Cinesiologia e Biomecânica - EAD

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CINESIOLOGIA E

BIOMECÂNICA
PROF. ME. JOSÉ RENATO M. LELIS
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR

Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Diretoria EAD:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Dra. Gisele Caroline
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Novakowski
Primeiramente, deixo uma frase de Só- PRODUÇÃO DE MATERIAIS
crates para reflexão: “a vida sem desafios não
vale a pena ser vivida.” Diagramação:
Alan Michel Bariani
Cada um de nós tem uma grande res- Thiago Bruno Peraro
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos,
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica Revisão Textual:
e profissional, refletindo diretamente em nossa Felipe Veiga da Fonseca
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Luana Ramos Rocha
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente Marta Yumi Ando
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam Produção Audiovisual:
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Adriano Vieira Marques
cia no mercado de trabalho. Eudes Wilter Pitta Paião
Márcio Alexandre Júnior Lara
De fato, a tecnologia e a comunicação Osmar da Conceição Calisto
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e Gestão de Produção:
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.

Que esta nova caminhada lhes traga


muita experiência, conhecimento e sucesso.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA

INTRODUÇÃO À CINESIOLOGIA –
MEMBROS SUPERIORES
PROF. ME. JOSÉ RENATO M. LELIS

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................................4
1. CLASSIFICAÇÃO PLANAR DA POSIÇÃO E DO MOVIMENTO...........................................................................5
2. TERMINOLOGIA DA MOBILIDADE ARTICULAR...............................................................................................8
3. TIPOS DE CONTRAÇÕES MUSCULARES......................................................................................................... 10
4. MEMBROS SUPERIORES.................................................................................................................................. 12
4.1 COMPLEXO ARTICULAR DO OMBRO............................................................................................................. 12
4.2 MOVIMENTOS DO COMPLEXO DO OMBRO................................................................................................. 14
4.3 MOVIMENTAÇÃO DA ESCÁPULA................................................................................................................... 15
4.4 MÚSCULOS DA ARTICULAÇÃO DO COMPLEXO DO OMBRO...................................................................... 16
4.5 COMBINAÇÃO ENTRE OS MOVIMENTOS: OMBRO E CINTURA ESCAPULAR.......................................... 17
5. COMPLEXO ARTICULAR DO COTOVELO......................................................................................................... 17
5.1 SUPORTE LIGAMENTAR.................................................................................................................................. 18
5.2 OS MOVIMENTOS DO COMPLEXO DO COTOVELO ..................................................................................... 19
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................23

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INTRODUÇÃO
A cinesiologia, a biomecânica e o treinamento físico são três disciplinas teórico-práticas
relacionadas ao estudo e ao aprimoramento do movimento humano ou do corpo humano em
si para realizar este movimento. Em primeira instância, pode parecer que estas três disciplinas
pouco têm em comum, mas a verdade é que elas são complementares e apresentam alto grau de
interdependência.
A cinesiologia e a biomecânica podem ser entendidas como disciplinas que buscam
a caracterização e o funcionamento do movimento humano e do aparelho locomotor. Já o
treinamento físico destina-se a buscar a forma ou a estratégia mais eficiente para aperfeiçoar o
movimento humano e/ou o aparelho locomotor (AMADIO; DUARTE, 1998). Como exemplo,
pode-se citar a corrida. A cinesiologia e a biomecânica serão importantes para descrever de que
forma o corpo humano realiza este movimento, quais movimentos especificamente são realizados
e em quais articulações, quais músculos atuam para a movimentação destas articulações, de que
forma esses músculos se ativam em sincronia para a realização dos movimentos, quais forças são
produzidas e recebidas pelo corpo humano etc. (ENOKA, 2000). Por sua vez, o treinamento físico,

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usando a compreensão dessas características, elabora estratégias para desenvolver a capacidade
do aparelho locomotor em realizar esses movimentos. É somente na compreensão de como o
movimento ocorre e de como os músculos produzem energia e potência para ele que se pode
pensar em possibilidades para aprimorar o movimento humano (AMADIO; DUARTE, 1998).
Nesse sentido, este módulo destina-se a discutir as características destas três disciplinas
e a forma como o movimento pode ser investigado nelas e a entender a importância em se ter
conhecimento proveniente de tais disciplinas para trabalhar com o movimento humano. Também
se busca entender como o movimento humano pode ser estudado, quais são as técnicas usadas
para a produção de conhecimento nestas disciplinas e suas principais características. Por último,
o módulo destina-se a oferecer uma visão geral da forma como o conhecimento científico de
qualidade pode ser obtido a partir da internet, em revistas cientificas, bem como a desenvolver
uma análise crítica imprescindível para a contínua formação acadêmica dos profissionais que
atuam com áreas relacionadas especificamente ao movimento humano.
A cinesiologia é o estudo do movimento. A origem da palavra é grega: kinesis (mover)
e ologia (estudar). A cinesiologia baseia-se em três grandes áreas do conhecimento: a anatomia,
a biomecânica e a fisiologia. A anatomia é a ciência relacionada às diversas estruturas e formas
do corpo humano e suas partes, a biomecânica descreve a analisa o movimento a partir dos
princípios da Física e a fisiologia é o estudo biológico dos organismos vivos (HALL, 2009).
As cinco principais áreas da cinesiologia são:

1. Cinesiologia estrutural e funcional: tem por objetivo estudar as diferentes estruturas


corporais (ossos, articulações e músculos), analisando de que forma essas estruturas atuam
no movimento.
2. Fisiologia: estuda aspectos fisiológicos relacionados à produção do movimento, por
exemplo, ao avaliar quais trocas metabólicas são necessárias para a contração muscular.
3. Biomecânica: estuda o movimento a partir dos princípios da Física – mais precisamente,
da mecânica clássica.
4. Cinesiologia do desenvolvimento: avalia a influência do movimento no desenvolvimento
humano (desde o nascimento até a morte).
5. Cinesiologia psicológica: estuda o movimento a partir das alterações psicológicas de um
indivíduo.

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1. CLASSIFICAÇÃO PLANAR DA POSIÇÃO E DO


MOVIMENTO
Para a descrição cinesiológica, os movimentos planares são apresentados em planos
anatômicos de referência, chamados de planos cardinais. Os planos cardinais compreendem três
planos imaginários perpendiculares, que dividem o corpo pela metade em termo de suas massas.

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Figura 1 - Classificação dos eixos. Fonte: Thompson (2007).

1. Plano sagital: divide o corpo em lado esquerdo e lado direito. São exemplos de
movimentos que ocorrem nesse plano a flexão e a extensão. A Figura 2 mostra movimentos de
flexão e extensão da articulação do ombro.

Figura 2 - Movimento de flexão e extensão. Fonte: Thompson (2007).

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2. Plano frontal: divide o corpo em metade anterior e metade posterior. Como exemplo,
podem-se citar os movimentos de abdução e adução que ocorrem nesse plano. A Figura 3 mostra
movimentos de abdução e adução da articulação do quadril.

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Figura 3 - Movimento de abdução e adução. Fonte: Thompson (2007).

3. Plano transversal: divide o corpo em metade superior e metade inferior. São exemplos
os movimentos de rotação externa e interna, realizados nesse plano. A Figura 4 mostra movimentos
de rotação externa e interna da articulação do quadril.

Figura 4 - Movimento de rotação interna e rotação externa. Fonte: Thompson (2007).

Mesmo que a maioria dos movimentos não ocorra exclusivamente em um plano, os


planos cardinais representam uma maneira útil de descrever diversos movimentos.

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Uma forma especial de deslocamento geral envolve o movimento circular de um


segmento corporal. Esse movimento é chamado de circundução e representa a combinação
dos movimentos de flexão, extensão, abdução e adução, que resulta em uma trajetória cônica
do segmento corporal móvel. A Figura 5 ilustra o movimento de circundução que ocorre na
articulação metacarpofalangeana.

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Figura 5 - Movimento de circundução. Fonte: Thompson (2007).

Além disso, quando um segmento se movimenta, ele gira ao redor de um eixo imaginário
de rotação, que é conhecido como eixo anatômico de referência. Os três eixos anatômicos são:
eixo frontal (ou mediolateral), perpendicular ao plano sagital, eixo sagital (ou anteroposterior),
perpendicular ao plano frontal, e eixo longitudinal (ou eixo vertical), perpendicular ao plano
transversal, conforme ilustra a Figura 6.

Figura 6 - Classificação dos eixos. Fonte: Thompson (2007).

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2. TERMINOLOGIA DA MOBILIDADE ARTICULAR


Alguns movimentos podem ser classificados como gerais, na medida em que ocorrem
em várias articulações do corpo. Tais movimentos são a flexão, a extensão, a abdução, a adução,
a rotação externa, a rotação interna e a circundução.
Na flexão ocorre o deslocamento do segmento corporal para o sentido anterior do corpo.
A exceção para esse conceito está na articulação do joelho. A extensão representa a volta da
flexão, em que o segmento corporal se desloca para o sentido posterior do corpo. Alguns textos
classificam o movimento do segmento no sentido posterior do corpo, além da posição anatômica,
como hiperextensão.
O movimento de abdução acontece quando o segmento corporal se afasta da linha média
do corpo. A adução é o movimento que representa o retorno da abdução, ou seja, ocorre quando
o segmento se aproxima da linha média do corpo.
O movimento de rotação externa (também conhecido como rotação lateral) ocorre
quando a região anterior do segmento corporal se afasta da linha média. Já o movimento de
rotação interna (ou rotação medial) ocorre quando a região anterior do segmento corporal se
aproxima da linha média.
O movimento de circundução, como exposto anteriormente, só é possível se houver

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combinação de movimentos nos planos sagital e frontal (flexão, extensão, adução e abdução). É
um movimento em forma de cone, em que o vértice representa a articulação e a base é o desenho
formado pelo segmento corporal.
Além desses movimentos, diferentes articulações produzem alguns movimentos mais
característicos, chamados de movimentos específicos. Na cintura escapular, temos movimentos
de rotação superior e rotação inferior da escápula e de elevação e depressão escapular (além dos
movimentos gerais de adução e abdução), conforme mostra a Figura 7.

Figura 7 - Movimentação da cintura escapular. Fonte: Thompson (2007).

A rotação superior (rotação para cima) da escápula ocorre quando a espinha da escápula
gira para cima, e a rotação inferior (rotação para baixo) da escápula ocorre quando a espinha
da escápula gira para baixo. A elevação escapular ocorre quando a escápula, como um todo, se
movimenta para região superior. Ao contrário, a depressão escapular ocorre quando a escápula
se desloca para região inferior.

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No ombro temos, além dos movimentos gerais, os movimentos específicos de flexão


horizontal (ou adução horizontal) e extensão horizontal (ou abdução horizontal). A extensão
horizontal ocorre a partir de uma posição de 90° de flexão do ombro, quando um movimento no
plano transversal faz que o segmento se desloque da posição anterior para a posição lateral. A
flexão horizontal também ocorre no plano transversal e representa um deslocamento do segmento
da posição lateral para anterior, a partir de 90° de abdução do ombro. Esses movimentos estão
ilustrados na Figura 8.

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Figura 8 - Movimento de adução horizontal e abdução horizontal. Fonte: Thompson (2007).

Na articulação rádio-ulnar, temos os movimentos específicos de rotação conhecidos como


supinação e pronação, que são movimentos no plano transversal correspondentes às rotações
externa e interna, respectivamente.
Nas articulações da coluna vertebral, temos os movimentos específicos de flexão lateral
para a direita, flexão lateral para a esquerda, rotação para a esquerda e rotação para a direita. As
flexões laterais são movimentos no plano frontal que ocorrem a partir da lateralização do tronco.
Os movimentos de rotação do tronco ocorrem no plano transversal, sendo que a rotação para a
direita ocorre quando a região anterior do corpo se desloca para a direita, enquanto, na rotação
para a esquerda, a região anterior do corpo se desloca para a esquerda.
Na articulação do tornozelo temos os movimentos específicos de flexão plantar, flexão
dorsal, inversão e eversão. O movimento de aproximação do dorso do pé em direção à perna
se chama flexão dorsal (ou dorsiflexão/pé de palhaço). O movimento oposto, que fazemos
quando ficamos “na ponta dos pés”, representa a flexão plantar (ou plantiflexão/pé de bailarina).
O movimento de rotação externa da região plantar é conhecido como eversão (dedo mínimo
aponta para cima), enquanto a rotação interna da região plantar é conhecida como inversão
(dedão aponta para cima).

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Na articulação subtalar ocorre a pronação e a supinação, sendo que a pronação


corresponde a uma combinação de eversão, abdução e flexão dorsal, enquanto a supinação
representa a combinação dos movimentos de inversão, adução e flexão plantar.

3. TIPOS DE CONTRAÇÕES MUSCULARES


As contrações musculares podem ser classificadas como isométricas, isotônicas (do tipo
concêntrico ou excêntrico) e isocinéticas.
Na contração isométrica não existe alteração do comprimento muscular, apesar de o
músculo produzir tensão. Dessa forma, não há alteração macroscópica no ângulo de determinada
articulação. Por isso, as contrações isométricas são frequentemente chamadas de contrações
estáticas ou de sustentação. Esse tipo de contração mostra-se indispensável para estabilizar as
articulações.

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Figura 9 - Contração muscular isométrica. Fonte: Cabeço Negro (2015).

O termo isotônico deriva do grego e representa “igual tensão”. Contudo, apresenta um


significado incorreto, na medida em que esse tipo de contração envolve variação da tensão
muscular ao longo da amplitude de movimento. Apesar de o peso permanecer o mesmo através
de todo o movimento, as necessidades de tensão no músculo alteram-se continuamente durante
toda a amplitude de movimento. Nas contrações isotônicas, existe alteração no comprimento
muscular, sendo que na contração isotônica concêntrica há diminuição do comprimento
muscular, enquanto na contração isotônica excêntrica há o aumento do comprimento do
músculo. Como exemplo de contração concêntrica pode-se citar a contração dos flexores do
cotovelo quando um indivíduo leva um copo de água até a boca. As contrações concêntricas
estão associadas à aceleração do movimento. A contração excêntrica dos flexores do cotovelo
ocorre, por exemplo, quando desejamos colocar um copo de água em cima da mesa. Este tipo de
contração está relacionado à desaceleração do movimento.
A Figura 10 mostra o músculo bíceps braquial no seu comprimento normal, em contração
concêntrica (com diminuição do comprimento) e em contração excêntrica (com aumento do seu
comprimento).

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Figura 10 - Bíceps braquial no seu comprimento de repouso (a), com diminuição do comprimento (b) e com
aumento do seu comprimento (c). Fonte: Hall (2007).

A contração do tipo isocinética ocorre quando a velocidade de movimento permanece


constante. Esse tipo de contração ocorre com precisão apenas quando um dispositivo
eletromecânico (um dinamômetro isocinético) é utilizado. Esse equipamento limita a velocidade
de movimento a alguma velocidade angular pré-estabelecida, independentemente da força
exercida pelos músculos que estão se contraindo (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997).

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Figura 11 - Aparelho que mensura a força isocinética (dinamômetro isocinético). Fonte: Clínica Fisio Sport (2014).

Este módulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos da Cinesiologia e


Biomecânica, como o conhecimento dos Membros Superiores (MMSS), Membros Inferiores

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(MMII), Planos e eixos, Articulações, Músculos e suas ações, Torques e Alavancas e Análises
biomecânicas do movimento humano.

