Manual Caseiro Direito Tributa Rio I
Manual Caseiro Direito Tributa Rio I
Manual Caseiro Direito Tributa Rio I
– Direito Tributário –
CARREIRAS JURÍDICAS Obs.: A Constituição Federal não criou nenhum
DIREITO TRIBUTÁRIO
tribruto, mas tão somente estabeleceu normas que
MÓDULO I
– MANUAL CASEIRO – viabilizam a criação de tributos.
@dpcemconstrução
1) Discriminou Competências Tributárias:
1. Sistema Tributário Nacional qual ente federado é competente para criar
Fundamento Constitucional determinado tributo;
Arts. 145 - 169 da Constituição Federal *Competência tributária é a aptidão para criar
tributos. Quem tem competência tributária, tem
2. Conceito de Sistema Constitucional atribuição para criar tributo. A criação de Tributo
Tributário só ocorre por intermédio de lei (princípio da
legalidade tributária).
É o conjunto de princípios e regras que
estabelecem a ação estatal de instituir tributos. APTIDÃO PARA CRIAR TRIBUTOS.
Obs.: as normas jurídicas compreendem um Cuidado: competência tributária não se confunde
gênero da qual são espécies: os princípios e as com capacidade tributária ativa.
regras. Competência Capacidade
Tributária Tributária Ativa
Os princípios são mandamentos nuclear do É a aptidão para criar É a aptidão para cobrar
Ordenamento Jurídico. Confere estruturação ao tributos. tributos.
sistema. Gozam de subjetividade. CT – Criar Tributos. - A capacidade é
posterior ao exercício
Sistema é uno, pleno, harmônico, coerente e da competência
rígido. tributária.
Pressupõe procedimento mais formal e solene. Capacidade Tributaria Ativa é o poder que um
determinado ente tem de ARRECADAR,
FISCALIZAR, EXECUTAR um determinado 2.5.3 De interesse de categorias
tributo. profissionais e econômicas (art. 149,
são os próprios entes federado a qual o servidor - taxa derivada do Poder de Polícia;
está vinculado.
III – contribuição de melhoria, decorrente de
Art. 149. § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os obras.
Municípios instituirão contribuição, cobrada de
Art. 148. A União, mediante lei complementar,
seus servidores, para o custeio, em benefício
poderá instituir empréstimos compulsórios.
destes, do regime previdenciário de que trata o art.
Apenas a União pode instituir empréstimos
40, cuja alíquota não será inferior à da
compulsórios.
contribuição dos servidores titulares de cargos
efetivos da União. Art. 149. caput e art. 149-A, CF.
Súmula 447 do STJ: Os Estados e o Distrito a) definição de tributos e de suas espécies, bem
como, em relação aos impostos discriminados
Federal são partes legítimas na ação de restituição nesta Constituição, a dos respectivos fatos
de imposto de renda retido na fonte proposta por geradores, bases de cálculo e contribuintes;
- Fundamento Constitucional
Subprincípio do princípio do Estado de
Direito; Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
Sobreprincípio em matéria tributária (STF,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
RE 566.621); II - instituir tratamento desigual entre
Conteúdos: (concretização) contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em razão
- na certeza do Direito advém a ideia de de ocupação profissional ou função por eles
legalidade tributária, irretroatividade exercida, independentemente da denominação
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
tributária e anterioridade tributária: todos
esses princípios decorrem da segurança Denota-se que não pode haver tratamento
Não aplica-se a igualdade formal, mas substancial. aquele que atua conforme as leis devem pagar os
tributos, não se pode admitir que o violador da
Corroborando ao exposto, preleciona o Professor
norma incriminadora também não o seja obrigado.
Roberval Rocha (Sinopses para Concursos, 2015):
- não é possível ao Judiciário estender isenção
Segundo o art. 150, II, da CF é vedado
(alíquota do IPI diferenciada para os produtores de
instituir tratamento desigual entre contribuintes
açúcar localizados nos Estados das regiões norte e
que se encontrem em situação equivalente,
nordeste) a contribuintes não contemplados pela
proibida qualquer distinção em razão de
lei, a título de isonomia, visto que a concessão de
ocupação profissional ou função por eles
tal benesse é ato discricionário, no qual o Poder
exercida, independentemente da denominação
Executivo implementa suas políticas fiscais,
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
sociais e econômicas (RE 344.331-PR);
Trata-se do princípio da isonomia, que deriva do
- inconstitucional lei estadual que concedia
princípio da igualdade (CF, art. 5°, caput) e visa
impedir que sujeitos passivos, em situações isenção de IPVA aos proprietários de veículos
destinados a transporte escolar, devidamente
semelhantes, tenham tratamento tributário
regularizados perante uma cooperativa municipal
desigual perante a lei, e que os desassemelhados
específica (ADIMC 1655/AP);
sejam tratados igualmente. O que, em ambos os
casos, ofenderia os valores da justiça tributária. - Inconstitucional lei municipal que pretendeu
conceder isenção de IPTU em razão da qualidade
A descriminação, quando acontecer, tem que ser
de servidor estadual do contribuinte (AGRAG
compatível com finalidade licita, de modo a não
157.871-9);
constituir-se em abuso.
- Inconstitucionalidade de lei estadual que
Exemplos:
concedeu, indevidamente, isenção aos membros
Precedentes do STF
do Ministério Público de custas e emolumentos
- isenção de taxa de inscrição em concurso público (ADI 3260/RN); Simples Nacional: vedação e
para desempregado (ADI 2672): isonomia.
constitucionalidade; encontra-se de acordo com
um fim razoável, pois o desempregado não tem
É constitucional a exigência contida no art. 17, V, 4.3 Princípio da capacidade contributiva;
da LC 123/2006 (“Art. 17. Não poderão recolher Preliminarmente, cumpre destacarmos que este
os impostos e contribuições na forma do Simples princípio guarda relação próxima com o principio
Nacional a microempresa ou a empresa de da isonomia e da justiça fiscal, pois trata de que
pequeno porte: ... V - que possua débito com o todos os contribuintes devem contribuir na medida
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou de sua capacidade.
com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou
- Fundamento Constitucional
Municipal, cuja exigibilidade não esteja
suspensa”). Art. 145. § 1, CF: Sempre que possível, os
impostos terão caráter pessoal e serão graduados
Sublinhou-se que a Corte já teria afirmado não
segundo a capacidade econômica do contribuinte,
haver ofensa ao princípio da isonomia tributária se
facultado à administração tributária,
a lei, por motivos extrafiscais, imprimisse
especialmente para conferir efetividade a esses
tratamento desigual a microempresas e empresas
objetivos, identificar, respeitados os direitos
de pequeno porte de capacidade contributiva
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
distinta, ao afastar do Simples Nacional as pessoas
rendimentos e as atividades econômicas do
jurídicas cujos sócios teriam condição de disputar
contribuinte.
o mercado de trabalho sem assistência do Estado.
A Corte, ainda, teria reconhecido a possibilidade Esta relacionado com a capacidade econômica do
Dessa forma, reputou-se não haver óbice a que o Nos termos propostos pela lei, denota-se que a
legislador infraconstitucional criasse restrições de princípio referido princípio seria aplicado apenas
ordem subjetiva a uma proteção em face dos impostos (espécie de tributo).
constitucionalmente prevista. (...) Dessa
- Será que seria possível aplicar as demais
perspectiva, a norma em discussão não violaria o
espécies de tributos?
princípio da isonomia, mas o confirmaria, pois o
Possível aplicação a todas as espécies tributárias
adimplente e o inadimplente não estariam na
(STF, RE 176.382) e S. 667, STF (*); Este
mesma situação jurídica. (STF, RE 627543/RS,
princípio é para todos os impostos, contudo, o
rel. Min. Dias Toffoli, 30.10.2013) (Informativo
STF entende que sempre que possível será
726, Plenário, Repercussão Geral).
aplicado a todos os TRIBUTOS.
Ter dívida fiscal ou não, é compatível com o
O princípio da capacidade contributiva pode
sistema nacional, pois está estimulando o
incidir sobre todas as espécies de tributos, e não
pagamento tributário.
apenas e unicamente sobre os impostos.
Súmula nº 667, STF: Viola a garantia Súmula nº 539, STF. É constitucional a lei do
constitucional de acesso à jurisdição a taxa município que reduz o imposto sobre imóvel
judiciária calculada sem limite sobre o valor da ocupado pela residência do proprietário que não
causa. possua outra.
