Resposta de Plantas de Alho Livres de Virus Ao Nit

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Resposta de plantas de alho livres de vírus ao nitrogênio em ambiente


protegido

Article in Horticultura Brasileira · March 2010


DOI: 10.1590/S0102-05362010000100018

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6 92

5 authors, including:

Juliano Corulli Corrêa Pavan MARCELO Agenor


Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA) São Paulo State University
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FERNANDES LJC; BÜLL LT; CORRÊA JC; PAVAN MA; IMAIZUMI I. 2010. Resposta de plantas de alho livres de vírus ao nitrogênio em ambiente
protegido. Horticultura Brasileira 28: 97-101.

Resposta de plantas de alho livres de vírus ao nitrogênio em ambiente


protegido
Lucilene JC Fernandes1,3; Leonardo T Büll1; Juliano C Corrêa1; Marcelo A Pavan1; Isao Imaizumi2
1
UNESP–FCA-Faz. Exp. Lageado, C. Postal 237, 18603-970 Botucatu-SP; 2Genove Agronegócios, Rod. BR 452, km 225, C. Postal 27,
38175-000 Santa Juliana-MG; 3Bolsista CAPES; [email protected]

RESUMO ABSTRACT
A adubação nitrogenada associada ao uso de bulbos isentos de Nitrogen fertilization in garlic free of virus cultivated in
vírus contribui para o aumento de produtividade e qualidade do alho, protected environment
fato que pode incentivar o produtor rural a investir na cultura, pois Nitrogen fertilization associated to the utilization of bulb free of
garante maior retorno econômico. O objetivo do trabalho foi avaliar virus enhances garlic yield and quality and it can incentive growers to
o índice relativo de clorofila, estado nutricional, a produção total e invest in the crop whereas it allows a better economic return. The aim
comercial do alho livre de vírus e a correlação entre essas variáveis of this research was to evaluate the relative chlorophyll index (RCI),
em função de doses de nitrogênio. O experimento foi instalado sob plant nutrition and total and commercial garlic yield and verify the
condições de ambiente protegido de maio a setembro de 2006, utili- correlation among these variables in relation to nitrogen fertilization.
zando o delineamento em blocos casualizados, com seis repetições. The experiment was carried out under greenhouse from May to
Os tratamentos consistiram da aplicação em cobertura de doses September 2006. The experimental design consisted of randomized
crescentes de N (0, 20, 40, 80, 160 e 320 kg ha-1), utilizando como blocks with six replications. The treatments were application of
fonte o nitrato de amônio, na proporção de 25% da dose no estádio crescent levels of nitrogen corresponding to 0, 20, 40, 80, 160, and
de 3 a 4 folhas, 25% antes da formação dos bulbilhos e 50% após a 320 kg N ha-1. The N source was ammonium nitrate; 25% of the
diferenciação. O aumento das doses de N resultou em maior índice dose was applied when plants presented 3 or 4 leaves, 25% when
relativo de clorofila, aumentou a absorção de N e reduziu absorção de plants presented 5 or 6 leaves, and 50% after the differentiation. The
P e K nas folhas, proporcionou maior produtividade total e comercial, application of crescent levels of nitrogen proportioned higher relative
sem que ocorresse pseudoperfilhamento. chlorophyll index (RCI), increased the N content and reduced P and
K content in leaves, enhanced total and commercial yield without
secondary growth.
Palavras-chave: Allium sativum, clorofilômetro, nutrição. Keywords: Allium sativum, chlorophyll meter, nutrition.

(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2008; aceito em 8 de fevereiro de 2010)


(Received on November 4, 2008; accepted on February 8, 2010)

