Deficiencia Auditiva e Surdez
Deficiencia Auditiva e Surdez
Deficiencia Auditiva e Surdez
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
2 SURDEZ ............................................................................................................... 4
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
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2 SURDEZ
Fonte: vivamelhoronline.com
4
geralmente é identificada após os seis meses de idade (WEBER & DIEFENDORF ,
2001 como citado em SILVA, KAUCHAKJE & GESUELI, 2003, p. 22).
5
O termo “surdo” é vago, pois, é tão abrangente que acabamos não
considerando os graus de surdez, que são muito variados e importantes, seja esta
importância qualitativa ou existencial. Cerca de 15 milhões da população americana
possuem “dificuldade para ouvir”, assim, com o uso de aparelhos auditivos estas
pessoas conseguem escutar parte do que é falado. Atenção e um pouco de paciência
daqueles que conversam com eles também é importante. Existem aqueles que são
“seriamente surdos”, que muitas vezes foram vítimas de doença ou danos no ouvido
na juventude, mas também nestes casos ainda é possível ouvir a fala, principalmente
com os mais novos aparelhos auditivos que são computadorizados e altamente
sofisticados. Outro grupo nesta classificação é:
Conforme Quiñonez, Ramírez, Girón & Rey (2009), uma pessoa é considerada
surda, sobre uma perspectiva audiológica, quando possui algum problema estrutural
ou sensorial em seu sistema auditivo. Com esta dificuldade a pessoa surda tem
alterada a sua capacidade de receber, associar, discriminar e compreender sons, e,
como consequência disso, quando esta pessoa começa a aprender a escutar, sua
comunicação acústica ou o seu desenvolvimento neste aspecto é limitado, mesmo
com o uso de dispositivos especiais ou aparelhos auditivos. A surdez possui três
classificações: surdez total, hipoacusia neurosensorial, e, a perda auditiva mista
(POOCH, PEREZ, IGLESIAS, SAIS, RODRIGUEZ & AREOLA, 2005 COMO CITADO
EM TILANO-VEGA, CÁRDENAS-TORRES, BETANCUR-CARO, RIVERA-MUÑOZ,
GÓMEZ-GÓMEZ, ARANGO-RESTREPO, MORENO-ASPRILLA & JARAMILLO
VELÁSQUEZ, 2014). Além disso, os autores destacam também que a surdez pode
surgir em uma pessoa como uma perda progressiva da audição devido à exposição
excessiva a ruídos de alta intensidade.
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3 A SURDEZ E A DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Fonte: diferenca.com
É por meio da audição que o ser humano desenvolve a linguagem verbal, que
é um dos segmentos da comunicação entre os grupos sociais.
A perda da audição pode ocorrer no período pré-linguistico que acontece antes
de adquirir a linguagem e pós-linguístico que e depois da aquisição da linguagem. A
pessoa que perde a audição após ter adquirido a linguagem por meio de vias auditivas
e mantem a capacidade de se expressar oralmente, este pode ser considerado um
deficiente auditivo pós teve acesso a acultura da sociedade ouvinte. Segundo Perlin
(2000), os deficientes auditivos não se enquadram na cultura surda, visto que
possuem um problema que pode ser eliminado pelo simples aumento de volume de
som ou aparelhos de amplificação sonora.
A pessoa que perde a audição antes de adquirir a linguagem, e está
impossibilitada de adquiri-la por meio de vias auditivas principalmente quando forem
de grau severo ou profundo e considerado como surdo. Segundo Skliar (1998, p.11)
a surdez constitui uma diferença a ser politicamente reconhecida; a surdez é uma
experiência visual; a surdez é uma identidade múltipla ou multifacetada e, finalmente,
a surdez está localizada dentro do discurso sobre a deficiência.
É fundamental entender que a surdez não se caracteriza por uma diferença
física perceptível e ao contrário do que se pensa, ela está impregnada de
preconceitos, num dilema inesgotável em ser ou não ser uma deficiência? No dizer de
Sá:
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Partindo então do pressuposto de que a falta eficaz de comunicação na vida
de [...] que a dificuldade maior dos surdos está exatamente na aquisição de
uma linguagem que subsidie seu desenvolvimento cognitivo, os estudos que
envolvem a condição de pessoa surda são revestidos de fundamental
importância e seriedade, visto que a surdez, analisada exclusivamente do
ponto de vista do desenvolvimento físico, não é uma deficiência grave, mas
a ausência da linguagem, além de criar dificuldades no relacionamento
pessoal, acaba por impedir todo o desenvolvimento psicossocial do individuo.
(SÁ, 1999, apud SILVA, 2013, p.5).
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Há dois termos que evoluíram desde o início da década de 1990 na cultura de
Surdos. Um é "surdo" e o outro é "Surdo".
O termo "surdo" indica a condição quando o ouvido de uma pessoa não
responde ao som da mesma maneira do que o de uma pessoa ouvinte. Já o termo
"Surdo" refere-se à definição cultural que indica um grupo de pessoas, com seu
próprio conjunto de valores, história, língua e cultura.
Os deficientes auditivos seriam os indivíduos que não se identificam com a
comunidade Surda.
O Decreto nº 5.626, de 22 de janeiro de 2005, regulamenta a Lei nº 10.436, de
24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Segundo
ele:
• Considera-se pessoa surda àquela que, por ter perda auditiva, compreende
e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua
cultura principalmente pelo uso da Libras.
• Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de 41
decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hz,
1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz. (BRASIL, 2005, apud MAIA, 2016, p. 24).
Definir o que é ser um sujeito com surdez ou com deficiência auditiva no Brasil
tem sido um longo caminho. As modificações de concepções de ensino para atender,
de fato, às suas necessidades e legitimar uma língua foram uma trajetória árdua dessa
população.
É necessário entender quem vai utilizar a LIBRAS como língua natural, ou
primeira língua, assim como os serviços necessários para apoiar a inclusão
educacional e social. Também é preciso ter serviços garantidos, como um profissional
intérprete e recursos tecnológicos que facilitem a obtenção e a divulgação de
informações.
