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Resumo
Tendo como temática a medicalização na educação, embasado na psicanálise freudiana, o pre-
sente trabalho visa a promover uma reflexão sobre as estratégias medicalizantes de educadores
quanto a um aluno dito inquieto, ocorridas ao longo de um estudo de caso. Parte da hipótese
que tanto o ideário de infantil do adulto educador quanto o de corpo podem estar articulados a
um discurso que compreende a inquietude sobretudo por um viés que reduz a compreensão de
comportamentos ao uso/não uso do medicamento. Apresenta, como possível resultado, os efeitos
na relação adulto-criança que as concepções medicalizantes ensejam: individualização, redução
da compreensão ampliada e relacional da questão, patologização do comportamento e desrespon-
sabilização da escola.
Palavras-chave: Medicalização. Educação. Infância. Corpo. Psicanálise.
1 Introdução
Apesar de haver no Brasil, no campo das políticas públicas, iniciativas
que vão num sentido contrário às práticas medicalizantes, sendo uma delas
a resolução sobre práticas não medicalizantes do Conselho Nacional de
Saúde de 2015, ainda vemos poucas ressonâncias dessas diretrizes no co-
tidiano das escolas (CONNAS, 2015). A Resolução nº 177 do Conselho
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA)2, do
mesmo ano diz:
1 Psicanalista. Pós-doutora Sorbonne Paris VII. Professora Associada da Faculdade de Educação e do Programa
de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenadora do Núcleo
Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência contemporâneas (NIPIAC), disponível
em: www.nipiac.ufrj.br Coordenadora do GT da ANPEPP – Psicanálise e Educação.
2 Cf. Fórum de Medicalização da Educação e da Sociedade, disponível em: http://medicalizacao.org.br/resolucao-
-do-conselho-nacional-da-saude-csn-para-a-promocao-de-praticas-nao-medicalizantes/
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atribua a autoria da obra, forneça um link para a licença, e indicar se foram feitas alterações.
Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre o direito da criança e do adolescente de não serem
submetidos à excessiva medicalização, em especial no que concerne às questões de apren-
dizagem, comportamento e disciplina.
Parágrafo único. Para os fins desta Resolução, define-se excessiva medicalização como a re-
dução inadequada de questões de aprendizagem, comportamento e disciplina a patologias,
em desconformidade com o direito da criança e do adolescente à saúde, ou que configure
negligência, discriminação ou opressão. (grifos nossos). (RESOLUÇÃO, 2005, [s. p.]).
3 A pesquisa contou com parceria da Universidade Federal Fluminense (UFF) por intermédio da professora Luciana
Gageiro Coutinho.
2 Sobre Paulo
Paulo, pseudônimo que ora lhe conferimos, era um gracioso menino
de oito anos, muito inteligente e perspicaz, que fez parte de nossa pesquisa
nos anos de 2013 e 2014. Seu principal passatempo, nas horas vagas da
escola, era a leitura de gibis. Embora indo bem no aprendizado escolar e
terminando muito antes da turma os trabalhos solicitados, fazia uso de
remédio (Cloridrato de Metilfenidato) havia tempo. A criança já tinha um
longo histórico de idas a especialistas. Segundo informações contidas nos
relatórios de visita e nos prontuários anexados ao caso, Paulo nasceu
em 2004. Ele deu entrada no Instituto de Psiquiatria em 2012, quando
somava oito anos de idade. O menino já havia feito um tratamento no
sobre o humano a partir do século XIX. Gori e Del Volgo (2005), reto-
mando Foucault, vão mostrar como, para além de uma privatização do
sociopolítico, há toda uma visão de mundo que passa a gerir as significa-
ções de corpo, de saúde e doença. A saúde passa a ser entendida como um
bem, um direito, e acarreta todo um discurso de deveres. O importante a
ressaltar é que, na leitura medicalizante da existência contemporânea, dois
aspectos do humano desaparecem ou ficam absolutamente esmaecidos: seu
valor subjetivo, seu cuidado de si e sua função política (GORI; DEL VOL-
GO, 2005, tradução livre).