O principal fator que possibilita


maiores rendimentos na cultura do
alho (Allium sativum) é a aplicação de
Souza, 2001a,b; Büll et al., 2001, 2002).
Portanto, a dose de N em cobertura deve
resultar na máxima produtividade, desde
Conduziu-se este trabalho com o
objetivo de avaliar o índice relativo de
clorofila, estado nutricional, produção
fertilizantes, em especial o nitrogênio, que aplicada na época correta para evitar total e comercial do alho livre de vírus
pois é o nutriente que mais contribui para o pseudoperfilhamento. e a correlação entre essas variáveis
o aumento da produtividade de bulbos O alho é propagado assexuadamen- em função das doses de nitrogênio
por exercer efeito rápido e pronunciado te, permitindo que patógenos sejam aplicadas.
sobre o desenvolvimento vegetal nessa facilmente disseminados através das
cultura (Büll et al., 2002). gerações, causando acúmulo de viroses MATERIAL E MÉTODOS
Repostas à adubação com N na cul- e degenerescência dos clones. A téc-
tura do alho foram obtidas desde a dose nica de cultura de tecidos possibilita a O experimento foi desenvolvido no
de 40 kg ha-1 até a dose de 180 kg ha-1 obtenção de plantas de alho isentas de município de Santa Juliana-MG, sob
(Patel et al., 1996; Verma et al.,1996; patógenos, em especial os vírus, que condições de ambiente protegido de
Resende et al., 1993; Resende et al., condiciona respostas diferentes à adu- 12/05/06 a 01/09/06. O solo, classifica-
2000; Resende & Souza, 2001a; Büll bação nitrogenada, quando comparadas do como Latossolo Vermelho-Amarelo
et al., 2002; Marouelli et al., 2002). Ao com plantas obtidas convencionalmente. (Embrapa, 1999) foi amostrado na ca-
contrário, Costa et al. (1993), Lipinski Assim, a associação da aplicação de mada de 0-20 cm para realização da
et al. (1995) e Sadaria et al. (1997) não fertilizantes à técnica de cultura de análise química (Raij et al., 2001), que
verificaram efeitos significativos do N tecidos, possibilitará que estas plantas apresentou os seguintes resultados:
na produtividade total e comercial do apresentem maior potencial produtivo pH(CaCl 2)= 6,0; M.O.= 24 g kg -1;
alho. Vale ressaltar que quando o N é em razão do aumento do peso e diâmetro P(resina)= 104 mg dm-3; H+Al= 25
aplicado em cobertura no período de de bulbos, refletindo em maior retorno mmolc dm-3; K= 4 mmolc dm-3; Ca= 54
bulbificação ocorre maior incidência econômico para o produtor (Resende et mmolc dm-3; Mg= 14 mmolc dm-3; CTC=
de pseudoperfilhamento (Resende & al., 2000). 97 mmolc dm-3; V= 74 %; B= 0,44 mg

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LJC Fernandes et al.

