resultados do nosso estudo parecem estar em conformidade com os
resultados encontrados na literatura. Deste modo, um estudo sobre a qualidade e vida de
doentes com Lúpus demonstra que uma melhor qualidade de vida psicológica está associada
41
com um maior nível de escolaridade e com um elevado nível de estratégias de coping
orientado para a tarefa (Dobkin, Costa & Dritsa, 2001).
42
CAPITULO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
43
Referências bibliográficas
Aldao, A., Nolen-Hoeksema, S., & Schweizer, S. (2010). Emotion regulation strategies across
psychopathology: A meta-analysis. Clinical Psychology Review, v (30), 217–237.
Antunes, R. (2010). A crise, o desemprego e alguns desafios atuais. Serv Soc. Soc., v (104),
632-636).
Aragão, T. A., Coutinho, M. P. L., Araújo, L. F. & Castanha, A. R. (2009). Uma perspetiva
psicossocial da sintomatologia na adolescência. Ciência e saúde coletiva, v (14), 305-
405.
Aube, J.; Fleury, J.; Smetana, J. (2000). Changes in women’s roles: impact on and social
policy implications for the mental health of women. Dev Psychopathol 12:633-56.
Bahls, S. C. (1999). Depressão: Uma breve revisão dos fundamentos biológicos e cognitivos.
InterAÇÃO, v (3), 49-60.
Bambra, C., Eikemo, T. A. (2009). Welfare state regimes, unemployment and health: a
comparative study of the relationship between unemployment and self-reporter health
in 23 European countries. J. Epidamiol Community Health, v (63), 92-98.
Barlow, D. H. (1999). Manual Clinic dos Transtornos Psicológicos. Porto alegre: Artmed.
Barnabe, N. C. & Dell´Acqua, M. C. Q. (2008). Estratégias de enfrentamento (coping) de
pessoas ostomizadas. Rev Latino-am Enfermagem, v (16).
44
Blanchard-Fields, F. (2007). Everyday problem solving and emotion: An adult developmental
perspective. Current Directions in Psychological Science, v (16), 26–31.
Blanchard-Fields, F., Mienaltowski, A., & Baldi, R. (2007). Age differences in everyday
problem-solving effectiveness: Older adults select more effective strategies for
interpersonal problems. Journals of Gerontology, Series B: Psychological Sciences and
Social Sciences, v (62), 61–P64.
Blanchard-Fields, F., Stein, R., & Watson, T. L. (2004). Age differences in emotionregulation
strategies in handling everyday problems. Journals of Gerontology, Series B:
Psychological Sciences and Social Sciences, v (59), 261–P269.
Carstensen, L. L. (1993). Motivation for social contact across the life span: A theory of
socioemotional selectivity. Lincoln: University of Nebraska Press.
Carstensen, L. L., Fung, H., & Charles, S. (2003). Socioemotional selectivity theory and the
regulation of emotion in the second half of life. Motivation and Emotion, v (27), 103–
123.
45
Charles, S. T., Reynolds, C. A., & Gatz, M. (2001). Age-related differences and change in
positive and negative affect over 23 years. Journal of Personality and Social
Psychology, v (80), 136–151.
Chang, Y. (2012). The Relationship between maladaptive perfectionism with burnout: testing
mediating effect of emotion-focused coping. Personality and Individual Diferences, v
(53), 635-639.
Consedine, N., Magai, C., & Bonanno, G. (2002). Moderators of the emotion inhibition-health
relationship: A review and research agenda. Review of General Psychology, v (2), 204–
228.
Damião, E. B. L., Rossato, L. M., Fabri, L. R. D.& Dias, V. C. (2009). Rev. Esc. Enferm. VSP v
(43), 1199-203.
Fiske, A., Wetherell, J. L., & Gatz, M. (2009). Depression in older adults. Annual Review of
Clinical Psychology, v (9), 363–391.
Fiske, A., Wetherell, J. L., & Gatz, M. (2009). Depression in older adults. Annual Review of
Clinical Psychology, v (9), 363–391.