Conteúdo: a tributação só inicia depois de Denota-se que a referida súmula, busca assegurar
assegurar o mínimo vital, em observância, no caso concreto a capacidade contributiva do
inclusive a dignidade da pessoa humana. Após individuo.
extrapolar o mínimo é que será possível a Por outro lado, determinadas imunidades ou
contribuição, e está deverá ser feita conforme a isenções tributárias, por exemplo, isenção de taxas
capacidade particular de cada individuo | pelos reconhecidamente pobres, trata-se, em
Preservação do mínimo vital e vedação do verdade, de incidência do princípio da capacidade
confisco. contributiva, posto que analisando a condição
O princípio da capacidade contributiva pode ser daquele, percebe-se a impossibilidade do mesmo
vista sobre três aspectos: aspecto objetivo, aspecto de realizar a contribuição.
subjetivo e aspecto proporcional. *Princípio da seletividade: quando mais essencial
Sob o aspecto objetivo equivale a capacidade for o bem, menor deve ser a tributação.
econômica, analisado pelos signos de riqueza, por Referido princípio constitui-se em incidência
exemplo, aquele que possui um carro, presume prática do princípio da capacidade contributiva.
que tem condições de pagar o IPVA.
Art. 153, §3º, CF. O imposto previsto no inciso
Aspecto subjetivo corresponde a particularidades IV: I – será seletivo, em função da essencialidade
do contribuinte no caso em concreto. Por do produto.
exemplo, casal de idosos que reside em mansão,
Art. 155, §2º CF. O imposto previsto no inciso II
porém que lhes fora dada de herança, no caso,
atenderá ao seguinte:
sendo os referidos aposentados, recolhendo um
valor ínfimo de salário, deverá ser analisado no (...) III – poderá ser seletivo, em função da
caso concreto sua capacidade contributiva, e não essencialidade das mercadorias e dos serviços.
restringir-se a análise do imóvel para incidência Art. 156. § 6º O imposto previsto no inciso III: II -
do IPTU. poderá ter alíquotas diferenciadas em função do
Por fim, deve-se verificar se a tributação está tipo e utilização.
sendo proporcional, necessária, adequada e *Princípio da progressividade fiscal: quanto
proporcionalidade em sentido estrito. maior for a base de cálculo, maior será a alíquota.
Art. 156, § 1º, I, CF. Sem prejuízo da (...) todos os impostos, independentemente de sua
progressividade no tempo a que se refere o artigo classificação como de caráter real ou pessoal,
182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderiam e deveriam guardar relação com a
poderá: I - ser progressivo em razão do valor do capacidade contributiva do sujeito passivo. (...)
imóvel; Ademais, assina-lou-se inexistir incompatibilidade
Art. 153, § 4º, I, CF. O imposto previsto no inciso com o Enunciado 668 da Súmula do STF (“É
VI do caput: I - será progressivo e terá suas inconstitucional a lei municipal que tenha
ITBI – persiste a proibição da progressividade das O Estado social precisa ter mecanismos próprios e
oficiais de correção monetária. Com base nessa - art. 154, I, da CF: Impostos Residuais (ou
orientação, o Plenário negou provimento a recurso inominados) da União, a instituição, de igual modo,
extraordinário em que se discutia a legitimidade da será por meio de lei complementar.
majoração, por decreto, da base de cálculo acima de
- art. 195, §4º da CF: Novas contribuições para a
índice inflacionário, em razão de a lei municipal
seguridade social devem ser instituídas por meio de
prever critérios gerais que seriam aplicados quando
lei complementar. (Art. 195, §4º c/c art. 154, I,
da avaliação dos imóveis. Ressaltou-se que o
ambos da Constituição Federal).
aumento do valor venal dos imóveis não prescindiria
A necessidade de distinção entre a instituição do
da edição de lei, em sentido formal. Consignou-se
tributo por meio de lei complementar ou lei
ordinária decorre do fato de que as espécies ocorridos antes do início da vigência da lei que os
legislativas possuem procedimentos distintos de sua houver instituído ou aumentado.
aprovação (processo legislativo constitucional), bem
A Constituição Federal não prevê nenhuma exceção
como, as matérias. As matérias reservadas a lei
ou atenuação ao principio da irretroatividade
complementar deve constar expressamente na
tributária, contudo, o Código Tributário Nacional
Constituição Federal.
estabelece três exceções ao princípio, conforme se
Lei Complementar X Lei Ordinária – existe verifica do art. 106, I e II do CTN e art. 144, §1º.
hierarquia? Não há hierarquia, há campos próprios
Art. 106. A lei aplica -se a ato ou fato pretérito:
de competência.
I – em qualquer caso, quando seja expressamente
STF: RE-377457: inexistência de hierarquia
interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à
constitucional entre lei complementar e lei ordinária:
infração dos dispositivos interpretados;
espécies normativas formalmente distintas
exclusivamente tendo em vista a matéria II – tratando -se de ato não definitivamente julgado:
eventualmente reservada à primeira pela própria CF. a) quando deixe de defini-lo como infração;
(...) Com base nisso, afirmou-se que o conflito
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a
aparente entre o art. 56 da Lei 9.430/96 e o art. 6º,
qualquer exigência de ação ou omissão, desde que
II, da LC 70/91 não se resolve por critérios
não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em
hierárquicos, mas, sim, constitucionais quanto à
falta de pagamento de tributo;
materialidade própria a cada uma dessas espécies
c) quando lhe comine penalidade menos severa que
normativas. No ponto, ressaltou-se que o art. 56 da
a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Lei 9.430/96 é dispositivo legitimamente veiculado
por legislação ordinária (CF, art. 146, III, b, a Obs.1: Para que seja possível a retroatividade da lei,
contrario sensu, e art. 150, § 6º) que importou na deve ser lei interpretativa efetiva, leia-se, não pode
revogação de dispositivo inserto em norma ter o nome de interpretativa prevendo, em verdade,
materialmente ordinária (LC 70/91, art. 6º, II). punições.
- Súmula nº 508 , STJ: a isenção da Cofins Por lei interpretativa deve-se entender aquela que
concedida pelo art. 6º, II, da LC n. 70/1991 às apenas esclarece o sentido de outra anterior, sem,
sociedades civis de prestação de serviços contudo, inovar a ordem jurídica.
profissionais foi revogada pelo art. 56 da Lei n.
Assim, da leitura do art. 106, I, do CTN, constata-se
9.430/1996.
que a lei expressamente interpretativa, desde que
2.2 Princípio da Irretroatividade não comine penalidade, poderá retroceder.
Art. 150, III, a, CF. Sem prejuízo de outras garantias Obs.2: No tocante as hipóteses do inciso II,
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos destaque-se que será aplicada a lei, ou seja, admitida
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) a retroatividade somente nos casos não
III – Cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores
definitivamente julgado!!! Uma vez julgados, não se Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário,
admite a retroatividade. considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os
IMPORTANTE! Na hipótese do art. 106, II, do seus efeitos: (...) II - tratando-se da situação
CTN, a lei tributária somente poderá retroagir em se jurídica, desde o momento em que esteja
definitivamente constituída, nos termos de direito
tratando de ato NÃO definitivamente julgado e
quando a lei DEIXAR de tratar o ato como infração aplicável.
Em direito tributário, considera-se penalidade como Súmula nº 584, STF. Ao imposto de renda calculado
MULTA, qualquer que seja sua natureza: de mora sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei
ou de infração. Nesse sentido, o STJ. vigente no exercício financeiro em que deve ser
9.399/96. Art. 106, II, "c", do CTN. Retroatividade. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA E
1.O artigo 106, II, "c", do CTN, admite que lei CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. MEDIDA
posterior por ser mais benéfica se aplique a fatos PROVISÓRIA Nº 812, DE 31.12.94,
pretéritos, desde que o ato não esteja CONVERTIDA NA LEI Nº 8.981/95. ARTIGOS 42
definitivamente julgado. 2 .Tem-se entendido, para E 58, QUE REDUZIRAM A 30% A PARCELA
fins de interpretação dessa condição, que só se DOS PREJUÍZOS SOCIAIS, DE EXER-CÍCIOS
considera como encerrada a Execução Fiscal após a ANTERIORES, SUSCETÍVEL DE SER
arrematação, adjudicação e remição, sendo DEDUZIDA NO LUCRO REAL, PARA
irrelevante a existência ou não de Embargos à APURAÇÃO DOS TRIBUTOS EM
Execução, procedentes ou não. (STJ, REsp nº REFERÊNCIA. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS
191.530). PRINCÍPIOS DA ANTERIORI-DADE E DA
Obs.3: Fato gerador complexivo ou de formação IRRETROATIVIDADE. Diploma normativo que foi
sucessiva ou periódico. O fato gerador complexivo é editado em 31.12.94, a tempo, portanto, de incidir
determinado período. Ex.: Imposto de renda. Leva Descabimento da alegação de ofensa aos princípios
Súmula 615, STF. O princípio constitucionalidade Isenção de imposto de Renda: eventual isenção de
anuladidade (anterioridade*) não se aplica à imposto de renda não poderá entrar em vigor no
revogação de isenção do ICMS. mesmo ano. Nesse sentido, dispõe o art. 104 do
ICMS: revogação de benefício fiscal e princípio da CTN.
anterioridade tributária. Configura aumento indireto
de tributo e, portanto, está sujeita ao princípio da Ressalva quanto ao imposto de renda, o qual
anterioridade tributária, a norma que implica conforme dispõe o art. 104, III, CTN entrará em
revogação de benefício fiscal anteriormente
concedido. Com base nessa orientação, a 1ª Turma, vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele
por maioria, manteve decisão do Ministro Marco que ocorra a sua publicação.