dm-3; Zn= 5,2 mg dm-3. As avaliações de índice relativo de Pecuária e Abastecimento (MAPA).
O delineamento experimental uti- clorofila (IRC) foram realizadas nos
Para cada tratamento foi calculada
lizado foi em blocos casualizados, mesmos dias das aplicações dos trata-
a produtividade total e comercial. Na
com seis repetições. Os tratamentos mentos e 15 dias após a última aplicação
produtividade comercial foram con-
consistiram de aplicações em cobertura das doses de N, amostrando-se 10 plan-
siderados bulbos de classe 3 ou supe-
com doses crescentes de N (0, 20, 40, tas por parcela. O IRC foi determinado
rior, isentos de sintomas de ataque de
80, 160 e 320 kg N ha-1), tendo como com o auxílio do medidor portátil, o
pragas e doenças ou outra anomalia. A
fonte o nitrato de amônio. Essas doses clorofilômetro, modelo SPAD-502 da
ocorrência do pseudoperfilhamento foi
foram parceladas em razão do estádio Minolta Corporation Ltda, amostrando-
quantificada nas 50 plantas destinadas
fenológico da cultura, aplicando-se 25% se a parte central da folha recentemente
à análise da produção, no momento da
da dose quando as plantas apresentaram expandida e fisiologicamente madura.
colheita.
de 3 a 4 folhas, 25% quando apresenta- As folhas em que foram realizadas as
ram de 5 a 6 folhas, o que ocorreu antes leituras de IRC, à exceção da primeira Os resultados foram submetidos à
da diferenciação, e 50% após a fase época de avaliação, foram coletadas para análise de variância seguida de análise
de diferenciação, estádio de início do análise química dos teores foliares de de regressão, ajustando-se as equações
crescimento dos bulbilhos. macronutrientes, segundo metodologia aos dados obtidos a partir das doses de
As parcelas foram dimensionadas descrita por Malavolta et al. (1997). nitrogênio, tendo como critério para
com 2,0 m de comprimento por 1,2 m de As plantas destinadas à avaliação escolha do modelo matemático o teste F
largura do canteiro, com espaçamento de da produção foram coletadas a partir significativo a 1 e 5% e a magnitude dos
10 cm entre plantas e 20 cm entre linhas. de 0,5 m de cada extremidade da par- coeficientes de determinação. A análise
A adubação de plantio foi ajustada para cela, coletando 10 plantas por linha, de correlação foi realizada pelo método
a camada de 0-20 cm e foram aplicados totalizando 50 plantas por parcela. de Pearson. As análises estatísticas fo-
680 kg ha-1 de P2O5 antes da gradagem, Após a colheita, as plantas passaram ram realizadas nos programas Sisvar v.
sendo 1/3 na forma de termofosfato e pelo período de cura por 30 dias, a fim 4.2 (Ferreira, 2003) e Sigmastat v. 3.11
2/3 de superfosfatosimples, 50 kg ha-1 de favorecer gradual perda de umidade (Systat, 2008).
de KCl, 10 kg ha-1 de ácido bórico e 10 e concentração de sólidos nos bulbos,
kg ha-1 de sulfato de zinco. Junto com melhorando a conservação (Filgueira, RESULTADOS E DISCUSSÃO
a primeira adubação nitrogenada de 2000). Após esse intervalo, os bulbos
cobertura foi adicionado o equivalente foram classificados em função do diâ- A aplicação de doses crescentes de
a 50 kg ha-1 de KCl. metro transversal em classes de 3 a 7, N em cobertura elevou o índice relativo
Utilizou-se a cv. Caçador LV (livre segundo a Comissão Técnica de Normas de clorofila (IRC), quando as folhas de
de vírus), pertencente ao grupo dos e Padrões do Ministério da Agricultura alho foram amostradas nos estádios fe-
“alhos nobres” e das cultivares tardias.
Os bulbos caracterizam-se por apre- 70
sentar bulbilhos graúdos e em pequeno
número, coloração externa roxa e alta
capacidade de conservação (Filgueira,
2000), sendo bem aceitos no mercado
por ter qualidade comparável à do alho 65
IRC (S pad)

argentino. Os bulbilhos isentos de vírus


foram obtidos através de cultura de te-
cidos e termoterapia, na UNESP-FCA,
aclimatizados em casa-de-vegetação e
multiplicados por quatro gerações em 60
telado no município de Guarapuava-
PR. Foram utilizados para o plantio
74 DAP Y = 63,6 + 0,014x R2 =0,76 **
bulbilhos pesando entre 3 e 4 gramas,
89 DAP Y = 56,6 + 0,035x - 0,00007x2 R2 =0,80 *
de bulbos nº 6 (diâmetro transversal
maior que 47 até 56 mm), de acordo com 55
a classificação da Circular nº 50/81 da 0 40 80 120 160 200 240 280 320
Comissão Técnica de Normas e Padrões
do Ministério da Agricultura. Doses de N (kg ha-1 )

A colheita ocorreu aos 112 dias após


o plantio (DAP). Foram adotados os tra- Figura 1. Índice Relativo de Clorofila (IRC) em folhas de plantas de alho, na fase de
tos culturais referentes à cultura do alho diferenciação (74 DAP) e 15 dias após (89 DAP) em função de doses de nitrogênio (relative
como medidas preventivas de controle chlorophyll index (RCI) in leaves of garlic plants, at differentiation (74 DAP) and 15 days
de pragas e doenças. after (89 DAP) in response to the nitrogen rates). Santa Juliana, GENOVE, 2006.