A própria comunidade surda, como os surdos denominam, tem diferenciações
quanto ao uso dos serviços e também à apropriação da língua, em virtude das
diferentes perdas auditivas, que podem promover ou não o uso da oralidade (fala),
bem como a escrita do português como segunda língua.
A autora Goldfeld (2002) ressalta que diversos autores e pesquisadores da área
concordam que as crianças com surdez/deficiência auditiva passam por grandes
dificuldades ao longo de suas vidas pelo fato de muitos nascerem em famílias
ouvintes, o que pode dificultar sua interação e a apropriação da língua.
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Goldfeld (2006) também relata que autores como Ciccone, Brito, Reis e
Fernandes afirmam em suas pesquisas que a criança com surdez/deficiência auditiva
pode sofrer atraso de linguagem, mesmo ao ser exposta à língua de sinais mais tarde,
e que esse atraso pode levar a problemas emocionais, sociais e cognitivos.
A linguagem precisa ser vista em um conceito mais amplo, pois ela abrange
não somente a função comunicativa, mas a da organização do pensamento,
assumindo assim um papel essencial para o desenvolvimento cognitivo. Se
pensarmos na linguagem somente como uma função comunicativa, não teremos uma
abordagem que estuda a linguagem sob uma ótica social e reflete sobre a sua
influência no desenvolvimento cognitivo da pessoa. Isso é defendido pela psicologia
interacionista, defendida por Vygotsky, que tem também como discípulos Luria,
Leontiev e Yudovich e o sociolinguista Bakhtin.
Assim, ele afirma também que o meio social e o momento histórico determinam
a língua, que é um sistema semiótico criado e produzido no contexto social e dialógico.
Skliar (1998) traz uma discussão apresentando a visão do ouvinte sobre a
surdez como ideologia. Ele realiza uma reflexão considerando o ouvintismo como
ideologia dominante que leva à medicalização da surdez e das pessoas com surdez.
O autor considera o ouvintismo como representações dos ouvintes a partir das quais
o surdo está obrigado a se olhar e a se narrar como se fosse ouvinte.
Outros aspectos importantes que Skliar (1998) traz para discussão na
educação da pessoa com surdez são sobre a potencialidade da aquisição e do
desenvolvimento da língua de sinais como primeira língua, da identificação das
crianças surdas com seus pares e com os adultos surdos, do desenvolvimento de
estruturas, formas e funções cognitivas visuais, de uma vida comunitária com
desenvolvimento de processos culturais específicos e da participação dos surdos no
debate linguístico, educacional, escolar e de cidadania.
A aquisição e o desenvolvimento da língua de sinais como primeira língua pode
ocorrer desde que a criança participe das interações cotidianas com a comunidade
com surdez, como ocorre com as que são ouvintes. Assim, com a convivência das
crianças com surdez com outras e adultos na mesma situação, fica evidente que o
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desenvolvimento delas é potencialmente melhor numa comunidade de pares, pois
constroem estratégias de identificação no processo sócio-histórico não fragmentado.
Skliar (1998) refere-se a essa ação como uma política de identidade surda.
Quanto à potencialidade do desenvolvimento de estruturas, formas e funções
cognitivas visuais, o autor trata a surdez como uma experiência visual, na qual todos
os mecanismos de processamento de informação e todas as formas de compreender
o universo e o seu entorno são construídos dessa forma. Na perspectiva de uma vida
comunitária e do desenvolvimento de processos culturais específicos, ele afirma que
é possível compreender e aceitar o conceito de cultura surda tendo como base o
multiculturalismo, ou seja, um olhar de cada cultura em sua própria lógica,
historicidade e processos de produções.
Para Skliar (1998), a participação das pessoas com surdez no debate
linguístico, educacional e escolar de cidadania é baseada nos depoimentos delas
próprias ao longo dos anos. Elas mencionam que o formato educacional com que
conviveram era estabelecido por pessoas que não pertenciam ao meio, sem ao menos
consultá-las de fato sobre suas necessidades. A reconstrução histórica das pessoas
com surdez sobre a sua educação e sua escolarização foi um ponto de partida para
uma reconstrução política significativa, atingindo hoje a Lei de Libras e também o
bilinguismo nas escolas.
Ela afirma que um ser humano, em contato com o seu espaço cultural, reage,
cresce e desenvolve sua identidade. Isso significa que os cultivos realizados são
coletivos e não isolados. A cultura não está pronta, ela é modificada e atualizada e
não surge com o homem sozinho.
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existe quando há um desvio, falta, falha ou imperfeição. Dentro desse raciocínio, as
pessoas surdas têm uma deficiência, pois lhes falta ou está prejudicado o sentido da
audição.
A medicina e a psicologia desempenharam um papel importante no
fortalecimento do entendimento do que seja a surdez, pois contribuíram para que
padrões de normalidade fossem estabelecidos para praticamente todas as dimensões
da vida humana.
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mas têm muitas dificuldades para as associações de tipo abstrato” (COLIN,
1980, apud BISOL, 2010, p. 8).
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Aos poucos, outros pressupostos deram lugar a olhares que não tomam a
deficiência como ponto de partida. Na década de 1970, ganhou força o modelo cultural
de surdez, também conhecido em nosso meio como modelo sócio antropológico. Foi
construída uma área de estudos chamada Deaf Studies (Estudos Surdos), que se
dedica a pensar os conceitos de identidade, cultura, poder e linguagem. Segundo
Bauman (2008), o modelo cultural surgiu na esteira das lutas por direitos civis na
década de 1960, conduzidas por mulheres, afro-americanos, povos indígenas, gays e
lésbicas, e pessoas com deficiências. O modelo socioantropológico propõe que a
surdez seja vista como uma diferença cultural que seria basicamente análoga a de
outras minorias étnicas e linguísticas.
