Cinesiologia e Biomecânica - EAD
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Cinesiologia e Biomecânica - EAD
BIOMECÂNICA
PROF. ME. JOSÉ RENATO M. LELIS
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Diretoria EAD:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Dra. Gisele Caroline
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Novakowski
Primeiramente, deixo uma frase de Só- PRODUÇÃO DE MATERIAIS
crates para reflexão: “a vida sem desafios não
vale a pena ser vivida.” Diagramação:
Alan Michel Bariani
Cada um de nós tem uma grande res- Thiago Bruno Peraro
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos,
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica Revisão Textual:
e profissional, refletindo diretamente em nossa Felipe Veiga da Fonseca
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Luana Ramos Rocha
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente Marta Yumi Ando
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam Produção Audiovisual:
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Adriano Vieira Marques
cia no mercado de trabalho. Eudes Wilter Pitta Paião
Márcio Alexandre Júnior Lara
De fato, a tecnologia e a comunicação Osmar da Conceição Calisto
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e Gestão de Produção:
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA
INTRODUÇÃO À CINESIOLOGIA –
MEMBROS SUPERIORES
PROF. ME. JOSÉ RENATO M. LELIS
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................................4
1. CLASSIFICAÇÃO PLANAR DA POSIÇÃO E DO MOVIMENTO...........................................................................5
2. TERMINOLOGIA DA MOBILIDADE ARTICULAR...............................................................................................8
3. TIPOS DE CONTRAÇÕES MUSCULARES......................................................................................................... 10
4. MEMBROS SUPERIORES.................................................................................................................................. 12
4.1 COMPLEXO ARTICULAR DO OMBRO............................................................................................................. 12
4.2 MOVIMENTOS DO COMPLEXO DO OMBRO................................................................................................. 14
4.3 MOVIMENTAÇÃO DA ESCÁPULA................................................................................................................... 15
4.4 MÚSCULOS DA ARTICULAÇÃO DO COMPLEXO DO OMBRO...................................................................... 16
4.5 COMBINAÇÃO ENTRE OS MOVIMENTOS: OMBRO E CINTURA ESCAPULAR.......................................... 17
5. COMPLEXO ARTICULAR DO COTOVELO......................................................................................................... 17
5.1 SUPORTE LIGAMENTAR.................................................................................................................................. 18
5.2 OS MOVIMENTOS DO COMPLEXO DO COTOVELO ..................................................................................... 19
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................23
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A cinesiologia, a biomecânica e o treinamento físico são três disciplinas teórico-práticas
relacionadas ao estudo e ao aprimoramento do movimento humano ou do corpo humano em
si para realizar este movimento. Em primeira instância, pode parecer que estas três disciplinas
pouco têm em comum, mas a verdade é que elas são complementares e apresentam alto grau de
interdependência.
A cinesiologia e a biomecânica podem ser entendidas como disciplinas que buscam
a caracterização e o funcionamento do movimento humano e do aparelho locomotor. Já o
treinamento físico destina-se a buscar a forma ou a estratégia mais eficiente para aperfeiçoar o
movimento humano e/ou o aparelho locomotor (AMADIO; DUARTE, 1998). Como exemplo,
pode-se citar a corrida. A cinesiologia e a biomecânica serão importantes para descrever de que
forma o corpo humano realiza este movimento, quais movimentos especificamente são realizados
e em quais articulações, quais músculos atuam para a movimentação destas articulações, de que
forma esses músculos se ativam em sincronia para a realização dos movimentos, quais forças são
produzidas e recebidas pelo corpo humano etc. (ENOKA, 2000). Por sua vez, o treinamento físico,
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1. Plano sagital: divide o corpo em lado esquerdo e lado direito. São exemplos de
movimentos que ocorrem nesse plano a flexão e a extensão. A Figura 2 mostra movimentos de
flexão e extensão da articulação do ombro.
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ENSINO A DISTÂNCIA
2. Plano frontal: divide o corpo em metade anterior e metade posterior. Como exemplo,
podem-se citar os movimentos de abdução e adução que ocorrem nesse plano. A Figura 3 mostra
movimentos de abdução e adução da articulação do quadril.
3. Plano transversal: divide o corpo em metade superior e metade inferior. São exemplos
os movimentos de rotação externa e interna, realizados nesse plano. A Figura 4 mostra movimentos
de rotação externa e interna da articulação do quadril.
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Além disso, quando um segmento se movimenta, ele gira ao redor de um eixo imaginário
de rotação, que é conhecido como eixo anatômico de referência. Os três eixos anatômicos são:
eixo frontal (ou mediolateral), perpendicular ao plano sagital, eixo sagital (ou anteroposterior),
perpendicular ao plano frontal, e eixo longitudinal (ou eixo vertical), perpendicular ao plano
transversal, conforme ilustra a Figura 6.
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A rotação superior (rotação para cima) da escápula ocorre quando a espinha da escápula
gira para cima, e a rotação inferior (rotação para baixo) da escápula ocorre quando a espinha
da escápula gira para baixo. A elevação escapular ocorre quando a escápula, como um todo, se
movimenta para região superior. Ao contrário, a depressão escapular ocorre quando a escápula
se desloca para região inferior.
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Figura 10 - Bíceps braquial no seu comprimento de repouso (a), com diminuição do comprimento (b) e com
aumento do seu comprimento (c). Fonte: Hall (2007).
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Figura 11 - Aparelho que mensura a força isocinética (dinamômetro isocinético). Fonte: Clínica Fisio Sport (2014).
4. MEMBROS SUPERIORES
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À medida que o movimento progride além dos 30°, a escápula roda cerca de 1° para cada
2° de movimento do úmero. Essa importante coordenação entre movimentos da escápula e do
úmero é conhecida como ritmo escapuloumeral e torna possível uma amplitude de movimento
muito maior na articulação do ombro do que se a escápula se mantivesse fixa. Nos primeiros 90°
do movimento do braço para cima (nos planos sagital, frontal ou diagonal) a clavícula também
é elevada em cerca de 35 a 45° de movimento da articulação esternoclavicular. A rotação da
articulação acromioclavicular ocorre durante os primeiros 30° do movimento do úmero para cima
e novamente quando o braço é movimentado em 135° de elevação máxima. O posicionamento do
úmero é facilitado ainda mais pelos movimentos da coluna vertebral. Quando as mãos sustentam
um peso externo, ocorre uma alteração na orientação escapular e no ritmo escapuloumeral
(KAPANDJI, 1990; MOORE; AGUIAR, 2004; HALL, 2009).
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Ombro Escápula
Abdução Rotação para cima
Adução Rotação para baixo
Flexão Elevação
Extensão Depressão
Rotação Interna/Medial Abdução
Rotação Externa/Lateral Adução
Abdução Horizontal Adução
Tabela 2 - Combinação entre os movimentos: ombro e cintura escapular. Fonte: Marchetti et al. (2007).
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A articulação umerorradial é uma junta sinovial em gínglimo que atua em conjunto com
a ulna nos movimentos de flexo-extensão do complexo do cotovelo. Durante a flexo-extensão, a
face superior côncava da cabeça do rádio desliza sobre o capítulo do úmero e, na pronação e na
supinação, gira como um pivô.
A prono-supinação é definida como o movimento de rotação do antebraço em torno
de seu eixo longitudinal. Tal movimento oferece ao punho um terceiro grau de liberdade
caracterizado como fundamental para diversas atividades funcionais da mão, por exemplo, abrir
uma maçaneta. A prono-supinação dá-se na articulação radioulnar proximal, pertencente ao
complexo do cotovelo, e na radioulnar distal, pertencente ao punho.
Na articulação radiulnar proximal o rádio e a ulna estão lado a lado, formando uma
articulação uniaxial em pivô do tipo trocoide. Esta é formada entre a cabeça do rádio convexa e o
anel ósseo fibroso pertencente à incisura radial da ulna côncava. Estabilizando a cabeça do rádio
à ulna nessa região, está o ligamento anular, o qual compõe 80% da superfície articular (HALL,
2009; VIERA, CAETANO, 1999).
