Triagem Audiometrica Escolares
Triagem Audiometrica Escolares
Triagem Audiometrica Escolares
RESUMO
INTRODUÇÃO
(1)
Fonoaudióloga Graduada pela Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Ale-
gre, Rio Grande do Sul, Brasil. A audição é um dos sentidos mais importantes
(2)
Fonoaudióloga Graduada pela Universidade Federal de para o aprendizado. Sua integridade depende do
Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Ale-
gre, Rio Grande do Sul, Brasil.
funcionamento adequado dos sistemas da orelha
externa, média e interna. O seu desenvolvimento
(3)
Fonoaudióloga; Professora Adjunto do Curso de Fonoau-
diologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de está diretamente ligado ao da fala e ao aprendizado
Porto Alegre – UFCSPA; Doutora em Distúrbios da Comu- de leitura e escrita.
nicação Humana pela UNIFESP-EPM, Porto Alegre, Rio
Grande do Sul, Brasil.
A atuação da Fonoaudiologia na escola tem
(4)
Fonoaudióloga; Professora Adjunto do Curso de Fonoau-
como objetivos a prevenção e a detecção – por meio
diologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul de triagens – dos distúrbios da comunicação, como
– UFRGS; Doutora em Ciências Médicas: Pediatria pela também oferecer orientações aos pais, profes-
UFRGS, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. sores e demais integrantes da equipe escolar1. Ao
(5)
Fonoaudióloga; Professora Assistente do Curso de compartilhar com os professores conhecimentos
Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre – UFCSPA; Mestre em Distúrbios
relacionados à prevenção e desenvolvimento da
da Comunicação Humana pela UFSM, Porto Alegre, Rio audição, bem como consequências da perda audi-
Grande do Sul, Brasil. tiva nas crianças, proporciona-se uma série de
Conflito de interesses: inexistente benefícios ao ambiente escolar2.
Para a realização das MIA (curva timpanomé- objetos na ordem em que foram percutidos, sendo
trica e reflexos acústicos ipsilaterais) foi utilizado o que a instrução foi dada por demonstração. Para
imitanciômetro marca Interacoustics, modelo MT10, os testes de MSSV e MSSNV considerou-se como
com tom de prova de 226 Hz. Considerou-se curva critério de “passa” a criança acertar duas das três
timpanométrica tipo A quando o pico de máxima sequências sonoras apresentadas8. Considerou-
admitância esteve ao redor da pressão de ar de -se que a criança “passou” na triagem de proces-
0 daPa, cuja variação não exedeu a –100 daPa; samento auditivo quando apresentou respostas
curva tipo B quando não ocorreu o pico de máxima dentro do esperado nos três testes aplicados.
admitância em nenhuma pressão de ar; curva Após a realização das triagens a criança
timpanométrica tipo C quando o pico de máxima recebeu um protocolo de resultado das avaliações
admitância esteve deslocado para pressões nega- para ser entregue aos pais/responsáveis acompa-
tivas, abaixo de –100 daPA; curva tipo As quando nhado de dois folders informativos sobre cuidados
ocorreu baixa admitância; e curva timpanométrica com a audição – um direcionado aos pais e outro à
tipo Ad quando o intervalo entre os dois ramos da criança – elaborado pelo Projeto de Extensão Ouça
curva foi igual ou superior a 100 daPa17. O reflexo Bem, do curso de Fonoaudiologia da Universidade
acústico pesquisado foi do tipo ipsilateral, visto que Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
o equipamento utilizado avalia somente este tipo No protocolo de resultado daquelas crianças que
de reflexo acústico, para as frequências de 500, apresentaram falha em uma ou em ambas as tria-
1000, 2000 e 4000 Hz. Considerou-se como critério gens, sugeriu-se a realização de consulta médica
de “passa” desta etapa da triagem a criança que para verificar a necessidade de encaminhamento
apresentou curva timpanométrica tipo A18 e reflexos para uma avaliação mais completa da audição.
acústicos ipsilaterais presentes em todas as frequ- As triagens imitanciométrica e de processa-
ências pesquisadas3. mento auditivo não foram necessariamente reali-
Os testes especiais para triagem do proces- zadas no mesmo dia em função da disponibilidade
samento auditivo aplicados foram: Localização da equipe do Projeto de Extensão Ouça Bem que
Sonora em cinco direções (LS), Memória Sequen- colaborou na coleta dos dados da pesquisa.
cial para Sons Verbais (MSSV) e Memória Sequen- Após o término das triagens foi realizada palestra
cial para Sons Não Verbais (MSSNV)8. Os testes de informativa em reunião de pais e professores da
MSSV e MSSNV visam avaliar a habilidade auditiva escola para esclarecimento de dúvidas com relação
de memória para sons em sequência ou ordenação aos resultados das avaliações.
temporal. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
O teste de LS foi aplicado utilizando-se o guizo, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de
com o objetivo de avaliar a habilidade auditiva de Porto Alegre, sob o protocolo número 627/10.
localização sonora. Foram avaliadas cinco direções Para análise dos resultados foi utilizado o teste
em relação à cabeça da criança: à frente, atrás, qui-quadrado e o nível de significância adotado foi
acima, à direita e à esquerda. A instrução foi dada de 0,05 ou 5%.