Aurélio (relator), que negara seguimento a recurso
extraordinário, por entender que o acórdão Art. 104, CTN. Entram em vigor no primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que ocorra a sua
publicação os dispositivos de lei, referentes a III – cobrar tributos: (...) c) antes de decorridos
impostos sobre o patrimônio ou a renda: noventa dias da data em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou, observado o
I - que instituem ou majoram tais impostos;
disposto na alínea “b”.
II - que definem novas hipóteses de incidência;
Diante disso, faz-se necessário a observância da
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a
anterioridade anual e a nonagesimal, reforçando a
lei dispuser de maneira mais favorável ao defesa do contribuinte (não surpresa).
contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.
O princípio da anterioridade nonagesimal pode
A Súmula 669 do STF foi convertida na súmula aparecer também como princípio da anterioridade
vinculante 59, STF. privilegiada, da anterioridade qualificada, da
Modificação do prazo de pagamento do tributo anterioridade mitigada, ou ainda, mais conhecida,
noventena.
Se uma lei (ou mesmo Decreto) antecipa a data de
pagamento do tributo, essa lei terá que respeitar o Pelo princípio da anterioridade nonagesimal, não é
princípio da anterioridade? Ex: o Decreto previa que suficiente que o tributo instituído seja cobrado
o IPTU deveria ser pago em julho de cada ano; somente no exercício civil seguinte, faz-se
ocorre que em janeiro de 2015, o Prefeito edita um imprescindível ainda o lapso de intervalo de tempo
Decreto antecipando o pagamento para março; essa de noventa dias entre a data de sua instituição e o
mudança só valerá em 2016? NÃO. Segundo o STF, novo exercício.
o princípio da anterioridade só se aplica para os Dessa forma, se um tributo vier a ser majorado ou
casos em que o Fisco institui ou aumenta o tributo. instituído por lei publicada após o dia 3 de outubro
A modificação do prazo para pagamento não pode (quando faltam 90 dias para o término do exercício
ser equiparada à instituição ou ao aumento de financeiro), a cobrança não mais pode ser feita a
tributo, mesmo que o prazo seja menor do que o partir de 1.º de janeiro seguinte, sob pena de
anterior, ou seja, mesmo que tenha havido uma infringir a noventena (publicada a lei “em meados
antecipação do dia de pagamento. de outubro”, a cobrança deve se verificar “em
Desse modo, contemplamos que o mesmo EC 41/03, art. 4º, p.ú.: inconstitucionalidade (STF,
dispositivo que prevê a regra traz também a exceção, ADI nº 3128 e 3105)*. Art. 4º, parágrafo único, da
ao permitir a diferenciação com a finalidade EC 41/03: A contribuição previdenciária a que se
extrafiscal de diminuir as diferenças de refere o caput incidirá apenas sobre a parcela dos
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes proventos e das pensões que supere: I - cinquenta
A isenção precisa ser autônomicas, o que significa Tratados internacionais (STF, ADI 1600) cabível a
dizer que quem cria o Tributo é quem tem isenção, tratando-se a União de pessoa jurídica na
competência para a sua isenção. ordem internacional. Não se trata de exceção ao
princípio da vedação das isenções heterônomas HETERÔNOMA. RECURSO
(STF). EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO.
DAS EMPRESAS NACIONAIS. QUANTO ÀS quando o similar nacional tiver o mesmo benefício
*DIREITO TRIBUTÁRIO. RECEPÇÃO PELA Da forma como foi redigido, o art. 98 do CTN
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 DO colocou os tratados internacionais sobre matéria
ACORDO GERAL DE TARIFAS E COMÉRCIO. tributária em patamar superior à legislação tributária
ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL PREVISTA interna, sendo capazes de revogá-la ou modificá-la.
EM TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO Embora a redação literal seja costumeiramente
PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. cobrada em concursos, é preciso ficar atento ao que
ARTIGO 151, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO entende a doutrina e o STF.
DA REPÚBLICA. ARTIGO 98 DO CÓDIGO Tratados internacionais - art. 98, CTN (revogação)
TRIBUTÁRIO NACIONAL. NÃO (*) x princípio da especialidade (art. 85-A, Lei nº
CARACTERIZAÇÃO DE ISENÇÃO 8.212/91):
Art. 85-A, Lei nº 8.212/91: Os tratados, convenções veículos nacionais e importados” (STJ, RMS
e outros acordos internacionais de que Estado 13.502).
estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil
- idem: STF, AI 203845.
sejam partes, e que versem sobre matéria
previdenciária, serão interpretados como lei
especial.
(não poderá exigir um tributo de um sujeito que é Art. 195. § 7º, CF - São isentas de
imune). O Auditor “poderá” atuar, porém, não contribuição para a seguridade social as
será legitima sua atuação. entidades beneficentes de assistência social
Poder Legislativo: representantes do povo, nas que atendam às exigências estabelecidas em
edições de leis /normas; (Os legisladores não lei. (Grifo nosso)
poderão editar leis ordinárias que desafie a norma Art. 184. § 5º, CF - São isentas de impostos
constitucional de imunidade). Nessa esteira, federais, estaduais e municipais as operações
cumpre recordarmos que a legislação de transferência de imóveis desapropriados
infraconstitucional não pode ir de encontro ao para fins de reforma agrária. (Grifo nosso)
disposto na Constituição (Supremacia
ATENÇÃO!
Constitucional), sob pena de patente
inconstitucionalidade. Não obstante o texto constitucional tenha
empregado a expressão “são isentas” trata-se de
Poder Judiciário: magistrados, nas sentenças. Ao
“verdadeiras imunidades!!!”
sentenciar, deve o julgador buscar a observância
da imunidade tributária previsto na Constituição Sobre a expressão “são isentas”, descreve Josiane
Federal. Deve partir do pressuposto de que, caso Minardi “no texto constitucional em alguns
trata-se de ente imune, deve resguardá-la. dispositivos encontram-se os termos ‘isenções’ ou
‘não incidência’, contudo, faz-se necessário frisar contribuição de melhoria, por exemplo, incidem
que se está na Constituição, é regra imunizante”. normalmente.
Obs.1: A norma imunizante não depende do O tributo é gênero do qual comporta cinco espécies.
emprego expresso “são imunes a...”. A imunidade Com exceção dos impostos, todas as demais
tributária pode ser contemplada no texto espécies de tributárias incidem normalmente nas
constitucional independentemente disso. hipóteses delineadas no art. 150, inc. VI da
Constituição Federal.
1.3 Normas imunizantes “espalhadas no texto
constitucional”. AFASTA a incidência do IMPOSTO.
Exemplo1: Art. 149. §2º. As contribuições sociais e A imunidade prevista ao teor do art. 150, inc.
de intervenção no domínio econômico de que trata o VI é apenas em relação aos IMPOSTOS.
caput deste artigo: (Contribuição social e CIDE).
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
I – não incidirão sobre as receitas decorrentes de
b) templos de qualquer culto;
exportação.
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos
Exemplo2: Art. 156. Compete aos municípios políticos, inclusive suas fundações, das entidades
instituir impostos sobre: sindicais dos trabalhadores, das instituições de
§2º - o imposto previsto no inciso II (ITBI): educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
VI – instituir impostos sobre: O que o STF acha dessa limitação: a proteção deve
ser ampla quanto aos tipos de impostos (Exemplos:
a) Patrimônio, renda ou serviços, uns dos
II e IOF também podem ser afastados, ainda que não
outros (U, E, M, DF: pessoas jurídicas de
direito público interno). se enquadrem no rol classificatório).
Federalismo; Federação; Pacto Federativo; Não incide IOF ainda que não faça parte do rol
classificatório, pois a proteção deve ser ampla
Federalismo de equilíbrio; Federalismo de
quanto aos tipos de impostos. Assim, também
Cooperação; Ausência de capacidade contributiva
poderá ser afastado.
das pessoas políticas.