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ENSINO A DISTÂNCIA
O ligamento anular envolve a cabeça do rádio a partir das margens anterior e posterior
da incisura radial.
O ligamento colateral medial origina-se dos dois terços centrais da superfície anteroinferior
do epicôndilo medial do úmero e parte para a porção proximal da ulna. Graças ao formato das
superfícies articulares, aos ligamentos locais, à cápsula articular e às unidades musculotendíneas,
o complexo do cotovelo é considerado estável, fato que caracteriza tal articulação como propensa
às lesões por esforços repetitivos.
Os ligamentos locais têm como função a manutenção da coaptação articular, a restrição
dos movimentos laterais (estresse em valgo e varo) e a fixação da cabeça radial durante os
movimentos de prono-supinação (HALL, 2009).
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Este vídeo explicativo do complexo do ombro, ilustra muito bem o conteúdo abor-
dado neste módulo. Além da explicação excelente do professor, as imagens são
bem reais e explicativas. Assista ao vídeo: Cinesiologia Humana – Curso online
Treino e FOCO. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Qd2Uo3Pq-
DDs>.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para finalizar podemos refletir sobre os conceitos básicos da Cinesiologia. Também
revisamos os complexos articulares dos membros superiores do ombro e cotovelo, dando ênfase
nas articulações, movimentos articulares e músculos envolvidos.
Não seria possível seguir com a disciplina sem relembrar os conceitos básicos da
Cinesiologia, pois dependemos desses conceitos para seguir em frente, e terão ligação dentro
da Biomecânica. Portanto, teremos que ter consciência das referências anatomias, planos, eixos,
mobilidade articular para darmos continuidade nas próximas unidades.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................................25
1. COMPLEXO DO PUNHO E MÃO.........................................................................................................................26
1.1 A ARTICULAÇÃO RADIOCARPIANA ................................................................................................................ 27
1.2 A ARTICULAÇÃO MEDIOCARPIANA................................................................................................................ 27
1.3 A ARTICULAÇÃO METACARPOFALANGIANA DO POLEGAR ........................................................................28
1.4 OS MOVIMENTOS DO COMPLEXO DO PUNHO E MÃO ...............................................................................28
2. PÉ E TORNOZELO...............................................................................................................................................32
2.1 COMPLEXO ARTICULAR DO TIBIOFIBULAR DISTAL ............................................................................... 33
2.2 ARTICULAÇÃO TALOCRURAL .........................................................................................................................33
2.3 ARTICULAÇÃO SUBTALAR..............................................................................................................................35
2.4 ARTICULAÇÕES MEDIOTÁRSICAS ................................................................................................................36
2.5 ARTICULAÇÕES TARSOMETATARSIANAS ....................................................................................................36
2.6 ARTICULAÇÕES METATARSOFALANGEANAS E INTERFALANGEANAS ....................................................36
2.7 SISTEMA MUSCULAR .....................................................................................................................................36
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................39
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INTRODUÇÃO
Na Unidade II daremos continuidade aos complexos do punho e mão que fazem parte
dos membros superiores e, logo em seguida, iniciaremos as articulações dos membros inferiores,
com os complexos articulares do pé e tornozelo.
Os complexos do punho são compostos pelas articulações radiocarpinada, mediocarpiana,
metacarpofalangiana do polegar. Já no complexo articular da mão, os ossos que formam o
carpo são: fileira proximal: Escáfoide, Semilunar, Piramidal, Pisiforme; fileira distal: Trapézio,
Trapezóide, Capitato, Hamato. Os ossos que foram o metacarpo são: cinco ossos metacarpianos
longos demonstram uma epífise proximal que é a base, uma diáfise (corpo) e uma epífise distal
(cabeça) e logo e seguida as falanges dos dedos.
O complexo do tornozelo é formado pela pinça entre a tíbia e a fíbula que conecta no tálus
formando a articulação talocrural, pelas articulações tibiofibular distal, subtalar e a articulação
mediotársica. São articulações que trabalham tanto na mobilidade do tornozelo quanto do
pé. Já especificamente as articulações do pé são: tarsometatarsiana, metatarsofalangeanas e
interfalangeanas. Também falaremos dos movimentos articulares e dos músculos responsáveis
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No plano sagital, durante a extensão, a fileira proximal convexa desliza para cima e
anteriormente (ou na direção palmar). O deslizamento anterior segue a regra do côncavo-convexo,
ou seja, a superfície convexa formada pelos ossos escafoide, semilunar e piramidal dirige-se
no sentido oposto ao do movimento fisiológico. Na articulação mediocarpiana, o trapézio e o
trapezoide côncavos deslizam posterior ou dorsalmente em relação ao escafoide, que é convexo.
Já o hamato e o capitato, convexos, deslizam anteriormente (ENOKA, 2000).
O oposto ocorre na flexão: a fileira proximal dos ossos do carpo desliza para baixo,
posteriormente, o trapézio e o trapezoide deslizam anteriormente e o hamato e o piramidal,
posteriormente.
Durante o desvio radial, a fileira proximal desliza para cima e para dentro e a distal vai
para baixo e para fora. Esse deslizamento inverte-se no desvio ulnar.
Os motores principais para a flexão do punho são os músculos flexor radial do carpo,
flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos. Os músculos flexores profundo dos dedos,
palmar longo e flexor longo do polegar atuam de forma secundária. Em relação aos extensores,
existem três músculos principais: extensor radial longo do carpo, extensor radial curto do
carpo e extensor ulnar do carpo. A disposição dos músculos extensores dos dedos, extensor do
dedo mínimo, extensor longo do polegar e extensor do indicador fazem com que eles sejam
considerados extensores auxiliares do punho (HALL, 2009).
Os desvios radial e ulnar resultam da contração sinérgica de músculos que são responsáveis
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Tabela 1 - Músculos do complexo articular punho e mão. Fonte: adaptado de Hall (2009).
Os membros inferiores possuem características ímpares que fazem com que tenham
2. PÉ E TORNOZELO
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Nota-se que o maléolo fibular se encontra mais distal e inferior quando comparado com
o maléolo tibial.
Com isso, o eixo articular da articulação talocrural encontra-se em um sentido anteromedial
superior para posterolateral inferior, fazendo com que existam pequenos movimentos adicionais
à dorsiflexão e à flexão plantar. Dessa forma, há na presente articulação movimentos triplanares.
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Para minimizar esses riscos de lesões, essa região possui ligamentos colaterais importantes
que contribuem para a boa estabilização articular, sendo que, medialmente, a articulação é
estabilizada pelo ligamento deltoide e, lateralmente, pelos ligamentos talofibular anterior,
calcaneofibular e talofibular posterior. Estes três últimos são mais suscetíveis a estresse em
decorrência do que foi descrito no parágrafo anterior.
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Dessa forma, todos os músculos que passam pelos quadrantes posteriores contribuem ou
são principais executores dos movimentos de flexão plantar. Na mesma linha de raciocínio, os
que passam pelos quadrantes anteriores são dorsiflexores. Já os que passam nas regiões mediais e
laterais são músculos que proporcionam os movimentos de inversão e eversão, respectivamente.
Aqui, considere-se como inversão o movimento combinado de supinação com adução e eversão
como a junção dos movimentos de pronação e abdução.
Logicamente que esse conceito de função muscular é apenas uma base para identificação
das ações principais e secundárias dos tecidos contráteis. Essa base de conhecimento pode ser
aplicada para uma avaliação da força muscular, por meio de provas de funções de unidades
contráteis.
A complexidade do movimento humano faz com que os músculos, por meio de contrações
concêntricas e excêntricas, realizem funções diferenciadas de acordo com o momento do
movimento. Essas informações serão passadas no futuro por meio de estudos eletromiográficos
da ativação muscular durante atividades funcionais (MARCHETTI; CARLHEIROS; CHARRO,
2007).