4. MEMBROS SUPERIORES

4.1 Complexo Articular do Ombro


O ombro é a articulação mais completa do corpo humano, principalmente pelo fato
de compreender cinco articulações distintas, sendo três verdadeiras: articulação glenoumeral,
articulação esternoclavicular e articulação acromioclavicular, sendo formadas por três ossos, o
úmero, a clavícula e a escápula. Entretanto possuímos mais duas articulações falsas: articulação
coracoclavicular e articulação escapulotorácica (MOORE; AGUIAR, 2004).
A articulação glenoumeral é a junção da cabeça do úmero com a cavidade glenoidal da
escápula, tem formato esferoidal (bola-soquete) e é considerada a principal articulação do ombro
(HALL, 2009).

Figura 12 - Articulação glenoumeral. Fonte: Kenhub (2016).

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A articulação esternoclavicular é a junção da extremidade esternal ou medial da clavícula


com a incisura clavicular do manúbrio do esterno e com a cartilagem da primeira costela. Esta
articulação é esferóidea, na qual são permitidos movimentos livres nos planos frontal e transverso,
além de alguns movimentos de rotação para a frente e para trás no plano sagital (HALL, 2009;
KAPANDJI, 1990; MOORE; AGUIAR, 2004).

Figura 13 - Articulação esternoclavicular. Fonte: Kenhub (2016).

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A articulação acromioclavicular se localiza entre o acrômio da escápula e a extremidade
acromial da clavícula. É classificada como uma articulação sinovial irregular, apesar de sua
estrutura permitir apenas movimentos limitados nos três planos. A articulação acromioclavicular
realiza uma rotação durante o movimento de elevação do braço. A posição de coaptação fechada
dessa articulação acontece quando o úmero é abduzido a 90° (KAPANDJI, 1990; MOORE;
AGUIAR, 2004; HALL, 2009).

Figura 14 - Articulação acromioclavicular. Fonte: Kenhub (2016).

A articulação coracoclavicular é uma sindesmose, localizada na região em que o


processo coracoide da escápula e a superfície inferior da clavícula são unidos pelo ligamento
coracoclavicular. Esta articulação permite a realização de poucos movimentos (HALL, 2009;
KAPANDJI, 1990; MOORE; AGUIAR, 2004).

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Figura 15 - Articulação coracoclavicular. Fonte: Kenhub (2016).

A região localizada entre a fossa subescapular e a caixa torácica é, às vezes, designada


articulação escapulotorácica em razão da escápula poder se movimentar tanto no plano sagital
como no plano frontal em relação ao tronco (KAPANDJI, 1990; MOORE; AGUIAR, 2004; HALL,
2009).

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Figura 16 - Articulação escapulotorácica. Fonte: Kenhub (2016).

4.2 Movimentos do Complexo do Ombro


Embora certo grau de movimentação da articulação glenoumeral possa ocorrer enquanto
as outras articulações do ombro se mantêm estabilizadas, é comum que o movimento do úmero
envolva alguma movimentação das outras três articulações do ombro. A elevação do úmero
em todos os planos é acompanhada por aproximadamente 55° de rotação lateral. Conforme o
braço é movimentado para cima, tanto no movimento de abdução como de flexão, a rotação
da escápula é responsável por parte da amplitude de movimento total do úmero. Embora as
posições absolutas do úmero e da escápula variem entre os indivíduos em virtude de diferenças
anatômicas, um padrão geral comum ainda persiste. Durante aproximadamente os primeiros
30° do movimento do úmero para cima, a contribuição da escápula é apenas um quinto da
contribuição da articulação glenoumeral.

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À medida que o movimento progride além dos 30°, a escápula roda cerca de 1° para cada
2° de movimento do úmero. Essa importante coordenação entre movimentos da escápula e do
úmero é conhecida como ritmo escapuloumeral e torna possível uma amplitude de movimento
muito maior na articulação do ombro do que se a escápula se mantivesse fixa. Nos primeiros 90°
do movimento do braço para cima (nos planos sagital, frontal ou diagonal) a clavícula também
é elevada em cerca de 35 a 45° de movimento da articulação esternoclavicular. A rotação da
articulação acromioclavicular ocorre durante os primeiros 30° do movimento do úmero para cima
e novamente quando o braço é movimentado em 135° de elevação máxima. O posicionamento do
úmero é facilitado ainda mais pelos movimentos da coluna vertebral. Quando as mãos sustentam
um peso externo, ocorre uma alteração na orientação escapular e no ritmo escapuloumeral
(KAPANDJI, 1990; MOORE; AGUIAR, 2004; HALL, 2009).

4.3 Movimentação da Escápula


A escápula possui funções que se relacionam ao movimento de todo o complexo do
ombro. Entre elas, podemos destacar: a manutenção do posicionamento adequado da cavidade
glenoide em relação ao úmero. A escápula realiza movimentos de adução, abdução, elevação,
depressão, rotação para cima (rotação externa) e rotação para baixo (rotação interna) em relação
ao gradil costal.

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A rotação escapular ocorre em torno do eixo perpendicular ao plano da escápula. Na
rotação para cima (rotação externa), a escápula roda para cima de tal forma que o ângulo inferior
se orienta para fora do gradil costal e a cavidade glenoide dirige-se para o alto. A rotação escapular
pode alcançar a amplitude de 60°, como ocorre na abdução da articulação glenoumeral. Na
rotação para baixo (rotação interna), ocorre o movimento oposto. Na adução ou deslizamento
lateral ela dirige-se laterolateralmente, ou seja, para dentro, aproximando as escápulas na linha
média. Na abdução o deslizamento ocorre o afastamento das escapulas com relação à linha
média (amplitude total de 10 mm a 12 mm). No deslocamento vertical ou elevação as escápulas
deslizam para cima. E na depressão ou deslizamento para baixo elas deslizam para o ponto mais
baixo possível (aproximadamente 15 mm). Esses movimentos são considerados elementares da
articulação (HALL, 2009; MOORE; AGUIAR, 2004).

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4.4 Músculos da Articulação do Complexo do Ombro

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Tabela 1 - Músculos da articulação o ombro. Fonte: adaptado de Hall (2009).

A Tabela 1 representa os músculos envolvidos no complexo articular do ombro, sendo, de


fato, uma explicação anatômica específica de cada músculo. Os músculos têm início (origem) e o
final (inserção). A origem se caracteriza pelo ponto de vista de onde o músculo começa e inserção
onde o músculo termina, no mesmo sentido que posiciona as fibras muscular e o sentido do
movimento. A seguir temos a ação muscular de cada músculo. A ação muscular é a ação que o
músculo promove para descrever o movimento articular.

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4.5 Combinação entre os Movimentos:


Ombro e Cintura Escapular
Podemos dizer que estas duas articulações estão literalmente ligadas entre elas. Pois
os movimentos acontecem em conjunto entre as articulações escápulo-torácica e escápulo
umeral, seguindo normalmente a lógica descrita a seguir. Entretanto, isso não é regra, por vezes,
dependendo da posição de uma das articulações, a outra pode não seguir esse pareamento
(MARCHETTI, CALHIEROS, CHARRO, 2007).

Ombro Escápula
Abdução Rotação para cima
Adução Rotação para baixo
Flexão Elevação
Extensão Depressão
Rotação Interna/Medial Abdução
Rotação Externa/Lateral Adução
Abdução Horizontal Adução

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Adução Horizontal Abdução

Tabela 2 - Combinação entre os movimentos: ombro e cintura escapular. Fonte: Marchetti et al. (2007).

5. COMPLEXO ARTICULAR DO COTOVELO


O complexo do cotovelo é composto por três articulações envolvidas por uma única
cápsula articular que têm como função realizar a junção mecânica entre o braço e o antebraço.
Dessa forma, trabalha em conjunto com o complexo do ombro com a finalidade de aproximar e
afastar os objetos apanhados pela mão (VIEIRA; CAETANO, 1999).
O complexo do cotovelo é formado por três ossos – o úmero, o rádio e a ulna – e três
articulações – a umeroulnar, a umerorradial e a radiulnar proximal.
A articulação umeroulnar, do tipo gínglimo (ou em dobradiça) uniaxial, é a principal
do complexo do cotovelo. Na extremidade inferior do úmero, a superfície articular da tróclea
umeral possui a estrutura de um carretel, que se estende anteriormente até a fossa supratroclear e
posteriormente até a fossa olecraniana. Essas duas fossas têm a função de aumentar a amplitude
da flexo-extensão, uma vez que retardam o contato do processo coronoide da ulna com a fossa
supratroclear, durante a flexão, e do olécrano com a fossa olecraniana, durante a extensão. Dessa
forma, a incisura troclear da ulna, com seu formato de 180° de arco, pode deslizar e alcançar os
níveis extremos de amplitude articular (HALL, 2009; VIEIRA, CAETANO, 1999).
O ângulo de carregamento é uma característica da articulação umeroulnar. Anteriormente,
o sulco troclear umeral é verticalizado e paralelo ao sulco longitudinal do úmero. Já posteriormente,
o sulco tem direção oblíqua para baixo e para fora, o que determina um ângulo agudo de 15°
com o eixo longitudinal posterior do úmero. Tais características determinam a angulação valga
característica do complexo do cotovelo, maior nas mulheres (13° a 16°, vista anterior em posição
anatômica) do que nos homens (11° a 14°).
Ainda que a articulação umeroulnar funcione como uma dobradiça, apresenta 5° de
rotação interna e externa no final dos movimentos de flexo-extensão (VIEIRA; CAETANO, 1999).
Essa rotação é fundamental para que a articulação alcance os extremos da amplitude articular.

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A articulação umerorradial é uma junta sinovial em gínglimo que atua em conjunto com
a ulna nos movimentos de flexo-extensão do complexo do cotovelo. Durante a flexo-extensão, a
face superior côncava da cabeça do rádio desliza sobre o capítulo do úmero e, na pronação e na
supinação, gira como um pivô.
A prono-supinação é definida como o movimento de rotação do antebraço em torno
de seu eixo longitudinal. Tal movimento oferece ao punho um terceiro grau de liberdade
caracterizado como fundamental para diversas atividades funcionais da mão, por exemplo, abrir
uma maçaneta. A prono-supinação dá-se na articulação radioulnar proximal, pertencente ao
complexo do cotovelo, e na radioulnar distal, pertencente ao punho.
Na articulação radiulnar proximal o rádio e a ulna estão lado a lado, formando uma
articulação uniaxial em pivô do tipo trocoide. Esta é formada entre a cabeça do rádio convexa e o
anel ósseo fibroso pertencente à incisura radial da ulna côncava. Estabilizando a cabeça do rádio
à ulna nessa região, está o ligamento anular, o qual compõe 80% da superfície articular (HALL,
2009; VIERA, CAETANO, 1999).

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Figura 17 - Articulação do complexo do cotovelo. Fonte: Anatomia Online (2018).

5.1 Suporte Ligamentar


Os ossos do complexo do cotovelo são fixados pela cápsula articular, reforçada lateralmente
pelos ligamentos colateral lateral e anular, os quais formam o complexo do ligamento colateral
lateral ou radial e medialmente pelo ligamento colateral medial. O ligamento colateral lateral
estende-se desde a margem proximal da cabeça radial até a porção proximal da ulna.

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O ligamento anular envolve a cabeça do rádio a partir das margens anterior e posterior
da incisura radial.
O ligamento colateral medial origina-se dos dois terços centrais da superfície anteroinferior
do epicôndilo medial do úmero e parte para a porção proximal da ulna. Graças ao formato das
superfícies articulares, aos ligamentos locais, à cápsula articular e às unidades musculotendíneas,
o complexo do cotovelo é considerado estável, fato que caracteriza tal articulação como propensa
às lesões por esforços repetitivos.
Os ligamentos locais têm como função a manutenção da coaptação articular, a restrição
dos movimentos laterais (estresse em valgo e varo) e a fixação da cabeça radial durante os
movimentos de prono-supinação (HALL, 2009).

5.2 Os Movimentos do Complexo do Cotovelo


Os movimentos do complexo do cotovelo envolvem importantes forças de tração nas
unidades musculotendíneas e ligamentares e grande força de cisalhamento e compressão nas
extremidades ósseas.
O movimento de flexo-extensão do cotovelo (plano sagital, eixo laterolateral) ocorre
nas articulações umeroulnar e umerorradial. Já a prono-supinação ocorre na radioulnar
proximal e distal. Ao se partir da extensão total, é possível alcançar ativamente 145° de flexão.

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Já passivamente, pode-se chegar a 160° de flexão e 10° de hiperextensão. Rotações automáticas,
adução e abdução ocorrem simultaneamente aos movimentos de flexo-extensão. Além disso, a
prono-supinação compõe o movimento nos extremos da amplitude de movimento (VIEIRA;
CAETANO, 1999).
Durante a flexão, tem-se o deslizamento anterior da incisura troclear na tróclea umeral
até o momento em que o processo coronoide alcança a fossa coronoide; o rádio aproxima-se do
capítulo, aumentando as forças de compressão local, e a ulna supina e aduz em relação ao úmero.
Na extensão, ocorre o oposto: a incisura troclear desliza posteriomente na tróclea umeral e o bico
do olécrano alcança a fossa olecraniana; o rádio afasta-se do capítulo e a ulna prona e abduz em
relação ao úmero.
A capacidade de adução e abdução da ulna fica mais evidente durante a prono-supinação.
Na posição totalmente supinada, ela aproxima-se da linha média do corpo, ou seja, aduz. Já na
pronação, afasta-se, ou seja, abduz.
Os principais flexores do cotovelo são os músculos braquial, bíceps braquial e
braquiorradial. Os músculos pronador redondo, flexor radial do carpo, flexor ulnar do carpo e
extensor radial longo do carpo atuam no movimento de forma secundária. A ação dos flexores
do cotovelo é máxima próximo a 90°; nessa posição, a força muscular torna-se perpendicular
à direção do braço de alavanca, fato que favorece a ação dos motores primários da articulação.
O principal extensor do cotovelo é o músculo tríceps braquial; o ancôneo atua no início do
movimento e para manutenção dele (HALL, 2009; MARCHETTI; CALHEIROS; CHARRO,
2007; VEIRA; CAETANO, 1999).
O ato de alimentar-se depende diretamente do complexo do cotovelo. Quando pegamos
o alimento, realizamos a extensão combinada com a pronação e, ao levá-lo à boca, a flexão com
a supinação. O músculo bíceps braquial, responsável pelas duas ações, é chamado de músculo da
alimentação. No complexo do cotovelo, as restrições impostas pelas estruturas locais são bastante
evidentes.

