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EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO

Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho

Prova Escrita de Português


12.º Ano de Escolaridade

Prova 639/Época Especial 8 Páginas

Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos.

2013

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta indelével, azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Em caso de engano, deve riscar de forma inequívoca aquilo
que pretende que não seja classificado.

Não é permitida a consulta de dicionário.

Escreva de forma legível a numeração dos grupos e dos itens, bem como as respetivas respostas.
As respostas ilegíveis ou que não possam ser claramente identificadas são classificadas com
zero pontos.

Ao responder, diferencie corretamente as maiúsculas das minúsculas. Se escrever alguma


resposta integralmente em maiúsculas, a classificação da prova é sujeita a uma desvalorização
de cinco pontos.

Para cada item, apresente apenas uma resposta. Se escrever mais do que uma resposta a um
mesmo item, apenas é classificada a resposta apresentada em primeiro lugar.

Para responder aos itens de escolha múltipla, escreva, na folha de respostas:


• o número do item;
• a letra que identifica a opção escolhida.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Prova 639/E. Especial • Página 1/ 8


GRUPO I

Leia o poema seguinte.

trApo

1 O dia deu em chuvoso.


A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.
5 Antecipação? tristeza? coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei: a penumbra da chuva é elegante.


Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
10 Bem sei: ser suscetível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Deem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros – isso tenho eu em mim.
Hoje quero só sossego.
15 Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

20 Carinhos? afetos? São memórias…


É preciso ser-se criança para os ter…
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,


25 Polpa de fruta de um coração por comer…
Quando foi isso? Não sei…
No azul da manhã…

O dia deu em chuvoso.


Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002

Prova 639/E. Especial • Página 2/ 8


Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Relacione o estado de espírito do sujeito poético com as condições meteorológicas referidas na primeira
estrofe.

2. Interprete o sentido dos versos 8 a 13.

3. Explique a importância da referência às memórias da infância nos versos 20 a 27.

4. Indique quatro dos processos que contribuem para marcar o ritmo do poema, fundamentando a resposta
com elementos do texto.

Num dos seus poemas, Alberto Caeiro escreveu o verso «O meu olhar é nítido como um girassol.».

Explique, fazendo apelo à sua experiência de leitura, a importância do olhar na poesia deste heterónimo
de Fernando Pessoa, fundamentando a sua exposição em dois aspetos relevantes.

Escreva um texto de oitenta a cento e trinta palavras.

observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2013/).

2. Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido.

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GRUPO II

Leia a crónica seguinte. Em caso de necessidade, consulte a nota apresentada a seguir ao texto.

1 Chamar Casa de Papel a uma crónica em torno das coisas dos livros é já denunciar um
saudosismo romântico. Fica um tom melancólico no ar, uma poeticidade a mudar para antiga,
talvez um certo lamento. Não sou nada contra o livro digital e a maravilha que as tecnologias
oferecem. Mas sou do tempo do papel e sonhei com os livros de papel. Quando pensei ser
5 escritor, um livro assim abriu-se acima da minha cabeça imaginária como um telhado sob o
qual passei a habitar.
Guardarei sempre essa ideia, ainda que possa vir a ler em ecrãs sofisticados e frios. O livro
de papel, como o coração, é um símbolo. Habituei-me a conferir-lhe determinadas mágicas
que, por mais sofisticação que me assalte, não serão substituídas. O livro, esse de folhas,
10 pulsa. O livro pulsa.
As casas de papel são modos de pensar na tangibilidade do texto, na manualidade de que
ele dependeu para ser lido. São modos de pensar nos autores. Cada autor como um lugar e um
abrigo. Um lugar. Ler um livro é estar num autor. Preciso de pensar nos objetos para acreditar
nos lugares. Oh, nossa deslumbrante desgraça mudadora, não consigo sentir-me bonito dentro
15 de um Kindle, de um iPad ou de um Kobo. Penso em mim melhor numa coisa entre capas. A
ilustração sem pilhas. As letras sem pilhas. Eternas e sem mudanças. De confiança.
Quantas vezes, estupefacto, abri um livro na mesma página para encontrar a mesma frase
da mesma maneira apresentada? E que prazer saber que a expectativa de que aquele universo
se preserve não sairia gorada, porque os livros de papel são estáveis, não pensam em ser outra
20 coisa senão por dentro das próprias palavras. Precisei muitas vezes de reencontrar páginas
específicas, com o seu grafismo cristalizado, o seu grafismo diamante, a guardarem‑me o que
não podia perder.
Amar um livro é pedir-lhe que seja sempre nosso, assim, como um amor que se conserva
para repetir ou reaprender. Como poderemos jurar fidelidade a um texto que se desliga? É
25 como não ter sentimentos, descansar na morte, não permanecer vivo enquanto espera por
nós. É infiel. Não o podemos sequer perfumar e eu tenho livros que me foram oferecidos com
aroma de buganvílias e canela. Gosto muito. Os leitores, sabemos bem, são territoriais. Como
os cães. Sublinhamos e não suportamos os sublinhados dos outros. Ainda que toscos, mal
alinhados, são a marca da nossa passagem por ali.
Valter Hugo Mãe, «Revista 2», Público,18 de novembro de 2012 (adaptado)