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Resposta de plantas de alho livres de vírus ao nitrogênio em ambiente protegido

nológicos de diferenciação (74 DAP) e


15 dias após (89 DAP) (Figura 1). Não Fase de diferenciação
40 5,6
houve, no entanto, efeito significativo
para essa variável quando a amostragem
foi realizada nos estádios de 3 a 4 folhas
(13 DAP) e de 5 a 6 folhas (28 DAP). 35 5,3

Teores de N e K (g kg )
-1
Esse resultado pode ser justificado em

Teores de P (g kg )
-1
razão do N ser componente do grupo
pirrólico na molécula de clorofila, ou
seja, seu fornecimento em função das 30 5
doses estaria contribuindo na formação
dessa molécula e, consequentemente,
aumentando os valores de IRC (Lima, 25 4,7
2005). T eor de N Y = 25,1 + 0,04x - 0,00007x 2 R2 =0,85 **
T eor de K Y = 5,39 + 0,003x R2 =0,94 **
Os maiores valores de IRC foram
T eor de P Y = 33,5 + 0,015x R2 =0,50 **
obtidos nas doses de 320 kg ha-1 de N
quando a folha de alho foi amostrada 20 4,4
no estádio de diferenciação e de 250 0 40 80 120 160 200 240 280 320
-1
kg ha-1 de N quando a folha foi amostra Doses de N (kg ha )
15 dias após a diferenciação. Resende
(1994) sugeriu o período de 6 a 9 dias Figura 2. Teores foilares de N, P e K, na fase de diferenciação (74 DAP), em plantas de alho,
como intervalo para se obter o máximo em função de doses de nitrogênio (leaves concentrations of N, P and K, at differentiation (74
DAP), in garlic plants, in response to the nitrogen rates). Santa Juliana, GENOVE, 2006.
de aumento do teor de clorofila devido
à aplicação de N. Entretanto, Büll et
al. (2002) não verificaram aumento no consideradas adequadas para a cultura nutrientes, pois no estádio de enchimen-
teor de clorofila em função de doses do alho, apresentam valores entre 25 a to dos bulbilhos, o dreno mais forte pas-
crescentes de N, utilizando-se a cultivar 30 g kg-1 de N, 3,0 a 5,0 g kg-1 de P e de sa a ser esse órgão, portanto deve existir
Caçador, com bulbilhos sem a utilização 30 a 44 g kg-1 de K. Assim, os teores de redistribuição mais eficiente do P e K
da técnica de cultura de tecidos. N, P e K obtidos podem ser considerados no sentido folha – bulbilhos, principal-
As plantas de alho absorveram mais adequados, pois estão dentro ou próxi- mente, quando os bulbilhos são maiores.
N e menos P e K em função do aumento mos da faixa de suficiência considerada É nesse órgão que está havendo maior
das doses de N (Figura 2), com a amos- adequada à cultura, tendo como princi- gasto energético, bem como a absorção
tragem das plantas realizada no mesmo pais parâmetros o desenvolvimento da e transporte dos direcionados, preferen-
estádio da variável IRC. Os teores mé- planta e a produtividade alcançada. cialmente, para os bulbilhos. Tanto o P
dios de N aumentaram de acordo com A redução nos teores de P e K nas como o K, são nutrientes móveis dentro
as doses desse nutriente aplicado, sendo folhas de alho em função das doses da planta, sendo muito exigidos nos
que o maior teor de N na folha de alho crescentes de N (Figura 2) pode ser jus- locais de maior crescimento, no caso o
foi observado na dose de 320 kg ha-1 de tificada em razão das maiores doses de N bulbilho, pois estão envolvidos fisiolo-
N. De acordo com Raij et al. (1996), terem proporcionado maiores bulbilhos, gicamente com as funções de transporte
as faixas de suficiência para N, P e K causando o efeito de diluição para esses de energia (ATP) e o desencadeamento
das atividades enzimáticas, entre outras
(Taiz & Zeiger, 2004).
Tabela 1. Distribuição dos bulbos (%), nas classes <3, 3, 4, 5, e 6, em função de doses cres-
centes de N (kg ha-1) (distribution of bulbs (%), in the class <3, 3, 4, 5, and 6, in response to
A adubação nitrogenada em cober-
the nitrogen rates (kg ha-1)). Santa Juliana, GENOVE, 2006. tura proporcionou maior produtividade
total e comercial, as quais apresentaram
Classes
Doses de N comportamento linear crescente com
<3 3 4 5 6 o aumento das doses de N (Figura 3),
0 5 26 44 22 3 sendo que a dose de 320 kg ha-1 de N
20 4 16 43 30 6 proporcionou valores de 9,1 t ha-1 para
40 3 25 36 33 3 a produtividade total e de 9,0 t ha-1 para
a comercial, respectivamente. Efeitos
80 4 15 39 30 13
significativos da adubação com N foram
160 2 12 35 35 16 obtidos até a dose de 97 kg N ha-1 por
320 2 9 27 39 23 Marouelli et al. (2002), de 149 kg N
ns L** L** L** L** ha-1 por Resende & Souza (2001a), e
ns: não significativo; **significativo a 1% pelo teste F; L: equação linear (ns: not significant, de 160 kg N ha-1 por Büll et al., (2002).
**1% significant by F test; L: linear equation) Ao contrário, Costa et al. (1993) não