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Os ossos das mãos e dos pés são pequenos e de diferentes formas, que se tor-
nam difíceis de ser reparados em caso de lesões. Porém, com um bom conhe-
cimento aprofundado em cinesiologia e biomecânica, conseguimos ter um bom
desempenho na sua reabilitação convencional.
Este vídeo explicativo do complexo do ombro ilustra muito bem o conteúdo abor-
dado neste módulo. Além da explicação excelente do professor, as imagens são
bem reais e explicativas. Assista o vídeo: Biomecânica pé e tornozelo.
Disponível em: <https://slideplayer.com.br/slide/1826699/>.
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ENSINO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para finalizar podemos refletir sobre os complexos articulares estudado nesta unidade.
Falamos sobre as formações dos complexos articulares do punho e mão e tornozelo e pé.
Estudamos os movimentos articulares que cada uma delas fazem e também os músculos
responsáveis por cada movimento articular. Desta forma, facilitará nossos estudos futuramente
dentro da biomecânica e para a análise do movimento.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................... 41
1. COMPLEXO ARTICULAR DO JOELHO...............................................................................................................42
1.1 ARTICULAÇÃO TIBIOFEMORAL ......................................................................................................................43
1.2 ARTICULAÇÃO PATELOFEMORAL...................................................................................................................43
1.3 COMPLEXO ARTICULAR DO QUADRIL ..........................................................................................................46
1.4 COLUNA VERTEBRAL ......................................................................................................................................49
1.4.1 REGIÃO CERVICAL ........................................................................................................................................50
1.4.2 REGIÃO TORÁCICA........................................................................................................................................53
1.4.3 REGIÃO LOMBAR ..........................................................................................................................................54
1.4.4 SACRO E CÓCCIX .........................................................................................................................................54
1.5 CURVATURAS E AMPLITUDES DE MOVIMENTO .........................................................................................55
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................58
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Na Unidade III falaremos sobre os complexos do joelho, quadril, que fazem parte dos
membros inferiores, e da coluna vertebral, o nosso pilar central.
O complexo articular do joelho é formado por duas articulações: patelofemoral e
tibiofemoral, juntamente com um osso sesamoide, chamado de patela. Já o complexo do quadril
é formado pelos ossos ilíaco, sacro, ísquio, cóccix. Os ilíacos, com a base do sacro, formam a
articulação sacroilíaca. A articulação do quadril é formada pela cavidade acetabular, com a
cabeça do fêmur. A coluna vertebral é formadas por 33 ossos, divididos em regiões cervical,
torácica, lombar, sacral e cóccix.
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Por ser um osso sesamoide, a patela pode ser considerada como uma polia, que transmite
a tensão do tendão quadriciptal para o ligamento patelar. Em adição, desempenha várias funções,
dentre as quais se destacam centralizar a tensão do quadríceps em uma única ação, aumentar o
braço de alavanca durante a extensão e proporcionar proteção para a fáscia anterior do joelho.
Para se ter uma melhor ideia da importância da patela, esse osso aumenta o braço de alavanca do
quadríceps em 50% (HAMILL, 2012).
Dessa forma, em um equilíbrio posicional patelar, tibial e femoral, as forças resultantes
geram uma proteção ideal em uma articulação que é constantemente suscetível a cargas
compressivas. Ela é estabilizada por um sistema integrado de estruturas protetoras que permitem
a estabilidade local adequada e, dessa forma, mantêm as condições ideais de forças resultantes
articulares.
Dentro desse contexto de normalidade do movimento patelofemoral, a patela desliza
para superolateral durante a extensão do joelho. Já durante a flexão, ela desloca-se para inferior
e, no final dessa angulação, encontra-se inferolateral. Dessa forma, na medida em que o joelho
se flexiona a partir da posição estendida, o polo inferior entra em contato primeiro com o fêmur,
aos 20°. À medida que a flexão prossegue até os 90°, a área de contato inclui uma maior superfície
da porção da patela, e somente aos 135° é que a faceta medial patelar entra em contato com o
côndilo femoral medial (MOORE; AGUIAR, 2004).
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ENSINO A DISTÂNCIA
O alinhamento normal da extremidade inferior predispõe esse osso a uma força lateral
resultante do vetor da força do quadríceps e do vetor da força do tendão patelar, que é clinicamente
mensurada por um ângulo formado pela intersecção da espinha ilíaca anterossuperior (EIAS) até
o centro da patela e pela linha que vai da tuberosidade da tíbia até esse ponto, denominado ângulo
Q, com uma média de 15° em sua normalidade, podendo ser um pouco maior em mulheres. Um
aumento do ângulo Q maior que 20° é considerado anormal (NORDIN; FRANKEL, 2003).
As forças de reação na articulação patelofemoral são mensuradas pela compressão da
patela contra o fêmur e dependem do ângulo de flexão de joelho e do tipo de exercício existente,
seja em cadeia cinética aberta ou fechada.
A articulação patelofemoral é naturalmente predisposta a instabilidades, fato que
favorece que as forças exercidas na patela sejam direcionadas, muitas vezes, lateralmente.
Qualquer disfunção das estruturas contráteis, não contráteis e articulares adjacentes resulta no
deslocamento inadequado da patela em relação à tróclea femoral e, consequentemente, acarreta
desarranjos da articulação patelofemoral.
Conforme já mencionado, o conceito de função muscular é apenas uma base para
identificação das ações principais e secundárias dos tecidos contráteis.
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ENSINO A DISTÂNCIA
A cintura pélvica compreende três ossos separados: os dois ilíacos e o sacro. Constitui
o segmento que une o tronco com os membros inferiores. O osso ilíaco é formado a partir de
três ossos, o ílio, o ísquio e o púbis, os quais, quando unidos, contribuem para a formação do
acetábulo, sendo este naturalmente a carga durante a locomoção, visto que é a região que une os
membros inferiores com a cintura pélvica (HALL, 2009).
O acetábulo é uma concavidade em forma de bola e soquete, com a superfície coberta
de cartilagem articular, a qual favorece a maior proteção da região. Essa superfície articular
possui espessuras diferenciadas e apresenta paredes articulares anterior, posterior e superior
aprofundadas, as quais vão circundar a fossa acetabular (NETTER, 2000).
A região também contém o ligamento redondo, além do ramo da artéria obturadora.
Em adição, encontra-se aí o lábio acetabular, anel incompleto de fibrocartilagem que é fixado na
borda da cavidade acetabular. Além de auxiliar que a cavidade acetabular fique mais aprofundada,
ele contém em sua superfície terminações nervosas livres que participam dos mecanismos
nociceptivos e proprioceptivos (HAMILL, 2012).
O fêmur é o osso mais longo e mais pesado do corpo e articula-se em sua extremidade
proximal, por meio da cabeça femoral, com a região acetabular, formando a articulação
propriamente dita do quadril. A cabeça femoral é constituída por uma esfera que possui uma
cartilagem articular espessa em sua região medial para central e mais fina na periferia.
O colo do fêmur faz a conexão da cabeça femoral com o corpo do osso, sendo que seu
eixo é oblíquo para cima, para dentro e para frente, com a formação de um ângulo de inclinação
de 125° no adulto. O ângulo de inclinação forma com o plano frontal um ângulo de declinação
ou de anteversão de 10° a 30°, aberto para dentro e para cima (NETTER, 2000).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Dessa forma, a articulação do quadril é composta pela cabeça do fêmur e pelo acetábulo
da pelve e faz a junção do membro inferior ao tronco. Considerada como uma articulação
sinovial, do tipo bola e soquete, possui três eixos e três graus de liberdade, sendo indispensável
para o suporte e a transferência de peso durante marcha, corrida e outras importantes atividades
funcionais.
Essa articulação possui uma cápsula articular muito resistente que a envolve toda, tendo
fixação em torno do acetábulo, do colo do fêmur e da linha intertrocantérica. Para reforçar a
cápsula, ligamentos espessos encontram-se em sua adjacência, destacando-se anteriormente o
iliofemoral, inferiormente o pubofemoral, posteriormente o isquiofemoral e internamente o
redondo (NETTER, 2000).