Fleck, M. P. A., Lafer, B., Sougeyc, E. B., Porto, J. D., Brasil, M. A. & Juruena, M. F. (2003).
Diretrizes da Associação Médica Brasileira para o tratamento da depressão (versão
integral). Rev Bras Psiquiatr, v (25), 114-22.
46
Fleck, M. P. A., Lima, A. F. B. S., louzada, S., Schestasky, G., Henriques, A., Borges, V. R. &
Lamey, s. & GRUPO LIDO (2002). Associação entre sintomas depressivos e
funcionamento social em cuidados primários à saúde. Rev Saúde Pública, v (36), 431-8.
Furegato, A. R. F., Santos, J. L. F. & Silva, E. C. (2010). Depressão entre estudantes de dois
cursos de enfermagem: autoavaliação da saúde e fatores associados. Rev Bras Enferm,
v (63), 509-16.
Gameiro, S., Carona, C., Pereira, M., Lanavarro, M. C., Simões, M., Rijo, D., Quartilho, M. J.,
Paredes, T. & Vaz Serra, A. (2008). Sintomatologia Depressiva e Qualidade de Vida na
População em Geral. Psicologia, Saúde e Doenças, v (9), 103-112.
Giatti, L., Barreto, S. M. & César, C.C. (2008). Informal work, unemployment and health in
Brazilian metropolitan areas, 1998 and 2003. Cad. Saúde Pública, v (24), 2396-2406.
Glina, D. M. R., Rocha, L. E., Batista, M. L. & Mendonça, M. G. V. (2001). Saúde Mental e
Trabalho: uma reflexão sobre o nexo com o trabalho e o diagnóstico, com base na
prática. Cad. Saúde Pública, v (17), 607-616.
Gondin, S. M. G., Estramiana, J. L. A., Luna, A. F., Oliveira, T. S. S. & Sousa, G. C. (2010).
Atribuições de causas ao desemprego e valores pessoais. Estudos de Psicologia, v (3),
309-317.
Guido, L. A. Linch, G. F. C., Pithan, L. O. & Umann, J. (2011). Estresse, coping e estudo de
saúde entre enfermeiros hospitalares. Rev Esc. Enferm USP, v (45), 1434-9.
John, O. P., & Gross, J. J. (2004). Healthy and unhealthy emotion regulation: Personality
processes, individual differences, and life span development. Journal of Personality, v
(72), 1301–1333.
47
Justo, L. P. & Calil, H. M. (2006). Depressão – o mesmo acometimento para homens e
mulheres? Rev. Psiq. Clín. V (33), 74-79.
Kandel, D.B.; Davies, M.; Raveis, V.H.(1986). The stressfulness of daily social roles for
women: marital, occupational and household roles. J Heath Soc Behav 26:64-78.
Kchlsdorf, M. & Junior, A. L. (s.d). Coping Strategies and Caregiver´s Anxiety in Pediatric
Oncohematology. Psicologia: Reflexão e Crítica, v (24), 272-280.
Lazarus, R. S. e Folkman, S., (1984) . Stress, apprailsal and coping, Springer P. CXIII.
Maier, W, Gansicke, M., Gater, R., Rezak, M., Tiemens, B. & Úrzua, R. F. (1999). Gender
differences in the prevalence of depression: a survey in primary care. Journal of
Affective Disorders, v(53), 241-252.
Marqueze, E. C., Moreno, C. R. C. (2005). Satisfação no trabalho – uma breve revisão. Revista
Brasileira de Saúde Ocupacional, v (30), 69-79.
Martins, C. (2011). Manual de Análise de dados Quantitativos com Recurso ao IMB SPSS: saber
decidir, fazer, interpretar e redigir. Braga: Psiquilibrios Edições.
48
Martire, L.M.; Stephens, M.A.; Townsend, A.L. (2000). Centrally of women’s multiple roles:
benefitial and detrimental consequences for psychological well-being. Psychol Aging
15:148-56.
Peluso, E.T. P. & Blay, S. L. (2008). Percepção da depressão pela população da cidade de São
Paulo. Rev Saúde Pública, v (42), 41-8.