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A extensão do cotovelo é limitada pelo apoio do bico do olécrano na fossa olecraniana,


pela tensão da parte anterior da cápsula articular e pela resistência da musculatura flexora.
Caso os limites articulares sejam ultrapassados, podem ocorrer fratura do olécrano e ruptura
da cápsula. A luxação posterior do cotovelo está entre as mais comuns do corpo humano. Caso
o olécrano resista ao estresse de uma hiperextensão, a articulação pode então se luxar (VIEIRA;
CAETANO, 1999).
A flexão da articulação realizada ativamente é limitada pelo contato das massas musculares
da loja anterior do braço e do antebraço, especialmente pelo músculo bíceps braquial. Já na
flexão passiva, as massas musculares acomodam-se e, então, o movimento alcança até 160°. Nos
extremos da amplitude de flexão, o apoio da cabeça radial na fossa supracondiliana, a tensão da
parte posterior da cápsula e a tensão passiva do músculo tríceps braquial restringem o movimento
(HALL, 2009; VIEIRA; CAETANO, 1999).
A prono-supinação corresponde à rotação do antebraço em torno do seu eixo longitudinal.
Partindo da posição intermediária associada à flexão do cotovelo, a supinação alcança 90° e a
pronação, 85°, ou seja, a rotação axial do antebraço alcança aproximadamente 180° (HALL, 2009;
VIERA; CAETANO, 1999).
Graças a esse movimento, o punho ganha um terceiro grau de liberdade para a mão. O
eixo do movimento corresponde exatamente ao do manuseio de ferramentas.
A prono-supinação interfere diretamente na articulação radiocarpiana, por exemplo, os

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movimentos de desvio ulnar e radial dependem diretamente da prono-supinação.
A pronação do antebraço produz o desvio ulnar do punho, o qual, consequentemente,
posiciona a pinça para movimentos finos realizada entre o polegar, o indicador e o médio. Esse
movimento é necessário para tarefas que requeiram alta habilidade, como pegar um grão de
arroz sobre uma mesa. Já a supinação associa-se ao desvio radial e favorece a preensão de força
(VIEIRA; CAETANO, 1999).
Durante a pronação, o rádio gira em torno da ulna. Ele dirige-se para baixo e para
fora; consequentemente, afasta-se da ulna e permite a passagem da tuberosidade bicipital. Na
supinação, ocorre o movimento oposto.
Os músculos que efetuam a supinação são bíceps braquial, supinador, abdutor longo do
polegar, extensor curto do polegar e extensor próprio do indicador.
Os dois primeiros são os principais; já os demais possuem uma pequena vantagem
mecânica para supinação. Os músculos pronadores são pronador redondo, pronador quadrado,
flexor radial do carpo, palmar longo e extensor radial do carpo, sendo que os principais são os
dois pronadores. Os três últimos músculos são secundários (HALL, 2009).

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Tabela 3 - Músculos da articulação do cotovelo. Fonte: adaptado de Hall (2009).

A cinesiologia e a biomecânica serão importantes para descrever de que forma o


corpo humano realiza o movimento.

Se o objeto de estudo da Cinesiologia é analisar o movimento humano, o que faz


ser um objeto tão complexo para a ciência?

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Sugerimos a leitura do livro: FLOYD, R. T. Manual de Cinesiologia Estrutural, Ma-


nole, 2011, por ser fácil a compreensão e nos introduzir ao conhecimento básico
da Cinesiologia.

Este vídeo explicativo do complexo do ombro, ilustra muito bem o conteúdo abor-
dado neste módulo. Além da explicação excelente do professor, as imagens são
bem reais e explicativas. Assista ao vídeo: Cinesiologia Humana – Curso online
Treino e FOCO. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Qd2Uo3Pq-
DDs>.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para finalizar podemos refletir sobre os conceitos básicos da Cinesiologia. Também
revisamos os complexos articulares dos membros superiores do ombro e cotovelo, dando ênfase
nas articulações, movimentos articulares e músculos envolvidos.
Não seria possível seguir com a disciplina sem relembrar os conceitos básicos da
Cinesiologia, pois dependemos desses conceitos para seguir em frente, e terão ligação dentro
da Biomecânica. Portanto, teremos que ter consciência das referências anatomias, planos, eixos,
mobilidade articular para darmos continuidade nas próximas unidades.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

02
DISCIPLINA:
CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA

COMPLEXO ARTICULAR DO PUNHO E MÃO E


COMPLEXO ARTICULAR DO PÉ E TORNOZELO
PROF. ME. JOSÉ RENATO M. LELIS

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................................25
1. COMPLEXO DO PUNHO E MÃO.........................................................................................................................26
1.1 A ARTICULAÇÃO RADIOCARPIANA ................................................................................................................ 27
1.2 A ARTICULAÇÃO MEDIOCARPIANA................................................................................................................ 27
1.3 A ARTICULAÇÃO METACARPOFALANGIANA DO POLEGAR ........................................................................28
1.4 OS MOVIMENTOS DO COMPLEXO DO PUNHO E MÃO ...............................................................................28
2. PÉ E TORNOZELO...............................................................................................................................................32
2.1 COMPLEXO ARTICULAR DO TIBIOFIBULAR DISTAL ............................................................................... 33
2.2 ARTICULAÇÃO TALOCRURAL .........................................................................................................................33
2.3 ARTICULAÇÃO SUBTALAR..............................................................................................................................35
2.4 ARTICULAÇÕES MEDIOTÁRSICAS ................................................................................................................36
2.5 ARTICULAÇÕES TARSOMETATARSIANAS ....................................................................................................36
2.6 ARTICULAÇÕES METATARSOFALANGEANAS E INTERFALANGEANAS ....................................................36
2.7 SISTEMA MUSCULAR .....................................................................................................................................36
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................39

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INTRODUÇÃO
Na Unidade II daremos continuidade aos complexos do punho e mão que fazem parte
dos membros superiores e, logo em seguida, iniciaremos as articulações dos membros inferiores,
com os complexos articulares do pé e tornozelo.
Os complexos do punho são compostos pelas articulações radiocarpinada, mediocarpiana,
metacarpofalangiana do polegar. Já no complexo articular da mão, os ossos que formam o
carpo são: fileira proximal: Escáfoide, Semilunar, Piramidal, Pisiforme; fileira distal: Trapézio,
Trapezóide, Capitato, Hamato. Os ossos que foram o metacarpo são: cinco ossos metacarpianos
longos demonstram uma epífise proximal que é a base, uma diáfise (corpo) e uma epífise distal
(cabeça) e logo e seguida as falanges dos dedos.
O complexo do tornozelo é formado pela pinça entre a tíbia e a fíbula que conecta no tálus
formando a articulação talocrural, pelas articulações tibiofibular distal, subtalar e a articulação
mediotársica. São articulações que trabalham tanto na mobilidade do tornozelo quanto do
pé. Já especificamente as articulações do pé são: tarsometatarsiana, metatarsofalangeanas e
interfalangeanas. Também falaremos dos movimentos articulares e dos músculos responsáveis

CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA | UNIDADE 2


por cada movimentos, suas origens e inserções.

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1. COMPLEXO DO PUNHO E MÃO

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Figura 1 - Complexo articular do punho e mão. Fonte: Netter (2000).

A mão, órgão efetor do membro superior, agrega estruturas anatômicas e características


mecânicas capazes de desempenhar com grande destreza tarefas motoras finas, como tocar piano,
e grossas, como as executadas por um carateca para partir fibras de madeira e tijolos.
O complexo do punho e da mão é formado por 27 ossos: no punho, 8 ossos do carpo e na
mão, 5 metacarpos e 14 falanges. O complexo do punho e da mão relaciona-se, ainda, diretamente
à articulação radioulnar distal.
Graças às articulações radioulnar proximal e distal, o punho tem à sua disposição o
movimento rotacional (NETTER, 2000; THOMPSON; FLOYD, 2006).
A prono-supinação depende diretamente da integridade das articulações radioulnar
proximal e distal, pois ambas se movimentam conjuntamente a partir de um mesmo eixo articular
que as atravessa.
A radioulnar distal é uma articulação sinovial do tipo trocoide, formada pela cabeça da
ulna e pela incisura ulnar do rádio, unidas por um disco articular fibrocartilaginoso. Esse disco
fixa-se medialmente à margem da incisura ulnar e lateralmente ao processo estiloide do rádio e
forma a superfície proximal da articulação radiocarpiana.
O complexo do punho é formado pelas articulações radiocarpiana e mediocarpiana.

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1.1 A Articulação Radiocarpiana


É formada proximamente pela extremidade distal do rádio e pelo complexo da
fibrocartilagem triangular e distalmente pelos ossos escafoide, semilunar e piramidal, pertencentes
à primeira fileira dos ossos do carpo.
Como descrito anteriormente, o complexo da fibrocartilagem é formado por um disco
articular localizado entre a fileira proximal do carpo e a ulna. Essa articulação é do tipo elipsoide,
sendo que a superfície proximal (rádio e complexo da fibrocartilagem) é côncava e se articula na
sua correspondente convexa formada pela porção distal da articulação. Na fileira proximal do
carpo tem-se, ainda, o pisiforme, o qual não se articula com o rádio e está à frente do piramidal,
inserido no músculo flexor ulnar do carpo. A principal função desse osso sesamoide é aumentar
o torque produzido pelo músculo flexor ulnar do carpo (HALL, 2009).

1.2 A Articulação Mediocarpiana


Tem como limite proximal a primeira fileira dos ossos do carpo e distal a segunda fileira,
composta pelos ossos hamato, capitato, trapézio e trapezoide. O escafoide é o maior dos ossos do
carpo e é considerado ponto-chave para o complexo do punho, pois liga as duas fileiras e garante

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estabilidade local.
A estabilidade da articulação radiocarpiana é garantida pela extensa cápsula articular e
pelos ligamentos radiocárpico palmar, radiocárpico dorsal, colateral ulnar do carpo e colateral
radial do carpo. A fileira proximal dos ossos não possui inserções musculares. A estabilidade
local depende diretamente da cápsula e do ligamento interósseo entre o escafoide, o semilunar e o
piramidal. As articulações intercárpicas são estabilizadas por uma série de ligamentos intrínsecos.
Diversos tendões flexores e extensores divididos em compartimentos cruzam o punho.
Esses compartimentos são delimitados por uma estrutura ligamentar que cruza os tendões e
previne que eles sejam estrangulados quando o punho se movimenta. Essa estrutura é chamada
de retináculo. Na região dorsal do punho tem-se o retináculo extensor e na porção palmar, o
flexor (THOMPSON; FLOYD, 2006).
O retináculo extensor tem origem na borda lateral distal do rádio e migra para a superfície
posterior distal da ulna e para seu processo estiloide. Os compartimentos delimitados pelos
retináculos e pelos ossos são fibrósseos e revestidos por bainhas sinoviais. Os seguintes tendões
formam o retináculo extensor: túnel 1 - músculo abdutor longo do polegar e extensor curto do
polegar; túnel 2 - músculo extensor radial longo e curto do carpo; túnel 3 - músculo extensor
curto do polegar; túnel 4 - os quatro tendões do músculo extensor dos dedos e o músculo extensor
do indicador; túnel 5 - músculo extensor do dedo mínimo; e túnel 6 - músculo extensor ulnar do
carpo. Os retináculos aumentam a efetividade e a eficiência dos extensores do punho e dos dedos
(HALL, 2009).
Na região anterior do punho, tem-se o retináculo flexor. O ligamento transverso do
carpo recobre os ossos escafoide e trapezoide lateralmente e o pisiforme e o hámulo do hamato
medialmente, formando o túnel. O assoalho deste é formado pelo ligamento radiocarpal palmar
e pelo complexo do ligamento palmar. Doze tendões flexores do punho, os quais se originam na
parte medial do antebraço e inserem-se no aspecto palmar da mão, e o nervo mediano atravessam
o túnel do carpo. Os tendões que passam por ele são: os quatro tendões dos músculos flexores
superficiais dos dedos, os quatro tendões dos músculos flexores profundos dos dedos, o músculo
flexor longo do polegar, o músculo flexor radial do carpo e o nervo mediano (NETTER, 2000).

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Cada um dos dedos possui uma articulação carpometacarpal correspondente, a qual


aumenta de mobilidade do segundo para o quinto dedo. O primeiro metacarpo e o trapézio
formam a articulação carpometacarpiana do polegar.
Essa articulação selar é a mais importante do polegar, pois permite que ele realize a
flexoextensão, a adução e a abdução e a oponência. As demais articulações carpometacarpais são
planas e a mobilidade em cada uma delas difere.
Durante a flexo-extensão e a abdução e adução o movimento na segunda e na terceira
articulação metacarpal é mínimo, a quarta é ligeiramente móvel e a quinta, muito móvel. Nelas
os ossos estão unidos pelos ligamentos carpometacárpicos dorsais, carpometacárpicos palmares
e carpometacárpicos interósseos (NETTER, 2000).

1.3 A Articulação Metacarpofalangiana do Polegar


É uma articulação do tipo gínglimo. Nesse caso, a superfície convexa da cabeça
metacarpal articula-se com a superfície côncava da base da falange. No polegar, a articulação
metacarpofalangiana realiza somente os movimentos de flexo-extensão (HALL, 2009).
As articulações metacarpofalangianas do segundo ao quinto dedos são bicondilares,
formadas pelas cabeças dos metacarpos que se articulam com as bases das falanges proximais de
cada dedo. Os metacarpos têm uma base proximal, um corpo e uma cabeça distal. Do segundo

CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA | UNIDADE 2


ao quinto dedo, eles articulam-se com as falanges e formam as articulações metacarpofalangianas
do tipo plana, biaxiais, com cabeças convexas em ambas as extremidades, ou seja, nas falanges
e nos metacarpos. Nessas articulações ocorrem os movimentos de flexo-extensão e a abdução e
adução (HALL, 2009).
Nos dedos as falanges formam três fileiras, a proximal, a média e a distal, exceto o polegar,
que não possui a falange média. A articulação interfalangeana do polegar e as interfalangianas
proximal e distal do segundo ao quinto dedos são do tipo gínglimo. Elas possuem somente o
movimento de flexo-extensão e são bastante estáveis.

1.4 Os Movimentos do Complexo do Punho e Mão


Os movimentos do complexo do punho serão descritos a partir da posição anatômica.
Assim, considera-se que o antebraço se encontra supinado.
No movimento de prono-supinação a extremidade distal do rádio movimenta-se a partir
da ulna fixada. Durante a pronação, a incisura ulnar do rádio, côncava, desliza em torno da
cabeça ulnar, convexa, limitada ao final do arco pelo impacto entre os dois ossos. Já na supinação,
movimento oposto, a membrana interóssea e a impactação entre a incisura ulnar do rádio e o
processo estiloide ulnar freiam o movimento. As articulações radiulnar proximal e distal estão
intimamente interligadas durante o movimento de prono-supinação; qualquer alteração de
posicionamento ou distância entre o rádio e a ulna interfere na função e na estabilidade local.
Uma fratura da cabeça do rádio, por exemplo, altera essa disposição e prejudica a função local.
Os movimentos do punho ocorrem em torno de dois eixos. A flexão (85°) e a extensão
(90°), no eixo látero-lateral e no plano sagital; a adução (45°) ou desvio ulnar e a abdução (15°)
ou desvio radial, no eixo anteroposterior e no plano frontal (HALL, 2009).
A extensão do punho ocorre preferencialmente na articulação mediocarpal, cerca de
60%, acompanhada dos movimentos de desvio radial e de pronação, que apresentam pequena
amplitude. Já na flexão, 60% do movimento ocorre na articulação radiocarpal e 40% na
mediocarpal, nesse caso, acompanhada do desvio ulnar e da supinação (KAPANDJI, 1990).