Hortic. bras., v. 28, n. 1, jan.- mar. 2010 99


LJC Fernandes et al.

verificaram efeito significativo do N na


9,5 produtividade total e comercial do alho
quando utilizaram até 120 kg ha-1, assim
como, Lipinski et al. (1995), até dose de
9,0 240 kg ha-1 de N e Sadaria et al. (1997)
quando foram aplicados até 75 kg ha-1 de
Produtividade (t ha -1 )

8,5 N. Vale ressaltar, que esse experimento


foi plantado com bulbos provenientes
de cultura de tecido, portanto, livres
8,0 de vírus e em condições de ambiente
protegido e irrigação por gotejamento,
7,5 fatores que contribuíram para a resposta
positiva das plantas de alho ao N.
Total Y = 7,49 + 0,0048x R 2
=0,90 ** A adubação nitrogenada aumentou
7,0 Comercial Y = 7,35 + 0,0052x R 2
=0,89 ** o diâmetro dos bulbos das classes 5
e 6, e reduziu os da classe 3 e 4. Não
6,5 houve efeito significativo para as clas-
ses <3 (Tabela 1). Esse fato deve ser
0 40 80 120 160 200 240 280 320 destacado, pois bulbos das classes 5 e
-1
Doses de N (kg ha) 6 são maiores que os da classes 3 e 4,
apresentando maior valor comercial
Figura 3. Produtividades total e comercial (t ha-1) de bulbos de alho, em função de doses
de nitrogênio (total and commercial yield (t ha-1) of garlic bulbs, in response to the nitrogen e preferência pelo consumidor. Vale
rates). Santa Juliana, GENOVE, 2006. ressaltar que a disponibilidade de N no
solo exerce influência relevante sobre
Tabela 2. Coeficiente de correlação entre índice relativo de clorofila (IRC), teor de nitrogênio o valor nutritivo do alimento, sendo
na folha e produtividades total e comercial (coefficient of correlation between relative considerado o macronutriente que pro-
chlorophyll index (RCI), nitrogen concentration in leaves, and total and commercial yield. porciona qualidade ao produto, por fazer
Santa Juliana, GENOVE, 2006. parte de compostos como aminoácidos
Coeficiente de e proteínas (Malavolta, 1996).
Fatores correlacionados Fase de amostragem As correlações entre o índice relativo
correlação
de clorofila (IRC), teor de nitrogênio na
5 a 6 folhas ns folha e produtividades total e comercial
IRC x N foliar Diferenciação 0,73** foram significativas quando as plantas
de alho se encontravam nos estádios
15 dias após diferenciação 0,80** de diferenciação e 15 dias após essa
fase, não havendo efeito significativo
5 a 6 folhas ns entre essas variáveis quando as plantas
IRC x Produtividade total Diferenciação 0,49** estavam no início do desenvolvimen-
to, ou seja, no estádio de 5 a 6 folhas
15 dias após diferenciação 0,60** (Tabela 2).
5 a 6 folhas ns A correlação positiva entre o IRC e
N foliar (0,73** e 0,80**) pode ser expli-
IRC x Produtividade comercial Diferenciação 0,48** cada pela maior quantidade de clorofila
em função do maior teor de N, uma
15 dias após diferenciação 0,57** vez que esse nutriente participa com 4
5 a 6 folhas ns moléculas na sua composição química
(Taiz & Zeiger, 2004). Dados seme-
N foliar x Produtividade total Diferenciação 0,47** lhantes foram obtidos por Lima (2005),
que avaliou a correlação entre IRC e N
15 dias após diferenciação 0,47** foliar a cada 10 dias durante o ciclo da
5 a 6 folhas ns cultura de 130 dias, utilizando a cultivar
Caçador, obtendo o maior coeficiente
N foliar x Produtividade com-
Diferenciação 0,47** de correlação (0,76**) aos 70 dias após
ercial
a emergência das plantas.
15 dias após diferenciação 0,47** Houve correlação positiva, também,
ns: não significativo; **significativo a 1% pela correlação de Pearson (ns: not significant; entre o IRC e as variáveis produtivida-
**1% significant by Pearson correlation). de total (0,49** e 0,60**) e comercial