Rebouças, D., Logay, L. F. & abelha, L. (2007). Satisfação com o trabalho e impacto causado
nos profissionais de serviço de saúde mental. Rev Saúde Pública, v (41), 244-50.
Ruschi, G. E. C., Sun, S. Y., Mattar, R., Filho, A. C., Zandonade, E. & Lima, V. J. (2007)
Aspectos epidemiológicos da depressão pós-parto em amostra brasileira. Rev Psiquiatr
RS., v (29), 274-280.
49
Serra, Adriano, Vaz., (1999). O stress na vida de todos os dias. Gráfica de Coimbra. Coimbra.
Sharp. D. (2009). The Health and Policy Implications of Job Losses. Journal of Urban Health:
Bulletin of the New York Academy of Medicine, v (86).
Soares, A. S., Moura, M. J., Carvalho, M. & Baptista, A. (2000). Ajustamento emocional,
afetividade e estratégias de coping na doença de foro oncológico. Psicologia, saúde e
doenças, v (1), 19-25.
Tsaur, S. H. & Tang Y. Y. (2012). Job Stress and well-being of female employees in
hospitality: The role of regulatory leisure coping styles. International Journal of
Hospitality Management, v (31), 1038-1044.
50
Anexos
51
Anexo A
52
O presente questionário tem como objetivo recolher informação para um estudo sobre a
sintomatologia depressiva e as estratégias de coping em pessoas em idade laboral. O
questionário é anónimo e as respostas são confidenciais, servindo apenas para fins
estatísticos de uma dissertação. Não existem respostas certas ou erradas. Por favor, leia
atentamente as instruções, e responda de forma sincera.
Questionário Sociodemográfico
1. Idade:
2. Sexo:
Feminino __
Masculino__
4. Estado civil:
Solteiro(a) __
Casado(a) __
Unido(a) de facto __
Viúvo(a) __
Divorciado(a) __
5. Tem filhos?
Sim __
Não __
6. Se sim, qual a média mensal de tempo que está com os filhos? ____________________
8. Estatuto sócio-económico:
Alto __
Médio-alto __
Médio __
Médio-baixo __
Baixo __
9. Reside em contexto:
Rural __
53
Urbano __
11. Como considera ser a sua rede de suporte social (família, amigos, namorado/a):
Muito fraca __
Fraca __
Razoável __
Boa __
Muito boa __
54
Anexo B
55
Inventário de Resolução de Problemas
(© A. Vaz Serra, 1987)
INSTRUÇÕES
Ao longo da vida todas as pessoas atravessam situações difíceis com que se têm
de defrontar. Os indivíduos não são todos iguais a lidar com os seus problemas. Cada
uma das questões que a seguir é apresentada representa uma forma específica de
reagir quando um indivíduo se confronta com uma situação indutora de stress.
Refira, quando se encontra numa situação difícil, semelhante à que é
representada, quais são, das questões seguintes, aquelas que melhor traduzem os seus
comportamentos habituais.
Não há respostas certas ou erradas. Há apenas a sua resposta. Responda de
forma rápida, honesta e espontânea . Assinale com uma cruz (x) no quadrado
respectivo aquela que se aproxima mais do modo como se comporta. Não se trata
de saber o que considera melhor, mas sim o que se passa realmente consigo.
I. - Imagine que teve uma discussão séria com uma pessoa amiga de longa
data.
Deve-lhe bastante dinheiro, que já devia ter sido pago, e ainda outros favores. Existem
numerosos conhecidos comuns.
Na discussão que tiveram, a razão está do seu lado.
Contudo, a outra pessoa, muito zangada, acabou por lhe dizer: “Dou-te uma semana para
pensares no que me fizeste e me vires pedir desculpa. Se não o fizeres, hei-de dizer aos outros que não
passas de um vigarista e exijo-te que me entregues todo o dinheiro que me deves”.
Muito no seu íntimo, tem quase a certeza de que a outra pessoa é capaz de cumprir com o que
está a dizer. Sabe, ainda, que não tem todo o dinheiro que precisa de lhe entregar. Conhece bem que
muitos dos vossos amigos comuns são capazes de acreditar no que o outro lhes disser.