Ser Surdo (com “S” maiúsculo) é reconhecer-se por meio de uma identidade
compartilhada por pessoas que utilizam língua de sinais e não veem a si mesmas
como sendo marcadas por uma perda, mas como “membros de uma minoria
linguística e cultural com normas, atitudes e valores distintos e uma constituição física
distinta” (LANE, 2008. p. 284). A distinção em termos de constituição física pode ser
entendida em um sentido positivo ao invés de ser automaticamente compreendida
como perda, como ocorre em uma sociedade ouvintista. Em seu sentido positivo,
reconhece-se que surdos sinalizadores fluentes desenvolvem uma capacidade maior
de se relacionar visualmente com o mundo no uso de sua língua, nas referências
cotidianas, na arte e na literatura (BAHAN, 2008). Um exemplo interessante para se
compreender a importância da experiência visual das pessoas surdas pode ser visto
na análise de poemas em língua de sinais, nos quais a visão está absolutamente em
primeiro plano (Quadros & Sutton-Spence, 2006).
Por outro viés teórico, como afirma Góes (1999), a retomada da teoria de
Vygostsky a partir da década de 1980 também permitiu que novas interpretações
fossem feitas para as discussões sobre cognição e linguagem. A linguagem passa a
ser compreendida como instância de significação. O que importa é o uso efetivo de
signos, independente do meio material utilizado. Por isso, “o desenvolvimento da
criança surda deve ser compreendido como processo social, e suas experiências de
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linguagem concebidas como instâncias de significação e de mediação nas suas
relações com a cultura, nas interações com o outro” (Góes, 1999, p. 37).
Nos estudos que avaliam especificamente a saúde mental dos surdos também
se percebe com clareza a diferença nos resultados, dependendo se o pressuposto é
o da deficiência ou da diferença. Hindley (2005), por exemplo, fala da prevalência de
40% de problemas mentais nessa população, o que representa uma estimativa de 1,5
a 2 vezes maior vulnerabilidade do que em crianças ouvintes. Numa posição mais
cautelosa, Wallis, Musselman & MacKay (2004) consideram as dificuldades de definir
a surdez, a imensa variabilidade de situações e a adequação dos instrumentos de
avaliação utilizados para falar de um percentual que varia entre 8% a 61%. Resultados
diferentes são descritos por outro grupo de pesquisadores:
Pollard (1998) afirma que os diferentes quadros de doença mental ocorrem com
frequência aproximadamente igual nas populações surda e ouvinte. Para esse autor,
o acesso restrito a serviços de saúde, o despreparo dos profissionais e as dificuldades
ocasionadas pelas diferenças culturais introduzem vieses nos processos de avaliação
e levam à ocorrência de diagnósticos errados. Profissionais pouco familiarizados com
crianças, adolescentes e adultos surdos podem estranhar e, consequentemente,
“patologizar” a modalidade de comunicação do surdo, seus gestos, expressões
faciais, toques e vocalizações. O diagnóstico de psicose pode ser especialmente
difícil, pois muitos dos sintomas mais importantes de quadros psicóticos podem ser
percebidos por meio de alterações da linguagem (fluência e coerência verbais
costumam ser sinais válidos de ausência de déficits orgânicos ou mentais em pessoas
ouvintes). Pollard (1998) concorda com Vernon ao afirmar que a inteligência tem uma
distribuição normal na população surda. A exceção pode se dar referente a quadros
neurológicos levemente mais prevalentes nos casos em que a etiologia da surdez está
associada a doenças de alto risco, como a meningite, por exemplo.
Bailly, Lenclave e Lauwerier (2003) também afirmam que a avaliação correta
da saúde mental de crianças e adolescentes surdos é prejudicada pelas dificuldades
linguísticas e pela dificuldade de estabelecer vínculo com a criança que não
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compreende a modalidade verbal de comunicação usada pelo profissional. A
avaliação de sintomas psiquiátricos fica comprometida na medida em que muitos dos
procedimentos de avaliação são verbais e foram padronizados para indivíduos
ouvintes. Essas dificuldades podem explicar porque a prevalência geralmente descrita
na literatura para doenças mentais em crianças e adolescentes surdos é em torno de
15% a 60% (observe-se que o intervalo citado pelos franceses difere do apresentado
anteriormente, proposto por autores norte-americanos). Para esses autores, mesmo
as descrições de que haveria uma prevalência entre os surdos de uma “personalidade
primitiva” não confere com estudos mais cuidadosos que encontraram entre os surdos
um padrão normal de funcionamento emocional.
Os dois modelos discutidos até agora geraram não apenas teorias e pesquisas,
mas serviram de base para diferentes abordagens terapêuticas, de reabilitação e de
educação dos surdos, e para o modo como a surdez passa a ser vista pela sociedade
como um todo. São dois modelos tradicionais, porém que não podem ser tomados
como absolutos. Não obedecem a uma ordem cronológica na qual um substitui o
outro, não são tão fechados a ponto de não permitirem uma riqueza de perspectivas
e um debate produtivo mesmo dentro de seus próprios domínios, e não encerram
totalmente a questão da surdez. As perspectivas abordadas a seguir sugerem outras
possibilidades interessantes.
Fonte: brasilescola.uol.com.br
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Sabe-se que a LIBRAS para ser reconhecida como a língua materna do
deficiente auditivo fez uma grande trajetória desde a segregação até oposições de
métodos desumanos para com o surdo, onde foram excluídos e marginalizados pela
sociedade. A história da educação do surdo começa primeiro pelo oralismo, onde o
surdo era praticamente obrigado a treinar a oralidade, sendo proibido de utilizar sinais
e gestos para sua comunicação. Após decreto que fornece bases legais para a
utilização da LIBRA é que o surdo passa a ter seus direitos respeitados.
A língua foi oficializada no Brasil pela Lei Federal nº 10.436 de 24 de abril de
2002 e regulamentado pelo decreto Federal nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005.