por demonstração, sendo que a criança foi orien-
tada a fechar os olhos e apontar para a direção
RESULTADOS
da qual ele acreditava provir o som. O critério de
normalidade para o teste de LS foi de a criança
acertar pelo menos quatro das cinco direções apre- Foram avaliados 130 escolares na triagem
sentadas, sendo que o erro esperado estava em imitanciométrica e na avaliação simplificada do
uma das seguintes direções: ou à frente, ou atrás, processamento auditivo. As crianças avaliadas
ou acima da cabeça. Para a pesquisa dos sons tinham entre sete e 10 anos de idade (Figura 1),
verbais foi utilizada a emissão das sílabas “pa”, “ta”, distribuídas de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental
“ca”, e “fa” em três ordens diferentes e a criança (Figura 2) – correspondendo a 50,19% do total de
tinha que repetir de forma adequada a sequência estudantes destas séries.
dos sons. Para fins de análise dos dados, estabe- A figura 3 e a tabela 1 apresentam os resultados
leceu-se sequência 1 para pa/ta/ca/fa, sequência da triagem imitanciométrica dos escolares. Na
2 para ta/pa/ca/fa e sequência 3 para ca/fa/ta/pa. triagem imitanciométrica, 56 (43,08%) passaram e
Para os sons não verbais foram utilizados quatro 74 (56,92%) falharam.
instrumentos sonoros – sino, agogô, coco, guizo – Das crianças avaliadas no teste de LS, 76
apresentados em três sequências diferentes, sendo (58,46%) fizeram cinco acertos, 45 (34,62%)
guizo/coco/sino/agogô a sequência A, coco/guizo/ quatro acertos e 9 (6,92%) três acertos, sendo que
sino/agogô a sequência B e sino/guizo/agogô/coco nenhuma fez menos de três acertos. A tabela 2
a sequência C. A criança foi orientada a apontar os apresenta os achados no teste de LS.
Figura 3 – Tipos de curvas timpanométricas (Jerger) referentes às orelhas direita e esquerda dos
escolares avaliados
Tabela 1 – Ocorrência de reflexos ipsilaterais presentes (por frequência) da população estudada nas
orelhas direita e esquerda (n= 130)
Reflexo
Orelha
500 Hz 1000 Hz 2000 Hz 4000 Hz
n 112 106 105 89
Direita
% 86,15 81,54 80,77 68,46
n 109 111 111 93
Esquerda
% 83,85 85,38 85,38 71,54
Para o teste de MSSV, 70 (53,85%) escolares apresentou articulação da fala incorreta para os
fizeram três acertos, 49 (37,69) acertaram duas sons verbais solicitados, sendo esta para a sílaba
alternativas, 7 (5,38%) acertaram apenas uma e 4 “ca”. Na tabela 3 estão os resultados do teste de
(3,08%) acertaram nenhuma. Apenas uma criança MSSV.
Sons Verbais
Memória Sequencial Total
Sequência 1 Sequência 2 Sequência 3
n 118 107 91 130
Acerto
% 90,77 82,31 70,00 100,00
Sons Instrumentais
Memória Sequencial Total
Sequência A Sequência B Sequência C
n 96 104 85 130
Acerto
% 73,85 80,00 65,38 100,00
Processamento Auditivo
Total
Falhou Passou
Falhou 16 58 74
Imitanciometria
Passou 15 41 56
Total 31 99 130
(p=0,634)
Com relação à idade da amostra e o resultado processamento auditivo, assim como com o resul-
das avaliações realizadas, constatou-se que a tado da triagem imitanciométrica não foi significante
associação da idade com o resultado da triagem de (p>0,05) (tabelas 6 e 7).
Idade
Total
7 8 9 10
Triagem Proces. Falhou 9 6 5 11 31
Auditivo Passou 28 18 23 30 99
Total 37 24 28 41 130
(p=0,855)
Idade
Total
7 8 9 10
Triagem Falhou 21 13 16 24 74
imitanciométrica Passou 16 11 12 17 56
Total 37 24 28 41 130
(p=0,944)
ABSTRACT
Purpose: to check acoustic immittance screening findings and results of the simplified evaluation
of auditory processing in school children. Method: the subjects under this study were students from
the 1st to the 4th grade, with ages ranging from seven to ten year-old, from a public school in Porto
Alegre. 130 students were evaluated in the immitance screening, which consisted of a tympanometry
and an ipsilateral acoustic reflex, and a simplified evaluation of auditory processing. This has also
involved the tests of sonorous localization, and verbal and non-verbal sequential memory. Results: in
the screening immittance, 43.08% of the students passed and the type A curve was the most frequent.
The acoustic reflex at 4000 Hz had a lower percentage of appearance when compared with the others.
In the tests for simplified evaluation of auditory processing, 76.15% of the children passed. Moreover, it
was observed that the worst performance of the evaluated students was found in the verbal sequential
memory test. Conclusion: the type A tympanometric curve was the most frequent in this population.
In the simplified evaluation of auditory processing, most subjects passed, obtaining higher frequency
of correct answers in the sonorous localization test. No statistical association between the results of
the immittance screening and the simplified evaluation of auditory processing was found.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462012005000028
RECEBIDO EM: 05/05/2011
ACEITO EM: 26/07/2011