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No plano sagital, durante a extensão, a fileira proximal convexa desliza para cima e
anteriormente (ou na direção palmar). O deslizamento anterior segue a regra do côncavo-convexo,
ou seja, a superfície convexa formada pelos ossos escafoide, semilunar e piramidal dirige-se
no sentido oposto ao do movimento fisiológico. Na articulação mediocarpiana, o trapézio e o
trapezoide côncavos deslizam posterior ou dorsalmente em relação ao escafoide, que é convexo.
Já o hamato e o capitato, convexos, deslizam anteriormente (ENOKA, 2000).
O oposto ocorre na flexão: a fileira proximal dos ossos do carpo desliza para baixo,
posteriormente, o trapézio e o trapezoide deslizam anteriormente e o hamato e o piramidal,
posteriormente.
Durante o desvio radial, a fileira proximal desliza para cima e para dentro e a distal vai
para baixo e para fora. Esse deslizamento inverte-se no desvio ulnar.
Os motores principais para a flexão do punho são os músculos flexor radial do carpo,
flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos. Os músculos flexores profundo dos dedos,
palmar longo e flexor longo do polegar atuam de forma secundária. Em relação aos extensores,
existem três músculos principais: extensor radial longo do carpo, extensor radial curto do
carpo e extensor ulnar do carpo. A disposição dos músculos extensores dos dedos, extensor do
dedo mínimo, extensor longo do polegar e extensor do indicador fazem com que eles sejam
considerados extensores auxiliares do punho (HALL, 2009).
Os desvios radial e ulnar resultam da contração sinérgica de músculos que são responsáveis

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pela flexão e pela extensão do punho. O desvio radial resulta da contração dos músculos flexor
radial do carpo e extensor radial longo e curto do carpo. Em função da linha de tração dos
músculos extensores profundos do punho (abdutor longo do polegar, extensor curto do polegar,
extensor longo do polegar, extensor do indicador e supinador), estes podem auxiliar no desvio
radial. Já o desvio ulnar é realizado pelo flexor ulnar do carpo e pelo extensor ulnar.
A mão possui músculos denominados intrínsecos e extrínsecos. Os intrínsecos têm
origem nos segmentos carpianos e na mão; já os extrínsecos, no antebraço e no úmero. Os
músculos intrínsecos dividem-se em três grupos: relacionados ao polegar, que se encontram
no lado radial e são responsáveis pela eminência tenar; relacionados ao dedo mínimo, que são
encontrados no lado ulnar e responsáveis pela eminência hipotenar; e intrínsecos, dispostos no
meio da mão, entre os metacarpais.
Oito músculos atuam sobre o polegar, quatro intrínsecos e quatro extrínsecos. Os músculos
intrínsecos da eminência tenar são: flexor curto do polegar, oponente do polegar, abdutor curto
do polegar e adutor do polegar. Os extrínsecos são: extensor longo do polegar, extensor curto do
polegar, abdutor longo do polegar e flexor longo do polegar.
A flexão do polegar ocorre quando a primeira articulação metacarpofalangiana é movida
transversalmente à palma e a extensão corresponde ao retomo. A abdução do polegar ocorre no
plano perpendicular à mão a partir da posição anatômica. Nela, o primeiro metacarpal afasta-se
do segundo e a adução é o retorno. A oposição envolve a combinação de abdução, circundução e
rotação. Nesse caso, a ponta do polegar vai de encontro à ponta dos demais dedos ou em oposição
a eles.
Os movimentos do polegar ocorrem graças a complexas interações neuromusculares e
mecânicas entre os músculos intrínsecos e extrínsecos. Os principais extensores são os músculos
extensor radial longo e curto do carpo e os secundários, o oponente do polegar e o abdutor curto
do polegar. Os músculos flexores longo e curto são responsáveis pela flexão. Na adução, além do
adutor do polegar, participam extensor longo do polegar, flexor longo do polegar, flexor curto
do polegar e adutor do polegar. A abdução ocorre pela ação dos músculos abdutor curto e longo
do polegar. Na oposição, quando o polegar é suavemente colocado nessa posição, os músculos
tenares são mais ativos que os hipotenares.

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ENSINO A DISTÂNCIA

O principal músculo do movimento é o oponente do polegar e o flexor curto do polegar


tem ação secundária. O principal músculo hipotenar é o oponente do dedo mínimo.
Os músculos intrínsecos da região hipotenar são: o abdutor do dedo mínimo, o flexor
curto do dedo mínimo e o oponente do dedo mínimo. A função de cada um está diretamente
relacionada à sua denominação. Os músculos extrínsecos hipotenares são palmar curto, abdutor
do dedo mínimo, flexor curto do dedo mínimo e oponente do dedo mínimo.
Os músculos intrínsecos da mão dividem-se em três grupos: quatro lumbricais, quatro
interósseos dorsais e três interósseos palmares. Os lumbricais localizam-se na palma da mão e os
interósseos, entre os metacarpais. Em conjunto eles fletem as articulações metacarpofalangianas
e estendem as interfalangianas médias e distais. Nas metacarpofalangianas, os lumbricais e os
interósseos formam o sistema principal de movimento.
Quando a mão segura um objeto, ela desenvolve o movimento de preensão, dividido
em preensão de força ou preensão de precisão. Na primeira, todos os músculos extrínsecos e
intrínsecos participam, exceto os lumbricais (excluindo o quarto). Já na segunda, os músculos
intrínsecos fornecem as características necessárias para o controle dos movimentos finos. Os
músculos interósseos palmares e dorsais, por exemplo, controlam de forma delicada as forças de
compressão.
Os fatores determinantes para a realização da preensão palmar incluem: mobilidade
normal da primeira articulação carpometacarpiana e, em menor extensão, da quarta e da quinta;

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rigidez relativa da segunda e da terceira articulações carpometacarpianas; estabilidade normal
dos arcos longitudinais dos dedos e do polegar; sinergismo e antagonismo balanceados entre
musculatura intrínseca e extrínseca da mão; porção sensorial, comprimento, mobilidade e
posição normais de cada raio.
Pode-se dividir a preensão nas seguintes fases: 1) abertura da mão, realizada pela ação
simultânea dos músculos intrínsecos da mão e dos músculos extensores longos; 2) fechamento
dos dedos e do polegar para agarrar o objeto, sob a responsabilidade dos músculos flexores e
de oposição extrínsecos e intrínsecos; 3) modulação da força de acordo com as características
e o peso do objeto, sob ação dos músculos flexores e de oposição extrínsecos e intrínsecos; e,
finalmente, 4) abertura da mão, semelhante ao início do movimento.
A preensão de força, aquela utilizada para segurar um objeto firmemente pela mão, e a
de precisão, que envolve movimentos de pinça, realizadas pela mão, sofrem repercussão direta
da posição do punho. A força e a potência durante a preensão são maiores quando o punho
se encontra em extensão e desvio ulnar. Utiliza-se a flexão isométrica, há a aproximação das
eminências tenar e hipotenar e a função intacta das estruturas da extremidade ulnar da mão.
Essa preensão associa preferencialmente os músculos extrínsecos e o adutor do polegar. Já na
preensão de precisão o polegar deve se posicionar perpendicular à mão e os músculos intrínsecos
são os motores principais. Nesse caso, eles funcionam predominantemente contraídos de forma
isotônica e, uma vez que tais posições requerem um alto nível de informação sensorial, são usadas
áreas com maior quantidade de receptores sensoriais. As articulações metacarpofalangianas e a
porção radial da mão são preferencialmente utilizadas.

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ENSINO A DISTÂNCIA

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Tabela 1 - Músculos do complexo articular punho e mão. Fonte: adaptado de Hall (2009).

Os membros inferiores possuem características ímpares que fazem com que tenham

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utilidades diferenciadas diante do movimento humano.
As dimensões significativas dos segmentos, a grande estabilidade articular da maioria das
articulações, o poderoso aparelho muscular, a rica e espessa rede ligamentar, além da acentuada
densidade do tecido fibroso existente, fazem com que os segmentos inferiores tenham grandes
funções no gerenciamento do movimento, em aspectos tanto da propulsão quanto da proteção
das cargas recebidas.

2. PÉ E TORNOZELO

Figura 2 - Complexo articular do pé e tornozelo. Fonte: Educação física e saúde (2013).

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ENSINO A DISTÂNCIA

Com a temática específica que envolve as articulações do pé e do tornozelo, faremos


uma abordagem das características gerais anatômicas e funcionais da região e, em seguida,
discutiremos aspectos relacionados a uma das mais frequentes lesões ortopédicas: a entorse do
tornozelo.
Os ossos da região podem ser divididos em três segmentos, de acordo com suas
localizações. O tarso é constituído por tálus, calcâneo, cuboide, navicular e os três cuneiformes.
O metatarso é constituído pelos cinco ossos metatarsais. Por último, as falanges são compostas
por 14 ossos (HOFFMAN; HARRIS, 2002).
Dessa forma, esse segmento mais distal dos membros inferiores é composto por 26 ossos
(sem contar com os sesamoides), que funcionam como uma unidade funcional do segmento
distal dos membros inferiores. Com características de rigidez e flexibilidade diferenciadas,
proporcionam boa proteção e mecanismos eficazes e fundamentais para a locomoção humana,
além de permitir uma base para a melhor distribuição do peso corporal e, dessa forma, auxiliar a
manter o equilíbrio (HALL, 2009).

2.1 Complexo Articular do Tibiofibular Distal


A região distal da perna é parte integrante de importantes funções do segmento inferior.
Temos que destacar a articulação tibiofibular distal, com ênfase na movimentação acessória

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da fíbula, a qual é fundamental para a boa amplitude de movimento existente nas articulações
adjacentes. Dessa forma, como um bom exemplo, quando há o movimento de flexão plantar
no tornozelo, a fíbula move-se para distal e roda medialmente, existindo uma aproximação
entre os maléolos medial e lateral. Já durante a dorsiflexão, a fíbula desliza para superior, roda
externamente e afasta-se do maléolo medial.
Movimentos da fíbula também são presentes durante as movimentações do calcâneo,
quando este se encontra em supinação e em pronação.

2.2 Articulação Talocrural


A articulação talocrural do tipo sinovial é denominada como a articulação propriamente
dita do tornozelo e é formada pela tíbia e pela fíbula, as quais pinçam o tálus. Essa pinça é formada
pela superfície côncava da tíbia e pelo maléolo fibular, sendo que, dentro desse encaixe, penetra
a superfície convexa da cúpula talar (MOORE; AGUIAR, 2004).
O tálus é um dos ossos mais importantes da região, em decorrência de alguns fatores
pontuais. Dentre eles, destaca-se sua localização, na região mais proeminente da parte posterior
do tarso.
Dessa forma, ele tem grande função em distribuir o peso do corpo para a região superior,
por meio da tróclea articular, transmitindo as forças pela pinça maleolar para trás e para baixo,
em direção ao calcâneo, e para a frente, para os ossos tarsais, dentre eles o navicular (HALL,
2009).
Por não ter nenhuma inserção tendínea, sua nutrição é oriunda dos ligamentos inseridos
nessa região e, dessa forma, seu aporte arterial é suficiente em condições de normalidade. Já em
casos de fraturas, há grandes possibilidades de dificuldades de consolidação, podendo ser gerada
até uma necrose óssea.
A articulação talocrural possui a grande função de propiciar os movimentos de dorsiflexão
e flexão plantar, fundamentais para propiciar a movimentação humana. Por meio do goniômetro,
podemos encontrar uma variação angular que vai de 20° de dorsiflexão até 45° a 50° de flexão
plantar, quando o joelho se encontra flexionado (HAMILL, 2012).

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Nota-se que o maléolo fibular se encontra mais distal e inferior quando comparado com
o maléolo tibial.
Com isso, o eixo articular da articulação talocrural encontra-se em um sentido anteromedial
superior para posterolateral inferior, fazendo com que existam pequenos movimentos adicionais
à dorsiflexão e à flexão plantar. Dessa forma, há na presente articulação movimentos triplanares.

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Figura 3 - Eixo articular talocrural, no qual se realizam os movimentos de dorsiflexão e flexão plantar do tornozelo.
Fonte: Hall (2009).

Vimos que, na flexão plantar e na dorsiflexão, existem movimentos importantes oriundos


da articulação tibiofibular inferior, por meio específico da mobilidade fibular. Esse movimento
acessório está associado ao do tálus, o qual desliza para anterior durante a flexão plantar e para
posterior durante a dorsiflexão.
Em decorrência da característica anatômica do tálus, o qual é 4,2 mm mais largo em
sua região anterior comparado com a posterior, esses movimentos acessórios influenciam
diretamente na estabilidade articular, visto que, durante a dorsiflexão máxima, ele se encaixa na
pinça maleolar com máxima estabilidade (THOMPSON; FLOYD, 2006).
Já na flexão plantar, com o tálus deslocando-se para anterior, a pinça maleolar fica menos
estável, o que favorece os movimentos de torção local.
Como o maléolo fibular encontra-se mais distal em comparação ao tibial, o movimento
de pronação é menor do que o de supinação em decorrência de um precoce contato ósseo entre
o tálus e a fíbula.
Dessa forma, a menor estabilidade do tornozelo quando se encontra em flexão plantar,
associada à maior mobilidade em supinação, faz com que tenhamos o potencial risco de entorse
em inversão com flexão plantar. Mais adiante, iremos discutir mais sobre o assunto.

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Para minimizar esses riscos de lesões, essa região possui ligamentos colaterais importantes
que contribuem para a boa estabilização articular, sendo que, medialmente, a articulação é
estabilizada pelo ligamento deltoide e, lateralmente, pelos ligamentos talofibular anterior,
calcaneofibular e talofibular posterior. Estes três últimos são mais suscetíveis a estresse em
decorrência do que foi descrito no parágrafo anterior.

2.3 Articulação Subtalar


A articulação entre o calcâneo e o tálus é conhecida como subtalar. Nela encontra-se o
principal movimento de pronação e supinação da região. Ressalta-se que a movimentação de
supinação subtalar é duas vezes maior do que a de pronação.
Como o calcâneo é o segmento mais distal dessa região do retropé, as movimentações
acessórias que ocorrem nessa região, por exemplo, durante a marcha e a corrida, irão repercutir
diretamente nas estruturas adjacentes, principalmente no tálus e na tíbia.

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Figura 4 - Relações entre os movimentos do osso calcâneo e suas influências nos movimentos acessórios dos ossos
adjacentes. Fonte: Hall (2009).

A mobilidade dessa articulação depende diretamente da característica postural do arco


plantar. Dessa forma, um pé plano faz com que haja uma maior mobilidade subtalar e possíveis
prejuízos à estabilidade local. Já em um pé mais cavo, a articulação subtalar fica com menos
mobilidade, o que faz com que as estruturas adjacentes aumentem suas movimentações como
um efeito compensatório. Exemplo disso é o aumento dos movimentos rotacionais tibiais, o que
pode gerar alterações significativas na articulação femoropatelar (HALL, 2009).

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2.4 Articulações Mediotársicas


Formadas pelos ossos do tálus, navicular, calcâneo e cuboide, as articulações
talocalcaneonavicular (medial) e calcaneocuboide (lateral) são conhecidas como transversas do
tarso, mediotarsianas ou de Chopart (THOMPSON; FLOYD, 2006).
Diante das características facetárias articulares existentes nessas articulações, os
movimentos dessa região são triplanares e combinados, com a existência de movimentos de
inversão/eversão, flexão plantar/dorsiflexão, além de adução e abdução.
Com isso, vimos que não podemos olhar para as características angulares do pé e do
tornozelo sem nos preocuparmos em entender a influência das articulações mediotársicas nesse
contexto. Na locomoção, por exemplo, quando há uma pronação natural, os eixos das articulações
subtalar e calcaneocuboide ficam paralelos entre si, o que torna as mediotársicas mais móveis.
Isso facilita a amplitude de movimento favorável nelas, o que possibilita uma melhor propulsão
(HAMILL, 2012).
Ao contrário, durante a supinação subtalar, os dois eixos divergem, gerando uma maior
rigidez local e, dessa forma, uma maior estabilidade na região. Diante disso, vimos que os
movimentos harmônicos acessórios entre as articulações da região são fundamentais para o bom
gerenciamento da função articular do pé e do tornozelo.