Essa lei trouxe avanços para a cidadania bilíngue das pessoas surdas, visto que
amplia os domínios da língua de sinais para diferentes segmentos sociais. Torna-la
componente curricular obrigatório nos cursos de formação de professores, em nível
médio e superior e de fonoaudiologia é o mais importante, pois preparam o futuro
educador para a reflexão sobre formas alternativas de comunicação e de interação
como requisito de acesso aos conteúdos acadêmicos.
Sabe-se que, surdo é o sujeito com perca auditiva, é necessário que saibamos
também o que é LIBRAS. A LIBRAS é língua brasileira de sinais utilizada para
comunicação com o surdo, sendo esta vista como língua materna do mesmo.
Para que haja realmente uma comunicação clara, é preciso que os sinais sejam
realizados de maneira adequada, representado pelo movimento da mão e a expressão
facial que retrata, dando sentido a palavra exposta. Sendo necessário para realização
do sinal, a configuração, a forma, a locação, o movimento, orientação e
direcionamento da mão e demais expressões faciais e corporais que o sinal exige.
Além do conhecimento em LIBRAS para o processo inclusivo, é muito
importante a participação da família para que o surdo tenha sucesso na escola, pois
ela é à base legal e moral da vida escolar do aluno, pois é o primeiro grupo ao qual
ele pertence em seguida, religião, vizinhança, escola, entre outros e com tudo isso a
ação inclusiva de fazer parte e interagir com esses grupos.
É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba libras, porque
ela tem que entender a língua portuguesa escrita. Ter noção de libras facilita
a comunicação, mas não é essencial para a aula. Uma criança surda aprende
com o especialista em libras e leitura labial. Para ser alfabetizada em língua
portuguesa para surdos conhecida como L2. A inclusão não admite qualquer
tipo de discriminação. (MONTOAN, 2006, apud DOMANOVSKI, 2016, p. 11).
Sabe-se que para o processo de inclusão escolar acontecer é preciso que haja
uma transformação no sistema de ensino que venha beneficiar toda e qualquer
18
pessoa, com escola adaptada, pessoal preparado para trabalhar, material acessível
ao aluno, melhorar e colocar em prática as leis existentes, garantindo ensino digno e
de qualidade a todos.
Portanto as mudanças são fundamentais para inclusão, mas exige esforço de
todos possibilitando que a escola possa ser vista como um ambiente de construção
de conhecimento, deixando de existir a discriminação de idade e capacidade. Para
isso, a educação deverá ter um caráter amplo e complexo, favorecendo a construção
ao longo da vida, e todo aluno, independente das dificuldades, poderá beneficiar-se
dos programas educacionais, desde que sejam dadas as oportunidades adequadas
para o desenvolvimento de suas potencialidades. Isso exige do professor uma
mudança de postura além da redefinição de papéis que possa assim favorecer o
processo de inclusão.
Fonte: pioneiro.clicrbs.com.br
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comunicarem e quando usavam tinham suas mãos amarradas e recebiam castigos,
pois eram considerados débeis mentais, loucos, selvagens, seres sem alma,
comparados até aos animais. Não tinham garantidos seus direitos legais, e, por não
saberem ler e escrever, não podiam receber heranças. Há relatos históricos de que a
igreja católica proibia os surdos de participarem de missas e batizados (PEREIRA,
2008). As pessoas com surdez foram consideradas sem alma pelo fato de não terem
como confessar oralmente sua fé, sendo assim, incapazes de viverem no meio social,
e na maioria das vezes considerados dignos de piedade por parte dos ouvintes.
20
sobre educação de surdos, e a maioria dava importância aos ambientes em que a
família pudesse aprender junto com a pessoa surda (REILY, 2004).
22
da fala ou do sinal, especialmente em disputas entre dois filhos de mães surdas,
Alexander Graham Bell e Edward Gallaudet. Para reforçar, Pereira (2008, p. 5) frisa
que “[...] Gallaudet, defensor da abordagem oral-manual tornou-se presidente da
primeira universidade para surdos dos EUA, Gaullaudet College”. Pereira (2008)
assegura que Bell apresentou grandiosas contribuições em relação à educação dos
surdos, e também teve reconhecimento pela criação de um telefone voltado para as
necessidades dos surdos. Discussões e embates sobre a utilização da fala ou da
língua de sinais tiveram espaço nos séculos XIX e no início do século XX.
Boa parte do séc. XX assistiu a uma abordagem quase absolutamente oralista.
Pereira (2008) enfatiza que na década de 1970 uma educadora da Universidade
Gallaudet, chamada Ivete Vasconcelos, visitou o Brasil e trouxe consigo a filosofia da
Comunicação Total, mas na década seguinte, a partir das pesquisas da Professora
Linguista Lucinda Ferreira Brito sobre a Língua Brasileira de Sinais e da Professora
Eulália Fernandes sobre a educação dos surdos, o Bilinguismo passou a ser difundido.
Constata-se que a história da educação dos surdos foi e é marcada por diversos
embates e conflitos entre gestualistas e oralistas, conforme observado nos debates
em que se questionavam se os surdos deveriam desenvolver a linguagem oral, ou se
permitiriam a eles o uso da língua de sinais. Para Pereira (2008, p. 6), foi nos anos de
1980 e 1990 que se deu início às reivindicações da comunidade surda,
Esse debate sobre a educação escolar de surdos nos remete a dois séculos
passados, quando se instauram discussões entre oralistas e defensores do sinal.
Somente na década de 90 foram criadas novas técnicas de aprendizagem em relação
à educação dos surdos, com o objetivo de contribuir com a educação e o
desenvolvimento da fala, em busca da inserção das pessoas no meio social. No
entanto, as concepções desenvolvidas sobre a educação dos surdos se
fundamentaram em três tipos de abordagens: a oralista, a comunicação total e o
bilinguismo. Essas propostas educacionais tinham o objetivo de inserir os surdos ora
na classe comum, ora na escola especial, ou na sala especial.