Dante de todas essas características, a articulação do quadril proporciona uma estabilidade
intrínseca à região, tornando-a uma das mais estáveis do corpo, diferentemente da articulação
glenoumeral.
Os movimentos do quadril ocorrem em três planos: sagital (flexão-extensão), frontal
(abdução-adução) e transversal (rotação interna-rotação externa). Para que os movimentos do
quadril sejam realizados, é necessária a ação de um grupo complexo de músculos em torno da
articulação (HALL, 2009).
A flexão do quadril associada à extensão do joelho, realizada tanto ativa quanto
passivamente, é restrita pelos músculos isquiotibiais. A flexão passiva realizada com joelho
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ENSINO A DISTÂNCIA
Já a amplitude máxima de rotação externa é de 60°, sendo limitada pela tensão dos
rotadores internos e dos ligamentos iliofemoral e pubofemoral. Os músculos rotadores externos
são três vezes mais fortes do que os internos. Destacam-se glúteo máximo, glúteo médio, feixes
posteriores do glúteo mínimo, piramidal, obturador interno, obturador externo, quadrado
femoral, pectínio, feixe posterior do adutor magno, gêmeo superior e gêmeo inferior (HALL,
2009).
O quadril é a principal articulação responsável pela sustentação do peso corporal. As
forças compressivas que incidem sobre ele, na posição estática em bipedestação, são a somatória
da força do peso corporal e das forças musculares em torno do quadril.
Não se sabe exatamente como o estresse in vivo é distribuído na cabeça femoral normal,
mas indicações de mensurações de instrumentos protéticos de cabeça femoral in vivo mostram
que as superfícies anterior e medial transmitem mais carga durante as atividades de vida diária.
Uma grande preocupação é relacionada com os possíveis desgastes articulares do quadril,
que podem gerar uma osteoartrose e, consequentemente, a necessidade de uma intervenção
cirúrgica para a colocação de uma prótese total na região.
A quantidade de cirurgias para substituição da articulação do quadril tem aumentado
nos últimos anos, levando-se em conta o aumento da população com idade superior a 55 anos,
faixa etária com maior incidência de osteoartrose (NORDIN; FRANKEL, 2003).
Diante disso, temos que nos preocupar em entender quais procedimentos são necessários
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Com auxílio das facetas articulares, torna possível o movimento nos três planos. Por
causa das diferenças estruturais e das costelas são permitidos graus variáveis de movimentos
entre as vértebras adjacentes nas porções cervical, torácica e lombar.
Embora seja possível descrever características particulares para as vértebras de cada uma
das porções da coluna, todas elas possuem uma estrutura básica comum. Dessa forma, cada
uma é constituída por um anel ósseo que circunda o forame vertebral, sendo a parte anterior
constituída pelo corpo da vértebra. Já a parte posterior, denominada de arco vertebral, consiste
de um par de pedículos e um par de lâminas.
Os principais contatos entre as vértebras e que permitem sua mobilidade são os discos
intervertebrais que separam os corpos vertebrais, além das articulações facetárias direita e
esquerda entre os processos articulares superior e inferior.
Há importantes estruturas na coluna vertebral que, em conjunto com a musculatura que
ajuda a estabilizá-la, irão auxiliar na proteção da região. Entre elas, destacam-se o ligamento
longitudinal anterior (aderido aos corpos vertebrais e seus discos), o ligamento longitudinal
posterior (inserido nos discos), o ligamento amarelo (atravessa as vértebras e serve para proteger
o canal medular da invasão dos tecidos moles durante os movimentos da coluna), o ligamento
interespinhoso e a cápsula articular (orienta e limita os movimentos).
Em adição, têm-se os discos intervertebrais, os quais são formados pelo ânulo fibroso
e pelo núcleo pulposo e contribuem em um contexto geral como uma força associada para
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Morfologicamente, a cervical pode ser dividida em duas partes: superior (occipital, atlas
e áxis) e inferior (C2-C7). A primeira cervical, denominada de atlas, articula-se superiormente
com o occipital e inferiormente com o áxis.
Difere das outras por não possuir corpo vertebral: é constituído por duas massas laterais
unidas por um arco anterior e outro posterior.
Possui um tubérculo anterior, uma faceta articular para o processo odontoide e uma
faceta superior côncava voltada para cima e medialmente para articular com o occipital. Na face
inferior, encontra-se outra faceta côncava para articular com o áxis.
Na região mediana de cada maciço lateral, existe um pequeno e rugoso tubérculo, o qual
fornece o ponto de inserção do ligamento transverso do atlas. Este divide o forâmen em parte
anterior e posterior e passa por trás do processo odontoide do áxis. Na parte posterior, contém a
medula e as meninges.
Há outro forame mais lateral no processo transverso (o maior de todos os processos, para
facilitar a alavanca de rotação cervical) por onde passam a artéria vertebral e o nervo cervical.
Figura 4 - Características anatômicas do atlas. Fonte: Hall (2009). CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA | UNIDADE 3
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ENSINO A DISTÂNCIA
As articulações mais lesionadas no ser humano são joelho e coluna vertebral, pois
são as articulações que sofrem uma maior sobrecarga durante o exercício e por
conta da falta de uma postura adequada.
O que podemos melhorar para amenizar estes tipos de lesões nestas articula-
ções? Muitos faltam em treinos de força, mas será que só a força resolverá isso?
Este vídeo aborda sobre a coluna vertebral e suas respectivas divisões, é uma se-
quência de vídeos explicando desde o funcionamento e patologias.
Assista o vídeo: Coluna vertebral – Anatomia da coluna vertebral.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DZBcG8dgArA>.
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ENSINO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa unidade finaliza a parte da cinesiologia e as estruturas corporais com os complexos
articulares do joelho, quadril e coluna vertebral. Concluímos essa unidade especificando estas
estruturas com suas divisões, movimentações, musculaturas envolvidas e suas importâncias
dentro do corpo humano.
Agora que já temos um grande conhecimento sobre as estruturas corporais, ficará mais
fácil analisar os movimentos a partir da biomecânica.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................... 61
1. BIOMECÂNICA INTERNA...................................................................................................................................62
2. BIOMECÂNICA EXTERNA..................................................................................................................................63
3. ÁREAS DE ATUAÇÃO DA BIOMECÂNICA..........................................................................................................64
3.1 ANATOMIA FUNCIONAL E CINESIOLOGIA.....................................................................................................64
3.2 BIOMECÂNICA CLÍNICA .................................................................................................................................64
3.3 BIOMATERIAIS ................................................................................................................................................64
3.4 BIOMECÂNICA DA REABILITAÇÃO ................................................................................................................64
3.5 BIOMECÂNICA DO ESPORTE .........................................................................................................................65
4. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DO MOVIMENTO........................................................................65
4.1 CINEMETRIA.....................................................................................................................................................65
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4.2 DINAMOMETRIA..............................................................................................................................................67
4.3 ANTROPOMETRIA........................................................................................................................................... 71
4.4 ELETROMIOGRAFIA......................................................................................................................................... 72
4.5 DETERMINAÇÃO DAS FORÇAS INTERNAS...................................................................................................74
5. MECÂNICA DOS TECIDOS.................................................................................................................................78
6. CONCEITOS GERAIS..........................................................................................................................................79
7. TECIDO ÓSSEO...................................................................................................................................................82
8. CARTILAGEM ARTICULAR................................................................................................................................84
9. FIBROCARTILAGEM...........................................................................................................................................84
10. LIGAMENTO E TENDÃO...................................................................................................................................85
11. TECIDO MUSCULAR..........................................................................................................................................86
12. TORQUE E ALAVANCAS....................................................................................................................................87
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................92
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INTRODUÇÃO
A biomecânica é uma disciplina que estuda, investiga e analisa o movimento humano
usando a Física, particularmente a mecânica, como ferramenta para esta análise. Devido à sua
natureza, é compreensível que tenha como característica mais fundamental a interdisciplinaridade,
pois, para que seus estudos possam ser realizados, a biomecânica depende dos conhecimentos
provenientes de disciplinas mais básicas, como Matemática, anatomia, fisiologia e a própria Física.