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2.5 Articulações Tarsometatarsianas
As articulações tarsometatarsianas são compostas pelo osso cuboide e pelos três
cuneiformes, os quais se articulam com os cinco metatarsianos. Em decorrência da grande
estabilidade do segundo metatarsiano com os cuneiformes e os metatarsos adjacentes, há apenas
nessa região movimentos de flexo-extensão. As demais articulações metatarsianas possuem a
capacidade de realizar pequenas rotações (HALL, 2009).
As articulações tarsometatarsianas seguem as mesmas orientações descritas entre a
subtalar e as mediotársicas, visto que o aumento da pronação subtalar gera também uma maior
mobilidade nas tarsometatarsianas. Estas fazem uma flexão plantar associada com uma rotação
(pronação) no momento de pronação subtalar. Já durante a supinação subtalar, há uma rigidez
tarsometatarsiana no sentido de dorsiflexão e supinação.

2.6 Articulações Metatarsofalangeanas e Interfalangeanas


Opostamente às metacarpofalangeanas, os movimentos de extensão são maiores do que
os de flexão, com uma média de 90° e de 45°, respectivamente, tendo amplitudes de movimentos
de abdução e adução menores. Já as interfalangeanas são muito similares às dos segmentos
superiores, com o primeiro dedo tendo apenas uma articulação e os demais, articulações
interfalangeanas proximal e distal (THOMPSON; FLOYD, 2006).

2.7 Sistema Muscular


Tecidos contráteis possibilitam à complexa rede articular descrita realizar os movimentos
da região. Para um melhor entendimento das principais funções musculares, podemos dividir
a região distal do pé em um corte transversal e imaginar quatro quadrantes: anteromedial,
anterolateral, posteromedial e posterolateral (HALL, 2009).

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Dessa forma, todos os músculos que passam pelos quadrantes posteriores contribuem ou
são principais executores dos movimentos de flexão plantar. Na mesma linha de raciocínio, os
que passam pelos quadrantes anteriores são dorsiflexores. Já os que passam nas regiões mediais e
laterais são músculos que proporcionam os movimentos de inversão e eversão, respectivamente.
Aqui, considere-se como inversão o movimento combinado de supinação com adução e eversão
como a junção dos movimentos de pronação e abdução.
Logicamente que esse conceito de função muscular é apenas uma base para identificação
das ações principais e secundárias dos tecidos contráteis. Essa base de conhecimento pode ser
aplicada para uma avaliação da força muscular, por meio de provas de funções de unidades
contráteis.
A complexidade do movimento humano faz com que os músculos, por meio de contrações
concêntricas e excêntricas, realizem funções diferenciadas de acordo com o momento do
movimento. Essas informações serão passadas no futuro por meio de estudos eletromiográficos
da ativação muscular durante atividades funcionais (MARCHETTI; CARLHEIROS; CHARRO,
2007).

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Tabela 2 - Músculos do complexo articular pé e tornozelo. Fonte: adaptado de Hall (2009).

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Os ossos das mãos e dos pés são pequenos e de diferentes formas, que se tor-
nam difíceis de ser reparados em caso de lesões. Porém, com um bom conhe-
cimento aprofundado em cinesiologia e biomecânica, conseguimos ter um bom
desempenho na sua reabilitação convencional.

Anatomia, Cinesiologia, Biomecânica e Fisiologia são os tripés da Educação Fí-


sica e Fisioterapia. Portanto essas bases teremos que conhecer profundamente
para ter sucesso profissional.

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Sugerimos a leitura do livro de NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 2000,
pelo fato de ser fácil de compreensão. Também sugerimos a leitura de HALL, S.
Biomecânica Básica. 2007.

Este vídeo explicativo do complexo do ombro ilustra muito bem o conteúdo abor-
dado neste módulo. Além da explicação excelente do professor, as imagens são
bem reais e explicativas. Assista o vídeo: Biomecânica pé e tornozelo.
Disponível em: <https://slideplayer.com.br/slide/1826699/>.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para finalizar podemos refletir sobre os complexos articulares estudado nesta unidade.
Falamos sobre as formações dos complexos articulares do punho e mão e tornozelo e pé.
Estudamos os movimentos articulares que cada uma delas fazem e também os músculos
responsáveis por cada movimento articular. Desta forma, facilitará nossos estudos futuramente
dentro da biomecânica e para a análise do movimento.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

03
DISCIPLINA:
CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA

COMPLEXO ARTICULAR DO JOELHO,


QUADRIL E COLUNA VERTEBRAL
PROF. ME. JOSÉ RENATO M. LELIS

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................... 41
1. COMPLEXO ARTICULAR DO JOELHO...............................................................................................................42
1.1 ARTICULAÇÃO TIBIOFEMORAL ......................................................................................................................43
1.2 ARTICULAÇÃO PATELOFEMORAL...................................................................................................................43
1.3 COMPLEXO ARTICULAR DO QUADRIL ..........................................................................................................46
1.4 COLUNA VERTEBRAL ......................................................................................................................................49
1.4.1 REGIÃO CERVICAL ........................................................................................................................................50
1.4.2 REGIÃO TORÁCICA........................................................................................................................................53
1.4.3 REGIÃO LOMBAR ..........................................................................................................................................54
1.4.4 SACRO E CÓCCIX .........................................................................................................................................54
1.5 CURVATURAS E AMPLITUDES DE MOVIMENTO .........................................................................................55
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................58

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INTRODUÇÃO
Na Unidade III falaremos sobre os complexos do joelho, quadril, que fazem parte dos
membros inferiores, e da coluna vertebral, o nosso pilar central.
O complexo articular do joelho é formado por duas articulações: patelofemoral e
tibiofemoral, juntamente com um osso sesamoide, chamado de patela. Já o complexo do quadril
é formado pelos ossos ilíaco, sacro, ísquio, cóccix. Os ilíacos, com a base do sacro, formam a
articulação sacroilíaca. A articulação do quadril é formada pela cavidade acetabular, com a
cabeça do fêmur. A coluna vertebral é formadas por 33 ossos, divididos em regiões cervical,
torácica, lombar, sacral e cóccix.

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1. COMPLEXO ARTICULAR DO JOELHO

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Figura 1 - Complexo articular do joelho. Fonte: Google Images (2019).

As estruturas do joelho permitem a sustentação de cargas e a mobilidade durante as


atividades de locomoção. Do ponto de vista mecânico, a articulação do joelho possui uma grande
estabilidade em extensão máxima e adquire uma grande mobilidade, a partir de certo ângulo de
flexão, que é necessária na corrida e na marcha para orientar o pé com relação às irregularidades
do solo.
A articulação do joelho é composta por uma cápsula frouxa que restringe dois complexos
articulares: 1) articulação tibiofemoral, entre os côndilos convexos do fêmur e os platôs côncavos
da tíbia; 2) articulação patelofemoral, entre a região posterior da patela e a face patelar do fêmur.
Dessa forma, o joelho é composto da articulação entre o fêmur e a tíbia e da articulação entre
o fêmur e a patela, sendo dividido em três compartimentos: medial, entre o côndilo medial do
fêmur e o platô medial da tíbia; lateral, entre o côndilo lateral do fêmur e o platô lateral da tíbia;
e patelofemoral, entre a patela e o fêmur (HALL, 2009).

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1.1 Articulação Tibiofemoral


O côndilo medial e lateral do fêmur e o platô tibial da tíbia articulam-se para formar
a articulação tibiofemoral. A região convexa é composta por dois côndilos assimétricos que
ficam na extremidade distal do fêmur. O côndilo femoral lateral é mais largo e projeta-se mais
anteriormente do que o medial. Dessa forma, o sulco troclear, em sua região lateral, é mais
profundo, para prover estabilidade patelar (HAMILL, 2012).
Essa articulação funciona como uma dobradiça modificada, dada a existência de
movimentos acessórios importantes (HALL, 2009). Diante dessas características, realizam-se
nessa região movimentos de flexão e extensão e rotações interna e externa, sendo que estes últimos
só são possíveis com o joelho flexionado. Associados a isso, o rolamento e o deslizamento do
fêmur sobre a tíbia são importantes para a boa harmonia dos movimentos fisiológicos existentes.
Os movimentos funcionais do fêmur sobre a tíbia relacionados às atividades de vida diária são
realizados em cadeia cinética fechada. Nesse caso, os côndilos convexos deslizam em direção
oposta ao movimento do osso e rolam no mesmo sentido. Já em cadeia cinética aberta a tíbia rola
e desliza no mesmo sentido do movimento (NETTER, 2000).
Os dois platôs da tíbia estão separados pelos tubérculos intercondilares, sendo que o platô
lateral é menor, circular e côncavo, enquanto o medial é mais oval e achatado. Essas características
contribuem para o mecanismo da rotação interna femoral, associado com a rotação externa tibial,

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que ocorre durante os últimos graus de extensão (NETTER, 2000).
Ao analisarmos apenas as características ósseas, diferentemente da articulação coxofemoral,
a tibiofemoral tem uma área de contato articular menor, o que gera possíveis instabilidades e
aumento do estresse mecânico na região. Para suprir essa deficiência, há a necessidade de uma
espessa camada de cartilagem e da existência de meniscos (NEUMANN, 2006).
As superfícies meniscais, côncavas, encaixam-se ao fêmur. Com isso, o estresse articular
do joelho passa a ser distribuído sobre uma superfície maior. Ressalta-se que, durante a flexão
do joelho, os meniscos deslizam de um lado para o outro até encontrarem a melhor adaptação
do fêmur, sendo que o menisco lateral possui maior mobilidade do que o medial (NEUMANN,
2006).
Dessa forma, a região meniscal auxilia a melhor distribuição das cargas, ajuda na absorção
das forças no nível do joelho e protege as superfícies articulares contra o desgaste.
Por melhorarem a congruência das superfícies articulares, facilitam a estabilidade local e
contribuem para uma boa harmonia dos movimentos acessórios locais.
Para uma melhor estabilidade, há potentes músculos e ligamentos na região. Dentre os
principais ligamentos, encontram-se os cruzados anterior e posterior, além dos colaterais medial
e lateral.

1.2 Articulação Patelofemoral


A patela é um osso sesamoide fixado ao tendão quadriciptal que se conecta com a tíbia
pelo ligamento patelar. Dessa forma, recebe no seu polo superior a inserção do tendão do músculo
quadríceps femoral e no seu polo inferior à do ligamento patelar (HALL, 2009).
Articula-se na linha intercondilar, junto à fossa troclear, na face anterior da porção distal
do fêmur. Sua superfície é coberta por uma cartilagem hialina lisa, uma das mais espessas de
nosso corpo.

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Por ser um osso sesamoide, a patela pode ser considerada como uma polia, que transmite
a tensão do tendão quadriciptal para o ligamento patelar. Em adição, desempenha várias funções,
dentre as quais se destacam centralizar a tensão do quadríceps em uma única ação, aumentar o
braço de alavanca durante a extensão e proporcionar proteção para a fáscia anterior do joelho.
Para se ter uma melhor ideia da importância da patela, esse osso aumenta o braço de alavanca do
quadríceps em 50% (HAMILL, 2012).
Dessa forma, em um equilíbrio posicional patelar, tibial e femoral, as forças resultantes
geram uma proteção ideal em uma articulação que é constantemente suscetível a cargas
compressivas. Ela é estabilizada por um sistema integrado de estruturas protetoras que permitem
a estabilidade local adequada e, dessa forma, mantêm as condições ideais de forças resultantes
articulares.
Dentro desse contexto de normalidade do movimento patelofemoral, a patela desliza
para superolateral durante a extensão do joelho. Já durante a flexão, ela desloca-se para inferior
e, no final dessa angulação, encontra-se inferolateral. Dessa forma, na medida em que o joelho
se flexiona a partir da posição estendida, o polo inferior entra em contato primeiro com o fêmur,
aos 20°. À medida que a flexão prossegue até os 90°, a área de contato inclui uma maior superfície
da porção da patela, e somente aos 135° é que a faceta medial patelar entra em contato com o
côndilo femoral medial (MOORE; AGUIAR, 2004).

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O posicionamento da patela na incisura femoral durante o movimento de flexão e extensão
do joelho é garantido por um equilíbrio de forças estáticas e dinâmicas que atuam sobre ela. Os
principais estabilizadores estáticos da região são os retináculos lateral e medial, os ligamentos
cruzados anterior e posterior, os ligamentos colaterais lateral e medial e a cápsula articular do
joelho, os meniscos medial e lateral, além dos ligamentos patelofemoral medial e lateral e dos
femorotibiais (HALL, 2009). Em adição, a estabilização estática da articulação patelofemoral é
oriunda das características da patela, que é convexa em sua região articular e se encontra com
o sulco troclear femoral côncavo e o côndilo femoral lateral, o qual é maior e se projeta mais
anterior e medialmente que o côndilo medial.
A própria estrutura óssea da região contribui para tal estabilização, com o côndilo
femoral lateral maior e projetado mais anterior e medialmente do que o medial, exercendo, assim,
uma barreira óssea e auxiliando a estabilização da patela no sulco troclear. Já os estabilizadores
dinâmicos são o trato iliotibial e o músculo quadríceps, sendo este considerado o principal
estabilizador dinâmico da região (NORDIN; FRANKEL, 2003).
Pode-se observar que o músculo vasto medial possui regiões que apresentam diferenças
anatômicas funcionais, histológicas e de padrões de inervação, portanto, é dividido em duas
porções, uma proximal, denominada vasto medial longitudinal (VML), e outra distal, o vasto
medial oblíquo (VMO). O VL também possui diferenças anatômicas e é dividido em duas
porções, uma proximal, denominada vasto lateral longitudinal (VLL), e outra distal, o vasto
lateral oblíquo (VLO) (HALL, 2009).
Analisando a força que atua na patela durante a flexão e a extensão do joelho, ela é
resultante de forças dos quatro segmentos do quadríceps, representado pelos músculos vastos e
pelo músculo reto femoral, e também pela força do ligamento patelar.
Como as linhas de ação dessas forças não coincidem, a patela tende a ser ligeiramente
tracionada para a lateral por elas. Qualquer fator que aumente a obliquidade delas no plano
frontal pode aumentar a força de lateralização na patela, levando a hiperpressão lateral. (HAMILL,
2012).

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O alinhamento normal da extremidade inferior predispõe esse osso a uma força lateral
resultante do vetor da força do quadríceps e do vetor da força do tendão patelar, que é clinicamente
mensurada por um ângulo formado pela intersecção da espinha ilíaca anterossuperior (EIAS) até
o centro da patela e pela linha que vai da tuberosidade da tíbia até esse ponto, denominado ângulo
Q, com uma média de 15° em sua normalidade, podendo ser um pouco maior em mulheres. Um
aumento do ângulo Q maior que 20° é considerado anormal (NORDIN; FRANKEL, 2003).
As forças de reação na articulação patelofemoral são mensuradas pela compressão da
patela contra o fêmur e dependem do ângulo de flexão de joelho e do tipo de exercício existente,
seja em cadeia cinética aberta ou fechada.
A articulação patelofemoral é naturalmente predisposta a instabilidades, fato que
favorece que as forças exercidas na patela sejam direcionadas, muitas vezes, lateralmente.
Qualquer disfunção das estruturas contráteis, não contráteis e articulares adjacentes resulta no
deslocamento inadequado da patela em relação à tróclea femoral e, consequentemente, acarreta
desarranjos da articulação patelofemoral.
Conforme já mencionado, o conceito de função muscular é apenas uma base para
identificação das ações principais e secundárias dos tecidos contráteis.

