Fundamentos Da Clínica Com Adolescentes Prof Abr - 240307 - 172302

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Clínica com Adolescentes

Fundamentos da clínica com


adolescentes
Aspectos Teóricos, Clínicos e de pesquisa.

Prof. Abraão L.

Instituto de formação fateb


"Quando, através da análise, chegamos aos
conflitos mais profundos de onde surgem o
ódio e a ansiedade, também encontramos lá o
amor.
"
Melanie Klein
PROFESSOR ABRAÃO L.
Diretor da SOBRAPPSI- Conselho deliberativo
Psicanalista, Mestre em Psicanálise e Educação,
Fitoterapeuta, Técnico especialista em Biblioteconomia,
Formação em inteligência Emocional, Especialização em
Neuropsicanálise.
Capacitações em Psicopatologia Clinica e geral, Ludoterapia,
Escuta Terapêutica, Análise e interpretação do desenho
infantil, Capacitação em psicanálise aplicada aos contos e
historias infantis.
@abraaofeh Professor de Psicanálise, atuante em clinica com experiência
em atendimento com crianças, adolescentes e adultos.
"QUERIDO CONFERÊNCISTA, É UM
PRAZER CONSTRUIR E COLABORAR Idealizador do projeto Clinica Humanizar online e Humanizar
JUNTO COM VOCÊ!
DESEJO GRANDES CONSTRUÇÕES. Educação Emocional.
Palestrante, Seminarista e escritor.
CLÍNICA COM ADOLESCENTES

TRILHA DE CONTEÚDOS
-Introdução a Clínica com adolescentes.

-Saúde mental na adolescência.

-Aspectos clínicos e psicanálise com adolescentes.

-A adolescência na ótica psicanalítica.

-Psicanálise Relacional, por uma clínica dinâmica.

--Perfil do terapeuta especialista em Adolescentes


No ambiente de intersubjetividade, o terapeuta
proporciona ao paciente meios para acessar
novas e singulares interpretações de sua
história. Ao explorar os temas da adolescência
e psicanálise, é relevante questionar como as
demandas dos adolescentes se manifestam na
atualidade para a análise psicanalítica.
Introdução

A adolescência é uma etapa da vida marcada por complexas


demandas que resultam em inegável exigência de investimentos
por parte do sujeito. Os fatores biológicos, considerados
intrínsecos da puberdade, designam as mudanças corporais e
fisiológicas, enquanto as demandas psíquicas compreendem um
intenso trabalho de metabolização de transformações
psicossociais que estão mais especificamente associadas ao
termo adolescência (Levisky, 1995; Blos, 1998; Macedo,
Fensterseifer, & Werlang, 2004).
Na adolescência, ocorrerá um trabalho de
ressignificação da identidade, possibilitando o
acesso do jovem a outra etapa do ciclo vital. A
sociedade oferece, de acordo com a sua cultura,
rituais tradicionais de passagem à idade adulta que
funcionam como mediações simbólicas entre o
adolescente e o meio, e que lhe conferirão o status
de adulto.
Na atualidade, observa-se, como efeito das transformações
sociais e culturais, uma redução do período historicamente
caracterizado como infância e a decorrente expansão da
adolescência. Nessa linha de raciocínio, Birman (2006)
considera que a contemporaneidade vive tempos de uma
adultez com critérios indefinidos, fato que dificulta
demarcações, em termos de subjetividade, das idades da
vida. O autor afirma que isso provoca, em consequência, uma
desordem no contexto familiar, na qual a relação com o
aspecto dos cuidados é significativamente afetada,
refletindose nas novas formas de subjetivação da
adolescência.
Por vezes, as demandas que adentram a clínica
psicanalítica podem se originar de uma necessidade
do adolescente ou terem como origem uma
necessidade do contexto social principal (família e
escola), expressando alguma preocupação/queixa a
respeito do adolescente. É comum que algumas
manifestações da adolescência sejam recebidas com
desconforto, necessitando, por vezes, da atribuição
de um rótulo que normatize e padronize tais
manifestações.
Alguns casos envolvendo adolescentes abordam
conflitos relacionados à diversidade, mudanças e
transformações que podem ser cruciais para sua
saúde. Por isso, é essencial ouvir e reconhecer a
singularidade presente em cada experiência humana,
independentemente da idade.
Considerando-se, portanto, que os motivos de busca de um
tratamento possam variar, sabe-se que a vivência da escuta do
paciente, seja via palavra, seja via conduta, possibilita uma
atribuição única de sentido às suas dores. A psicanálise, diante
da singularidade de cada sujeito, coloca-se como um
importante recurso para compreensão e intervenção nos
padecimentos psíquicos. É possível, com base em um ponto de
vista que enfatiza a complexidade inerente ao ser humano,
articular as modalidades de sofrimento da adolescência com as
transformações impostas pela contemporaneidade.
Busca-se não apenas criar categorias de problemas, mas
também questionar o impacto dessas mudanças na
adolescência. De acordo com Dockhorn e Macedo (2008, p.14),
a psicanálise contemporânea visa estabelecer um ambiente
que priorize o intrapsíquico, respeite a singularidade e dê voz à
implicação do sujeito em seu sofrimento. O objetivo é facilitar
interações interpessoais mais significativas e duradouras,
criando um espaço onde os desejos possam ser reconhecidos,
permitindo assim que o indivíduo se identifique como um ser
que deseja.
Primeiros desafios na clínica com adolescentes