Ensina a professora e autora Josiane Minardi “a Imunidade recíproca: é vedada a cobrança mútua
imunidade tributária recíproca prevista no art. 150, entre as pessoas políticas, com base no vetor
de Estado, cujas bases repousam na necessária Paulo de Barros Carvalho sintetiza: a imunidade
igualdade político-jurídica entre as unidades que recíproca, prevista no art. 150, VI “a” da
compõem o Estado Federal -, veda à União, aos Constituição é uma decorrência pronta e imediata do
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios postulado da isonomia dos entes constitucionais,
instituírem impostos sobre o patrimônio, renda e sustentado pela estrutura federativa do Estado
serviços uns dos outros”... “Permitir tal tributação brasileiro e pela autonomia dos municípios.
seria colocar em risco o sistema federativo,
Extensão das Imunidades Tributárias
possibilitaria que os meios de atuação do governo
O manto protetor das imunidades é extensível as
federal ficassem à mercê de cada um dos Entes
outras pessoas jurídicas de direito público, por
Federativos locais”. (Manual de D. Tributário, 2016,
exemplo, as Autarquias, as Fundações Públicas
p. 199-200).
corriqueiramente denominadas de “autarquias
Imunidade Recíproca: art. 150, VI, “a” da
fundacionais”.
Constituição Federal
Nesse sentido, dispõe o §2º, do art. 150 da
Vetor Axiológico: pacto federativo; isonomia entre
Constituição Federal:
as pessoas políticas; ausência de capacidade
§ 2.º A vedação do inciso VI, a, é extensiva às
contributiva;
autarquias e às fundações instituídas e mantidas
Veda, por exemplo, que Estados-membros cobrem
pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio,
IPVA de veículos pertencentes a Municípios; que
Municípios cobrem IPTU relativamente à à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades
propriedade de prédio pertencente à União etc.
essenciais ou às delas decorrentes.
Assim, contemplamos que a imunidade tributária Incidência de IPTU sobre terreno vago, sem
recíproca não abrange apenas a administração edificação, de entidade educacional/FGV
pública direta, mas também as autarquias e (AgR-AI 661.713, de 2013).
fundações públicas de direito público. Nesse contexto, questiona-se: de quem é o ônus da
Porém, no tocante as autarquias e fundações, deverá prova da não afetação do bem imóvel com propósito
cumprir alguns requisitos, a saber: autárquico?
Cumpram suas finalidades essenciais ou Para o STJ, o ônus é da entidade impositora. (ver o
qualquer uma delas decorrentes; AgRg no AREsp 304.126/RJ, de agosto de 2013).
Sejam instituídas e mantidas pelo Poder *Imunidade Superveniente do Ente Público?
Público;
União como responsável tributária.
Não cobram preços e nem tarifas;
Não entram na concorrência privada. Como fica a questão da imunidade recíproca (IPTU)
se houver uma responsabilidade por sucessão
*Imunidade “condicionada”
imobiliária (art. 130, caput, CTN) da União? Deve
Assim, contemplamos que as imunidades das
haver a chamada “imunidade superveniente”?
autarquias e das fundações públicas são
A matéria, em repercussão geral desde 2009, foi
CONDICIONADAS – deverá o objeto da tributação
julgada no STF em 2014 (RE 599.176/PR, junho de
estar vinculado ao propósito autárquico. Mesmo
2014), entendendo-se que deveria prevalecer a
entendimento aplica-se a propósito fundacional.
incidência do gravame.
Extensão lógica: para as autarquias e fundações
Entende que deve pagar os impostos na condição de
públicas (personalidade jurídica de direito público).
responsável tributário
Cuidado!
“Em 5 de junho de 2014, o STF, por unanimidade e
A proteção imunizante deve se situar no contexto de nos termos do voto do então Relator, Min. Joaquim
uma vinculação com propósito autárquico ou Barbosa, deu provimento ao recurso extraordinário,
fundacional. afastando-se a tese da imunidade tributária
O STF vem assim se posicionando desde a década recíproca. Ressaltou que a União não poderia se
livrar da responsabilidade tributária ao alegar
de 80:
simplesmente que o tributo seria devido por
Incidência de IPTU sobre terreno baldio de
sociedade de economia mista, tampouco por sugerir
propriedade de autarquia (RE 98.382/MG, de
a aplicação de regra constitucional que protegeria a
1982);
autonomia política de entes federados. Explicou que
E, no âmbito da alínea “c”, a ser estudada: o patrimônio – material ou imaterial – transferido
Incidência de IPTU sobre terreno vago de deveria garantir o crédito, e que o sucessor, ainda
entidade assistencial (AgR-RE 357.175, de que se tratasse de um ente federado, deveria arcar
2007);
com a dívida. (RE 599.176/PR, rel. Min. Joaquim de nov. 2014); ICMS (STF: ACO 1.095, de out.
Barbosa, Pleno, j. em 05-06-2014)”. 2015 e RE 627.051, de nov. 2014).
Quem não recebeu a proteção da imunidade Não incide IPTU sobre os prédios dos
correios.
recíproca?
Não incide IPVA sobre os veículos dos
As empresas púbicas e as sociedades de economia Correios;
Não incide ICMS sobre a circulação das
mista. Nesta hipótese, prevalecerá a incidência dos encomendas.
impostos, como regra. O STF decidiu que a Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos – ECT goza de imunidade
Importante: o STF garantiu imunidade para certas tributária recíproca mesmo quando realiza o
empresas públicas e sociedades de economia mista transporte de bens e mercadorias. Assim, não
incide o ICMS sobre o serviço de transporte de bens e
que desempenham serviços típicos de Estado. (...). mercadorias realizado pelos Correios. Info. 767 (vide
anexo).
JURISPRUDÊNCIA
O Supremo Tribunal Federal entende que a Obs.1: A imunidade dos impostos dos correios fora
imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150,
estendida a serviços não tipicamente postais.
VI, a, da CF abrange as empresas públicas e
sociedades de economia mista prestadoras de
serviços públicos de PRESTAÇÃO
OBRIGATÓRIA E EXCLUSIVA DO ESTADO Questões finais quanto a imunidade da alínea “a”
(RE 407.099/RS e AC 1.550-2). Esse entendimento
é interessantíssimo, pois a extensão da imunidade 1. E quanto ao ICMS e outros gravames indiretos?
recíproca a entes da administração indireta só
abrange, expressamente, as autarquias e fundações Como fica a questão da imunidade tributária?
públicas.
STF: entende que deve prevalecer a incidência do
Desse modo, o STF tem se posicionado no sentido
imposto, na hipótese de a entidade imune se colocar
de que algumas empresas públicas e algumas
como adquirente da mercadoria/bem. Desse modo,
sociedades de economia mista são merecedoras das
caso uma Prefeitura adquira um veículo, deverá
regras imunizantes, quando prestam serviço público
suportar o ônus trasladado do tributo (ICMS/IPI).
de caráter obrigatório e de forma exclusiva.
Trata-se da “repercussão Tributária” (ou fenômeno
Não Incidência:
da “traslação”).
1. INFRAERO (empresa pública): ISS (AgR-RE
Corroborando ao exposto, preleciona Josiane
363.412/BA, em 2007); Minardi (Manual de D. Tributário, 2016, p. 209): “O
Obs.1: O STF considerou a INFRAERO imune, não STF tem entendido que o Ente Federativo somente
obstante tratar-se de empresa pública. terá direito a imunidade tributária se estiver na
condição de contribuinte de direito. Por
2. CAERD (Cia. Águas e Esgotos de Rondônia –
conseguinte, se for contribuinte de fato, não terá
soc. ec. mista) (Ação Cautelar 1.550-2, em 2007).
imunidade tributária”.
3. CORREIOS-ECT (empresa pública): IPTU (STF:
Segue julgado nesse sentido:
RE 773.992, de out. 2014); IPVA (STF: ACO 879,
TRIBUTÁRIO. ICMS. AQUISIÇÕES DE BENS. A imunidade esculpida ao teor da alínea “b”
MUNICÍPIO. CONTRIBUINTE DE FATO. corresponde a “imunidade religiosa”.
IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150, VI, A, DA Os templos de qualquer culto são protegidos de
CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. IMPOSTOS. Desse modo, não incidem:
AGRAVO IMPROVIDO. I - A imunidade do art.
- IPTU, sobre o local destinado ao culto;
150, VI, a, da Constituição somente se aplica ao
imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou - IPVA, sobre o carro da igreja;
renda do próprio ente beneficiado, na qualidade de - IR, sobre os dízimos; etc.
contribuinte de direito. II - Como o Município não é
*Quanto ao patrimônio /renda/serv.
contribuinte de direito do ICMS incidente sobre
RELACIONADOS com o propósito religioso?
aquisições de bens, não tem o benefício da
imunidade em questão, uma vez que esta não RESPOSTA: nesse caso, poderá prevalecer a
alcança o contribuinte de fato. Precedentes. III – imunidade tributária ou não. Tudo dependerá da
Agravo regimental improvido. (ARE 690382 RS). chamada correspondência fática, ou seja, do real
atrelamento daquele bem/renda conexos com o
2. E se o imóvel pertence a uma pessoa jurídica
propósito precípuo da entidade imune. O raciocínio
imune (INFRAERO, por exemplo) e é cedido a
deve ser embasado no art. 150, § 4º, da CF. Vejamo-
terceiro, o qual explora atividade econômica com
lo:
fins lucrativos?