Esta situação é susceptível de se prolongar ao longo do tempo, envolvendo indivíduos com
quem lida todos os dias.
O assunto resolver-se-ia se tivesse uma conversa séria com essa pessoa, em que fosse capaz de
esclarecer, de uma vez por todas, os mal-entendidos. É natural que essa conversa fosse, pelo menos de
princípio, bastante desagradável. Mas é possível que pudessem voltar a fazer as pazes, a serem amigos
como dantes e a ser adiado o problema da dívida.
Contudo, ao relembrar o que se passou, por um lado, sente-se ofendido com a prepotência da
outra pessoa; por outro lado receia as consequências.
É um problema que não sabe bem como resolver.
56
resolver os
problemas
2. Numa situação
deste tipo o
melhor é evitar
encontrar-me
com o indivíduo e
não ligar ao que
possa dizer ou
fazer
4. Se não me tivesse
comportado
daquela maneira
isto nunca teria
acontecido; tive
toda a culpa no
que aconteceu
5. Vou-me
aconselhar com
pessoas amigas
para saber o que
devo fazer
II. – Considere agora que teve uma situação da sua vida em que ocorreu uma perda
económica substancial.
Imagine, por exemplo, que segue numa estrada com um veículo novo, acabado de comprar
com a ajuda de um empréstimo grande e com bastante sacrifício. Uma camioneta, a certa altura,
colide consigo e o seu carro fica bastante danificado. A camioneta põe-se em fuga, não é capaz de lhe
ver a matrícula, não consegue sair do local em que se encontra e não vai ninguém a passar que possa
servir de testemunha.
Pensa então no transtorno que tudo isto causa à sua vida, a despesa que representa, tendo na
altura bastantes dificuldades em a poder enfrentar. Acaba por apanhar uma boleia de uma pessoa
que por ali passou, bastante tempo depois, e segue para casa.
É um problema aparentemente sem solução e que lhe causa dano.
6. Estou perdido;
este
acontecimento
deu cabo da
minha vida.
7. O melhor é não
fazer nada, até
57
ver onde isto vai
parar.
9. Apesar de tudo
tive muita sorte;
as coisas
poderiam ser
bem piores do
que realmente
são.
10. No fundo
reconheço que
me comportei
de uma
maneira
estúpida; devido
a mim é que
este problema
está como está.
58
que me está a
acontecer; não
vou conseguir
desenvencilhar-
me desta
situação.
17. Se querem
guerra, tê-la-ão;
não posso deixar
de lutar por
aquilo que para
mim é
importante.
59
de remover os
obstáculos, um a
um, até provar
aos outros que
realmente sou
uma pessoa
capaz; sei que hei-
de conseguir.
IV. – Quando me sinto muito tenso, a fim de aliviar o meu estado de tensão:
23. Raramente
consigo passar
sem tomar
medicamentos
que me acalmem
24. Meto-me na
cama durante
longas horas.
V. – A minha maneira de ser habitual leva-me a que, não só nestas situações como em todos os
meus problemas, tenha tendência a:
Não concordo Concordo Concordo Concordo Concordo
pouco moderadamente muito muitíssimo
60
30. Pensar
continuamente
sobre todos os
factos que me
preocupam.
37. Envolver-me
naquelas acções,
de resolução de
problemas, que
tenho a certeza
não me deixam
ficar mal.
61
feridos pelos
problemas com
que me defronto.
62
Anexo C
63
SCL – 90 – R
Questionário de avaliação de 90 sintomas
INSTRUÇÕES
A seguir encontra uma lista de problemas e queixas que algumas pessoas
costumam ter.
Por favor leia as questões cuidadosamente e assinale a sua escolha
colocando um círculo no número que melhor descreve QUANTO ESTE
PROBLEMA O INCOMODOU NOS ÚLTIMOS 7 DIAS INCLUINDO
HOJE.
Faça somente um círculo e responda a todas as questões.
Leia o exemplo que se segue antes de começar. Se tiver dúvidas, coloque-
as ao orientador.