A primeira abordagem - o Oralismo - tinha como característica principal a ideia
de que as pessoas com surdez precisavam aprender a língua de seu país, pois isso
23
os integraria na comunidade ouvinte. Daí se conclui que o Oralismo concebe a surdez
como uma imperfeição que pode ser minimizada por instigações auditivas (PEREIRA,
2008). As propostas educacionais pautadas no Oralismo focaram o ensino da língua
da comunidade ouvinte para os surdos, a oral. O instrumento linguístico dos surdos
nesse caso era o uso da voz e a leitura labial, na escola e na vida social.
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com essa proposta são questionáveis em relação aos surdos em desafios no meio
social. O ensino por meio da Comunicação Total parecia não facilitar um
desenvolvimento satisfatório e os surdos continuavam separados nos guetos, no caso,
excluídos do âmbito social (REILY, 2004). “Essa concepção, não valorizou a língua
de sinais, portanto, pode-se dizer que a comunicação total é outra feição do oralismo”
(REILY, 2004, p. 7).
O movimento de integração social buscou, na verdade, a normalização das
pessoas com algum tipo de deficiência, mas essa visão foi deixada para trás. A partir
da década de 1990, ampliam-se as discussões em prol do Paradigma da Inclusão,
consideradas um processo que tinha como objetivo a construção de uma nova
sociedade.
No Brasil, os estudos e discussões voltados para a Educação Escolar Inclusiva
ganharam ênfase a partir da década de 1990 e tiveram um crescimento favorável,
destacando-se nos discursos políticos e educacionais, com a garantia de acesso e
permanência na escola para todos. Durante algum tempo tiveram caráter assistencial;
portanto, todos teriam direito à educação, com observância na Declaração de
Salamanca (UNESCO, 1994).
Nesse contexto, para se tornarem inclusivas as escolas deveriam passar por
várias ressignificações na prática escolar. A Educação Escolar Inclusiva foi vista pelos
professores como algo difícil e ameaçador, pelo fato de perceberem a falta de material,
apoio, estrutura para auxiliá-los no ensino em relação ao Público-Alvo da Educação
Especial (PAEE).
O Estado, em busca de normalização, separava os ditos “anormais” pelo fato
de serem diferentes, criou classes especiais dentro de um modelo clínico, construiu
um discurso de inclusão. Silva (2000 apud CORACINI, 2011, p. 334) destaca que “[...]
a normalização é um dos processos mais sutis pelos quais o poder se manifesta no
campo da identidade e da diferença”. A discussão teórica sobre a identidade do surdo
apresenta várias defesas, e para tanto, contamos com Santana e Bergamo (2005, p.
572), por compreender a pertinência de suas contribuições quando afirmam que “A
constituição da identidade do sujeito está relacionada às práticas sociais, e não a uma
língua determinada, e às interações discursivas diferenciadas no decorrer de sua vida:
na família, na escola, no trabalho, nos cursos que faz, com os amigos”.
A Educação Escolar Inclusiva tem como objetivo oportunizar a “todos” os
alunos o direito de serem inseridos em uma sala de aula. Independentemente de sua
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deficiência, necessidade especial, origem cultural ou econômica, todos tinham direito
à educação. Durante muito tempo, ao longo da trajetória da educação dos surdos,
essas salas especiais foram vistas como local de cuidar de “doidos” e pessoas com
problemas que não podiam aprender.
A Educação Escolar Inclusiva envolve um processo de reestruturação e
transformação das escolas e práticas pedagógicas, e tem o objetivo de assegurar que
todos possam ter acesso às mesmas oportunidades sociais e educacionais oferecidas
pela escola, tendo em vista a participação e a inclusão de todos os alunos, sem deixar
ocorrer o isolamento.
O que podia ter sido e deveria ser uma estimulante transição terminou sendo
um fim em si mesmo; o que deveria se uma transição para a autonomia
lingüística dos surdos terminou sendo uma eleição consciente e exclusiva dos
ouvintes e, de certa forma, uma eleição contra as necessidades
sociolinguísticas e psicolinguísticas dos surdos. Em síntese, uma nova
estrutura comunicativa para os ouvintes, mas não um instrumento cultural
significativo para os surdos. (SKLIAR, 1997, apud GESSER, 2012, p. 87).
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às diferenças linguísticas e culturais e, especialmente, aos direitos das minorias,
nunca tiveram ênfase tão grande quanto nos tempos atuais” (GESSER, 2012, p. 88).
Diniz (2012) salienta haver certos pais que preferem a língua de sinais para a
comunicação de seus filhos surdos; outros optam por ensinar-lhes a fala; há, no
entanto, os que dão importância e preferência ao aprendizado das duas línguas.
Sendo assim, a comunidade surda tem defendido uma perspectiva de educação
voltada para as duas línguas, a língua portuguesa e a Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS). Diniz (2012, p. 65) ressalta que “[...] a comunidade surda tem defendido a
perspectiva da LIBRAS como primeira língua para escolarização das pessoas surdas”.
É necessário entender que a criança com surdez tem o direito de escolher em qual
língua prefere se comunicar. Algumas preferem se expressar por meio da LIBRAS,
outras se sentem mais à vontade fazendo uso da língua portuguesa, enfim, é
necessário respeitar as escolhas individuais de cada um, tanto no meio social quanto
no âmbito escolar. A escola é uma das grandes responsáveis pela formação de todos
os alunos, sem exceções, pois os prepara para vida em sociedade, e, no caso das
pessoas com surdez deve-se propiciar um código que possibilite sua inserção e
participação no meio social. Diniz (2012, p. 65) confirma essa questão ao afirmar que:
A escola deve rever seu papel, seu currículo, não fazer imposição, como
ocorreu com a política de integração, que não teve sucesso, mas reavaliar todo o
sistema educativo para se chegar à reformulação do ensino, das práticas e
metodologias necessárias para construção de uma sociedade justa. Felizmente nos
dias atuais, muitas mudanças em relação à educação dos surdos, dentre elas o
reconhecimento da língua de sinais como genuína; o acesso às escolas regulares com
a presença de intérpretes; as salas de recursos multifuncionais; a formação no nível
superior com a presença de intérprete; e principalmente, a defesa de uma educação
bilíngue, entre outros diversos direitos conquistados pela comunidade surda. Gesser
(2012, p. 89) afirma que “Com tantas conquistas, temos muitos desafios para vencer”.