Art. 150, § 4º - As vedações expressas no inciso VI,
O STF iniciou o julgamento (RE 601.720/RJ, de 04-
alíneas "b" e "c", compreendem somente o
02-2016), entendendo que deve permanecer o manto
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com
protetor da imunidade. Houve pedido de vista (Min.
as finalidades essenciais das entidades nelas
Marco Aurélio).
mencionadas.
1.6 Estudo pontual do art. 150, inciso VI, da
Desse modo, chegamos a conclusão de que “a
Constituição Federal
imunidade de templos de qualquer culto visa tutelar
Alínea “B”. a liberdade religiosa, e, por isso, o que estiver em
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias nome da instituição religiosa e cumprir sua
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos finalidade essencial serão alcançados por essa
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: imunidade”.
JURISPRUDÊNCIA
Dicas Finais:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Igreja na condição de inquilino (locatário)
CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE incide o IPTU? Lógico que sim. O imposto
TRIBUTÁRIA. IPTU. ARTIGO 150, VI, B, CB/88. não incidirá sobre a igreja quando este for o
CEMITÉRIO. EXTENSÃO DE ENTIDADE DE proprietário.
CUNHO RELIGIOSO.1. Os cemitérios que O proprietário é o sujeito passivo legalmente
consubstanciam extensões de entidades de cunho determinado para pagar o imposto. E o
religioso estão abrangidos pela garantia contemplada contrato deslocando o ônus para o inquilino?
no artigo 150 da Constituição do Brasil. Ele não faz força perante o fisco. Art. 123 do
Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a CTN.
eles. 2. A imunidade aos tributos de que gozam os Art. 123. Salvo disposições de lei em
templos de qualquer culto é projetada a partir da contrário, as convenções particulares,
interpretação da totalidade que o texto da relativas à responsabilidade pelo pagamento
Constituição é, sobretudo do disposto nos artigos 5º, de tributos, não podem ser opostas à
VI, 19, I e 150, VI, b. RE 578562 BA. Fazenda Pública, para modificar a
definição legal do sujeito passivo das
Nessa mesma linha, o STF também se posiciona no
obrigações tributárias correspondentes.
sentido de que a referida imunidade alcança o IPTU
incidente sobre os imóveis de propriedade da
Igreja contrata pessoa jurídica para
Entidade religiosa que sejam locados para terceiros,
confeccionar jornal por encomenda (serviço
desde que os aluguéis sejam utilizados como fonte
de composição gráfica) incide o ISS? Para o
de custeio para cumprir as suas finalidades
STF, incide o ISS. (AgR –RE 434.826/MG,
essenciais.
Nov. 2013).
distribuição desse lucro. O sem fins lucrativos que § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste
menciona a Constituição Federal deve ser artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade
interpretado nos moldes do art. 14 do CTN, de modo competente pode suspender a aplicação do
a extrair o sentido de que está vedada a distribuição benefício.
do lucro, e não necessariamente a sua arrecadação. Obs.1: O art. 14, do CTN não limita a imunidade
- Em possuindo lucro, esse lucro NÃO PODE SER tributária, mas regulamenta a sua fruição.
DISTRIBUÍDO entre os mantenedores.
Esquematizando
Não se proíbe o lucro, mas a distribuição do lucro. Imunidade Subjetiva
Requisitos – Art. 14, CTN
2º Requisito:
1º Requisito: 2º Requisito: 3 Requisito:
II. aplicarem integralmente, no País, os seus
Não Aplicarem Manterem
recursos na manutenção dos seus objetivos distribuírem integralmente, escrituração de
qualquer no País, os seus suas receitas e
institucionais;
parcela de seu recursos na despesas em
Obs.1: tem que ser aplicada os recursos no Brasil. patrimônio ou manutenção livros
de suas rendas, dos seus revestidos de
3º Requisito: a qualquer objetivos formalidades
título. institucionais. capazes de
III. manterem escrituração de suas receitas e assegurar sua
exatidão.
despesas em livros revestidos de formalidades
-Requisitos para fruição da imunidade subjetiva.
capazes de assegurar sua exatidão.
Observação: Pagamento de salário aos mantenedores
“Contabilidade em dia”.
Atenção!
O terceiro e ultimo requisito contemplado ao teor do
art. 14 do CTN, conforme ensina Josiane Minardi O inciso I do art. 14 do CTN não impede que se
corresponde à escrituração de suas receitas e paguem salários razoáveis e compatíveis com a
despesas em livros revestidos de formalidades prática de mercado aos mantenedores da instituição
capazes de assegurar sua exatidão. O STF tem imune. (ver, no Pleno do STF, em 1998, a ADI-MC
entendido que não basta apenas a escrituração de 1.802-3/DF, na qual se suspenderam por
livros para o gozo da imunidade, todas as obrigações inconstitucionali-dade o art. 12, §§2º e 3º e o art. 13,
acessórias devem ser atendidas (Manual de D. parágrafo único, da Lei 9.532/97).
Tributário, 2016, p. 214). E... (LER COM)
Suspensão Art. 150, § 4º - As vedações expressas no inciso VI,
alíneas "b" e "c", compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com essenciais de tais para as quais tais
entidades. entidades foram
as finalidades essenciais das entidades nelas
constituídas.
mencionadas.
Obs.: Aplicação analógica do referido entendimento
Em observância ao vetor axiológico, desde que a alínea “c”.
tenha relação com a finalidade essencial da entidade,
Nesse sentido, já foi cobrado:
também gozará de imunidade.
Já caiu! Os frutos da atividade de locação de
No que concerne ao aluguel de imóvel integrante do
espaço para estacionamento dos fiéis pela
patrimônio de entidade imune, o entendimento do
entidade religiosa estão abrangidos pela
STF foi cristalizado na Súmula
imunidade tributária, desde que esses valores
724, cujo teor era o seguinte (grifou-se): sejam revertidos para as atividades essenciais
Súmula 724-STF: “Ainda quando alugado a da entidade. (Magistratura/RO- 2011 -
terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel PUCPR).
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo *Entidade de Assistência Privada
art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor
Súmula 730-STF: “A imunidade tributária
dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais
conferida a instituições de assistência social sem fins
de tais entidades”.
lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição,
Em 2015, o STF, por maioria, decidiu converter em somente alcança as entidades fechadas de
vinculante enunciado anteriormente transcrito, previdência social privada se não houver
realizando, contudo, uma sutil modificação de contribuição dos beneficiários”.
redação, como demonstra o texto aprovado, nos
Assim, só haverá imunidade tributária se a
termos a seguir transcritos
contribuição não for paga pelo beneficiário.
SÚMULAS
Em síntese:
Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado
As entidades fechadas de previdência privada que
a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
NÃO exigirem de seus associados contribuições
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo
para o custeio do benefício, também têm direito à
art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos
imunidade que dispõe o art. 150,VI “c” da CF.
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais
Ademais, destaca-se que as entidades de assistência
tais entidades foram constituídas.
social sem fins lucrativos, além de serem imunes ao
Esquematizando pagamento de impostos, também gozam de
“Confronto” textual de enunciados das súmulas do imunidade de contribuição social, nos moldes
STF
previsto no art. 195, §7º da Constituição Federal.
Parte final súmula 724 Parte final Súmula
Vinculante nº 52
Desse modo, a Entidade de assistência social, sem
(...) desde que o valor (...) desde que o valor
dos aluguéis seja dos aluguéis seja fins lucrativos, que atende aos requisitos da lei, é a
aplicado nas atividades aplicado nas atividades
única pessoa do art. 150, VI da CF que, além de objetos, tais como, livros, jornais, periódicos e o
possuir beneficio de não pagar impostos, também papel destinado a impressão”.
não irá pagar contribuição social. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
Comentários: asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
ENTIDADES DO “SISTEMA S” (SERVIÇOS
SOCIAIS AUTÔNOMOS): imunidade para o ITBI VI – instituir impostos sobre:
na aquisição de imóvel pelo SENAC (STF, RE
d) sobre livros, jornais, periódicos e o papel
470.520, em set. 2013).
destinado a sua impressão.
Entidades que compõem o “Sistema S” (SESI, Trata-se de imunidade sobre bens/coisas, e não
SENAI, SENAC, SEBARE), que promovem a sobre pessoas, diferentemente das alíneas anteriores.
integração do mercado de trabalho goza de
A referida imunidade (imunidade de impresa)
imunidade tributária, conforme já decidiu o STF
afastará os impostos que incidem sobre bens, quais
(RE n 235.737).
sejam:
1.8 Estudo pontual do art. 150, inciso VI, da
ICMS
Constituição Federal
IPI
Alínea “D”. II
A imunidade prevista ao teor da alínea “d” Obs.: Imunidade subjetiva x Imunidade objetiva
corresponde a denominada “imunidade de
A imunidade subjetiva encontra-se atrelado a
imprensa”, segundo Sabbag.
imunidade que incide sobre pessoas, ao passo que, a
O professor Ricardo Alexandre denomina de
imunidade objetiva incide sobre objetos/coisas.