notA

iPad, Kindle, Kobo (linha 15) – dispositivos que permitem a leitura em formato digital.

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1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.

Escreva, na folha de respostas, o número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. A ideia de que o «livro pulsa» (linha 10) opõe-se à ideia expressa em

(A) «casas de papel» (linha 11).

(B) «coisa entre capas» (linha 15).

(C) «ilustração sem pilhas» (linha 16).

(D) «texto que se desliga» (linha 24).

1.2. Relativamente ao livro digital, Valter Hugo Mãe revela uma atitude de

(A) relutância.

(B) intransigência.

(C) rebelião.

(D) indiferença.

1.3. Na opinião do autor, o prazer da leitura de um livro de papel advém, entre outros aspetos, da sua

(A) imprevisibilidade.

(B) instabilidade.

(C) imutabilidade.

(D) impessoalidade.

1.4. Ao utilizar a interrogação retórica, na linha 24, o autor

(A) solicita uma informação.


(B) reforça uma opinião.

(C) introduz uma ideia nova.

(D) reformula um pedido.

1.5. No contexto em que ocorre, a palavra «tangibilidade» (linha 11) está associada

(A) à interpretação pessoal do texto.

(B) ao processo de criação do texto.

(C) à dimensão palpável do texto.

(D) à complexidade do texto.

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1.6. O vocábulo «folhas» (linha 9), relativamente ao vocábulo «livro» (linha 7), é um

(A) hipónimo.

(B) merónimo.

(C) holónimo.

(D) hiperónimo.

1.7. Na expressão «Oh, nossa deslumbrante desgraça mudadora» (linha 14), o autor recorre à

(A) hipálage.

(B) metáfora.

(C) metonímia.

(D) ironia.

2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Classifique a oração «para acreditar nos lugares» (linhas 13 e 14).

2.2. Indique o antecedente do pronome que ocorre em «Não o podemos sequer perfumar» (linha 26).

2.3. Identifique a função sintática do pronome pessoal sublinhado em «eu tenho livros que me foram
oferecidos» (linha 26).

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GRUPO III

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, apresente
uma reflexão sobre a importância da infância na construção da identidade individual.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com,
pelo menos, um exemplo significativo.

observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2013/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras –, há que atender ao seguinte:
−− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
−− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

FIM

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CriTériOS ESpECífiCOS dE ClASSifiCAÇãO

GRUPO I .................................................................................................................................... 100 pontos

Os itens deste grupo visam avaliar conhecimentos e capacidades nos domínios da leitura de um texto literário
e da expressão escrita.

Ao classificar as respostas do examinando, o professor classificador deve observar as capacidades seguintes:


− compreensão do sentido global do texto;
− adequação da resposta aos objetivos do item;
− identificação e relacionação de elementos textuais, mobilizando informação explícita e realizando
inferências;
− interpretação do texto, fundada no diálogo entre o leitor e as referências textuais, entendidas no seu
contexto;
− formulação de juízos de leitura pessoais e fundamentados;
− produção de um discurso correto nos planos lexical, morfológico, sintático, ortográfico e de pontuação.