No começo, o desafio principal está na precisão da decisão de iniciar


o tratamento, a partir de uma queixa do adolescente ou do seu
contexto social. É necessário avaliar, por meio da escuta analítica, se
o adolescente está passando por um sofrimento psicológico, comum
ou não, no qual poderia se beneficiar do processo de análise. Essas
dificuldades resultam em questionamentos teóricos e técnicos por
parte dos analistas, que, em um contexto ético, estão ligados à
responsabilidade de manter uma prática atualizada (formação) e
garantir a eficácia do tratamento.
SAÚDE MENTAL NA
ADOLESCÊNCIA.
Sobre Os Adolescentes

Geralmente, o psiquismo já chega com uma estrutura


fragilizada; como ele vai se manifestar nessa fase da
vida, com tantas transformações físicas, mentais e
somando a isso as exigências da sociedade e o atual
momento que estamos vivendo? (...) Ele se sente muito
pressionado e não possui base para lidar com isso.
Então, como ele irá reagir? Quais defesas ele irá
utilizar?
ASPECTOS CLÍNICOS E
PSICANÁLISE COM
ADOLESCENTES.
A adolescência é, por natureza, uma in-
terrupção na tranqüilidade do crescimento:
característica do período de latência, a manu-
tenção prolongada de um equilíbrio estável
torna-se em si mesma anormal. A adolescência
se caracterizaria então por posições conflituosas
econômicas e dinâmicas extremas, mutáveis,
flutuantes, que dão a esse período da vida seu
aspecto de tumulto, de perturbação e de crise,
mas isso não nos autoriza a falar de patologia: o
diagnóstico diferencial entre as perturbações da
adolescência e a verdadeira patologia é uma ta-
refa difícil: “há uma ligação entre as manifesta-
ções do adolescente normal e os diversos tipos
de pessoas doentes:
Alguns analistas propuseram uma refl exão
sobre o conceito de crise de adolescência uti-
lizando um modelo principalmente dinâmico
e econômico. Seja em Anna Freud, em autores
Posteriores a idéia central é que a crise de adoles-
cência remete àquilo que H. Nagera chama de
“conflito de desenvolvimento” (cf. Enfance et
psychopathologie). Esse conflito de desenvolvi-
mento é experimentado em maior ou menor
grau por todo adolescente.
A adolescência
assim compreendida é um momento de reorga-
nização psíquica, começando pela puberdade,
dominada pelo efeito desta sobre o psiquismo,
pelo reforço da depressão subjacente que fl ui no
aparelho psíquico ao longo de toda existência,
por indagações sobre a identidade, sobre a bis-
sexualidade, por um “alvoroço” de identifi ca-
ções anteriores, e pela idealização dessa “nova
vida” que o adolescente imaginariamente e
inconscientemente esperava.
-A ADOLESCÊNCIA NA ÓTICA
PSICANALÍTICA.
Freud destaca a importância do amadurecimento do
Ego durante a adolescência e dos mecanismos de
defesa utilizados para lidar com a ligação com o
objeto infantil e com as pulsões quando os
mecanismos anteriores falham em controlar a
angústia. Enfrentar as pulsões, aceitá-las, evitar
eficazmente ou ser dominado por elas, amar e odiar
os pais, rebelar-se contra eles e ao mesmo tempo
depender deles são extremos cujas transições seriam