Numa compreensão da existência onde o aspecto biológico é tido como
soberano, a experiência perde em densidade e historicidade visto que a cau-
sa de determinado estado ou comportamento passa a ser localizada num
mau funcionamento orgânico, por exemplo. O corpo/organismo, nesta
forma discursiva objetivante de compreensão da experiência humana, iria
num sentido contrário de o compreender como histórico e relacional. Indo
nessa direção, no caso de Paulo por exemplo, encontramos um discurso
que associava seu comportamento de forma quase direta ao uso/não uso
do medicamento, como se o comportamento fosse predominantemente
ligado a um funcionamento/disfuncionamento orgânico. Podemos ler:
As orientadoras trouxeram a questão da melhoria significativa de Paulo quando medicado.
A psicopedagoga Nilda informou que ele era “agitado”, “não se acalmava”, “passava por
mim e não me via”; entretanto, após algum tempo, ela percebeu que Paulo a cumprimenta-
va e ela o questionou se ele estava tomando algum medicamento, e ele afirmou que “sim”.
(Relatório de observação – Paulo, 10 anos, 31/07/2014).
No decorrer dessa conversa, fica clara uma associação entre não cum-
primentar (não tomou remédio) e cumprimentar (tomou remédio). “Pas-
sou por mim e não me viu” como se isso fosse resultado da não ingestão
do medicamento.
Nessa mesma ida da aluna de iniciação científica à escola, a partir de
seu diário de campo, podemos ler sobre o discurso da diretora algo que pare-
ceu apontar para a mesma acoplagem entre medicamento-comportamento:
A diretora achou que ele estava sem remédio, porque achou o comportamento dele muito
retraído; disse que, se ele estivesse no estado normal, iria nos fazer muitas perguntas.
Mas ele estava tímido, não falou nada, apenas nos olhou e nos cumprimentou cordialmen-
te. (Relatório de observação – Paulo, 10 anos, 31/07/2014).
A diretora relatou que o aluno entrou na escola alfabetizado e já apresentava uma inquie-
tude. Com o decorrer do tempo, começaram a aparecer atitudes como: correr pela sala,
subir nos armários e não conseguir sentar para fazer as atividades dadas pelo professor.
Maíra (diretora) também enfatizou a melhora de Paulo depois da medicação, dizendo que
ele melhorou 100% e que não consegue imaginá-lo sem o remédio. (Relatório de observação
– Paulo, 9 anos, 25/03/2013).
assim, torna-se nosso estranho familiar. É o infantil que nos habita, depois
da infância, para todo o sempre” (LAJONQUIÈRE, 2010, p. 207 É a
partir desse contexto que Freud pensa a sexualidade como sempre referida
ao infantil.
Ao postular a existência da sexualidade infantil e sua importância,
Freud ([1905] 1980) rompeu com uma visão que associava sexualidade
à puberdade. Nesse sentido, a sexualidade não seria uma prerrogativa do
púbere e posteriormente do adulto, mas já estaria posta desde a infância e,
ainda mais, a sexualidade infantil seria uma matriz fundamental do sujeito
ao longo de toda a sua vida, o que significa dizer que ela perduraria por
toda a vida. Isso nos dá a magnitude da importância do infantil em psica-
nálise. Tal importância está atrelada também à concepção freudiana relati-
va ao desamparo primordial do bebê humano, que depende dos cuidados
de um outro não só para sua sobrevivência física, mas também para que a
vida psíquica se constitua. É na esfera da sexualidade que essa dependên-
cia se evidencia, já que os caminhos a serem trilhados pela pulsão sexual,
seus objetos de investimento e as fantasias a eles atreladas, não tem sua
determinação definida por bases da espécie, nem servem exclusivamente
à reprodução, como se dá com outros animais. Ao nomear o sexual como
pulsional, Freud marca que a sexualidade humana, diferente do instinto
animal não se satisfaz como uma necessidade fisiológica, mas está sempre
atrelada a uma dimensão de representação, de palavra, que dá forma à fan-
tasia e ao desejo. Assim, a sexualidade humana só se configura a partir dos
traços deixados pela infância, que também estão na base da constituição
do próprio psiquismo. Ainda que a sexualidade infantil perdure por toda a
vida, ela sofrerá modificações, e a puberdade não deixará de ser considera-
da um marco para essas modificações. A sexualidade ancora-se em fatores
constitucionais (evolução da libido) e acidentais, como acontecimentos vi-
venciados na infância (séries complementares), de modo que a elaboração
que se dará a partir da puberdade se efetuará a partir do infantil. Isso é
importante porque, ainda que haja transformação da configuração da se-
xualidade infantil, jamais haverá supressão da mesma. Nesse sentido, não
haveria a substituição de uma velha fase que desapareceria, por outra nova,
que fundaria, então, uma etapa de maturidade adulta, mas a transformação
em algo novo que conservaria em si o antigo (CARNEIRO, 2002). Nes-
sa ótica, a infância “[...] não desaparece nunca, assim como nunca se al-
cança uma maturidade sexual absoluta, contraposta à sexualidade infantil.