“imunidade tributária cultural”. Segundo o referido,
Assim:
“A imunidade visa a baratear o acesso à cultura e,
por facilitar a livre manifestação do pensamento, a ALÍNEA “D”: Imunidade de Imprensa – trata-se de
liberdade de atividade intelectual, artística, imunidade objetiva (protege bens/coisas),
científica e da comunicação e o acesso à consequentemente não é subjetiva o que ocorre nas
informação, todos direitos e garantias individuais alíneas “a”, “b” e “c”)
constitucionalmente protegidos (CF, art. 5.º, IV, IX Efeito prático: se ela é “objetiva”, afastam-se o
e XIV), configura, também, cláusula pétrea”. ICMS, o IPI, e o II, basicamente. Por outro lado, a
Segundo Josiane Minardi (Manual de D. Tributário, editora deverá arcar com o normal pagamento do
2016, p. 219) “O art. 150, VI, d, da CF trata sobre a IPTU, IPVA, IR, ITBI etc.
imunidade objetiva ou também denominada de real, Esquematizando
que proíbe a União, aos Estados, o Distrito Federal
A imunidade é objetiva e restrita aos
e os Municípios instituírem impostos sobre alguns
impostos incidentes sobre os livros, jornais,
periódicos e o papel para impressão.
Abrange, portanto, Imposto de Importação, questão constitucional suscitada. (...) O Pleno do
IPI e ICMS relativos à compra do papel, STF acatou a decisão em setembro de 2012. Até o
produção e comercialização desses bens. presente momento, aguarda-se o julgamento desse
Não há imunidade em relação aos tributos emblemático caso.
que incidem direta ou indiretamente sobre a Obs.: Registre-se, em prova da banca CESPE, já
atividade ou outros bens (ISS, IR, IOF, IPTU fora cobrado o tema e o entendimento foi no sentido
etc.). de que “há imunidade aos livros eletrônicos”
Assim, a gráfica não paga II ou IPI, quando (Manual de D. Tributário, Josiane Minardi, 2016, p.
importa o papel, nem ICMS quando vende o 223).
livro, o jornal ou o periódico.
2º. Álbum de Figurinhas e Listas Telefônicas
Mas paga ISS sobre serviços prestados, IR
Para o STF o álbum de figurinhas é imune, bem
sobre o lucro auferido, IOF sobre suas
como, as listas telefônicas.
operações financeiras, IPTU em relação ao
imóvel de sua propriedade etc. JURISPRUDÊNCIA
1º. Livros Digitais: a discussão ainda encontra-se TRIBUTÁRIO. IMU-NIDADE. ART. 150, VI,
pendente perante o STF. A doutrina porém já tem “D” DA CF/88. “ÁLBUM DE FIGURINHAS”.
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: Tributário Esquematizado, 2016): “Na própria
Exposição de Motivos da Proposta de Emenda à
VI – instituir impostos sobre:
Constituição que resultou na EC 75 afirmou-se que
e) fonogramas e videofonogramas musicais a novidade atenuará sensivelmente a barreira
produzidos no Brasil contendo obras econômica que pesa sobre o produto original,
musicais ou literomusicais de autores tornando-o mais acessível ao consumo,
brasileiros e/ou obras em geral interpretadas popularizando ainda mais seu acesso às classes
por artistas brasileiros bem como os suportes menos privilegiadas do País. Assim, o objetivo
materiais ou arquivos digitais que os expressamente declarado foi o combate à pirataria
contenham, salvo na etapa de replicação (...)”.
industrial de mídias ópticas de leitura “a
Apontamentos 2:
laser”.
Não se admite o tributo “in natura”, ou seja, não se pode subsunção nasce o dever de pagar o tributo.
pagar o tributo com produtos agrícolas, por exemplo, Assim:
café, laranja etc.
O tributo é prestação compulsória. Com efeito, a
Quanto aos bens imóveis, a LC n. 104/2001 trouxe para o
prestação NÃO é facultativa, contratual ou
CTN o inciso XI do art. 156, prevendo a DAÇÃO EM
voluntária (uma constatação trivial). Além disso, o
PAGAMENTO, exclusivamente para tais bens. Isso
comando quer significar outra coisa (em uma
significa que o expediente não era legítimo antes de 2001
constatação mais sofisticada): a compulsoriedade
e, após essa data, passou a ter a chancela do CTN
(Condições: só para bem imóvel e necessidade de lei
decorre do fenômeno da incidência tributária, ou
Atenção: o art. 146, III, “b”, CF condiciona o HI (hipótese de incidência): circular mercadorias
regramento do crédito tributário, avocando a (pressuposto normativo)
necessidade de lei complementar.
FG (fato gerador): Maria circula mercadorias
Sabe-se que a dação em pagamento é causa extintiva (consequente)
do crédito tributário, e tal instituto se adstringe a
HI → FG → NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO
normas gerais constantes de uma lei complementar.
TRIBUTÁRIA (aqui está a compulsoriedade, a
Por isso que se editou a LEI COMPLEMENTAR n.
inafastabilidade, a inexorabilidade do dever de pagar
104, a qual alterou o CTN.
o imposto).
Em moeda ou cujo valor possa se exprimir: o
3) É prestação DIVERSA DA MULTA
legislador infraconstitucional incorreu em
redundância ao repetir o caráter pecuniário da O tributo NÃO se confunde com multa. Paga-se o
prestação, não havia a necessidade de insistir com a
locução em moeda ou cujo valor nela possa se primeiro em razão do FG (subsunção tributária);
exprimir, pois, ao tratar da obrigação pecuniária, já paga-se a última, em virtude do inadimplemento
indica que será paga em dinheiro.
obrigacional. Daí se falar no caráter pedagógico da
multa. A doutrina costuma ofertar duas modalidades
2) É prestação COMPUSÓRIA: significa que o
de multa, a saber, a multa de mora (moratória), com
contribuinte deverá pagar independente de sua
viés indenizatório, ressarcitório; e a multa punitiva,
vontade, uma vez ocorrendo a incidência do fato
com viés sancionatório.
gerador (subsunção).
MACETE: recomenda-se conceituar a multa a partir
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,
significa dizer que consiste no cumprimento do próprio conceito de tributo (art. 3º, CTN),
obrigatório de uma prestação em dinheiro, que
valendo-se, didaticamente, de uma pequena
independe da vontade do sujeito passivo.
adaptação:
MULTA É (...) prestação pecuniária, compulsória, tributo consoante a sua conveniência e
oportunidade; deverá exigir a obrigação tributária
diversa de tributo, instituída por lei (art. 97, V,
do contribuinte exatamente como está disposto na
CTN) e cobrada por lançamento (art. 142, caput, legislação.
CTN).
E quais são as espécies tributárias contemplamos no
4) É prestação INSTITUÍDA POR MEIO DE
Brasil?
LEI
O sistema tributário possui CINCO tipos de tributos.
Princípio da legalidade tributária (art. 150, I, da CF
Todos são mencionados na CF e apresentam
e 97, do CTN).
detalhamentos no CTN.
O tributo é prestação dependente de lei. Isso resgata
O art. 146, III, “a”, CF indica que FGs, bases de
o princípio da legalidade tributária (art. 150, I, CF
cálculo, entre outros elementos, devem estar em uma
c/c art. 97, CTN) em sua inteireza. Todos os tributos
lei complementar (...) o CTN “faz as vezes de”.
estarão submetidos a essa exigência, ressalvadas as
hipóteses de mitigação da legalidade: II, IE, IPI, O STF adotou a teoria quinaria, que classifica o
IOF, CIDE-COMBUSTÍVEL e ICMS- tributo em cinco espécies tributárias.
COMBUSTÍVEL. Na Constituição Federal:
Instituída por lei: O tributo pode ser instituído por Art. 145. Indica três modalidades: impostos, taxas e
meio de lei, de acordo com os arts. 150,I, da
Constituição Federal e 97 do CTN, e mediante contribuições de melhoria;
instrumento normativo com força de lei (princípio
da legalidade). Art. 148. Contempla os empréstimos compulsórios;
tributo oralmente. Exemplo: um fiscal “diz” que quinquipartite (tida), segundo o qual as cincos
fulano deve e exige o pagamento, sem o documento exações supracitadas enquadram-se com fidelidade
O sistema tributário brasileiro possui CINCO tipos ensejaram, devem ser restituídos ao contribuinte, no
Segundo a referida teoria, são cinco exações que se O empréstimo compulsório é tributo federal, posto
enquadram no conceito de tributo, nos moldes do que é instituído pela União, mediante “lei
constitucional de 1988.