Atualmente, a comunidade surda é representada no Brasil pela Federação
Nacional de Educação e Interação dos Surdos (FENEIS), a grande responsável pela
propagação da LIBRAS, defensora de uma política de inclusão de pessoas com
27
surdez no meio social por meio do bilinguismo e reivindicadora da presença de
intérpretes em todos os órgãos públicos e mídia (REILY, 2004).
A oficialização da língua de sinais e o reconhecimento das necessidades e
especificidades dos surdos foram conquistas significativas, mas diante disso a
comunidade surda não pode se conformar, pois há muito a ser feito. Vale salientar
que é imprescindível a ocorrência de mais reivindicações em favor de uma educação
de qualidade para os surdos, lutas por um processo educativo que busque a
valorização da sua identidade, cultura e língua. Assim, será possível ocorrer um
processo de transformação social, acesso aos espaços educacionais para todos e
consequente criação de cidadãos críticos e reflexivos.
Para falar sobre a trajetória dos surdos, foi necessário passar pelo campo da
educação e verificar as causas geradoras de tanto sofrimento e injustiças em relação
a essa camada da sociedade. Considerando os dados, os fatos e os acontecimentos,
podemos compreender que há contextos e significados diferentes em outros estudos,
locais e países, mas nos atrevemos a afirmar que em todos os lugares do mundo essa
história aconteceu mais ou menos assim. Como afirmam Campello e Rezende (2014,
p. 89): “[...] Nada vai em frente quando não há luta; a batalha encerra-se, entretanto,
as lutas não cessam”. Agora resta-nos esperar para ver o que acontecerá, de fato, na
educação dos surdos nas próximas gerações.
28
pergunta: como temos construído a formação desses sujeitos ao longo do caminho
que a educação bilíngue vem tomando?
Segundo Machado e Lunardi-Lazzarin (2010), a formação de professores de
surdos no campo da inclusão é um dispositivo de governamentalidade dos sujeitos-
docentes, já que produz efeitos de verdades específicos nos discursos. Na atual
conjuntura, a formação docente vem com estratégia precisa na constituição de um
corpo de sujeitos-professores interessados e sensibilizados nessa política. Vem
responder a uma urgência histórica.
E com essa palavra quero dizer três coisas: O conjunto constituído pelas
instituições, procedimentos, análises e reflexões, cálculos e táticas que
permitem exercer esta forma bastante específica e complexa de poder, que
tem por alvo a população, por forma principal de saber a economia política e
por instrumentos técnicos essenciais os dispositivos de segurança. A
tendência que em todo o Ocidente conduziu incessantemente, durante muito
tempo, à preeminência deste tipo de poder, que se chama de governo, sobre
todos os outros – soberania, disciplina, etc, e levou ao desenvolvimento de
uma série de aparelhos específicos de governo e de um conjunto de saberes.
(FOUCAULT, 2006, apud MACHADO, 2015, p. 50).
Pensemos, então, nos familiares e cristãos que passam a fazer parte dos novos
experts que compõem o cenário da educação de surdos por meio da educação
bilíngue, pois chegam com um saber específico e com as verdades instituídas pelas
práticas discursivas vividas no meio dos surdos. Passam a falar de igual para igual
com os especialistas (que outrora sustentavam outra ordem discursiva: o oralismo)
afirmando: “eu vi, eu experienciei, eu sou testemunha que saber Libras é fundamental
na educação de surdos. Eu tenho esse saber...”. (MACHADO, 2015).
29
6.1 A qualificação para o trabalho com alunos surdos
30
pessoas ouvintes. Inicialmente, tal atuação era informal, ou seja, pais ou membros da
família das pessoas surdas faziam essa função (LOPES, 2005). Entretanto, para que
isso ocorresse de modo formal, foi necessário que a Língua Brasileira de Sinais fosse
oficializada em nosso país, de modo a evitar o surgimento de sinais novos sem a
padronização adequada e que lhe é de direito, visto que, a Libras é reconhecida
legalmente e linguisticamente como uma língua.
Atualmente, há leis em vigor que regulamentam a profissão e determinam a
formação intérprete de Libras. Uma dessas leis é a Lei nº 12.319 de 01.09.2010, que
regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete de Língua (BRASIL, 2010). Pereira
e Mendes (2009) pontuam que o intérprete de Libras tem a função de ser o canal
comunicativo entre o estudante surdo, o professor, colegas e equipe escolar. Seu
papel em sala de aula é servir como tradutor entre pessoas que compartilham línguas
e culturas diferentes. Essa atividade exige estratégias mentais na arte de transferir o
conteúdo das explicações, questionamentos e dúvidas, viabilizando a participação do
aluno em todos os contextos da aula e fora dela, nos espaços escolares. O intérprete
precisa conscientizar-se que seu papel não é o mesmo que o do professor.
Além de que, a presença de um intérprete de língua de sinais na sala de aula
é um tema bastante polêmico, não havendo consenso sobre sua adequação entre os
especialistas na área da educação de surdos (AQUINO, 2007). Questiona-se se, ao
optar exclusivamente pela atuação do intérprete de LIBRAS nesse espaço ou pela
atuação do professor bilíngue. As discussões em torno dessa temática ainda estão
bastante acirradas.
31
Deste modo, Vygotsky (1998) nos adverte justamente que o aprendizado e a
interação com os demais são fatores muito importantes, pois:
[... ] a prática de escritura vai além do domínio formal da língua. Ela tem que
ver com uma identificação do sujeito, com uma forma-sujeito “já-lá” prevista
para ser ocupada e a possibilidade de, aí, ocupar essa posição específica.
“Não se identificar nessa posição, como autor, significa não fazê-lo nem com
as coerções que esse discurso imprime ao sujeito, nem com o universo
imaginário que ele supõe, cujos efeitos se sentido não são controláveis”
(BALIEIRO, 2003, p. 107 APUD GUARINELLO, 2007, p.140).