Os cenários de resposta que se apresentam consideram-se orientações gerais, que visam uma aferição
de critérios. Assim, qualquer interpretação que, não coincidindo com as linhas de leitura apresentadas,
corresponda às solicitações do item e seja considerada válida pelo professor classificador deve ser classificada
em igualdade de circunstâncias com as respostas compreendidas nos cenários fornecidos.

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A

1. .................................................................................................................................................... 20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .................................................................................... 12 pontos

Níveis Descritores do nível de desempenho no domínio específico da disciplina Pontuação

Relaciona, adequadamente, o estado de espírito do sujeito poético com as condições


4 12
meteorológicas referidas na primeira estrofe.

Relaciona, de modo não totalmente completo ou com pequenas imprecisões, o estado de


3 9
espírito do sujeito poético com as condições meteorológicas referidas na primeira estrofe.

Relaciona, de modo não totalmente completo e com pequenas imprecisões, o estado de


espírito do sujeito poético com as condições meteorológicas referidas na primeira estrofe.
2 OU 6
Relaciona, de modo incompleto ou com imprecisões, o estado de espírito do sujeito
poético com as condições meteorológicas referidas na primeira estrofe.

Refere-se, de modo incompleto e impreciso, à relação entre o estado de espírito do sujeito


1 3
poético e as condições meteorológicas referidas na primeira estrofe.

• Aspetos de estruturação do discurso e correção linguística (F) ......................... 8 pontos

Estruturação do discurso ................................................................. 4 pontos


Correção linguística*1 ....................................................................... 4 pontos

Cenário de resposta

A resposta pode contemplar os tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.

Na primeira estrofe do poema, a relação entre o estado de espírito do sujeito poético e as condições
meteorológicas evolui de uma relação de contraste para uma relação de semelhança:
– no início do dia, o estado de espírito do sujeito poético é de alguma tristeza (v. 4), mas o céu azul indicia
alegria (v. 2);
– no decurso do dia, há uma evolução das condições meteorológicas («O dia deu em chuvoso» – vv. 1, 3
e 7), tornando-se mais parecidas com o estado de tristeza do sujeito poético.

* Vide Fatores de desvalorização, no domínio da correção linguística, dos itens de construção – resposta restrita e
resposta extensa (p. C/5).

Prova 639/E. Especial • Página C/7/ 15


2. .................................................................................................................................................... 15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .................................................................................... 9 pontos

Níveis Descritores do nível de desempenho no domínio específico da disciplina Pontuação

4 Interpreta, adequadamente, o sentido dos versos 8 a 13. 9

Interpreta, de modo não totalmente completo ou com pequenas imprecisões, o sentido


3 7
dos versos 8 a 13.

Interpreta, de modo não totalmente completo e com pequenas imprecisões, o sentido dos
versos 8 a 13.
2 5
OU
Interpreta, de modo incompleto ou com imprecisões, o sentido dos versos 8 a 13.

1 Refere-se, de modo incompleto e impreciso, ao sentido dos versos 8 a 13. 3

• Aspetos de estruturação do discurso e correção linguística (F) ......................... 6 pontos

Estruturação do discurso ................................................................. 3 pontos


Correção linguística*2 ....................................................................... 3 pontos

Cenário de resposta

A resposta pode contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.

Nos versos 8 a 13, o sujeito poético assume uma opinião que diverge da opinião dos outros relativamente
ao conceito de elegância associado ao estado do tempo:
– os outros consideram que o tempo chuvoso é elegante e o sol vulgar e desagradável;
– o sujeito poético é indiferente a essa ideia de elegância, preferindo inequivocamente o sol e o céu azul,
já que para tempo chuvoso basta o do seu mundo interior.

* Vide Fatores de desvalorização, no domínio da correção linguística, dos itens de construção – resposta restrita e
resposta extensa (p. C/5).