Nos últimos anos vem aprimorando as técnicas de medição, armazenamento e
processamento de dados para a evolução das análises do movimento humano. Claro que o
desenvolvimento da biomecânica não depende somente dela, com isso, há um conjunto de
disciplinas cientificas que os ajudam nesta evolução. No caso da biomecânica pode-se observar
uma estreita relação entre as necessidades e exigências da prática do movimento humano
(AMADIO, 1996).
A biomecânica tem como objetivo estudar e analisar tanto a melhoria do rendimento
como a prevenção de lesões e a eficiência do movimento. A prevenção de lesões implica no
conhecimento das características do movimento analisado, de que forma o aparelho locomotor
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1. BIOMECÂNICA INTERNA
O objeto da biomecânica interna é investigar como podemos aumentar a resistência das
estruturas do corpo, buscando uma eficiência maior quando solicitamos uma realização de um
determinando movimento e/ou a prevenção das possíveis lesões nestas estruturas. Desta forma,
devemos ter um conhecimento dos materiais biológicos que as compõem e a magnitude destas
forças aplicadas a estas estruturas. Temos que ter conhecimento das seguintes estruturas: tecido
ósseo, cartilagem articular, fibrocartilagens, ligamentos, tendões e tecido muscular.
Portanto, estudos sobre o funcionamento físico das estruturas têm se baseado em medidas
experimentais. Devido as grandes dificuldades metodológicas de acessarmos o comportamento
biológico das estruturas internas. Com isso, o uso de termos de variáveis biomecânicas internas
se torna extremamente dependente de medições externas ao organismo. A Biomecânica tem um
campo amplo de interação com diversas áreas que se aplicam a análise do movimento, como
Educação Física, Fisioterapia, Medicina, Engenharia e a Física. Por se tratar de uma disciplina com
alta dependência de resultados experimentais, é premente que a biomecânica apresente grande
preocupação nos seus métodos de medição. Somente desta forma é possível buscar medidas
e métodos mais acurados e precisos para modelagem do movimento humano. Os métodos
Figura 1 - Foto de teste mecânico realizado com uma amostra de tecido ósseo para registrar as respostas mecânicas
e de resistência deste tecido. Fonte: adaptado de Nordin e Frankel (2003).
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2. BIOMECÂNICA EXTERNA
A biomecânica externa visa a análise e o estudo do aparelho locomotor como um todo
em interação com o meio ambiente. Para tanto, devemos saber como o movimento é produzido
pelos nossos músculos para aperfeiçoar a produção de força e potência de forma mais eficiente e
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3.3 Biomateriais
É uma área de atuação que se destina a analisar as forças presentes no movimento e sua
influência nas estruturas do aparelho locomotor, bem como a entender a influência que essas
forças têm na prevenção de lesões e nas adaptações nos tecidos biológicos. Para tanto, a análise
ocorre nos tecidos separadamente, bem como na interação complexa durante diversas situações
de movimento.
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4.1 Cinemetria
A cinemetria usa de métodos que permitem descrever o movimento a partir de parâmetros
cinemáticos do movimento, pelos quais se torna possível determinar a posição e a orientação
dos segmentos corporais, a velocidade e a aceleração do corpo ou dos seus segmentos. Assim, a
cinemetria descreve, mas não se ocupa em explicar as causas do movimento.
A descrição do movimento pode ocorrer considerando-se os dois tipos de movimento:
movimentos lineares ou de translação e movimentos de rotação. O movimento linear ocorre
quando todas as partes do corpo percorrem exatamente a mesma distância na mesma direção e ao
mesmo tempo. Esse movimento pode ser classificado como retilíneo ou curvilíneo, dependendo
da trajetória do corpo. O movimento de rotação ocorre quando um corpo se move ao longo de
um ponto circular (ponto fixo ou eixo) sobre uma linha no espaço e todas as partes se deslocam
no mesmo ângulo (HALL, 2009).
A cinemetria é basicamente composta pela utilização de procedimentos ópticos, com
imagem de marcadores indiretos. Essa técnica permite análise qualitativa do movimento
utilizando fotografias ou imagens. Entretanto, por meio do deslocamento dos segmentos do corpo
representados pelos pontos selecionados no corpo humano e do tempo, obtido pela frequência de
amostragem, é possível derivar grandezas e encontrar os valores correspondentes às velocidades
lineares e angulares e suas respectivas acelerações. Dessa forma, a cinemetria permite uma análise
biomecânica quantitativa do movimento.
A cinemetria pode ser desenvolvida utilizando-se técnicas de medição diretas ou indiretas.
As técnicas diretas não envolvem análise de imagens, mas utilizam sensores que capturam
diretamente informações sobre a variação angular de articulações planares e da aceleração
dos segmentos. A eletrogoniometria é uma técnica de medição direta que utiliza um sistema
composto por duas hastes flexíveis e um transdutor (potenciômetro de rotação), que registra a
variação angular das articulações que se movem como dobradiças (2D). Já o acelerômetro são
sensores que indicam a aceleração de um corpo ou de um segmento.
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O registro de imagens por câmeras constitui o procedimento indireto, uma vez que a
análise é feita após a imagem coletada pela reconstrução dos segmentos a partir dos pontos
digitalizados.
Esta análise pode ser visualizada no vídeo no qual uma coleta foi feita com um
indivíduo correndo em uma esteira rolante, enquanto registros são feitos do des-
locamento das articulações e das variações angulares das articulações de mem-
bros inferiores.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=V5p92e3FLwE>.
As variáveis cinemáticas que podem ser analisadas são deslocamentos, ângulos e tempos.
Quando essas variáveis são derivadas, ou seja, passam por procedimentos matemáticos, chamados
de derivação, são obtidos os dados de velocidade linear e angular e, quando são novamente
derivados (cálculo da segunda derivada), permite-se a análise das acelerações lineares e angulares.
As aplicações deste tipo de análise são vastas. É possível registrar o movimento para
reconstrução e visualização digital deste (Figura 2) ou calcular variáveis cinemáticas quantitativas
destes movimentos e compará-las com outras situações e sujeitos.
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Figura 2 - Marcação de pontos representativos das articulações de interesse que possibilitam a reconstrução da ima-
gem dos segmentos. Fonte: adaptado de Nordin e Frankel (2003).
4.2 Dinamometria
A dinamometria permite entender as causas do movimento, ou seja, estuda as forças que
iniciam e alteram o movimento humano. As características biomecânicas na fase de apoio de
Como exemplo, veja o vídeo no qual uma pessoa realiza um movimento básico de
deslocamento enquanto variáveis cinemáticas e dinâmicas são registradas em
tempo real. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=uqg9CEn8sJI&feature=related>.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 3 - Registro do componente vertical da FRS feita na plataforma de força. Nesse instrumento, é possível regis-
trar sucessivos apoios direitos e esquerdos para análise da continuidade, da simetria e da variabilidade do movimen-
to realizado. Fonte: o autor.
Figura 4 - FRS correspondentes a um ciclo da marcha, sendo Fx a componente no sentido vertical, Fy a componente
no sentido anteroposterior e Fz a componente no sentido médio-lateral. Fonte: o autor.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Na marcha, pode-se perceber que a componente vertical de força (Fax) apresenta dois
picos: o primeiro, associado ao momento do toque do pé com o solo, e o segundo, associado à
propulsão. Dessa forma, chama-se o primeiro pico de pico passivo e o segundo de pico ativo.
Ambos os picos apresentam uma magnitude de aproximadamente 1,3 vezes o peso corporal.