As organizações sexuais infantis estão contidas na adulta: seus elementos
persistem, ainda que revalorizados ou ressignificados” (TUBERT, 1999,
p. 13) numa configuração nova, diferente. Lapassade ([1971], 1975), em
seu trabalho sobre adolescência, critica a visão de que infância e adolescên-
cia seriam estágios provisórios, marcados por uma imaturidade que deveria
ser suplantada por uma maturidade definitiva. Essa forma de compreensão
provisória contribuiria para uma rejeição no adulto de sua própria infância
e adolescência, já que estas seriam consideradas apenas como etapas prepa-
ratórias que supostamente deixou para atrás.
A pulsão sexual (o desejo), por definição, é impossível de se satisfazer,
até mesmo pela indeterminação a priori de seus objetos e meios de satis-
fação. A realidade dos objetos do mundo será sempre intermediada pela
realidade psíquica na qual estão inscritos os registros das experiências de
satisfação anteriores. Assim, a sexualidade é marcada pela busca incessante
pelo retorno a um estado fantasiado de plenitude que, no entanto, se fosse
alcançado, significaria o fim da vida psíquica. O princípio do prazer é um
princípio de regulação, tendendo à redução da tensão e do esforço ineren-
tes à vida e às ligações psíquicas que põem em funcionamento o aparelho
psíquico. No entanto, o princípio do prazer não é totalmente soberano,
Freud supõe um montante pulsional que escapa à possibilidade de se ligar
às representações psíquicas mas que, nem por isso, deixa de atuar de forma
disruptiva e insistente, desafiando o psiquismo por uma exigência de tra-
balho incessante.
É nesse sentido que, ao postular um Para além do princípio de prazer,
Freud ([1920] 1980) deixa claro que nem tudo será abarcado pelo sexual.
A pulsão de morte diz respeito a uma força paralisante e repetitiva que
atua sobre o psiquismo. Em uma nota de rodapé acrescentada em 1920 aos
três ensaios sobre a sexualidade, Freud nos diz que o Édipo “é o complexo
nuclear das neuroses” (FREUD, [1905] 1980, p. 213) e que irá influenciar
decisivamente a sexualidade do adulto. Afirma, ainda, que “[...] cada novo
ser humano confronta-se com a tarefa de dominar o Complexo de Édipo”
(FREUD, [1905] 1980, p. 213). Para Laplanche e Pontalis (1992, p. 7),
que visa e pelos objetos aos quais se liga, a pulsão conhece um “destino” es-
sencialmente psíquico (LAPLANCHE; PONTALIS, 1992). Isto significa
dizer que, sem a mediação do objeto, não seria possível nos constituirmos
como humanos; portanto, somente a relação com um outro criaria uma
possibilidade representativa para o pulsional. O espaço da representação,
enquanto uma fixação da força, a nomeia, ou seja, dá corpo, dá forma, à
dispersão pulsional pela mediação do objeto. Assim, ao construir o objeto,
a linguagem ordena a dispersão; transforma a dispersão pulsional em or-
dem, mas essa ordem é insistentemente perturbada. O Além do princípio
do prazer que perturba (FREUD, [1920] 1980), ou seja, essa dispersão
que não é ordenada por princípios, que fica “fora” da ordem, denota uma
limitação da esfera de atuação da realidade psíquica, que terá que lidar com
algo que está fora do seu domínio.
A força perturbadora, que Freud, a partir de 1920, chama de pulsão de
morte, jamais será suprimida, indicando que a força pulsional não pode ser
inteiramente transformada em símbolo pelo trabalho da linguagem.