32
O professor precisa ensinar a língua portuguesa para os surdos com o
propósito de formar leitores e escritores competentes. Mas, deve-se ressaltar que um
aluno surdo dificilmente aprenderá a língua portuguesa do mesmo modo que um aluno
ouvinte, pois está é sua segunda língua e sendo assim, sugere-se que o professor
utilize estratégias didáticas pedagógicas voltadas ao campo visual, para ensinar a
leitura de textos.
33
7 AVALIAÇÃO ESCOLAR E SUAS ESPECIFICIDADES: QUAL O SEU
SENTIDO?
Fonte: bancodeimagens.procempa.com.br
Dessa forma, a avaliação pode ser vista com auxílio para classificar os objetivos
e metas educacionais, um processo para determinar em que medida os estudantes
estão se desenvolvendo. Outra perspectiva de avaliação nos é apresentada, mais
uma vez, através de Perrenoud (1999), que afirma que ela deve ser contínua,
diversificada e intencional. A avaliação contínua permite ao professor acompanhar o
desenvolvimento, o progresso e as dificuldades do estudante.
Neste intento, pode-se dizer que a avaliação também deve ser participativa,
sendo discutida por todos os envolvidos no processo, tanto educandos quanto
professores, para que assim, todos se vejam como corresponsáveis pelos resultados
obtidos através dela. Tendo em vista o processo de aprendizagem de estudantes
surdos e a avaliação do desempenho escolar desses, tais processos por si sós já são
temas complexos, quando pensamos em uma educação especializada envolvendo o
aluno surdo. Torna-se mais complexo ainda, pois:
35
7.1 Avaliação da aprendizagem: Concepções, Instrumentos e Procedimentos
36
acompanhamento do professor, junto com métodos e instrumentos de acordo com
suas necessidades, contribuirão para o desenvolvimento positivo do mesmo.
Na concepção mediadora a prova é um dos instrumentos da avaliação,
entretanto, não é o único. “O professor que não avalia constantemente a ação
educativa, no sentido indagativo, investigativo do termo, instala sua docência em
verdades absolutas, pré-moldadas e terminais” (HOFFMANN, 2014, p. 22). Para tanto
é necessário que uma avaliação investigue de que forma o aluno está aprendendo, e
aponte caminhos para o aperfeiçoamento de métodos de ensino para que o professor
não se prenda a um único modo ou instrumento de avaliar.
Para Luckesi (2005) a avaliação deve ser diagnóstica, para que possa
acompanhar o desenvolvimento do aluno e tenha êxito no processo de aprendizagem,
portanto, avaliar não deve passar unicamente pelo método tradicional, a exemplo da
prova, que é um modo seletivo de avaliar, mas deve ser um processo oriundo da
percepção do professor com relação ao aluno.
37
avaliar, o método democrático, onde a aprendizagem acontece simultânea ao
processo de ensino.
Percebe-se que nas avaliações tradicionais, os docentes estão mais
preocupados com resultados e com números que expressam o quanto o aluno
aprendeu estes por sua vez obtidos por meio de provas ou testes, já a avaliação
democrática está mais ligada à concretização do ensino em forma de resultados
contínuos de avaliação que acompanham o desenvolvimento do aluno a cada dia.
Quanto às funções da avaliação, Santos (2010) divide-as em três: função pedagógico-
didática, função de diagnóstico e função de controle. O entendimento destas funções
é notado no momento em que o profissional percebe as peculiaridades da avaliação
de cada sujeito, para que a avaliação possa surtir o efeito desejado. Estas funções
devem ser aliadas a didática usada para que uma não sobreponha a outra, retardando
assim o processo de ensino-aprendizagem;
Portanto, entendemos que esse processo avaliativo é uma via de mão dupla e
que não há um único protagonista, ou seja, faz-se necessário o diálogo saudável entre
professor e aluno a fim de melhorar o processo de ensino-aprendizagem. Sendo
assim, temos falado acerca da importância da realização do processo de avaliação
voltando-se para os alunos, de uma forma geral, no entanto é necessário refletirmos
a respeito daqueles alunos que possuem algum tipo de limitação.
Nesse sentido, faz-se necessário compreender o processo de avaliação da
aprendizagem voltado para o aluno surdo, já que sua limitação se encontra na
comunicação, pois, muitos ainda não têm conhecimentos da Libras ou o próprio
professor não está preparado para lhe dar com este aluno.
38
7.2 Avaliação da aprendizagem para a criança surda
39
Art.2º Para os fins deste Decreto considera-se pessoa surda aquela que, por
ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da
Língua Brasileira de Sinais- Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência
auditiva a perda bilateral, parcial, ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou
mais, aferida audiograma nas frequências 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 3000Hz.
(BRASIL, 2005, apud GONSALVES, 2017, p. 5785).
[...] a Libras sempre deverá estar presente, não como meio de comunicação
secular restrito a crianças em horário de intervalo, mas como língua de
instrução, aprendizagem, pois é possível perceber que a Libras é entendida
como a primeira língua e o português como segunda (SILVA, 2010, apud
GONSALVES, 2017, p. 5785).
[...] a integração do aluno surdo no ambiente escolar está sendo realiza por
docentes despreparados e que não tem domínio da Língua Brasileira De
Sinais- LIBRAS, portanto não conhecem a possibilidade de se implantar a
educação bilíngue. (SOUZA & GÓES, 1999 apud GONÇALVES e FESTA,
2003, p. 2).
40
Este despreparo por parte da equipe pedagógica é prejudicial no processo
ensino aprendizagem desse aluno, visto que, quando há esse desconhecimento em
relação a língua de sinais resulta-se em uma predominância do oralismo, ou seja, os
alunos ouvintes terão uma maior compreensão do conteúdo repassado em vista dos
alunos surdos, em decorrência de que as experiências desses últimos serão de cunho
visual-espacial e não oral-auditiva. Este fato é confirmado por Bolsanello ao dizer que,
No que tange a esta questão, é que se faz necessário que haja mais
capacitação por parte dos profissionais da educação em relação ao aprendizado da
língua de sinais, pois, para o surdo o a língua de sinais se caracteriza como primeira
língua (L1) e o português na modalidade escrita deverá ser a sua segunda língua (L2),
enquanto que, para os ouvintes, a língua de sinais é que se caracteriza como L2.