Entre esses dois picos existe uma deflexão, na qual o valor é menor que o peso corporal. Como,
no momento dessa deflexão o segmento está em apoio unilateral, o membro inferior contralateral
encontra-se em oscilação, com impulsos parciais em direção oposta ao membro de apoio
(AMADIO; DUARTE, 1996).
A plataforma de força pode ser também implementada em esteiras rolantes. O interessante
dessa estratégia é que, nesse instrumento, vários apoios consecutivos podem ser registrados, como
observado na Figura 4. A linha vermelha representa o apoio direito e a linha azul representa o
apoio esquerdo. Cada curva do gráfico representa um apoio e, entre as curvas, observa-se um
período no qual as duas linhas apresentam valores iguais a zero. Esses momentos representam a
fase aérea da corrida.
O conhecimento da FRS nas diversas modalidades esportivas contribui de forma
importante para entender a sobrecarga que será imposta ao aparelho locomotor. Em algumas
modalidades, os atletas produzem FRS que podem ultrapassar 16 vezes o peso corporal, como no
caso da segunda passada do salto triplo (AMADIO, 1989) (Tabela 1).
Tabela 1 - Valores do primeiro pico da componente vertical da FRS em algumas modalidades esportivas distintas. CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA | UNIDADE 4
Fonte: adaptado de Amadio (1989) e Baumann (1980).
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Esse tipo de instrumento pode ser utilizado para análise da marcha patológica, análise de
diferentes calçados etc. Isto é possível, pois as palmilhas registram a força aplicada em cada um de
seus sensores e a planta do pé é reconstruída com as magnitudes de força respectivas (Figura 5).
Figura 5 - Imagem obtida a partir da tela de computador com o software que gerencia o sistema de distribuição de
pressão. Fonte: Hall (2009).
No registro, observa-se uma escala de cores variando do azul escuro ao vermelho. Quanto
mais clara for a cor, aproximando-se do vermelho mais forte, maior é a magnitude de pressão
medida. A região em que a palmilha se encontra em branco indica que os sensores não foram
ativados. Observe que, em razão da fase de apoio da marcha, haverá maior ou menor área de
contato, levando a uma distribuição de pressão mais eficiente ou mais pobre.
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É possível notar, também, o avançar da força durante a fase de apoio, sendo essa uma
forma usada por muitos pesquisadores para analisar a trajetória do centro de pressão durante a
locomoção.
4.3 Antropometria
A antropometria é o método de investigação que se ocupa em determinar características e
propriedades do aparelho locomotor, como dimensões do corpo e de seus segmentos, distribuição
de massa, braços de alavanca, posições articulares, entre outros (AMADIO; DUARTE, 1996).
Dessa forma, a antropometria busca modelos que possam ser utilizados para representar
o corpo humano. Para tanto, torna-se necessária a obtenção de medidas médias de densidade
corporal por segmento, tamanho e proporção média dos segmentos corporais. Já a caracterização
e a determinação das propriedades da massa corporal e de seus segmentos permitem a avaliação
da distribuição dessa massa corporal, do centro de massa do corpo ou de cada segmento e do
momento de inércia do corpo ou de cada segmento corporal.
O centro de massa (CM) é o ponto no qual a massa do corpo está uniformemente
distribuída, ou seja, o torque resultante será igual a zero. O CM é um ponto abstrato que se move
na medida em que os segmentos corporais se movem em relação aos outros, conforme mostra a
Figura 6.
Figura 6 - Alteração do CM em função da movimentação dos segmentos corporais. Fonte: Hamill (2012).
O CM pode ser influenciado pelo tamanho da base de apoio, pela projeção do CM nessa
base de apoio, pela altura do CM e, ainda, pela massa corporal de cada indivíduo (HALL, 2009).
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4.4 Eletromiografia
A eletromiografia é um método de investigação da biomecânica que registra a atividade
elétrica associada à contração muscular e possui aplicação em várias áreas de atuação para a
solução de problemas. O sinal eletromiográfico (EMG) representa os potenciais de ação dos sinais
elétricos emanados pelo músculo (BASMAJIAN; DE LUCA, 1985), o que corresponde à somação
algébrica de todos os potenciais de ação de determinada área. A avaliação do sinal EMG pode
fornecer informações que contribuem significativamente para o entendimento da ação muscular,
pois pode indicar como o aparelho locomotor coordena a ação muscular no movimento. Esse
sinal é obtido por meio de eletrodos que fazem a conexão do corpo com o sistema de aquisição
e, por isso, representa a zona de detecção. Para a avaliação de músculos grandes e superficiais,
utilizam-se eletrodos de superfície e, para a avaliação de músculos profundos e pequenos, são
utilizados eletrodos de profundidade, como os de fio e agulha (SODEBERG; KNUTSON, 2000).
A Figura 7 mostras diferentes tipos de eletrodos utilizados para a captação do sinal EMG.
Figura 7 - Eletrodos utilizados para captação do sinal EMG. (a) eletrodo de superfície passivo; (b) eletrodo de super-
fície ativo; (c) eletrodo de profundidade em agulha; (d) eletrodo de profundidade em fio. Fonte: Marchetti (2007).
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De forma geral, é possível observar que os músculos apresentam uma atividade física ao
longo do ciclo da passada. Isso significa que os músculos não se encontram ativos durante todo o
período da passada, mas se ativam de forma coordenada em alguns momentos para movimentar
ou controlar as articulações durante o movimento humano.
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Figura 9 - Ilustração dos sensores do tipo strain gauges posicionados no tendão calcâneo para registrar as forças de
tensão aplicadas sobre a estrutura interna in vivo. Fonte: adaptado de Komi et al. (1987).
Figura 10 - Áreas para complexa análise do movimento humano. Fonte: adaptado de Amadio e Duarte (1996).
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Figura 11 - (A) antebraço do indivíduo segurando uma bola, mantendo uma posição de 90º de flexão do cotovelo,
(B) segmento antebraço-mão e (C) modelo simplificado que mostra as forças que atuam no sistema. Fonte: adaptado
de Smilth, Weiss e Lehmkuhl (1997).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Citando outro exemplo, pode-se ter como objetivo determinar a força muscular necessária
para que os músculos abdutores do ombro mantenham essa articulação a 90° de abdução.
Embora a contribuição dos músculos individuais não possa ser determinada, um único vetor da
força muscular (FM) resultante é, muitas vezes, usado para representar a soma de todas as forças
musculares de um modo simplificado. As forças externas incluem a tração gravitacional do peso
do segmento (PS). A localização do ponto de aplicação das forças FM e PS é determinada com o
uso de modelos antropométricos (NEUMANN, 2006).
Para descobrir a FM necessária para manter o ombro em 90° de abdução (contração
isométrica dos abdutores), são utilizadas as seguintes informações, obtidas de modelos
antropométricos:
Pressupondo que a força articular tenha um braço de alavanca muito pequeno, seu torque
será desprezado.
Na Figura 12 é apresentado o diagrama de corpo livre dessa situação e, na sequência, são
apresentados os cálculos de determinação da FM.
Figura 12 - Representação de um ombro e um segmento superior para análise de diagrama de corpos libres e cálculo
da força muscular (FM). Fonte: Hamill (2012).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Em geral, quando a modelagem é utilizada para cálculo das forças internas, é necessário
que haja simplificação e aproximação, caso contrário, o problema se torna intratável e sem solução,
pois o número de variáveis desconhecidas será maior do que o número de variáveis conhecidas.
Entretanto, o desenvolvimento de modernas técnicas para quantificar o movimento humano e a
computação têm capacitado a utilização de modelamentos cada vez mais complexos.
Como visto anteriormente, para estimar as forças internas, são utilizadas equações de
modelagem resolvidas inversamente, técnica conhecida como dinâmica inversa. Para tanto, são
medidos experimentalmente os dados das posições dos segmentos e calculadas as suas derivadas
para obter a velocidade, e com o cálculo da segunda derivada se obtém a aceleração. A partir disso,
as variáveis cinemáticas podem ser obtidas nas equações de movimento. Além dessas variáveis,
são utilizados os dados de força de reação do solo (FRS), obtidos na plataforma de força. Todavia
outras variáveis conhecidas, que dizem respeito às características antropométricas do aparelho
locomotor, precisam alimentar as equações. Esses modelos antropométricos fornecem dados,
como o comprimento relativo dos segmentos, a massa relativa, a localização do centro de massa
e o momento de inércia.