100 Hortic. bras., v. 28, n. 1, jan.- mar. 2010


Resposta de plantas de alho livres de vírus ao nitrogênio em ambiente protegido

(0,48** e 0,57**), permitindo estimar vírus, proporcionou maior produtivida- plantas: princípios e aplicações. Piracicaba:
a produtividade em função das leituras de total e comercial sem ocorrência de POTAFOS. 317p.
MAROUELLI WA; SILVA WLC; CARRIJO
IRC, quando as plantas forem amostra- superbrotamento. OA; SILVA HR. 2002. Produção e qualidade
das no estádio de diferenciação ou após de alho sob regimes de água no solo e doses
15 dias a diferenciação (Tabela 2). As AGRADECIMENTOS de nitrogênio. Horticultura Brasileira 20:
produtividades total e comercial tam- 191-194.
bém se correlacionaram positivamente PATEL BG; KHANAPARA VD; MALAVIA DD;
com o teor de N nas folhas (0,47** e À CAPES pela concessão da bolsa KANERIA BB. 1996. Performance of drip and
de mestrado à primeira autora e à empre- surface methods of irrigation for garlic (Allium
0,47**, respectivamente), mostrando sativum L.) under varying nitrogen levels.
que os teores de nitrogênio, até a con- sa Genove Agronegócios pela estrutura Indian Journal of Agronomy 41: 174-176.
centração de 31 g kg-1 nas folhas de alho, e apoio técnico para o desenvolvimento RAIJ BV; ANDRADE JC; CANTARELLA H;
amostradas no estádio de diferenciação do experimento. QUAGGIO JA. 2001. Análise Química para
avaliação da fertilidade de solos tropicais.
floral ou 15 dias após esta fase, con- Campinas: Instituto Agronômico. 285p.
dicionam maior produtividade total e REFERÊNCIAS RAIJ BV; CANTARELLA H; QUAGGIO JA;
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Não foram obtidas plantas pseudo- AGRIANUAL-Anuário Agrícola Brasileiro. 2007. adubação e calagem para o estado de São
São Paulo: Instituto FNP. 520p. Paulo. Campinas: Instituto Agronômico. 285p.
perfilhadas, devido, provavelmente, à (Boletim técnico, 100).
BÜLL LT; BERTANI RMA; VILLAS BÔAS RL;
suspensão da irrigação, no período que FERNANDES DM. 2002. Produção de bulbos RESENDE FV; FAQUIN V; SOUZA RJ. 2000.
antecedeu a diferenciação, e também à e incidência de pseudoperfilhamento na cultura Efeito da adubação nitrogenada no crescimento
cobertura com 50% da dose somente do alho vernalizado em função de adubações e na produção de alho proveniente de cultura
potássicas e nitrogenadas. Bragantia 61: de tecidos e de multiplicação convencional.
após a diferenciação, práticas essas 247-255. Revista Brasileira de Ciência do solo 24:
utilizadas por produtores de alho para 49-57.
BÜLL LT; VILLAS BÔAS RL; FERNANDES
evitar o surgimento dessa anomalia. DM; BERTANI RMA. 2001. Fertilização RESENDE GM; SOUZA RJ. 2001a. Doses e
A ocorrência de pseudoperfilhamento potássica na cultura do alho vernalizado. épocas de aplicação de nitrogênio sobre a
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de diferenciação. Assim, quanto maior sativum L.) cv. Juréia. Ciência e Prática 7: a produtividade e características comerciais
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próxima a adubação de cobertura da 19: 320-323.
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