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Tabela 1 - Músculos do complexo articular do joelho. Fonte: adaptado de Hall (2009).

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1.3 Complexo Articular do Quadril

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Figura 2 - Complexo articular do quadril. Fonte: Kenhub (2016).

A cintura pélvica compreende três ossos separados: os dois ilíacos e o sacro. Constitui
o segmento que une o tronco com os membros inferiores. O osso ilíaco é formado a partir de
três ossos, o ílio, o ísquio e o púbis, os quais, quando unidos, contribuem para a formação do
acetábulo, sendo este naturalmente a carga durante a locomoção, visto que é a região que une os
membros inferiores com a cintura pélvica (HALL, 2009).
O acetábulo é uma concavidade em forma de bola e soquete, com a superfície coberta
de cartilagem articular, a qual favorece a maior proteção da região. Essa superfície articular
possui espessuras diferenciadas e apresenta paredes articulares anterior, posterior e superior
aprofundadas, as quais vão circundar a fossa acetabular (NETTER, 2000).
A região também contém o ligamento redondo, além do ramo da artéria obturadora.
Em adição, encontra-se aí o lábio acetabular, anel incompleto de fibrocartilagem que é fixado na
borda da cavidade acetabular. Além de auxiliar que a cavidade acetabular fique mais aprofundada,
ele contém em sua superfície terminações nervosas livres que participam dos mecanismos
nociceptivos e proprioceptivos (HAMILL, 2012).
O fêmur é o osso mais longo e mais pesado do corpo e articula-se em sua extremidade
proximal, por meio da cabeça femoral, com a região acetabular, formando a articulação
propriamente dita do quadril. A cabeça femoral é constituída por uma esfera que possui uma
cartilagem articular espessa em sua região medial para central e mais fina na periferia.
O colo do fêmur faz a conexão da cabeça femoral com o corpo do osso, sendo que seu
eixo é oblíquo para cima, para dentro e para frente, com a formação de um ângulo de inclinação
de 125° no adulto. O ângulo de inclinação forma com o plano frontal um ângulo de declinação
ou de anteversão de 10° a 30°, aberto para dentro e para cima (NETTER, 2000).

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Dessa forma, a articulação do quadril é composta pela cabeça do fêmur e pelo acetábulo
da pelve e faz a junção do membro inferior ao tronco. Considerada como uma articulação
sinovial, do tipo bola e soquete, possui três eixos e três graus de liberdade, sendo indispensável
para o suporte e a transferência de peso durante marcha, corrida e outras importantes atividades
funcionais.
Essa articulação possui uma cápsula articular muito resistente que a envolve toda, tendo
fixação em torno do acetábulo, do colo do fêmur e da linha intertrocantérica. Para reforçar a
cápsula, ligamentos espessos encontram-se em sua adjacência, destacando-se anteriormente o
iliofemoral, inferiormente o pubofemoral, posteriormente o isquiofemoral e internamente o
redondo (NETTER, 2000).
Dante de todas essas características, a articulação do quadril proporciona uma estabilidade
intrínseca à região, tornando-a uma das mais estáveis do corpo, diferentemente da articulação
glenoumeral.
Os movimentos do quadril ocorrem em três planos: sagital (flexão-extensão), frontal
(abdução-adução) e transversal (rotação interna-rotação externa). Para que os movimentos do
quadril sejam realizados, é necessária a ação de um grupo complexo de músculos em torno da
articulação (HALL, 2009).
A flexão do quadril associada à extensão do joelho, realizada tanto ativa quanto
passivamente, é restrita pelos músculos isquiotibiais. A flexão passiva realizada com joelho

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estendido ultrapassa os 120°, e a realizada com o joelho fletido ultrapassa os 140°. Os músculos
responsáveis pela flexão do quadril são: psoas, ilíaco, adutor médio, sartório, reto anterior,
pectínio, tensor da fáscia lata e feixes anteriores dos glúteos mínimo e médio. Dentre todos os
flexores, destacam-se o psoas e o ilíaco como os mais potentes (HALL, 2009).
Já na extensão, a amplitude do quadril é limitada pela tensão do ligamento iliofemoral
e pelo músculo reto femoral, quando o joelho se encontra em flexão. Quando o movimento é
realizado de forma passiva, a amplitude de extensão do quadril é de 20° a 30° e, quando realizado
ativamente, varia de 10°, com o joelho fletido, a 20°, com o joelho estendido. Os músculos
extensores do quadril são os isquiotibiais, o glúteo máximo e o adutor magno (HAMILL, 2012).
Há movimentos de adução combinada com extensão, flexão e abdução do quadril
oposto; em todos eles, a amplitude máxima chega a 30°. Os principais músculos responsáveis
pela adução do quadril são os adutores curto, longo e magno, além do pectínio e do grácil. Em
adição, contribuem como acessórios os músculos glúteo máximo e semimembranoso, além dos
obturadores interno e externo (NORDIN, FRANKEL, 2003).
A abdução do quadril bilateralmente pode ter uma angulação a partir de 30° e pode
chegar a 90°, com a simetria de ambos os quadris, de modo que a amplitude máxima unilateral
é de 45°. Ela é limitada pelo impacto ósseo do colo do fêmur com o acetábulo, além das ações
dos músculos adutores e da tensão dos ligamentos pubofemorais e ileofemorais. Os músculos
responsáveis pela abdução são os glúteos, o piramidal e o tensor da fáscia lata. O principal
músculo abdutor é o glúteo médio, o qual desempenha a função de estabilizar a pelve durante a
fase de apoio da marcha. A ação dele leva a uma boa estabilidade e consequentemente intervém
diretamente na boa harmonia das articulações do joelho (HAMILL, 2012).
A posição utilizada para verificar a amplitude de movimento das rotações é com o joelho
flexionado em ângulo reto. Quando a perna se dirige para fora, medimos a rotação interna, a
qual possui uma angulação de 30° a 40°. Ela é limitada pela tensão dos rotadores externos e do
ligamento isquiofemoral. Os músculos responsáveis são o glúteo mínimo, o tensor da fáscia lata
e os feixes anteriores do glúteo médio.

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Já a amplitude máxima de rotação externa é de 60°, sendo limitada pela tensão dos
rotadores internos e dos ligamentos iliofemoral e pubofemoral. Os músculos rotadores externos
são três vezes mais fortes do que os internos. Destacam-se glúteo máximo, glúteo médio, feixes
posteriores do glúteo mínimo, piramidal, obturador interno, obturador externo, quadrado
femoral, pectínio, feixe posterior do adutor magno, gêmeo superior e gêmeo inferior (HALL,
2009).
O quadril é a principal articulação responsável pela sustentação do peso corporal. As
forças compressivas que incidem sobre ele, na posição estática em bipedestação, são a somatória
da força do peso corporal e das forças musculares em torno do quadril.
Não se sabe exatamente como o estresse in vivo é distribuído na cabeça femoral normal,
mas indicações de mensurações de instrumentos protéticos de cabeça femoral in vivo mostram
que as superfícies anterior e medial transmitem mais carga durante as atividades de vida diária.
Uma grande preocupação é relacionada com os possíveis desgastes articulares do quadril,
que podem gerar uma osteoartrose e, consequentemente, a necessidade de uma intervenção
cirúrgica para a colocação de uma prótese total na região.
A quantidade de cirurgias para substituição da articulação do quadril tem aumentado
nos últimos anos, levando-se em conta o aumento da população com idade superior a 55 anos,
faixa etária com maior incidência de osteoartrose (NORDIN; FRANKEL, 2003).
Diante disso, temos que nos preocupar em entender quais procedimentos são necessários

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para que possa ser protegida essa região durante a atividade física com idosos.
Sabendo que essas próteses têm uma vida útil, quanto mais tempo elas permanecerem
íntegras, melhor será para o idoso, o qual poderá, muitas vezes, nem precisar ser submetido a
uma nova cirurgia para troca desse material.
Uma das possíveis complicações é a luxação da prótese, a qual é estatisticamente mais alta
nos pacientes acima de 75 anos e pode ser explicada por uma maior flacidez dos tecidos moles
periarticulares, diminuindo a capacidade de contenção dela (NORDIN; FRANKEL, 2003).
Cerca de 1/3 dos pacientes com recidiva de luxação realizam revisão cirúrgica, no entanto,
apenas 60% dessas cirurgias têm bom resultado, o que gera gastos estimados de 75 milhões por
ano nos Estados Unidos. Dessa forma, devem ser realizadas, para essas pessoas, orientações
gerais quanto a atividades de vida diária, além de um programa de exercícios específicos que
gerem estímulos musculares para a melhor estabilidade da região. Ênfase deve ser dada ao
fortalecimento funcional do glúteo médio, visto que é um dos principais estabilizadores da
articulação (NEUMANN, 2006).

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Tabela 2 - Músculos do complexo articular do quadril. Fonte: adaptado de Hall (2009).

1.4 Coluna Vertebral


A coluna vertebral é um segmento complexo que possui funções diferenciadas nas
ações no corpo humano. Ela constitui o eixo ósseo do corpo e está constituída de tal forma que
proporciona proteção e flexibilidade. Assim, tem como grande função a proteção da medula
espinhal, que está alojada no seu interior, e serve como suporte e mobilidade da cabeça, por meio
da fixação a numerosos músculos. Outra função é suportar o peso de grande parte do corpo e
transmiti-lo, por intermédio da articulação sacroilíaca, para os membros inferiores.
É constituída de 33 vértebras, subdivididas em 7 vértebras cervicais, 12 torácicas, 5
lombares, 5 sacrais e 4 que compõem a região coccígea.
Por ser uma estrutura de descarga de peso, a parte anterior das vértebras, denominada de
corpo vertebral, possui maior volume. Entre os corpos vertebrais, existe o disco intervertebral,
fibrocartilaginoso, que possui como principais funções auxiliar na absorção de choque mecânico
e melhorar a mobilidade das vértebras.

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Com auxílio das facetas articulares, torna possível o movimento nos três planos. Por
causa das diferenças estruturais e das costelas são permitidos graus variáveis de movimentos
entre as vértebras adjacentes nas porções cervical, torácica e lombar.
Embora seja possível descrever características particulares para as vértebras de cada uma
das porções da coluna, todas elas possuem uma estrutura básica comum. Dessa forma, cada
uma é constituída por um anel ósseo que circunda o forame vertebral, sendo a parte anterior
constituída pelo corpo da vértebra. Já a parte posterior, denominada de arco vertebral, consiste
de um par de pedículos e um par de lâminas.
Os principais contatos entre as vértebras e que permitem sua mobilidade são os discos
intervertebrais que separam os corpos vertebrais, além das articulações facetárias direita e
esquerda entre os processos articulares superior e inferior.
Há importantes estruturas na coluna vertebral que, em conjunto com a musculatura que
ajuda a estabilizá-la, irão auxiliar na proteção da região. Entre elas, destacam-se o ligamento
longitudinal anterior (aderido aos corpos vertebrais e seus discos), o ligamento longitudinal
posterior (inserido nos discos), o ligamento amarelo (atravessa as vértebras e serve para proteger
o canal medular da invasão dos tecidos moles durante os movimentos da coluna), o ligamento
interespinhoso e a cápsula articular (orienta e limita os movimentos).
Em adição, têm-se os discos intervertebrais, os quais são formados pelo ânulo fibroso
e pelo núcleo pulposo e contribuem em um contexto geral como uma força associada para

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transmitir, dispersar e absorver as forças axiais da coluna.
Apesar desse contexto generalista, há características específicas de cada região, as quais
serão destacadas a seguir.

1.4.1 Região cervical

Figura 3 - Coluna Cervical. Fonte: Netter (2000).

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Morfologicamente, a cervical pode ser dividida em duas partes: superior (occipital, atlas
e áxis) e inferior (C2-C7). A primeira cervical, denominada de atlas, articula-se superiormente
com o occipital e inferiormente com o áxis.
Difere das outras por não possuir corpo vertebral: é constituído por duas massas laterais
unidas por um arco anterior e outro posterior.
Possui um tubérculo anterior, uma faceta articular para o processo odontoide e uma
faceta superior côncava voltada para cima e medialmente para articular com o occipital. Na face
inferior, encontra-se outra faceta côncava para articular com o áxis.
Na região mediana de cada maciço lateral, existe um pequeno e rugoso tubérculo, o qual
fornece o ponto de inserção do ligamento transverso do atlas. Este divide o forâmen em parte
anterior e posterior e passa por trás do processo odontoide do áxis. Na parte posterior, contém a
medula e as meninges.
Há outro forame mais lateral no processo transverso (o maior de todos os processos, para
facilitar a alavanca de rotação cervical) por onde passam a artéria vertebral e o nervo cervical.

Figura 4 - Características anatômicas do atlas. Fonte: Hall (2009). CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA | UNIDADE 3

Já a segunda vértebra cervical, denominada de áxis, serve como um pivô em torno do


qual o atlas e a cabeça giram. Um pilar ósseo vertical projeta-se para cima partindo da superfície
superior do áxis, o processo odontoide, que mede em média 1,5 cm. Em cada lado do ápice, o
processo odontoide possui uma base de inserção dos ligamentos alares do atlas, que se inserem
nos côndilos occipitais e na face lateral dele. Em cada lado da base do processo odontoide, há
facetas largas e ovais que se estendem lateralmente sobre o corpo do áxis para se articularem com
as facetas inferiores do atlas. O processo espinhoso é largo e geralmente bífido. Há também os
forames transversais pelos quais passa a artéria vertebral.

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Figura 5 - Características anatômicas do áxis. Fonte: Hall (2009).

Abaixo da segunda vértebra cervical existem discos que facilitam o movimento do


pescoço e são compostos por um corpo anterior e um arco posterior. O corpo anterior possui
uma superfície superior convexa anteroposterior e côncava mediolateral, sendo que em cada lado
existem os processos unciformes.
A superfície inferior é côncava anteroposterior e convexa mediolateral. Duas facetas
articulares na superfície do corpo articulam-se com o processo uncinado da vértebra subjacente
e são conhecidas como articulações uncovertebrais. Nesse contexto, há boa mobilidade de flexão
e extensão, principalmente em decorrência da convexidade e da concavidade alternantes nos
corpos vertebrais. Já a inclinação é restrita devido ao processo uncinado.
Já o arco posterior é formado por pedículos, processos articulares, lâminas e processos
espinhosos. As facetas articulares superiores são ovais, planas e voltadas para trás e para cima,
enquanto as inferiores são voltadas para a frente e para baixo. Os processos transversos originam-
se anteriormente do corpo vertebral e posteriormente dos processos articulares. Há, dessa forma,
três importantes articulações:

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1) Intersomáticas: disco com face articular da vértebra.

2) Apofisárias: permitem flexo-extensão, rotação e inclinação. Estão posicionadas a 45°


em relação à vertical (as superiores mais verticais: 55°, as inferiores mais horizontalizadas:
25° graus). Função de sustentação.

3) Uncovertebrais (Luschka): marcante fonte de degeneração e produção de espículas


ósseas, além de comprimir as raízes nervosas e a artéria vertebral. Permitem a flexo-
extensão, no entanto, limitam a inclinação.

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Figura 6 - Características das vértebras cervicais inferiores. Fonte: Hall (2009).