EXEMPLO:
EM QUE MEDIDA TEM
SOFRIDO DAS SEGUINTES Nunca Pouco Moderadamente Bastante Muito
QUEIXAS
1 – Dores no corpo 0 1 2 3 4
64
EM QUE MEDIDA TEM
SOFRIDO DAS SEGUINTES Nunca Pouco Moderadamente Bastante Muito
QUEIXAS
1 – Dores de cabeça 0 1 2 3 4
2 – Nervosismos ou “stress”
0 1 2 3 4
interior
3 – Pensamentos desagradáveis
que não lhe deixam o espírito em 0 1 2 3 4
paz
4 – Desmaios ou tonturas 0 1 2 3 4
5 – Diminuição do interesse ou
0 1 2 3 4
prazer sexual
6 – Sentir-se criticado pelos
0 1 2 3 4
outros
7 – Impressão de que as outras
pessoas possam controlar os seus 0 1 2 3 4
pensamentos
8 – Ideias de que as outras
pessoas sejam culpadas pela 0 1 2 3 4
maioria dos seus problemas
9 – Dificuldade em lembrar-se
0 1 2 3 4
das coisas passadas e recentes
10 – O desleixo e a falta de
0 1 2 3 4
limpeza dão-lhe cuidados
11 – Aborrecer-se ou irritar-se
0 1 2 3 4
facilmente
12 – Dores no coração ou no
0 1 2 3 4
peito
13 – Sentir medo na rua ou
0 1 2 3 4
praças públicas
14 – Falta de forças ou lentidão 0 1 2 3 4
15 – Pensamentos de acabar com
0 1 2 3 4
a vida
65
16 – Ouvir vozes que as outras
0 1 2 3 4
pessoas não ouvem
17 – Tremer 0 1 2 3 4
18 – Sentir que não se pode
0 1 2 3 4
confiar na maioria das pessoas
19 – Perdeu o apetite 0 1 2 3 4
20 – Virem-lhe as lágrimas
0 1 2 3 4
facilmente aos olho
21 – Sentir-se tímido ou com
falta de à vontade com pessoas 0 1 2 3 4
do outro sexo
22 – Impressão de se sentir
0 1 2 3 4
“preso” ou apanhado em falta
23 – Ter medo, subitamente, sem
0 1 2 3 4
ter motivos para isso
24 – “Explosões” emocionais ou
0 1 2 3 4
impulsos que não pode controlar
25 – Medo de sair de casa
0 1 2 3 4
sozinho
26 – Acusar-se a si mesmo a
0 1 2 3 4
propósito de certas coisas
27 – Dores no fundo das costas
0 1 2 3 4
(cruzes)
28 – Dificuldades em fazer
0 1 2 3 4
qualquer trabalho
29 – Sentir-se sozinho 0 1 2 3 4
30 – Sentir-se triste 0 1 2 3 4
31 – Ser muito pensativo,
0 1 2 3 4
cismático, acerca de certas coisas
32 – Sem interesse por nada 0 1 2 3 4
33 – Sentir-se atormentado 0 1 2 3 4
34 – Sentir-se ofendido
0 1 2 3 4
facilmente nos seus sentimentos
66
35 . Ter a impressão de que as
outras pessoas conhecem os seus 0 1 2 3 4
pensamentos secretos
36 - Sentir que as outras pessoas
não o compreendem ou não 0 1 2 3 4
vivem os seus problemas
37 - Sentir que as outras pessoas
não são amigas ou não gostam de 0 1 2 3 4
si
38 - Fazer tudo devagar para ter
0 1 2 3 4
a certeza que fica bem
39 – Palpitações ou batimentos
0 1 2 3 4
rápidos do coração
40 – Vontade de vomitar ou mal-
0 1 2 3 4
estar no estômago
41 – Sentir-se inferior aos outros 0 1 2 3 4
42 – Dores musculares 0 1 2 3 4
43 – A impressão de que os
outros o costumam observar ou 0 1 2 3 4
falam de si
44 – Dificuldades em adormecer 0 1 2 3 4
45 – Sentir a necessidade de
verificar várias vezes a mesma 0 1 2 3 4
coisa que faz
46 – Dificuldade em tomar
