Cinema Expandido Na Sala de Aula Expandida

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VI CONGRESSO INTERNACIONAL SESC DE ARTE/EDUCAÇÃO

Utopias Pedagógicas em Artes como Gesto de (Re)Existência


REALIZAÇÃO SESC|UFPE

Cinema expandido
na
sala de aula expandida

Adriana Fresquet
CINEAD-LECAV/FE/UFRJ
2018
REALIZAÇÃO SESC|UFPE
Que cinema?

Que escola?
Cinema expandido
Cinema é um conceito polissêmico.

Etimologicamente, deriva da palavra grega KINEMA, que quer dizer "imagem em movimento". Ela encurta o termo
cinematógrafo, -dispositivo de reprodução de imagens em movimento criado na França, considerado
convencionalmente a origem do cinema. Em primeiro lugar, é importante dizer que todo o que hoje consideramos
audiovisual tem sua origem no cinema. (DUBOIS, 2004).

Cinema e audiovisual são usados indistinta e legitimamente em nossos dias, mas faço a opção de usar o termo
“cinema", entendendo que ao longo da história do cinema temos pelo menos 5 momentos fortes (cinema do
dispositivo, cinema experimental, arte do video, cinema expandido e cinema interativo) (PARENTE, 2007).

"Cinema expandido" (proposto visionariamente por Gene Youngblood, na década de 70).

Tradicionalmente, associamos o cinema a uma experiência audiovisual de projeção de imagens numa sala escura de
aproximadamente duas horas com boas condições de imagem e som. Essa é apenas uma das formas cinema, a que
se volveu predominante. Enquanto o cinema experimental se restringe a experimentações com o cinema e a videoarte
se destaca pelo uso da imagem eletrônica -quando ainda havia uma distinção de suporte de captação entre o cinema
35mm e o vídeo, o cinema expandido, como dispositivo, - dirá o autor-, nos libera de determinismos tecnológicos,
arquitetônicos, históricos ou estéticos. Podemos considera-lo um cinema ampliado, ambiental, hibridizado. É o próprio
dispositivo que se reinventa multiplicando telas, intensidades, durações e a própria relação dos espectadores com as
imagens.

As possibilidades que a tecnologia permite hoje para a produção e reprodução de imagens e sons altera o dispositivo
do cinema no sentido arquitectónico (não precisamos, a rigor, estar numa sala de cinema para termos uma boa
projeção, desde que tenhamos boas condições de imagem, som e climatização. Esse fenômeno também se faz
extensivo à produção, edição, transmissão e distribuição das imagens e à dimensão discursiva (decupagem,
montagem, etc.) (PARENTE, 2007)
Esse cinema chega hoje nas salas de aula, nas paredes do pátio nos recreios,
nos horários de escolaridade no hospital, inclusive, onde as experiências
audiovisuais criam novos deslocamentos

ou pontos de fuga em relação ao que entendemos por cinema. Nesse sentido,


entendemos que hoje diferentes espaços se apropriem de uma certa
experiência de cinema menos formal, instituída, sujeita a atravessamentos de
pessoas, ruídos, eventuais entradas de luz, falas, telas que se deslocam e toda
uma série de deslocamentos materiais que a mobilidade dos dispositivos de
projeção e exibição possibilitam.

O cinema e a produção de exercícios audiovisuais na escola permitem um trabalho coletivo,


não necessariamente centrado na cultura letrada, que coloca o estudante diante dos
desafios éticos e estéticos para concepção de uma imagem, algo fundamental no momento
em que a produção de imagens se faz incessantemente.

Destaca-se ainda a transversalidade do cinema na escola e os fortes diálogos que já existem


com muitas áreas: história, geografia, filosofia, língua portuguesa e estrangeira, entre outras.

O cinema nos permite criar um modo de relação com o mundo que nos remete aos modos
de produzir conhecimento: por descoberta e por invenção. Há um mundo/conhecimento que
podemos descobrir e ainda um mundo/conhecimento que há de ser alterado, construído,
produzido, inventado.

E considero que essa produção de conhecimento é cada vez mai colaborativa e rapidamente
compartilhada pelas redes sociais dos dispositivos móveis de comunicação. Esses que
fazem que as salas de aulas tenham suas paredes atravessadas por redes tornando as
paredes das salas de aula cada vez mais virtuais, segundo Sibília (2012). Mas será que no
caso da sala de aula esses "furos" a descaracterizam, quantos precisamos deixar permear-
la? Quantos seria preciso obstruir? o que é uma aula?

Tomo o conceito de "sala de aula ampliada" (KOFF, 2009), para fazer um paralelo e propor
uma "sala de aula expandida", criando um paralelismo com o conceito de cinema proposto.
Ampliada pelo vazio, pelo de indeterminado que habita nela, pelo que ela transpira pelas suas
paredes para fora, impregnando as atividades dos recreios, da biblioteca, da sala de ciências,
da cozinha, o refeitório, sala de artes, entre outros espaços. Essa sala de aula que se desloca,
sempre que os três elementos essenciais estejam em relação com a potência da intensidade
do encontro entre docente, discentes e conhecimento escolar.

BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS VÁRIAS

DUBOIS, Philippe Cinema, Vídeo, Godard. São Paulo: Cosac e Naify, 2004.

FRESQUET, Adriana. Cinema e educação: Reflexões e experiências com professores e estudantes de educação
básica dentro e fora da aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

________ (org). Cinema e educação: a lei 13006. Reflexões, perspectivas e propostas. Ouro Preto: Universo, 2015.

KOFF, Adelia. M. N. S. Trabalhando com projetos de investigação: quando a autonomia do aluno ganha destaque. Em:
CANDAU, Vera. (org.). Didática. Questões contemporâneas. Rio de Janeiro: Forma & ação, 2009.

LARROSA, Jorge. Abecedário de Educação. Acessível em: www. cinead.org/vídeos (em breve)

MASSCHELEIN, Jan. O aluno e a infância: a propósito do pedagógico. Educ. Soc. 2003, vol.24, n.82, pp.281-288.
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/es/v24n82/a19v24n82.pdf. Acesso em 03 de junho de 2016.

MIGLIORIN, Cezar. Inevitavelmente cinema: Educação, Política e Mafuá. Rio de Janeiro: Azougue, 2015.

PARENTE, André. Cinema em trânsito: Do dispositivo do cinema ao cinema como dispositivo. Em: PENAFRIA,
Manuela e MARTINS, Índia Mara (Orgs.). Estéticas do digital. Cinema e tecnologia. Covilhã, LABCOM, 2007
SCHWARTZMAN, S. Humberto Mauro e as imagens do Brasil. São Paulo: UNESP, 2004.

SIBILIA, Paula, Redes ou Paredes: a escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

Filmes

Cildo (Dir. Gustavo Rosa de Moura, Brasil, 2009)

Domésticas: o filme (Dir. Fernando Meirelles e Nando Olival, Brasil, 2001)

Taller de cine 1 y 2 (Dir. Ignacio Agüero, Chile, 2018).

O espelho e a tarde (Maurício DIAS & RIEDWEG, Brasil, 2011)

A vida é útil. Um conto de cinema (Dir. Federico Veiroj, Uruguai, 2010)

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