1.4.2 Região torácica


Nota-se que a primeira vértebra torácica se assemelha com a última cervical e, da mesma
forma, em alguns casos, as últimas torácicas têm características similares às vértebras lombares.
No entanto, temos particularidades da região torácica, entre as quais se destacam:

1) A região torácica articula-se com as costelas por meio do corpo vertebral e do


processo transverso. Para que isso aconteça, o corpo vertebral possui uma característica
diferenciada, conhecida como fóvea costal superior, que em alguns casos pode se estender
para inferior.

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Em adição, há a fóvea costal transversa no processo transverso para acomodar o tubérculo


costal.

2) Há um direcionamento das facetas articulares para um plano frontal.

3) O volume do corpo vertebral é intermediário entre o das vértebras cervicais e o das


lombares.

4) Os processos espinhosos são mais inclinados comparados ao respectivo corpo da


vértebra. De T1 a T3, o processo espinhoso é ao nível do corpo vertebral; de T4 a T6,
fica a 0,5 cm do corpo vertebral (abaixo); já de T7 a T9, fica a um nível de diferença, por
exemplo, o corpo vertebral de T8 está no processo espinhoso de T7; e de T10 a T12, o
corpo vertebral é ao mesmo nível.

1.4.3 Região lombar


As lombares são as mais volumosas da coluna vertebral. Os processos espinhosos são mais
curtos e quadriláteros e estão situados no mesmo plano de seus respectivos corpos vertebrais, e
suas facetas articulares estão situadas em plano anteroposterior, de modo que se articulam quase

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em plano sagital.

1.4.4 Sacro e cóccix


O sacro é um osso triangular, com uma região mais larga na parte superior do que na
inferior e côncavo na região anterior. É formado pela fusão de cinco vértebras, que diminuem de
tamanho gradativamente quanto mais distais estiverem.
Já o cóccix é uma peça óssea pequena e a mais distal da coluna vertebral, sendo formado
pela fusão de três ou quatro peças ósseas. Articula-se com o sacro por meio de um disco
intervertebral.

Figura 7 - Complexo articular da coluna. Fonte: Netter (2000).

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1.5 Curvaturas e Amplitudes de Movimento


No plano sagital, a coluna vertebral apresenta quatro curvaturas, sendo que a presença
delas aumenta a resistência aos esforços de compressão axial. Em uma coluna com três curvaturas
móveis, por exemplo, a resistência é dez vezes maior do que a da coluna retilínea patológica.
Destacam-se as seguintes curvaturas: 1) sacral, fixa devido à solda definitiva das vértebras
sacrais, de concavidade anterior; 2) lordose lombar, de concavidade posterior; 3) cifose dorsal, de
convexidade posterior; 4) lordose cervical, de concavidade posterior.
A mobilidade decorrente da coluna vertebral permite que tenhamos combinações de
movimentos complexos, com três graus de liberdade. No entanto, esses graus, bem como suas
direções, são altamente dependentes das características específicas segmentares. Dessa forma, a
amplitude de movimento em cada segmento é determinada pelas características anatômicas que
variam nas regiões cervical, torácica e lombar. A amplitude de movimento para flexão-extensão
dos segmentos é considerável nas regiões cervical e lombar, atingindo valores representativos até
17° na articulação vertebral C5-C6 e 20° em L5-S1.
Na coluna torácica, por causa da orientação das facetas, a amplitude de movimento atinge
apenas 4° em T1-T2 e 10° em T11-T12.
Na lombar, a flexão é de 60°, e a extensão, de 35°. Para o conjunto da coluna dorsolombar,
a flexão é de 105° e a extensão, de 60°. Na cervical, a flexão é de 40° e a extensão, de 75°. Portanto,

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a flexão total da coluna vertebral é de 110°, enquanto a extensão total é de 140°.
A maior amplitude de movimento para flexão lateral ocorre na região cervical, com
aproximadamente 9° a 10° de movimento permitido em C4-C5.
Uma flexão lateral ligeiramente menor é possível na região torácica, com a amplitude
de movimento entre vértebras adjacentes sendo de aproximadamente 6°, exceto nos segmentos
inferiores, onde pode chegar a cerca de 8° a 9°.
A flexão lateral na coluna lombar também é da ordem de 6°, exceto em L5-S1, onde é
reduzida para 3°. A flexão lateral da coluna lombar e dorsal é de 20° e a da cervical, de 35° a 45°;
a inclinação total da coluna entre o sacro e o crânio é de 75° a 85°.
A rotação vertebral no plano transverso é novamente mais livre na região cervical da
coluna, com uma grande mobilidade entre C1-C2.
A próxima área mais livre é a região torácica, onde são permitidos cerca de 9° de rotação
entre os segmentos móveis superiores. De T7-T8 para baixo a amplitude de capacidade rotacional
diminui progressivamente, com apenas cerca de 2° de movimento permitido na coluna lombar
em virtude da conexão dos processos articulares nesse nível.
No entanto, na articulação lombossacra é permitida uma rotação na ordem de 5°. A
rotação axial entre a pelve e o crânio alcança ou ultrapassa 90°. De fato, existem alguns graus de
rotação axial na atlanto occipital, porém, como frequentemente a rotação axial é menor na coluna
dorsolombar, a rotação total mal alcança esse patamar. Já que a estrutura da coluna é responsável
pelo acoplamento da flexão e da rotação, esta é acompanhada por ligeira flexão lateral para o
mesmo lado.

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Tabela 3 - Músculos da coluna. Fonte: adaptado de Hall (2009).

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As articulações mais lesionadas no ser humano são joelho e coluna vertebral, pois
são as articulações que sofrem uma maior sobrecarga durante o exercício e por
conta da falta de uma postura adequada.

O que podemos melhorar para amenizar estes tipos de lesões nestas articula-
ções? Muitos faltam em treinos de força, mas será que só a força resolverá isso?

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Sugerimos a leitura do livro de HAMLL, J. Bases Biomecânicas do Movimento Hu-
mano, 2012. Um livro de cabeceira, no meu ponto de vista. De fácil entendimento
e com muitos exemplos dentro do esporte.

Este vídeo aborda sobre a coluna vertebral e suas respectivas divisões, é uma se-
quência de vídeos explicando desde o funcionamento e patologias.
Assista o vídeo: Coluna vertebral – Anatomia da coluna vertebral.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DZBcG8dgArA>.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa unidade finaliza a parte da cinesiologia e as estruturas corporais com os complexos
articulares do joelho, quadril e coluna vertebral. Concluímos essa unidade especificando estas
estruturas com suas divisões, movimentações, musculaturas envolvidas e suas importâncias
dentro do corpo humano.
Agora que já temos um grande conhecimento sobre as estruturas corporais, ficará mais
fácil analisar os movimentos a partir da biomecânica.

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04
DISCIPLINA:
CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE BIOMECÂNICA


PROF. ME. JOSÉ RENATO M. LELIS

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................... 61
1. BIOMECÂNICA INTERNA...................................................................................................................................62
2. BIOMECÂNICA EXTERNA..................................................................................................................................63
3. ÁREAS DE ATUAÇÃO DA BIOMECÂNICA..........................................................................................................64
3.1 ANATOMIA FUNCIONAL E CINESIOLOGIA.....................................................................................................64
3.2 BIOMECÂNICA CLÍNICA .................................................................................................................................64
3.3 BIOMATERIAIS ................................................................................................................................................64
3.4 BIOMECÂNICA DA REABILITAÇÃO ................................................................................................................64
3.5 BIOMECÂNICA DO ESPORTE .........................................................................................................................65
4. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DO MOVIMENTO........................................................................65
4.1 CINEMETRIA.....................................................................................................................................................65

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4.2 DINAMOMETRIA..............................................................................................................................................67
4.3 ANTROPOMETRIA........................................................................................................................................... 71
4.4 ELETROMIOGRAFIA......................................................................................................................................... 72
4.5 DETERMINAÇÃO DAS FORÇAS INTERNAS...................................................................................................74
5. MECÂNICA DOS TECIDOS.................................................................................................................................78
6. CONCEITOS GERAIS..........................................................................................................................................79
7. TECIDO ÓSSEO...................................................................................................................................................82
8. CARTILAGEM ARTICULAR................................................................................................................................84
9. FIBROCARTILAGEM...........................................................................................................................................84
10. LIGAMENTO E TENDÃO...................................................................................................................................85
11. TECIDO MUSCULAR..........................................................................................................................................86
12. TORQUE E ALAVANCAS....................................................................................................................................87
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................92

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INTRODUÇÃO
A biomecânica é uma disciplina que estuda, investiga e analisa o movimento humano
usando a Física, particularmente a mecânica, como ferramenta para esta análise. Devido à sua
natureza, é compreensível que tenha como característica mais fundamental a interdisciplinaridade,
pois, para que seus estudos possam ser realizados, a biomecânica depende dos conhecimentos
provenientes de disciplinas mais básicas, como Matemática, anatomia, fisiologia e a própria Física.
Nos últimos anos vem aprimorando as técnicas de medição, armazenamento e
processamento de dados para a evolução das análises do movimento humano. Claro que o
desenvolvimento da biomecânica não depende somente dela, com isso, há um conjunto de
disciplinas cientificas que os ajudam nesta evolução. No caso da biomecânica pode-se observar
uma estreita relação entre as necessidades e exigências da prática do movimento humano
(AMADIO, 1996).
A biomecânica tem como objetivo estudar e analisar tanto a melhoria do rendimento
como a prevenção de lesões e a eficiência do movimento. A prevenção de lesões implica no
conhecimento das características do movimento analisado, de que forma o aparelho locomotor

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está sofrendo uma sobrecarga desnecessária, conhecer a resistência ideal e/ou as respostas
mecânicas de cada estrutura. Buscando uma otimização nos efeitos das diferentes solicitações
mecânicas destas estruturas.
Desta forma, podemos dividir a biomecânica em Interna e Externa, pela grande diferença
de sua abordagem. A biomecânica interna estuda as forças internas, ou seja, forças transmitidas
pelas estruturas biológicas internas do corpo, como: força muscular, forças dos tendões, ligamentos,
ossos, cartilagem articulares e ligamentos (AMADIO, 1996). Já a biomecânica externa tem como
objetivo verificar as forças do meio ambiente que agem no corpo.

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1. BIOMECÂNICA INTERNA
O objeto da biomecânica interna é investigar como podemos aumentar a resistência das
estruturas do corpo, buscando uma eficiência maior quando solicitamos uma realização de um
determinando movimento e/ou a prevenção das possíveis lesões nestas estruturas. Desta forma,
devemos ter um conhecimento dos materiais biológicos que as compõem e a magnitude destas
forças aplicadas a estas estruturas. Temos que ter conhecimento das seguintes estruturas: tecido
ósseo, cartilagem articular, fibrocartilagens, ligamentos, tendões e tecido muscular.
Portanto, estudos sobre o funcionamento físico das estruturas têm se baseado em medidas
experimentais. Devido as grandes dificuldades metodológicas de acessarmos o comportamento
biológico das estruturas internas. Com isso, o uso de termos de variáveis biomecânicas internas
se torna extremamente dependente de medições externas ao organismo. A Biomecânica tem um
campo amplo de interação com diversas áreas que se aplicam a análise do movimento, como
Educação Física, Fisioterapia, Medicina, Engenharia e a Física. Por se tratar de uma disciplina com
alta dependência de resultados experimentais, é premente que a biomecânica apresente grande
preocupação nos seus métodos de medição. Somente desta forma é possível buscar medidas
e métodos mais acurados e precisos para modelagem do movimento humano. Os métodos

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utilizados pela biomecânica para abordar as diversas formas de movimento são cinemetria,
dinamometria, antropometria e eletromiografia (AMADIO, 1996). Utiliza-se destes métodos
para descrever e modelar matematicamente o movimento, permitindo uma maior compreensão
dos mecanismos internos reguladores do movimento do corpo humano.
Para obter estas respostas mecânicas, temos que analisar os segmentos separadamente,
com isso, normalmente utilizamos testes mecânicos que envolvem máquinas capazes de
produzir forças distintas em magnitudes progressivas (Figura 1). Estudos analisaram um teste de
compressão em um pedaço de osso para analisar o efeito que esta compressão produziu sobre o
osso. Logico que a resposta obtida quando analisamos o segmento separado terá uma resposta
diferente quando analisamos a interação dos outros segmentos e estruturas. A intenção desta
análise é compreender as respostas biológicas e suas características, porém, as respostas podem
ser extrapoladas pela situação de realização do movimento e associar com os demais tecidos.

Figura 1 - Foto de teste mecânico realizado com uma amostra de tecido ósseo para registrar as respostas mecânicas
e de resistência deste tecido. Fonte: adaptado de Nordin e Frankel (2003).

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Em todas as modalidades diversas estruturas do aparelho locomotor estão sujeitas a lesões


que exigem a interrupção do treinamento da pessoa para seu tratamento e, consequentemente,
ocorre piora do rendimento na modalidade. A prevenção do surgimento de lesões depende da
estrutura em questão e da característica da modalidade que irá solicitar esta estrutura. Portanto,
em cada modalidade observam-se lesões específicas sobre diferentes estruturas do aparelho
locomotor. Contudo, de forma geral, é possível identificar elementos em comum no surgimento
de algumas lesões, como a magnitude da carga aplicada no movimento e a frequência da carga
aplicada ao longo da prática da modalidade. No módulo de mecânica dos tecidos, questões
relacionadas ao surgimento de lesões nas estruturas do aparelho locomotor será discutido, por
meio da análise das respostas mecânicas dos tecidos e dos mecanismos específicos de lesão, o que
cada tecido apresenta.

2. BIOMECÂNICA EXTERNA
A biomecânica externa visa a análise e o estudo do aparelho locomotor como um todo
em interação com o meio ambiente. Para tanto, devemos saber como o movimento é produzido
pelos nossos músculos para aperfeiçoar a produção de força e potência de forma mais eficiente e

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econômica. Em diversas situações, o aparelho locomotor interage com o solo, a água, a cadeira, um
equipamento de academia qualquer ou, até mesmo, com um oponente durante uma modalidade
de luta. Segundo as Leis de Newton, um corpo somente irá iniciar ou alterar seu movimento se
uma força for aplicada sobre ele. Nesta interação, toda vez que uma força for aplicada por algum
corpo, este receberá uma força de mesma magnitude, mesma direção e sentido oposto.
Pela análise simplificada das Leis de Newton, fica claro que forças irão surgir sempre
que houver a interação entre dois corpos e poderão produzir movimento ou se propagar pelo
corpo humano. Por exemplo, ao aplicar uma força sobre uma bola durante um chute, no futebol,
objetiva-se a projeção da bola na direção do gol. Em função do tipo de chute e da forma como
o chute for realizado, o resultado da trajetória da bola será diferente. Em outro exemplo, na
aterrissagem de um salto vertical, nosso corpo irá aplicar uma força sobre o solo e, em resposta, o
solo aplicará uma força de reação que se propagará pelo aparelho locomotor, gerando sobrecarga
sobre os nossos tecidos e nossas articulações.
Nesses dois exemplos, fica clara a importância do estudo das forças externas, pois são
elas que elucidarão as causas dos comportamentos observados durante o movimento. Em outras
palavras, é somente observando a característica da força aplicada sobre uma bola durante o
chute que se torna possível entender o porquê do resultado final deste chute. Se, por um lado,
a determinação das forças internas é complicada por se tratar de estruturas internas e às quais
temos difícil acesso. Por outro, medir e quantificar as forças externas é relativamente fácil, pois
exige somente que um instrumento de medição seja posicionado na interface entre o corpo e o
objeto. Dessa forma, é possível medir precisamente as forças, sua distribuição na superfície de
contato ou analisar seu tempo de aplicação. Nos tópicos que seguem, serão discutidas algumas
formas para se analisar e estudar o movimento nas diferentes áreas de atuação.