Lembre-se: estabelece a CF que a aplicação dos Nesse sentido, preleciona Ricardo Alexandre (2016)
recursos provenientes do empréstimo compulsório “o fato gerador da contribuição de melhoria não é a
será vinculada à despesa que fundamentar a realização da obra, mas sim sua consequência, a
instituição desse empréstimo. valorização imobiliária. A melhoria exigida pela
despesa extraordinária, poderá a União de forma que a base de cálculo do tributo será
Federal instituir, autorizada por lei exatamente o valor acrescido, ou seja, a diferença
3º Imposto.
O sistema tributário possui CINCO tipos de tributos. Nessa mesma linha de pensamento, ensina Josiane
Todos são mencionados na Constituição Federal e Minardi (Manual de D. Tributário. 2016, p. 535) “as
apresentam detalhamento no CTN. taxas são tributos intimamente ligados à atividade
do Estado. Isso quer dizer que a hipótese de sua
Quantas e quais são as espécies de tributos?
incidência está atrelada a uma contraprestação do
A redação literal do CTN prevê apenas três espécies,
Estado, paga pelo contribuinte que usufruiu dessa
mas o STF e a doutrina majoritária apontam cinco. atividade estatal”.
Veja:
Segundo Roberval Rocha (Código Tributário para
CTN (art. 5º) STF e doutrina Concursos) “as taxas são tributos cujo fato gerador
majoritária
Teoria tripartida, Teoria pentapartida ou é configurado por uma atuação estatal específica,
tricotômica ou quinquipartida: Existem 5
referível ao contribuinte, podendo consistir no
tripartite. Existem 3 espécies de tributos:
espécies de tributos: exercício regular do poder de polícia ou na
a) Impostos a) Impostos
prestação ao contribuinte, ou na colocação à sua
b) Taxas b) Taxas
c) Contribuições de c) Contribuições de disposição, de serviço público específico e
melhoria melhoria
divisível”.
d) Empréstimos
compulsórios Obs.1: As taxas, assim como, as contribuições de
e) Contribuições Especiais.
melhoria são tributos vinculados. Assim, são
Fonte: Dizer o Direito. espécies tributárias cujas hipóteses de incidência
Art. 145: impostos, taxas e contribuições de descrevem (demandam) uma atividade estatal.
melhoria;
Na taxa, o fato gerador do tributo está vinculado
Art. 148: empréstimos compulsórios;
a uma atuação estatal: o Estado vai agir.
Art. 149: contribuições.
Essa é a razão pela qual as taxas são tachadas de Em razão do exercício regular do poder de
tributos bilaterais, contraprestacionais ou polícia;
sinalagmáticos. Em razão de utilização efetiva ou potencial
de serviço público específico e divisível.
As taxas, sendo tributos, dependem de lei (lei
ordinária, e não lei complementar). Da mesma Fato Gerador da Taxa
forma, como tributos, devem respeitar os princípios
O fato gerador da taxa esta atrelado a atuação do
constitucionais tributários (legalidade, anterioridade, Estado, e podem ser duas ações estatais: 1) exercício
irretroatividade etc). regular do poder de polícia e 2) utilização efetiva ou
Como depende de lei ordinária, a taxa pode ser potencial de serviço público específico e divisível.
instituída por meio de medida provisória, posto que Nessa linha, ensina Eduardo Sabbag, temos duas
a vedação não estende-se a referida espécies ações estatais que podem levar à cobraça de taxas
(matérias reservada a lei complementar não pode ser tributárias no Brasil:
regulamentada por medida provisória).
- um certo tipo de serviço público;
Art. 62, §1º, inc. III, da CF: é vedado a edição de
- o chamado Poder de Polícia.
medida provisória sobre matéria “reservada a lei
complementar”. O poder de polícia encontra definição ao teor do art.
78 do CTN.
Competência
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
No plano da competência tributária, costuma-se administração pública que, limitando ou
dizer que há, para as taxas (e contribuições de disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
melhoria) uma competência tributária COMUM, interesse público concernente à segurança, à higiene,
embora rótulo possa despertar críticas na doutrina. à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e
do mercado, ao exercício de atividades econômicas
Ademais, temos taxas federais, estaduais e dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
municipais, à segurança dos impostos. propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
A competência para instituição desse tributo com
caráter sinalgmático é COMUM, ou seja, todo e Portanto, existem DOIS tipos de taxas brasileiras:
qualquer Ente Federativo que prestar serviço público Taxa de Polícia ou de fiscalização, prevista
poderá instituir taxas por meio de Lei Ordinária. ao teor do art. 78 do CTN;
Sendo a taxa espécie de tributo vinculado à atuação Taxa de Serviço ou de utilização, prevista ao
Nessa esteira, são exemplos de taxas: Art. 79 do CTN: Os serviços públicos a que se
refere o art. 77 consideram-se: (...)
- Taxa de alvará (de funcionamento ou de
localização); taxa de transporte, etc. II – específicos, quando possam ser destacados em
unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou
Macete: toda taxa cujo nome vier com os termos “...
de necessidade públicas;
de fiscalização de...” será uma taxa de polícia, por
exemplo, taxa de fiscalização ambiental; taxa de III – divisíveis, quando suscetíveis de utilização,
fiscalização de títulos e valores mobiliários, etc. separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários.
Atenção: as denominadas taxas de turismo, criadas
com o propósito de fomentar a preservação O tipo de serviço que pode ensejar essa taxa no
ambiental (não podem ferir o Princípio da Liberdade Brasil é o:
ao Tráfego de Pessoas e Bens, nos termos do art. Serviço Público: ESPECÍFICO E DIVISIVEL.
150, V, da Constituição Federal).
Mas, o que é serviço específico e divisível?
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
Por serviço público específico (também
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
denominado de singular ou “ut singuli”), entende-se
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V -
aquele serviço prestado em unidades autônomas de
estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens,
utilização, sendo possível identificar o beneficiário.
por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio É aquele destacável em unidades autônomas de
pela utilização de vias conservadas pelo Poder utilização, permitindo-se identificar o sujeito
anterioridade, isonomia, não confisco, etc). Isso faz Por fim, em março de 2015, o STJ reiterou o termo
com que o Estado, muitas vezes, sinta-se instado a “tarifa” para o serviço de coleta de água (REsp
preferir a tarifação à taxação. É mais simples e como 1.513.218/RJ, 2015).
menos entraves oriundos da Constituição.
Obs.: INFORMATIVO 557, STJ.
Por outro lado, serviço público divisível é aquele
Na falta de hidrômetro ou defeito no seu
quantificável, permitindo a sua aferição. funcionamento, a cobrança pelo fornecimento de
Nessa linha, o art. 79, III do CTN afirma que serviço água deve ser realizada pela tarifa mínima, sendo
público divisível é aquele suscetível de utilização, vedada a cobrança por estimativa.lsso porque a
separadamente, por parte de cada um dos seus tarifa deve ser calculada com base no consumo
usuários. efetivamente medido no hidrômetro.STJ. 2 Turma.
REsp 1.513-218-RJ, Rei. Min. Humberto Martins,
Um importante serviço público na visão do STF e
do STJ: (o serviço de) fornecimento de água e julgado em 10/3/2015 (lnfo 557).
A Jurisprudência oscila (ou tarifa ou taxa): O mais importante para testes de concurso é saber
STF, em 2002: Tarifa (ou preço público). AgR-RE que o “tipo contrário” do serviço público ensejador
considerada válida pelo STJ, uma vez tendente a pública não pode ser remunerado mediante taxa.
beneficiar unidades imobiliárias autônomas, de Com a derrota dos municípios no Judiciário, esses
propriedade de diferentes lindeiros das vias públicas conseguiram politicamente alterar a Constituição
servidas, além de serem suscetíveis de utilização, de Federal (EC 39/2002 – art. 149-A), (,,,) prevendo a
modo separado, por parte de cada usuário. “ressurreição” da derrotada taxa de iluminação
Segundo o art. 145, §2º da Constituição Federal de os Estados (ICMS) e com os Municípios (IPTU).
1988, as taxas não podem ter base de cálculo própria Estes entes devem usar tais recursos em benefício de
identidade entre uma base e outra”. fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
A contaminação ocorre apenas quando há total
identidade entre uma base de cálculo e outra. - os impostos não se vinculam a qualquer
contraprestação por parte da Administração Pública.
Obs.1: As taxas tem como fato gerador o exercício
Classificação quanto a contraprestação estatal
regular do poder de polícia ou a utilização efetiva de
Tributo Vinculado Tributo não Vinculado
serviço público específico e divisível, prestado ao - Taxas; - IMPOSTOS.