(SILVA, 2010). Quando se valoriza L1 do aluno surdo se trona mais fácil a inserção
da língua portuguesa e das demais matérias, pois, “A língua portuguesa, além de se
constituir disciplina do currículo, que exigirá uma reflexão pormenorizada de sua
aprendizagem pelos surdos, é o elemento organizador e mediador no
desenvolvimento das demais áreas do conhecimento curricular” (BOLSANELLO,
2005, p. 15)
Em relação a isto podemos perceber que um fator que dificulta a avaliação e o
ensino do aluno surdo é que os professores ainda não são preparados
adequadamente durante sua formação para lidar com os alunos surdos, e por outo
lado o aluno muitas vezes não recebe o suporte apropriado para suas necessidades,
o que segundo Goés (2012) não é algo que seja especifico de pessoas com surdez,
mas é algo que acontece devido falhas no sistema educacional do país, pois;
41
práticas pedagógicas que fracassam também na alfabetização de ouvintes
(GOÉS, 2012, apud GONSALVES, 2017, p. 5787).
Fonte: lmc.org.br
42
De acordo as orientações do Ministério da Educação (2008), a sala de recursos
multifuncionais para o atendimento ao aluno surdo tem como prioridade a valorização
das potencialidades artísticas, culturais e linguísticas mediadas por formas
alternativas de comunicação simbólica, que encontram na Língua de Sinais seu
principal meio de concretização. Essas salas são espaços educacionais que têm a
finalidade de complementação do conhecimento construído em sala de aula regular
em turno oposto àquele em que o aluno estuda. Dentre as propostas objetivadas para
essas salas e que devem ser desenvolvidas com o aluno surdo temos:
Complementar os estudos referentes aos conhecimentos construídos
nas classes comuns de ensino regular.
Desenvolver a Libras como atividade pedagógica, instrumental,
dialógica e de conversação.
Aprofundar os estudos relativos à disciplina de Língua Portuguesa,
principalmente na modalidade escrita. (PIMENTA, 2015)
A aprendizagem de uma língua está relacionada com o desenvolvimento social
do sujeito, pois este recebe influência e influencia o ambiente em que está inserido.
Este ambiente também precisa ser rico em estímulos, a fim de que o sujeito surdo
possa fazer inferências e generalizações a partir do que vê. Portanto, o conhecimento
de uma língua possibilita apreender o mundo de maneira tal que novas descobertas
surgem a partir do que já é conhecido. Com isso, o desenvolvimento da criança, quer
surda, quer ouvinte, vai depender das relações que ela pode estabelecer com o
ambiente sociocultural em que está inserida.
43
experiências de aprender em termos de atividades relevantes, tarefas de real
interesse e/ou necessidade do aluno para que ele se capacite a usar a língua-alvo
para realizar ações de verdade na interação com outros falantes-usuários dessa
língua.
Para Almeida Filho (1998 apud CARDOSO; NANTES, 2010), o que mais
caracteriza tal abordagem é a ênfase maior na produção de significados do que nas
formas gramaticais. Esse autor expõe que o professor deve criar materiais e
atividades que incentivem o aluno a pensar e interagir na língua-alvo para que ele
aprenda e sistematize, conscientemente, aspectos escolhidos da nova língua.
Na visão destes pesquisadores, a fábula, através da caracterização de seus
personagens e da interação interlocutiva em Libras, cria condições mediadoras para
que o surdo construa conhecimentos significativos. Reforçando, tem Goldfeld (2002),
que chama a atenção para a importância do contexto sociocultural no qual o sujeito
surdo está inserido, pois são vários os fatores que contribuem para o desenvolvimento
linguístico desse sujeito, e o contexto tem papel fundamental nesse desenvolvimento
sociolinguístico.
Ainda em Goldfeld, o trabalho de aprendizagem da Língua Portuguesa escrita
com o sujeito surdo deve ser mediado pelo texto, que será o contexto da palavra, e
esta palavra, quando descontextualizada, não construirá sentido para o surdo, não
despertando, assim, interesse para o português escrito.
44
A Língua de Sinais, através da interação com os textos diversos, mostrará ao
aluno surdo que a Língua Portuguesa na modalidade escrita, tem um significado. As
mensagens lhes serão transmitidas primeiro em Libras para, em seguida, serem
escritas, pois assim o indivíduo surdo entenderá o porquê dos textos escritos.
[...] para ler além do nível de decodificação, os alunos surdos devem contar,
como os ouvintes, com um conjunto de conhecimentos, que envolve tanto a
língua na qual o texto é apresentado, como também conhecimento de mundo.
Tal conhecimento ajuda os alunos a criarem expectativas e hipóteses sobre
os significados dos textos, a abstraírem significado de passagens de textos e
não apenas de vocábulos isolados. (LANE HOFFMEISTER, 1996 apud
Pereira, 2004, p. 3).
45
Como todas as crianças, também as surdas necessitam de conhecimento de
mundo de modo que possam recontextualizar o escrito e daí derivar sentido.
Esta é, a meu ver, a maior contribuição da Língua de Sinais para a aquisição
da escrita pelos surdos. (PEREIRA, 2009, apud PIMENTA, 2015, p.99).
Para que o surdo aprenda a Língua Portuguesa escrita, é preciso que esteja
em contato constante com textos diversos e que, enquanto aprendiz, na apropriação
da leitura, seja mediado em Libras para que, assim, na compreensão do diálogo
sinalizado, encontre sentido no texto escrito. Ou seja, desta forma, o surdo aprenderá
a Língua Portuguesa na modalidade escrita a partir dos significados que esta língua
possa ter para ele.
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