Com essas variáveis, os torques e as forças internas articulares resultantes podem ser
calculados pelo método da dinâmica inversa, usando diagramas de corpos livres, conforme
comentado anteriormente.
A formulação de modelos físico-matemáticos é, atualmente, uma das principais tarefas
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ENSINO A DISTÂNCIA
6. CONCEITOS GERAIS
A biomecânica investiga várias estruturas, dentro delas a biomecânica interna, analisando
estruturas como: tecido muscular, ligamentos, tecido ósseo, fibrocartilagem, cartilagem articular
e tendões. Para melhor entendimento das respostas biológicas, será necessário avaliar os tipos
de forças e por onde serão aplicadas nas estruturas. Segundo Hall (2009), sofremos alguns tipos
de forças, essas forças que agem nas estruturas são chamadas de solicitações mecânicas. Estas
solicitações mecânicas são conhecidas como: envergamento ou flexão, compressão, deslizamento
ou cisalhamento, tração e torção ou até mesmo combinadas (Figura 13).
Figura 13 - Tipos diferentes de forças às quais os materiais podem ser impostos. Fonte: adaptado de Hall (2009).
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ENSINO A DISTÂNCIA
Compressão são duas forças aplicadas na mesma direção, porém em sentidos opostos
a uma magnitude está encontrada no centro da estrutura. Sua característica é a aproximação,
gerando o esmagamento da estrutura. Um exemplo clássico do esmagamento sobre o corpo
humano é a força da gravidade, onde faz o achatamento dos discos intervertebral, saudando uma
possível hérnia de disco.
Tração ou tensão é a força que age nas extremidades das estruturas, como a compressão,
porém sua diferença é o afastamento da mesma. Também terá sempre duas forças agindo na
mesma direção, mas com sentidos opostos. Um exemplo é a barra fixa, a gravidade nos puxa para
baixo e a barra nos traciona para cima (HAMILL, 2012).
Envergamento ou flexão é a ação de uma ou mais forças agindo na estrutura tentando
curvá-la, com o intuito de dobrar. A magnitude deste estresse é proporcional à sua distância
do eixo do osso, ou seja, quanto maior for a distância do eixo maior a magnitude (NORKIN;
FRANKEL, 2003). Ação da força de flexão juntamente com a força de tração com uma força de
compressão. Um exemplo bem típico é o exercício de supino na musculação, quando a barra faz
a força no braço e antebraço, caso fosse menos rígido, os segmentos curvariam cedendo até que
a barra tocasse no peito.
O deslizamento ou cisalhamento são forças tangenciais e opostas aplicada em uma
direção angular. O cisalhamento ocorre em situações de movimento articular, em que os ossos
se deslocam em contato um com o outro. Um exemplo clássico ocorre no fêmur, exatamente no
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ENSINO A DISTÂNCIA
Para Hall (2009), se a magnitude desta carga ou a intensidade estiver alta, teremos que
controlar a frequência desta carga aplicada para diminuir os riscos de qualquer tipo de lesão nas
estruturas. Pois com cargas altas aplicadas em excesso, a probabilidade de desenvolver uma lesão
será grande. Embora não possamos dar garantia de que a lesão ocorrerá, temos em conta outros
fatores que influenciam diretamente, como: característica e tipos de carga, estrutura do aparelho,
resistência nos tecidos em função dos níveis de condicionamento físico de cada indivíduo entre
outros.
Temos dois tipos de lesões: aguda e crônica. As lesões agudas são conhecidas como
traumáticas ou, melhor dizendo, diretas, aquelas nas quais a magnitude da força é alta, sendo que
com uma aplicação de força já pode ocorrer uma lesão. Exemplo disso é uma série de musculação,
em que lesionamos o tecido muscular, causando uma inflamação. Também podemos chamar as
lesões crônicas de lesão por esforço repetitivo, a magnitude da carga não é elevada, mas, em
contrapartida, o número de repetições são altas, causando um overtraining. Exemplo disso são
as lesões em maratonistas e triatletas pelo fato de os treinos serem longos e repetitivos. Esta
aplicação de carga, por ser de baixa magnitude, as repetições são de grande quantidade, causando
microtraumas que não representam risco, mas em conjunto, com a somatória destas forças
aplicadas, podem gerar uma sobrecarga no aparelho locomotor, causando lesões por estresse
(HALL, 2009). Entretanto uma sobrecarga da atividade física por si só não é prejudicial ao corpo,
nas condições adequadas, pois os microtraumas produzidos do treinamento serão regenerados
rapidamente e ainda ajudarão, gradualmente, a dar estímulos para melhoria da resistência do
tecido. Para Gomes (2009), quando a sobrecarga é alta, o tempo de recuperação terá que ser na
mesma magnitude, já se a recuperação não for proporcional a esta magnitude podemos chamar
de recuperação incompleta, que, na somatória, poderá levar a uma lesão por estresse.
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Desta forma, temos que ter em consideração o condicionamento físico de cada indivíduo,
sendo que, uma pessoa bem condicionada consegue aguentar uma sobrecarga bem maior,
comparado com uma pessoa mal condicionada, devido às adaptações adquiridas nos tecidos,
tornando-os mais resistentes à magnitude, carga e volume maior. Por isso temos que considerar
cargas altas ou baixas quando aplicadas em excesso num curto período de tempo, podemos
aumentar significativamente o índice de lesões (GOMES, 2009).
7. TECIDO ÓSSEO
Tem como função: sustentação, áreas de fixação, armazenamento, alavancas e formação
de células sanguíneas. Os ossos protegem o cérebro e os órgão internos, mas também armazenam
gorduras e minerais e, finalmente, a formação de células sanguíneas. O tecido ósseo é de material
notável e leve, tendo propriedades de sustentação e de movimento, é composta uma matriz de
sais inorgânicos e colágeno e um material orgânico encontrado em todo o tecido conjuntivo
(NIGG; HERZOG, 2006; NORDIN; FRANKEL, 2003).
As células ósseas são os osteócitos, divididos em dois tipos: osteoblastos e osteoclastos
que são responsáveis pela remodelagem óssea. Os osteoclastos são as células responsáveis pela
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ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 15 - Curva de estresse deformação do osso que representa a resposta do tecido submetido a um teste mecâni-
co de compressão. Dois tipos de respostas podem ser observados, respostas elásticas (A-B) e resposta plástica (B-C),
antes de ocorrer a fratura (C). Fonte: adaptado de Nordin e Frankel (2003).
Figura 16 - Máxima carga tolerada pelo tecido óssea até a fratura nos diferentes tipos de solicitações mecânicas.
Resultado obtido a partir de testes mecânicos. Fonte: adaptado de Hall (2009).
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A Figura 16 ilustra a magnitude de um estresse máximo que um osso pode suportar para
uma fratura com ação da força de compressão, tensão e força de cisalhamento. Percebe-se que a
magnitude de força de compressão é superior às demais. Com isso, os seres humanos têm uma
resistência maior à força de compressão, comparado com as outras solicitações mecânicas, pois
estamos em constante estresse da gravidade.
8. CARTILAGEM ARTICULAR
Cartilagem articular ou cartilagem hialina é uma substância avascular que consiste em
60 a 80% de água e em uma matriz sólida composta de colágeno e proteoglicano. A cartilagem
articular é encontrada nas extremidades dos ossos que compõem as articulações sinoviais
(HAMILL, 2012) (Figura 17). As propriedades da cartilagem a tornam bastante apropriada
para resistir às forças de cisalhamento, pelo fato de o tecido responder às cargas de maneira
viscoelástica. A cartilagem é importante para a estabilidade e funcionamento de uma articulação,
porque esse tecido distribui as cargas pela superfície e reduz pela metade as forças de contato.