Prova 639/E. Especial • Página C/8/ 15


3. .................................................................................................................................................... 20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .................................................................................... 12 pontos

Níveis Descritores do nível de desempenho no domínio específico da disciplina Pontuação

Explica, adequadamente, a importância da referência às memórias da infância nos


4 12
versos 20 a 27.

Explica, de modo não totalmente completo ou com pequenas imprecisões, a importância


3 9
da referência às memórias da infância nos versos 20 a 27.

Explica, de modo não totalmente completo e com pequenas imprecisões, a importância


da referência às memórias da infância nos versos 20 a 27.
2 OU 6
Explica, de modo incompleto ou com imprecisões, a importância da referência às
memórias da infância nos versos 20 a 27.

Refere-se, de modo incompleto e impreciso, à importância da referência às memórias da


1 3
infância nos versos 20 a 27.

• Aspetos de estruturação do discurso e correção linguística (F) ......................... 8 pontos

Estruturação do discurso ................................................................. 4 pontos


Correção linguística*3 ....................................................................... 4 pontos

Cenário de resposta

A resposta pode contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.

A referência às memórias da infância permite realçar o contraste entre um passado feliz e um presente
infeliz.

A impossibilidade de recuperar o bem perdido da infância, metaforizada em «madrugada perdida» e «céu


azul verdadeiro» (v. 22), acentua a infelicidade sentida no momento presente. De facto, os afetos, que
fazem parte das memórias da infância do sujeito poético, contrastam dolorosamente com um presente
opaco e triste, que se associa metaforicamente ao dia chuvoso.

* Vide Fatores de desvalorização, no domínio da correção linguística, dos itens de construção – resposta restrita e
resposta extensa (p. C/5).

Prova 639/E. Especial • Página C/9/ 15


4. .................................................................................................................................................... 15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .................................................................................... 9 pontos

Níveis Descritores do nível de desempenho no domínio específico da disciplina Pontuação

Indica, adequadamente, quatro dos processos que contribuem para marcar o ritmo do
4 9
poema, fundamentando a resposta com elementos do texto.

Indica, adequadamente, três dos processos que contribuem para marcar o ritmo do
3 7
poema, fundamentando a resposta com elementos do texto.

Indica, adequadamente, dois dos processos que contribuem para marcar o ritmo do
2 5
poema, fundamentando a resposta com elementos do texto.

Indica, adequadamente, um dos processos que contribuem para marcar o ritmo do poema,
1 3
fundamentando a resposta com elementos do texto.

• Aspetos de estruturação do discurso e correção linguística (F) ......................... 6 pontos

Estruturação do discurso ................................................................. 3 pontos


Correção linguística*4 ....................................................................... 3 pontos

Cenário de resposta

A resposta pode contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.

O ritmo do poema é marcado pela utilização de processos como:


– a repetição do verso «O dia deu em chuvoso» (vv. 1, 3, 7, 19, 23 e 28), que funciona como um refrão;
– a anáfora (vv. 8-10);
– a enumeração (vv. 5, 13 e 20);
– as repetições lexicais em final de verso (vv. 4 e 6; 8-11; 14 e 16);
– a irregularidade métrica;
– a alternância entre frases longas e frases curtas;
– as pausas no interior dos versos.

* Vide Fatores de desvalorização, no domínio da correção linguística, dos itens de construção – resposta restrita e
resposta extensa (p. C/5).

Prova 639/E. Especial • Página C/10/ 15


B. ................................................................................................................................................... 30 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .................................................................................... 18 pontos

Níveis Descritores do nível de desempenho no domínio específico da disciplina Pontuação

Explica, com pertinência e rigor, a importância do olhar na poesia de Alberto Caeiro,


6 fundamentando a resposta em dois aspetos relevantes da sua obra e fazendo referências 18
que refletem um muito bom conhecimento deste heterónimo de Fernando Pessoa.

Explica, com pertinência e rigor, a importância do olhar na poesia de Alberto Caeiro,


5 fundamentando a resposta em dois aspetos relevantes da sua obra e fazendo referências 15
que refletem um bom conhecimento deste heterónimo de Fernando Pessoa.