consideradas anormais em outras fases da vida. Na
adolescência, essas oscilações representam
simplesmente o sinal do desenvolvimento gradual de
uma "estrutura adulta de personalidade".
A turbulência comum na adolescência é frequentemente mal
aceita tanto pela família quanto pelo jovem, devido à forte
influência contemporânea de proibir a expressão de
sentimentos. A subjetividade é grandemente afetada, pois o
destino do adolescente é predefinido desde o nascimento. Ele
está destinado a representar um determinado sobrenome, a
herdar uma empresa específica, e isso pode ser um problema
para uma criança ou adolescente com um talento natural,
como música, por exemplo. O gatilho reside na incapacidade
do adolescente em controlar sua ansiedade durante esse
período, e a família oferece pouca contenção.
Pais mais focados em si mesmos, mais
ocupados com suas próprias questões, muitas
vezes respondem com frases como "Faz
Quando você quiser" ou "Estou ocupado,
depois te ajudo". Isso pode causar
desorganização e abandono emocional na
pessoa.
ADOLESCENTES EM CRISE
OU SOCIEDADE EM CRISE?
Quem está em crise: os adolescentes ou a
sociedade? Eis a pergunta que resume as liga-
ções existentes entre crise de adolescência e
crise da sociedade (Brusset, 1975).
A crise que os adolescentes atravessam es-
taria ligada a uma mudança histórica, a uma
nova cultura, a novas práticas sociais, a uma
modifi cação dos papéis parentais. Essa hipótese
apóia-se em constatações gerais tais como: “os
pais se resignam a ver seus fi lhos se tornarem
desconhecidos para um mundo desconhecido”,
ou ainda na noção de crise de valores, crise do
mundo ocidental, etc.
A Crise de Originalidade
Juvenil
O Desejo pela originalidade.
- O desejo por ser original na adolescência é abordado em várias
obras literárias e é algo observado diariamente por educadores,
pais e os próprios adolescentes. Caracteriza-se pelo repúdio à
banalidade e pela vontade de se destacar como alguém único. Este
anseio não é apenas uma avaliação dos adultos sobre os
comportamentos inesperados ou não habituais dos adolescentes,
mas também o próprio sentimento de singularidade que o indivíduo
tem. Esse desejo pela originalidade, de forma característica, surge
durante a puberdade, por volta dos 14 anos para as meninas e dos
15 anos para os meninos. Embora a criança possa mostrar esse
desejo, muitas vezes não tem consciência disso, ou não é intenso o
suficiente para chamar a atenção dos adultos. Representa um dos
primeiros aspectos da "puberdade mental" que acompanha as
mudanças fisiológicas.
A crise de originalidade
A crise de originalidade representa a forma mais evidente e
completa do desejo por ser original. Essa crise não é constante, mas
sim oscilante. Geralmente, seu início está associado a eventos como
afastamento, perda de um ente querido, mudanças abruptas na
vida, decepções amorosas, ou ambições frustradas. Após um
desapontamento doloroso, essa crise surge repentinamente e com
intensidade. Ela se manifesta em duas vertentes: uma individual e
outra social.
A face individual