0 1 2 3 4
decisões
47 – Medo de viajar de comboio,
0 1 2 3 4
eléctrico ou autocarro
48 – Dificuldade em encher os
pulmões (parece que lhe falta o 0 1 2 3 4
ar)
49 – Calafrios ou afrontamentos 0 1 2 3 4
50 – Ter que evitar certas coisas 0 1 2 3 4
67
lugares, ou actividades que lhe
causam medo
51 – Sensação de vazio na
0 1 2 3 4
cabeça
52 – Sensação de anestesia
(encortilçamento) ou formigueiro 0 1 2 3 4
em partes do corpo
53 – A impressão que tem uma
0 1 2 3 4
bola na garganta
54 – Sentir-se sem esperança no
0 1 2 3 4
futuro
55 – Dificuldades em concentrar-
0 1 2 3 4
se
56 – Falta de forças em partes do
0 1 2 3 4
corpo
57 – Sentir-se em estado de
0 1 2 3 4
“stress” ou aflição
58 – Sentir um “peso” nos braços
0 1 2 3 4
ou pernas
59 – Pensamentos sobre a morte
0 1 2 3 4
ou o falecimento
60 – Vontade de comer demais 0 1 2 3 4
61 – Não se sentir à vontade
quando as pessoas observam ou 0 1 2 3 4
falam de si
62 – Ter pensamentos que não
0 1 2 3 4
lhe pertencem
63 – Impulsos de bater, ferir ou
0 1 2 3 4
magoar alguém
64 – Acordar muito cedo de
0 1 2 3 4
manhã
65 – Vontade de repetir certas
0 1 2 3 4
acções, como por exemplo tocar
68
em objectos, lavar-se ou contar
66 – Sono não repousante ou
0 1 2 3 4
agitado
67 – Vontade de destruir ou
0 1 2 3 4
partir coisas
68 – Ter pensamentos ou ideias
que os outros não percebem ou 0 1 2 3 4
não têm
69 – Sentir-se muito embarçado
0 1 2 3 4
perante outras pessoas
70 – Não se sentir à vontade nas
multidões, por exemplo
0 1 2 3 4
assembleias, lojas, cinemas,
mercados
71 – Sentir que tudo o que faz é
0 1 2 3 4
com esforço
72 – Ataques de terror ou pânico 0 1 2 3 4
73 – Não se sente à vontade
quando come ou bebe em local 0 1 2 3 4
público
74 – Entrar facilmente em
0 1 2 3 4
discussões
75 – Sentir-se nervoso quando
0 1 2 3 4
tem de ficar sozinho
76 – Sentir que as outras pessoas
não dão o devido valor ao seu 0 1 2 3 4
trabalho ou capacidades
77 – Sentir-se sozinho mesmo
0 1 2 3 4
quando está com outras pessoas
78 – Sentir-se tão inqueito que
0 1 2 3 4
não pode estar sentado ou parado
79 – Sentimentos de que não tem
0 1 2 3 4
valor
69
80 – Pressentimentos de que
alguma coisa má lhe vai 0 1 2 3 4
acontecer
81 – Gritar com as outras
0 1 2 3 4
pessoas ou atirar com coisas
82 – Medo de desmaiar em
0 1 2 3 4
frente a outras pessoas
83 – A impressão de as outras
pessoas se aproveitarem de si se 0 1 2 3 4
as deixasse
84 – Pensamentos acerca de
sssuntos sexuais que o perturbam 0 1 2 3 4
muito
85 – Sentimento que deveria ser
0 1 2 3 4
castigado pelos seus pecados
86 – Pensamentos ou imagens de
0 1 2 3 4
natureza assustadora
87 – A impressão que alguma
coisa de grave se passa no seu 0 1 2 3 4
corpo
88 – Grande dificuldade em
sentir-se “próximo” a outra 0 1 2 3 4
pessoa
89 – Sentimentos de culpa 0 1 2 3 4
90 – A impressão de que alguma
coisa não regula bem na sua 0 1 2 3 4
cabeça
70