Explica, com esporádicas imprecisões, a importância do olhar na poesia de Alberto Caeiro,


fundamentando a resposta em dois aspetos relevantes da sua obra e fazendo referências
que refletem um conhecimento suficiente deste heterónimo de Fernando Pessoa.
OU
4 12
Explica, com pertinência e rigor, a importância do olhar na poesia de Alberto Caeiro,
fundamentando a resposta em apenas um aspeto relevante da sua obra e fazendo
referências que refletem um conhecimento suficiente deste heterónimo de Fernando
Pessoa.

Explica, com imprecisões, a importância do olhar na poesia de Alberto Caeiro,


fundamentando a resposta em dois aspetos relevantes da sua obra e fazendo referências
que refletem um conhecimento suficiente deste heterónimo de Fernando Pessoa.
OU
3 9
Explica, com esporádicas imprecisões, a importância do olhar na poesia de Alberto
Caeiro, fundamentando a resposta em apenas um aspeto relevante da sua obra e fazendo
referências que refletem um conhecimento suficiente deste heterónimo de Fernando
Pessoa.
Explica, com imprecisões, a importância do olhar na poesia de Alberto Caeiro,
fundamentando a resposta em apenas um aspeto relevante da sua obra e fazendo
2 6
referências que refletem um conhecimento insuficiente deste heterónimo de Fernando
Pessoa.

Tece comentários gerais sobre a importância do olhar na poesia de Alberto Caeiro,


1 fazendo referências que refletem um conhecimento incipiente deste heterónimo de 3
Fernando Pessoa.

• Aspetos de estruturação do discurso e correção linguística (F) ......................... 12 pontos

Estruturação do discurso ................................................................. 7 pontos


Correção linguística*5 ....................................................................... 5 pontos

* Vide Fatores de desvalorização, no domínio da correção linguística, dos itens de construção – resposta restrita e
resposta extensa (p. C/5).

Prova 639/E. Especial • Página C/11/ 15


Cenário de resposta

A resposta pode contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.

Na poesia de Alberto Caeiro, o olhar assume uma importância central. Podem apontar-se os seguintes
exemplos da significação que o olhar pode assumir:
– a recusa do pensamento e das ideias feitas, que deformam o real («Compreender isto com o pensamento
seria achá-las todas iguais.»; «Procuro despir-me do que aprendi»; «E raspar a tinta com que me
pintaram os sentidos»);
– a recusa da subjetividade («Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.»);
– a recusa em atribuir sentidos ocultos às coisas («Porque o único sentido oculto das cousas / É elas não
terem sentido oculto nenhum.»; «As cousas não têm significação: têm existência.»);
– a (re)descoberta do real na sua autenticidade («Trago ao Universo um novo Universo / Porque trago ao
Universo ele-próprio.»);
– o reencontro da inocência do homem em contacto com a Natureza («E o que vejo a cada momento / É
aquilo que nunca antes eu tinha visto»);
– a aposta nas sensações («Eu nem sequer sou poeta: vejo.»).

nota – Não é obrigatório o recurso a citações, ainda que estas figurem, a título ilustrativo, no cenário de resposta.

GRUPO II ................................................................................................................................... 50 pontos

Os itens deste grupo visam avaliar conhecimentos e capacidades nos domínios da leitura e do funcionamento
da língua.

Critérios específicos de classificação

Item Pontuação

1.1. (D) 5

1.2. (A) 5

1.3. (C) 5

1.4. (B) 5

1.5. (C) 5

1.6. (B) 5

1.7. (D) 5

2.1. (Oração) subordinada (adverbial) final 5

2.2. «(um) texto que se desliga» 5

2.3. Complemento indireto 5

Prova 639/E. Especial • Página C/12/ 15


GRUPO III ................................................................................................................................. 50 pontos

O item deste grupo visa avaliar conhecimentos e capacidades no domínio da expressão escrita.