Desta forma, com sua superfície lisa e banhada por líquido sinovial, faz com que o atrito diminua
e minimize ao máximo o desgaste da articulação, tornando o movimento mais fácil e econômico
Figura 17 - Ilustração de uma articulação do joelho, na qual se observa que todas as extremidades ósseas que inte-
ragem entre si, por meio de contato, apresentam cartilagem articular recobrindo-as. Fonte: adaptado de Hall (2009).
9. FIBROCARTILAGEM
Outro tipo de cartilagem é a fibrocartilagem, frequentemente existente onde a cartilagem
articular encontra um tendão ou ligamento. Seu funcionamento é como de um intermediador
entre a cartilagem e outros tecidos conjuntivos (HAMILL, 2012). Elas podem formar anéis, como
nos discos intervertebrais, ou formar uma meia lua, como nos meniscos. (HALL, 2009). São
formadas por fibras de colágeno concêntricas.
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O joelho possui dois meniscos chamados de menisco medial e lateral. Têm um formato
diferente dos discos intervertebrais, pois acompanham e possibilitam encaixar os côndilos do
fêmur (DUFOUR, 2003). O menisco tem algumas funções, mas destaca-se a melhora do encaixe
entre o fêmur e a tíbia, possibilitando uma melhor estabilidade desta articulação e distribuir, de
maneira mais harmoniosa, as forças, diminuindo o estresse articular e a pressão (HALL, 2009;
NORDIN; FRANKEL, 2003; WHITING; ZERNICKE, 2001).
Já os discos intervertebrais possuem a fibrocartilagem anelar, que forma o anel fibroso, e
no interior apresenta o núcleo pulposo. O núcleo é formado basicamente de água e proteoglicanos.
A função dos discos é restringir movimentos excessivos e distribuição de cargas mecânicas
(NORDIN; FRANKEL, 2003). Já o núcleo pulposo apresenta características hidrostáticas pelo
fato de ser um gel, seu papel é distribuir as cargas no anel fibroso. Quando há uma compressão,
o núcleo expande para todas as direções, aplicando uma carga uniforme para toda extensão do
disco (Figura 18).
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A primeira fase está representada pelo alinhamento das fibras. Quando não estão sendo
tracionadas, as estruturas têm à disposição ondulada e relaxada. Com uma carga de tração
pequena, temos o alinhamento destas estruturas e elas encontram-se alinhadas e esticadas. Na
fase 2, conhecida como fase de resposta linear, as fibras respondem a força de tração por meio de
alongamento. Já a fase 3 representa o instante em que as fibras de colágeno são aleatoriamente
rompidas na sua extensão e há um aumento gradativo da resistência para que não haja rupturas
dessas estruturas. Fase na qual podemos chamar de falha ou microfalha. E por último, a quarta
fase que representa a ruptura total das fibras, pelo fato de ter atingido a carga máxima e as
estruturas não foram capazes de responder ao estímulo (NORDIN; FRANKEL, 2003).
É importante saber qual o limite superior das cargas aplicadas para que não haja rupturas
das estruturas. A carga máxima tolerada é superior que nas condições fisiológicas das estruturas
normais (NORDIN; FRANKEL, 2003). Segundo Fung (1993), quando executamos uma atividade,
como corrida ou salto, as cargas máximas correspondem a 30% da carga necessária para causar
uma ruptura total das estruturas. A ruptura é possível, não pela magnitude e sim pela associação
de fatores determinantes para a lesão nos tecidos.
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O músculo é formado por fibras musculares. Essas fibras podem ser cilíndricas,
longas, multinucleadas e nestas estruturas temos as miofibrilas. Com um grande número de
miofibrilas formamos as fibras musculares, as miofibrilas são posicionadas em paralelos. Para
formar a miofibrilas, são necessários diversos sarcômeros em série e dentro destes sarcômeros
encontramos os filamentos actina (filamento fino) e a miosina (filamento grosso). O sarcolema
é uma membrana elástica fina que recobre as fibras musculares, essas fibras musculares são
cobertas por uma membrana chamada de endomísio. Quando agrupamos essas fibras musculares
formamos os feixes, chamados de fascículo, que são recobertos por uma membrana chamada
perimísio. O ventre muscular é todo conjunto dos fascículos, recobertos por uma membrana
chamada epimísio (ENOKA, 2000; HALL, 2009; NORDIN; FRANKEL, 2003).
O músculo possui três componentes: componente contrátil (filamentos actina e miosina),
componente elástico em paralelo (epimísio, perimísio e endomísio) e componente elástico em
série (tendões).
A contração muscular ocorre devido a um potencial de ação (estímulo), fazendo com
que haja uma despolarização da membrana e, assim, todo o processo químico ocorre. Logo após
as reações químicas, os filamentos de tropomiosina deslizam, liberando os filamentos de actina
para que os filamentos de miosina se conectem nos filamentos de actina, formando as pontes
cruzadas. Desta forma, a cabeça da miosina faz o deslocamento, puxando os filamentos de actina,
fazendo com que haja o encurtamento dos sarcômeros (ENOKA, 2000; HALL, 2009; HAMILL;
<https://www.youtube.com/watch?v=Klq_6JaTBBs>.
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Figura 20 - Ilustração de um sistema de alavanca, na qual um bíceps braquial produz um torque muscular (Tm) so-
bre a articulação do cotovelo (centro de rotação). Este torque deriva do produto da força muscular (Fm) com o braço
de alavanca deste mesmo músculo (d┴) para a articulação do cotovelo. Fonte: adaptado de Hall (2009).
Figura 21 - Representação dos três tipos de alavancas possíveis: interfixa, interresistente e interpotente. Estas ala-
vancas representam a disposição distinta que seus elementos, eixos, força muscular (M) e força peso (P) podem
apresentar. Fonte: adaptado de Hall (2009).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa unidade concluímos sobre as divisões que a biomecânica apresenta, seus métodos
e os instrumentos utilizados para análise do movimento humano. Tendo em conta que essas
análises vão depender dos métodos que irão ser utilizados e o que queremos investigar, quais
respostas queremos verificar e em quais tecidos.
Agora com o domínio da Cinesiologia e Biomecânica, podemos ter uma visão sobre
como o corpo humano funciona e de que forma o movimento surge, os tipos de movimentos
envolvidos no corpo humano, as cargas sofridas pelas forças externas e interna. Entretanto,
buscamos sempre analisar as respostas sofridas pelo estresse mecânico e, assim, podendo evitar
lesões.
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REFERÊNCIAS
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humano. São Paulo: Laboratório de Biomecânica, EEFUSP, 1998.
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Barueri, SP: Manole, 2002.
CARR, G. Biomecânica dos esportes: um guia prático. Barueri, SP: Manole, 1998.
CLÍNICA FISIO SPORTS. Aparelho que mensura a força isocinética. 2014. Disponível em:
<http://www.clinicafisiosportsam.com.br/equipamentos-index.php>. Acesso em: 01 jul. 2019.
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REFERÊNCIAS
ENOKA, R. M. Bases neuromecânicas da cinesiologia. 2. ed. São Paulo: Manole: 2000.
HOFFMAN, S. J.; HARRIS, J. C. (Org.). Cinesiologia: o estudo da atividade física. Porto Alegre,
Artmed, 2002.
KAPANDJI, A. I. Fisiologia articular: membro superior. 5. ed. São Paulo: Manole, 1990.
KENDALL, F. P.; MCCREARY, E. K. Músculos: provas e funções. 3. ed. São Paulo: Manole: 1987.
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REFERÊNCIAS
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reabilitação física. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2006.
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Barueri, SP: Manole, 1997.
THOMPSON, C.W.; FLOYD, R. T. Manual de Cinesiologia Estrutural. 14. ed. São Paulo:
Manole. 2006.
WINTER, D. A. Biomechanics and motor control of human movement. New York: John Wiley
& Sons, 1990.
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