2.4 O educador ante o corpo “inquieto”
Apresentamos, no início desse texto, duas formas bastante diferentes
para se compreender a infância e o infantil, acreditando que elas redun-
darão em diferentes práticas e maneiras de lidar com as crianças. Em uma
delas, o infantil é compreendido como um tempo preparatório; a criança
“ainda não é” o adulto, marca do primitivo a ser suplantado. Nessa lógica,
há uma espécie de supremacia do adulto que sabe mais e melhor, enquanto
a criança e o infantil são compreendidos como marcas de imaturidade.
Essa visão pode favorecer uma lógica mais preditiva e universal, calcada
numa visão ideal de adulto e consequentemente da criança que prepara seu
caminho. Esse ideário excluiria a criança de seu próprio dizer, esmorecendo
a dimensão subjetiva e enaltecendo a expectativa do “ideal de uma ‘criança
perfeita”, mesmo que indiretamente como, por exemplo, consertando-a
via medicamento (LIMA, 2005).
De outra forma, compreender o infantil como não suplantado, requi-
sitaria do adulto a assunção da sua própria estranheza constituinte e do
corpo pulsional como nunca passível de domesticação absoluta. O “não
querer saber”, marca de todo adulto, poderia assim abrir algumas brechas
Para além da quantidade de atividades a fazer, que aqui não nos cabe
julgar e que faz parte das exigências escolares, Paulo nos fala do difícil equi-
líbrio entre prazer e dever. Frequentar uma escola e ter que se haver com
a convivência com pares, com regras diferentes da família, com tempos
diversos e até com exigências físicas – como a motricidade fina requerida
pela escrita.
Nesse cenário complexo, trazemos à tona a posição do adulto ante a
criança dita inquieta, que incomoda. Se, de fato, um aluno que levanta,
que não para quieto, que se movimenta muito, causa mal-estar no adulto
educador, as estratégias que esse educador pode usar ante o mal-estar são di-
versas. Também o ideário de infantil que o adulto se ancora irá influenciar na
própria produção do mal-estar e nas formas como ele irá se dirigir à criança.
Em um exercício de finalização, podemos sublinhar que a articulação
entre mal-estar e corpo sugere duas formas diferenciadas do fazer com ele,
3 À guisa de conclusão
Estar diante daquilo que incomoda e frustra não é fácil e exige uma
boa dose de invenção, negociações internas e energia para conduzir a si-
tuação. Como Freud ([1930] 1976) advertiu, construir e estar na cultura
sempre envolverá boa dose de mal-estar e as relações são uma das principais
causas de sofrimento. Na relação educativa, da qual participam adultos,
crianças e adolescentes, refletir sobre o lugar do adulto diante da criança
nos parece uma estratégia política importante para fazer frente à expansão
das práticas medicalizantes. Justamente por que questionar os possíveis
ideários de infantil que atravessam o educador é também perguntar sobre
as incidências desses ideários nas práticas. No caso de Paulo, por exemplo,
a acoplagem comportamento/medicamento no discurso dos educadores
sugere uma redução da compreensão ampliada e relacional do motivo pelo
qual o menino cumprimentava ou não a educadora. Também indica uma
circunscrição da questão; afinal, ao lado da criança, de forma individual,
o adulto educador não participa da cena ativamente, apenas observa os
supostos efeitos do medicamento. Essa leitura, mais orgânica do corpo e
de assepsia da sexualidade infantil desresponsabiliza a escola, que pouco ou
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CONNAS (Conselho Nacional de Secretários da Saúde). CI n. 323 – Publicada a Resolução
Conanda n. 177 que dispõe sobre o direito da criança e do adolescente de não serem
Recebido em 30/06/2020
Aprovado em 02/12/2020
Abstract
This paper discusses medicalization in education. Based on Freudian psychoanalysis, it aims to
promote a reflection on the medicalizing strategies of educators regarding a restless student,
which occurred during a case study. It starts from the hypothesis that educator’s infantile and
body ideas can be linked to a discourse that understands the concern mainly due to a pathology
bias and that reduces the understanding of behaviors when using/not using the medication. It
presents, as a possible result, the effects on the adult-child relationship that these conceptions
have: individualization, reduction of the extended and relational understanding of the issue,
pathologization of behavior and non-accountability of the school
Keywords: Medicalization. Education. Childhood. Body. Psychoanalysis.