Tratando-se de um item de resposta extensa, no qual se requer um texto de reflexão, o professor classificador
deve observar as capacidades seguintes:
– estruturação de um texto com recurso a estratégias discursivas adequadas à defesa de um ponto de vista
e refletindo uma planificação produtiva;
– elaboração de um texto coerente e coeso;
– produção de um discurso correto nos planos lexical, morfológico, sintático, ortográfico e de pontuação.

Critérios específicos de classificação

• Estruturação temática e discursiva (ETD) .......................................................... 30 pontos

Os níveis de desempenho relativos à estruturação temática e discursiva (ETD)


encontram-se descritos nas páginas C/14 e C/15.

Neste parâmetro, estão previstos níveis de desempenho intercalares, não


descritos. Sempre que uma resposta revele um desempenho que não se integre
em nenhum de dois níveis descritos consecutivos, deve ser-lhe atribuída a
pontuação correspondente ao nível intercalar que os separa.

Os níveis intercalares (níveis 8, 6, 4 e 2) não foram explicitados, de forma


a permitir a atribuição das respetivas pontuações às produções que se
encontrem numa das situações seguintes: evidenciam a maioria dos traços
próprios de um dos níveis de desempenho inferiores (níveis 7, 5, 3 ou 1), mas
integram-se também, devido a alguns aspetos, na descrição do nível superior
correspondente; evidenciam a maioria dos traços próprios de um dos níveis de
desempenho superiores (níveis 9, 7, 5 ou 3), apresentando, simultaneamente,
um ou outro traço dos níveis inferiores.

São desvalorizadas as respostas que não respeitem as indicações apresentadas


relativamente à tipologia textual, ao tema e à extensão.

Sempre que se verifique o afastamento integral do tema proposto, a resposta


deverá ser classificada com zero pontos.

• Correção linguística (CL)*6 .................................................................................. 20 pontos

Cenário de resposta

Dada a natureza deste item, não é apresentado cenário de resposta.

Fator específico de desvalorização relativo ao desvio dos limites de extensão

Sempre que o examinando apresente um texto com extensão inferior a oitenta palavras, é atribuída à resposta
a classificação de zero pontos.

* Vide Fatores de desvalorização, no domínio da correção linguística, dos itens de construção – resposta restrita e
resposta extensa (p. C/5).

Prova 639/E. Especial • Página C/13/ 15


Descritores do nível de desempenho relativo
Níveis Pontuação
à estruturação temática e discursiva (ETD)

• Trata, sem desvios, o tema proposto.


• Mobiliza sempre, com eficácia argumentativa, informação ampla e diversificada:
– produz um discurso coerente e sem qualquer tipo de ambiguidade;
– define de forma inequívoca o seu ponto de vista;
– fundamenta a perspetiva adotada em, pelo menos, dois argumentos, distintos
e pertinentes, cada um deles ilustrado com, pelo menos, um exemplo
significativo.
• Redige um texto estruturado, refletindo uma planificação e evidenciando um bom
domínio dos mecanismos de coesão textual:
– apresenta um texto constituído por três partes (introdução, desenvolvimento,
conclusão) individualizadas, devidamente proporcionadas e articuladas entre
9 30
si de modo consistente;
– marca corretamente os parágrafos;
– utiliza, com adequação, conectores diversificados e outros mecanismos de
coesão textual.
• Faz uso correto do registo de língua adequado ao texto, eventualmente com
esporádicos afastamentos, que se encontram, no entanto, justificados pela
intencionalidade do discurso e assinalados graficamente (com aspas ou
sublinhados).
• Mobiliza com intencionalidade recursos da língua expressivos e adequados
(repertório lexical variado e pertinente, figuras de retórica e tropos, procedimentos
de modalização, pontuação...).

8 27

• Trata, sem desvios, o tema proposto.