destaca-se pela autoafirmação com entusiasmo, pela


introspeção e pela descoberta do eu, equiparável à
descoberta do corpo no bebé. Isso pode manifestar-se
através de uma preferência pela solidão, pelo segredo,
pela excentricidade nas roupas, nos comportamentos, na
linguagem ou nas cartas. O pensamento busca
constantemente o inédito e o singular. Existe uma intensa
paixão por reformar, moralizar ou transformar o mundo.
Há diferentes níveis, desde o simples desejo de
originalidade até a convicção de ser original, passando
pela crença em ser genuinamente único.
A face social

se revela através da revolta juvenil: uma revolta


contra os adultos, os sistemas de valores e as
ideias preconcebidas. Os adolescentes apresentam
duas reclamações principais em relação aos
adultos: a falta de compreensão deles e a
interferência na sua independência. Na realidade,
trata-se de uma revolta contra tudo que possa
prejudicar a sua autoafirmação. Debesse descreve
três fases.
1. Na primeira fase, dos 14 aos 16 anos, destaca-se a necessidade
de impressionar.
2. Durante a segunda fase, dos 16 aos 17 anos, a autoafirmação é
intensa.
3. Por fim, na fase de desfecho a partir dos 18 anos, o indivíduo se
liberta. Ele consegue se distanciar, avaliar-se com mais
nuances. Não tem mais dificuldade em se expressar com
estranhos, não hesita em se comparar com os outros e, assim,
deixa de se enxergar como um ser misterioso e sagrado. Ele se
avalia com certa tranquilidade.
Essa crise de originalidade é comum a ambos os sexos, mas,
obviamente, pode se manifestar de forma diferente de acordo com
o sexo. Da mesma forma, embora seja frequente, não é
absolutamente generalizada.
Abandonar a ilusão da suficiência significa
adentrar o universo da parcialidade,
implicando em lidar, dai em diante, com a
dimensão solitária da existência, com a
natureza intransmissível das relações
interpessoais que ocasionalmente propiciam
encontros e, em outras circunstâncias,
desencontros.
-PSICANÁLISE RELACIONAL,
POR UMA CLÍNICA DINÂMICA.
A Psicanálise Relacional tem como esfera inicial criar
possibilidades significativas no ambiente terapêutico,
utilizando o dinamismo relacional como base de trabalho. A
interação entre paciente e terapeuta promove crescimento e
progresso no paciente, fortalecendo sua estrutura psiquica e
emocional, bem como desenvolvendo habilidades
intrassubjetivas. Isso proporciona flexibilidade para lidar com
processos e potencializa a criatividade natural, auxiliando o
adolescente a se localizar em seu estado e momento atual.
O que mais se observa é uma apatia na
adolescência. Pais que chegam dizendo que
falta ânimo e falta vida. São adolescentes
que chegam e não sabem bem porque estão
chegando, não sabem bem o que querem.
O adolescente nem sabe dizer qual é o problema. E aí,
tu tens que fazer um trabalho, um trabalho
prévio. Como se tu tivesse que criar bases
de uma estrutura psíquica, para depois,
um dia, esse adolescente vir a saber o que
incomoda.
PERFIL DO TERAPEUTA
ESPECIALISTA EM
ADOLESCENTES
1
ACOLHEDOR E HUMANIZADO
2
ATUALIZADO E DINÂMICO
3
NÃO PRECONCEITUOSO E
ÉTICO
4
RESPEITOSO E SENSÍVEL
"Como é maravilhoso que ninguém precise esperar um único
momento antes de começar a melhorar o mundo."
-Anna Freud-

Desejo sempre construções


maravilhosas e preciosas ressignificações
em sua jornada!
Att. Prof. Abraão L.

@abraaofeh

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