- Contribuição de
contribuinte ou posto à sua disposição, sendo vedada
melhoria;
a sua cobrança em razão de mera potencialidade. - Contribuições
previdenciárias;
Art. 16, CTN: o imposto é um tributo não vinculado 155 e 156 da Constituição Federal. Isso valerá
à atividade estatal. Isso significa que “nós agimos”, também para os demais impostos, os quais serão
nós pagamos o imposto. citados.
Exemplo: João se torna proprietário de um veículo Note que esses três impostos dependem de lei que
automotor, ele paga o IPVA; Maria presta serão editadas para uma um deles nos mais de 5.500
determinado serviço – ela paga ISS; Nós nos municípios brasileiros.
tornamos proprietários de uma fazenda; nós Impostos Estaduais:
pagamos o ITR.
IPVA (imposto sobre propriedade de veículo
Assim, podemos conceituar os impostos: automotor);
Imposto é tributo cuja obrigação tem por fato ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e
gerador uma situação independente de qualquer
prestação de serviços)
atividade estatal específica, relativa à vida do
ITCMD (imposto sobre transmissão “causa mortis”
contribuinte, à sua atividade ou a seu patrimônio – é
e de doação).
o que se depreende da dicção do art. 16 do CTN.
(Eduardo Sabbag, Manual de D. Tributário, 2016). O Distrito Federal tem como competência SEIS
impostos, os três municipais e os três estaduais
Tributo que não tem vinculação IMPOSTOS. Diz-
(IPTU, ISS, ITBI, IPVA, ICMS e ITCMD).
se que o imposto é tributo não vinculado porque seu
fato gerador não se relaciona a nenhuma Trata-se da chamada competência tributária
contraprestação específica por parte do Estado. cumulativa ou múltipla (ver art. 155, caput, c/c art.
147, ambos da CF).
A receita de impostos serve para quê?
“Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir CPMF: veio para custear a solução dos problemas
contribuições sociais, de intervenção no domínio decorrentes da saúde pública bi Brasil (foi extinta);
econômico e de interesse das categorias PIS/COFINS: vieram para custear Seguridade
profissionais ou econômicas, como instrumento de Social – lidamos com o constante “rombo da
sua atuação nas respectivas áreas, observado o Previdência”.
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
Os exemplos acima, entre tantos outros, revelam que
prejuízo do previsto no art. 195, § 6.º, relativamente
as receitas das contribuições no Brasil vêm sendo
às contribuições a que alude o dispositivo”.
recorrentemente desviadas ou, se não prevalecer tal
Percebe-se que o legislador constituinte previu a conclusão, indiscutivelmente mal aplicadas.
possibilidade de a União instituir três espécies de
O art. 149, caput, da CF apresenta três tipos de
contribuições, quais sejam: a) as contribuições
contribuições:
sociais; b) as contribuições de intervenção no
domínio econômico (CIDE); e c) as contribuições de 1. Profissionais (ou corporativas; ou de
interesse de categorias profissionais ou econômicas interesse das categorias profissionais ou
(corporativas). econômicos);
2. Interventivas (ou “de intervenção no
Neste ponto, registra-se um detalhe muito
domínio econômico” ou CIDEs);
importante. A competência para a criação das
3. Sociais.
contribuições do art. 149 é destinada
exclusivamente à União. Entretanto, o § 1.º do Contribuições Profissionais
mesmo artigo traz uma exceção, nos seguintes Temos dois bons exemplos de contribuições
termos: profissionais, quais sejam, as anuidades e a
“§ 1.º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contribuição sindical.
instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, Anuidade: pagas pelos profissionais aos seus
para o custeio, em benefício destes, do regime autárquicos Conselhos de fiscalização (CRE, CRM,
previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota CRO, CRC, etc).
não será inferior à da contribuição dos servidores
Contribuição sindical (arts. 578 e seguintes CLT c/c
titulares de cargos efetivos da União”.
art. 8º, IV, CF): Correspondem monetariamente a
Nessa esteira, destaca-se, a contribuição trata-se do um dia de trabalho no ano.
mais importante e potente tributo brasileiro,
Obs.: Quanto às contribuições sindicais, memorize
sobretudo do ponto de vista da arrecadação.
que elas NÃO se confundem com a contribuição
confederativa. Esta não é tributo, é fruto de Contribuições Sociais
deliberação em Assembleia Geral e será exigida tão As contribuições sociais não se confundem com as
somente dos filiados do Sindicato respectivo contribuições profissionais ou com as CIDES.
(Súmula Vinculante nº. 40, STF: trata-se da
Visam custear áreas bem relevantes de nossa
reprodução da súmula “comum” 666, STF).
sociedade, como a Seguridade Social, o ensino
Súmula vinculante 40-STF: A contribuição
público fundamental, entre outras. Daí serem
confederativa de que trata o art. 8º, IV, da subdivididas em Contribuições Sociais da
Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato Seguridade Social e Contribuições Sociais Gerais.
respectivo.
a) Contribuições Sociais Gerais: um bom
Contribuições Interventivas: elas são, exemplo é a contribuição social geral
exclusivamente, tributos federais e devem ser chamada de salário-educação, prevista no art.
criadas como instrumentos de intervenção na 212, §5º da CF.
economia.
A contribuição ao salário-educação foi concebida
De fato, esse tributo é um excelente mecanismo de para financiar, como adicional, o ensino
intervenção, uma vez que pode fomentar atividades fundamental público, como prestação subsidiária da
por meio de sua fisionomia extrafiscal. empresa ao dever constitucional do Estado de
A sigla recorrente para esse tributo é CIDE. manter o ensino primário gratuito de seus
empregados e filhos destes.
Por exemplo, temos a CIDE no caso de fomento da
Matinha Mercante (AFRMM – Adicional de Frete e b) Contribuições Sociais de Seguridade Social:
Renovação da Marinha Mercante), do também denominadas de “contribuições
desenvolvimento tecnológico brasileiro (CIDE social-previdenciárias”, elas representam o
Royalties) e das atividades com combustíveis tipo de contribuição mais relevante para o
(CIDE-Combustíveis), Brasil. No passado, o INSS era o órgão
responsável pela arrecadação dessas
(...) A propósito, a CIDE- Combustível é a mais
contribuições.
importante CIDE brasileira. Conforme a CF, a sua
receita deverá ser destinada a 3 finalidades, a sua Com a fusão entre o INSS e a Receita Federal,
receita deverá ser destinada a 3 finalidades: criando-se a Receita Federal do Brasil (Super
Receita), tais contribuições passaram a ser arrecadas
1. Programas ambientais;
e fiscalizadas por este órgão. Vamos conhecê-las na
2. De infraestrutura das rodovias; e
CF: Art 195, I ao IV). Quatro fontes nominadas de
3. De Subsídios a preços de combustíveis (art.
custeio de seguridade social.
177, §4º, II, a,b, c, da CF.
Assim, tais fontes nominadas de custeio da
É fácil notar que há muito o que fazer nesses
Seguridade Social indicam quem são os
segmentos, o que nos faz duvidar da eficiência da
colaboradores do Estado na gestão da Seguridade
adequada aplicação constitucional desse tributo.
Social do Brasil. Você notará que há origens SÚMULAS
diversas para o custeio dessa área:
Súmula Vinculante 19: A taxa cobrada
I. Empregador e Empresa: o patrão, exclusivamente em razão dos serviços públicos de
mantendo vínculos laborais com seus coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo
empregados, pagará o tributo como ou resíduos provenientes de imóveis não viola o
empregador. Da mesma forma, a empresa artigo 145, II, da Constituição Federal.
deverá ser alvo da exação, quando se
Súmula Vinculante 41: O serviço de iluminação
identificam o seu faturamento e o seu
pública não pode ser remunerado mediante taxa.
lucro líquido. A propósito, sobre o
Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção,
faturamento incidem o COFINS e o PIS;
no cálculo do valor de taxa, de um ou mais
sobre o líquido, A CSLL.
elementos da base de cálculo própria de determinado
II. Empregado: os empregados também
imposto, desde que não haja integral identidade
custeiam a Seguridade Social como uma
entre uma base e outra.
contribuição descontada de seu salário,
bastando observar isso no próprio Súmula vinculante 40-STF: A contribuição
holerite (contracheque); confederativa de que trata o art. 8º, IV, da
III. Receita de Concursos de Prognósticos: Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato
do volume de receita angariada com as respectivo.
loterias e sorteios no Brasil, uma parte
será dedicada a custear a seguridade
social. E, em tempos de “megassenas”
com valores astronômicos, vê-se que a a
fatia do bolo não é pequena.
IV. Importador: desde 2003, os importadores
vem contribuindo com duas
contribuições para o custeio da
Seguridade Social no Brasil (PIS –
Importação e COFINS – Importação).
Não esqueça que os importadores já são
sacrificados com vários outros tributos
para manterem suas atividades
aduaneiras: II, ICMS, IPI, AFRMM, etc.