• Mobiliza informação diversificada, com suficiente eficácia argumentativa:
– produz um discurso coerente, pontuado, no entanto, por ambiguidades pouco
relevantes;
– define com suficiente clareza o seu ponto de vista;
– fundamenta a perspetiva adotada em, pelo menos, dois argumentos adequados,
cada um deles documentado com, pelo menos, um exemplo apropriado.
• Redige um texto bem estruturado, refletindo uma planificação e recorrendo a
7 mecanismos adequados de coesão textual: 24
– apresenta um texto constituído por três partes (introdução, desenvolvimento,
conclusão) individualizadas, proporcionadas e satisfatoriamente articuladas
entre si;
– marca corretamente os parágrafos;
– utiliza, adequadamente, conectores e outros mecanismos de coesão textual.
• Utiliza o registo de língua adequado ao texto, apesar de afastamentos esporádicos,
que não afetam, porém, a adequação geral do discurso.
• Mobiliza um repertório lexical adequado e variado.

6 21

Prova 639/E. Especial • Página C/14/ 15


Descritores do nível de desempenho relativo
Níveis Pontuação
à estruturação temática e discursiva (ETD)

• Trata o tema proposto, embora apresente desvios pouco relevantes.


• Mobiliza informação suficiente, nem sempre com eficácia argumentativa:
– produz um discurso globalmente coerente, apesar de algumas ambiguidades
evidentes;
– define o seu ponto de vista, eventualmente com lacunas que não afetam,
porém, a inteligibilidade;
– fundamenta a perspetiva adotada em, pelo menos, dois argumentos
adequados, apresentando um único exemplo apropriado ou dois exemplos
pouco adequados.
5 • Redige um texto pouco estruturado, refletindo uma escassa planificação e 18
evidenciando um domínio apenas suficiente dos mecanismos de coesão textual:
– apresenta um texto constituído por três partes (introdução, desenvolvimento,
conclusão), articuladas entre si de modo pouco consistente;
– marca parágrafos, mas com falhas esporádicas;
– utiliza apenas os conectores e os mecanismos de coesão textual mais comuns,
embora sem incorreções graves.
• Utiliza, em geral, o registo de língua adequado ao texto, mas apresentando alguns
afastamentos que afetam pontualmente a adequação global.
• Mobiliza um repertório lexical adequado, mas pouco variado.
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• Trata globalmente o tema, mas com desvios notórios.
• Mobiliza pouca informação e com reduzida eficácia argumentativa:
– produz um discurso com alguma coerência, mas nem sempre claramente
inteligível;
– define um ponto de vista identificável, mas fá-lo de forma confusa;
– fundamenta a perspetiva adotada num único argumento adequado ou em dois
argumentos redundantes, apresentando um exemplo pouco adequado.
• Redige um texto com deficiências de estrutura, evidenciando um domínio
insuficiente dos mecanismos de coesão textual:
– apresenta um texto em que não distingue com clareza três partes (introdução,
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desenvolvimento, conclusão), ou em que as mesmas se encontram
insuficientemente marcadas, com desequilíbrios de proporção mais ou menos
notórios e com deficiências ao nível da articulação entre elas;
– marca parágrafos, mas com incorreções de alguma gravidade;
– utiliza um número insuficiente de conectores, por vezes de forma inadequada,
e recorre a construções paratáticas frequentes.
• Apresenta, em número significativo, afastamentos do registo de língua adequado
ao texto.
• Utiliza um vocabulário simples e comum, com impropriedades que não perturbam,
porém, a comunicação.
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• Aborda lateralmente o tema, porque o compreendeu mal ou porque não se cinge
a uma linha condutora e se perde em digressões.
• Mobiliza muito pouca informação e sem eficácia argumentativa:
– produz um discurso geralmente inconsistente e, por vezes, ininteligível;
– não define um ponto de vista concreto;
– não cumpre a instrução no que diz respeito ao tipo de texto ou apresenta um
texto em que traços do tipo solicitado se misturam, sem critério, com os de
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outros tipos textuais.
• Redige um texto com estruturação muito deficiente, desprovido de mecanismos
elementares de coesão textual.
• Utiliza indiferenciadamente registos de língua, sem manifestar consciência do
registo adequado ao texto, ou recorre a um único registo inadequado.
• Utiliza vocabulário elementar e restrito, frequentemente redundante e/ou
inadequado.

Prova 639/E. Especial • Página C/15/ 15

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