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3. ÁREAS DE ATUAÇÃO DA BIOMECÂNICA


São muitas as áreas de atuação profissional nas quais a biomecânica se faz importante,
porém, em cada uma delas diferentes aspectos da análise do movimento são implementados.
As áreas nas quais a biomecânica pode atuar são: anatomia funcional, biomecânica clínica,
biomecânica ocupacional, biomateriais, biomecânica da reabilitação e biomecânica do esporte.
Uma vez que os objetivos deste curso são de integrar os conhecimentos provenientes das
disciplinas cinesiologia, biomecânica e treinamento físico, a ênfase será dada exclusivamente às
áreas de atuação pertinentes a esta análise e integração.

3.1 Anatomia Funcional e Cinesiologia


Nesta área de atuação ocorre a caracterização anatômica das estruturas do aparelho
locomotor. Analisam-se as ações dos principais músculos do corpo, bem como investiga-se a
fisiologia articular de estruturas dos membros superiores e inferiores e da coluna vertebral.

3.2 Biomecânica Clínica

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Este ramo da biomecânica estuda as alterações que os tecidos do aparelho locomotor
sofrem em sua resistência e as características quando sob o efeito de uma lesão, ruptura tecidual
ou patologia. Investiga, também, de que forma alterações teciduais e neurais afetam a mecânica
da locomoção. As aplicações podem se estender ainda para a investigação dos efeitos dos
tratamentos e das imobilizações nos tecidos, além de procurar desenvolver próteses e órteses que
permitam a melhor interação possível do indivíduo com o seu meio ambiente.

3.3 Biomateriais
É uma área de atuação que se destina a analisar as forças presentes no movimento e sua
influência nas estruturas do aparelho locomotor, bem como a entender a influência que essas
forças têm na prevenção de lesões e nas adaptações nos tecidos biológicos. Para tanto, a análise
ocorre nos tecidos separadamente, bem como na interação complexa durante diversas situações
de movimento.

3.4 Biomecânica da Reabilitação


Este ramo da biomecânica investiga as respostas e as características das estruturas do
aparelho locomotor, a mecânica das articulações e a forma pela qual o movimento ocorre na
presença e na ausência de lesões. A partir desta determinação e compreensão, intervenções
podem ser elaboradas para a reestruturação do tecido e a reabilitação do movimento.

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3.5 Biomecânica do Esporte


A biomecânica do esporte é uma área que investiga a realização do exercício físico como
instrumento para manter o corpo humano saudável e bem-condicionado, mas também investiga
as formas mais específicas de execução de movimento presentes nas diferentes modalidades
esportivas, com o objetivo de maximizar a eficiência deste movimento em busca de alto
rendimento. A intervenção da biomecânica no âmbito esportivo pode ser evidenciada de quatro
formas: na técnica de movimento, nas estratégias de treinamento, nos equipamentos esportivos e
no controle da incidência de lesões.

4. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DO


MOVIMENTO
Como visto anteriormente, a biomecânica é uma disciplina que descreve, analisa e
interpreta o movimento a partir dos conceitos da Física – mais precisamente, a partir dos conceitos
da mecânica clássica. Para tanto, utiliza procedimentos e técnicas de investigação específicos: a

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cinemetria, a dinamometria, a antropometria e a eletromiografia (AMADIO; DUARTE, 1996).

4.1 Cinemetria
A cinemetria usa de métodos que permitem descrever o movimento a partir de parâmetros
cinemáticos do movimento, pelos quais se torna possível determinar a posição e a orientação
dos segmentos corporais, a velocidade e a aceleração do corpo ou dos seus segmentos. Assim, a
cinemetria descreve, mas não se ocupa em explicar as causas do movimento.
A descrição do movimento pode ocorrer considerando-se os dois tipos de movimento:
movimentos lineares ou de translação e movimentos de rotação. O movimento linear ocorre
quando todas as partes do corpo percorrem exatamente a mesma distância na mesma direção e ao
mesmo tempo. Esse movimento pode ser classificado como retilíneo ou curvilíneo, dependendo
da trajetória do corpo. O movimento de rotação ocorre quando um corpo se move ao longo de
um ponto circular (ponto fixo ou eixo) sobre uma linha no espaço e todas as partes se deslocam
no mesmo ângulo (HALL, 2009).
A cinemetria é basicamente composta pela utilização de procedimentos ópticos, com
imagem de marcadores indiretos. Essa técnica permite análise qualitativa do movimento
utilizando fotografias ou imagens. Entretanto, por meio do deslocamento dos segmentos do corpo
representados pelos pontos selecionados no corpo humano e do tempo, obtido pela frequência de
amostragem, é possível derivar grandezas e encontrar os valores correspondentes às velocidades
lineares e angulares e suas respectivas acelerações. Dessa forma, a cinemetria permite uma análise
biomecânica quantitativa do movimento.
A cinemetria pode ser desenvolvida utilizando-se técnicas de medição diretas ou indiretas.
As técnicas diretas não envolvem análise de imagens, mas utilizam sensores que capturam
diretamente informações sobre a variação angular de articulações planares e da aceleração
dos segmentos. A eletrogoniometria é uma técnica de medição direta que utiliza um sistema
composto por duas hastes flexíveis e um transdutor (potenciômetro de rotação), que registra a
variação angular das articulações que se movem como dobradiças (2D). Já o acelerômetro são
sensores que indicam a aceleração de um corpo ou de um segmento.

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O registro de imagens por câmeras constitui o procedimento indireto, uma vez que a
análise é feita após a imagem coletada pela reconstrução dos segmentos a partir dos pontos
digitalizados.

Esta análise pode ser visualizada no vídeo no qual uma coleta foi feita com um
indivíduo correndo em uma esteira rolante, enquanto registros são feitos do des-
locamento das articulações e das variações angulares das articulações de mem-
bros inferiores.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=V5p92e3FLwE>.

As variáveis cinemáticas que podem ser analisadas são deslocamentos, ângulos e tempos.
Quando essas variáveis são derivadas, ou seja, passam por procedimentos matemáticos, chamados
de derivação, são obtidos os dados de velocidade linear e angular e, quando são novamente
derivados (cálculo da segunda derivada), permite-se a análise das acelerações lineares e angulares.

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Para a obtenção dessas variáveis, todo um protocolo cuidadosamente conduzido
permite o registro do movimento de maneira controlada. No vídeo a seguir (em
inglês), observa-se a preparação de um ambiente em laboratório para registrar
alguns movimentos de maneira controlada e reprodutível. Um ambiente com oito
câmeras de um sistema conhecido como Vicon foi estruturado. A montagem pas-
sa por alguns momentos distintos: montar o sistema, ajustar a direção das câme-
ras, calibrar as câmeras (registrar um sistema de coordenadas conhecido como
referência), preparar o sujeito posicionando os marcadores nas articulações e nos
segmentos a serem captados pelas câmeras, verificar se as amplitudes dos movi-
mentos são registradas, captar e reconstruir digitalmente o sujeito, além de outras
demonstrações possíveis e interessantes.
Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=2uDnW4AtFiE&feature=related>.

As aplicações deste tipo de análise são vastas. É possível registrar o movimento para
reconstrução e visualização digital deste (Figura 2) ou calcular variáveis cinemáticas quantitativas
destes movimentos e compará-las com outras situações e sujeitos.

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Figura 2 - Marcação de pontos representativos das articulações de interesse que possibilitam a reconstrução da ima-
gem dos segmentos. Fonte: adaptado de Nordin e Frankel (2003).

4.2 Dinamometria
A dinamometria permite entender as causas do movimento, ou seja, estuda as forças que
iniciam e alteram o movimento humano. As características biomecânicas na fase de apoio de

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qualquer movimento de locomoção são de complexo entendimento devido às variáveis dinâmicas
que influenciam esta fase do movimento, ou seja, suas forças internas ou externas.
Como mencionado anteriormente, na natureza, constantemente o aparelho locomotor
está sujeito a diferentes forças. Essas forças são aplicadas pelo e sobre o aparelho locomotor.
Dessa forma, podem-se ter forças internas ou externas ao corpo humano. Essas forças refletem a
interação das estruturas do aparelho locomotor frente às diferentes solicitações mecânicas como
torções, tensões e compressões.
A biomecânica interna investiga as forças que surgem na interação das estruturas do
aparelho locomotor. Como exemplo, pode-se citar a força de compressão da patela contra o
fêmur ou a força de tração do tendão calcâneo na marcha ou na corrida. Já a biomecânica externa
investiga as forças que surgem da interação do aparelho locomotor com o ambiente, como, por
exemplo, as forças de reação do solo (FRS) em diversas atividades como marcha, corrida e salto.
Para tanto, são utilizadas plataformas de força que permitem o registro da FRS nas diferentes
atividades.

Como exemplo, veja o vídeo no qual uma pessoa realiza um movimento básico de
deslocamento enquanto variáveis cinemáticas e dinâmicas são registradas em
tempo real. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=uqg9CEn8sJI&feature=related>.

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Figura 3 - Registro do componente vertical da FRS feita na plataforma de força. Nesse instrumento, é possível regis-
trar sucessivos apoios direitos e esquerdos para análise da continuidade, da simetria e da variabilidade do movimen-
to realizado. Fonte: o autor.

A plataforma de força é um instrumento posicionado do piso ou em esteiras rolantes.


Esse instrumento irá registrar as forças aplicadas sobre ela. A importância desta medida está na
aplicação da terceira Lei de Newton, em que uma força aplicada por um corpo receberá outra de
igual magnitude e direção e sentido oposto, o que significa que a força aplicada sobre a plataforma

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será exatamente igual à força que será recebida e propagada pelo aparelho locomotor.
A FRS é uma força tridimensional, ou seja, ocorre em três direções distintas ou apresenta
três componentes de força: componente vertical, componente horizontal (sentido anteroposterior)
e componente no sentido médio-lateral. A Figura 4 ilustra as FRS nos três sentidos durante
um ciclo da marcha. Isso significa que, ao andar, aplicamos forças verticalmente sobre o solo,
mas também aplicamos forças no sentido e contra o movimento e, ainda, para o lado direito e
esquerdo.

Figura 4 - FRS correspondentes a um ciclo da marcha, sendo Fx a componente no sentido vertical, Fy a componente
no sentido anteroposterior e Fz a componente no sentido médio-lateral. Fonte: o autor.

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Na marcha, pode-se perceber que a componente vertical de força (Fax) apresenta dois
picos: o primeiro, associado ao momento do toque do pé com o solo, e o segundo, associado à
propulsão. Dessa forma, chama-se o primeiro pico de pico passivo e o segundo de pico ativo.
Ambos os picos apresentam uma magnitude de aproximadamente 1,3 vezes o peso corporal.
Entre esses dois picos existe uma deflexão, na qual o valor é menor que o peso corporal. Como,
no momento dessa deflexão o segmento está em apoio unilateral, o membro inferior contralateral
encontra-se em oscilação, com impulsos parciais em direção oposta ao membro de apoio
(AMADIO; DUARTE, 1996).
A plataforma de força pode ser também implementada em esteiras rolantes. O interessante
dessa estratégia é que, nesse instrumento, vários apoios consecutivos podem ser registrados, como
observado na Figura 4. A linha vermelha representa o apoio direito e a linha azul representa o
apoio esquerdo. Cada curva do gráfico representa um apoio e, entre as curvas, observa-se um
período no qual as duas linhas apresentam valores iguais a zero. Esses momentos representam a
fase aérea da corrida.
O conhecimento da FRS nas diversas modalidades esportivas contribui de forma
importante para entender a sobrecarga que será imposta ao aparelho locomotor. Em algumas
modalidades, os atletas produzem FRS que podem ultrapassar 16 vezes o peso corporal, como no
caso da segunda passada do salto triplo (AMADIO, 1989) (Tabela 1).

Tabela 1 - Valores do primeiro pico da componente vertical da FRS em algumas modalidades esportivas distintas. CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA | UNIDADE 4
Fonte: adaptado de Amadio (1989) e Baumann (1980).

Além desses parâmetros para a interpretação da FRS, a dinamometria ocupa-se com o


entendimento sobre como as forças aplicadas são distribuídas na superfície de contato do corpo,
ou seja, preocupa-se com a distribuição de pressão. O interesse em analisar a distribuição de
pressão está em evitar que determinada estrutura do aparelho locomotor seja excessivamente
sobrecarregada pela concentração excessiva de forças sobre ela. Para registrar a distribuição de
pressão, usa-se uma matriz de sensores, que pode ser instrumentada na forma de uma palmilha.
As palmilhas permitem a avaliação das forças aplicadas na superfície plantar, ou seja, na base de
sustentação do pé durante os vários movimentos, como na corrida.

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Veja o vídeo ilustrativo da distribuição de pressão plantar registrada por um sis-


tema de medição na forma de palmilhas que foram posicionadas no calçado de
corrida de uma pessoa. Observe como as forças se distribuem na superfície de
contato durante a fase de apoio, em tempo real.
Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=eufVDqzY_UQ&feature=player_embedded>.

Esse tipo de instrumento pode ser utilizado para análise da marcha patológica, análise de
diferentes calçados etc. Isto é possível, pois as palmilhas registram a força aplicada em cada um de
seus sensores e a planta do pé é reconstruída com as magnitudes de força respectivas (Figura 5).

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Figura 5 - Imagem obtida a partir da tela de computador com o software que gerencia o sistema de distribuição de
pressão. Fonte: Hall (2009).

No registro, observa-se uma escala de cores variando do azul escuro ao vermelho. Quanto
mais clara for a cor, aproximando-se do vermelho mais forte, maior é a magnitude de pressão
medida. A região em que a palmilha se encontra em branco indica que os sensores não foram
ativados. Observe que, em razão da fase de apoio da marcha, haverá maior ou menor área de
contato, levando a uma distribuição de pressão mais eficiente ou mais pobre.

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É possível notar, também, o avançar da força durante a fase de apoio, sendo essa uma
forma usada por muitos pesquisadores para analisar a trajetória do centro de pressão durante a
locomoção.

4.3 Antropometria
A antropometria é o método de investigação que se ocupa em determinar características e
propriedades do aparelho locomotor, como dimensões do corpo e de seus segmentos, distribuição
de massa, braços de alavanca, posições articulares, entre outros (AMADIO; DUARTE, 1996).
Dessa forma, a antropometria busca modelos que possam ser utilizados para representar
o corpo humano. Para tanto, torna-se necessária a obtenção de medidas médias de densidade
corporal por segmento, tamanho e proporção média dos segmentos corporais. Já a caracterização
e a determinação das propriedades da massa corporal e de seus segmentos permitem a avaliação
da distribuição dessa massa corporal, do centro de massa do corpo ou de cada segmento e do
momento de inércia do corpo ou de cada segmento corporal.
O centro de massa (CM) é o ponto no qual a massa do corpo está uniformemente
distribuída, ou seja, o torque resultante será igual a zero. O CM é um ponto abstrato que se move
na medida em que os segmentos corporais se movem em relação aos outros, conforme mostra a
Figura 6.

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Figura 6 - Alteração do CM em função da movimentação dos segmentos corporais. Fonte: Hamill (2012).

O CM pode ser influenciado pelo tamanho da base de apoio, pela projeção do CM nessa
base de apoio, pela altura do CM e, ainda, pela massa corporal de cada indivíduo (HALL, 2009).

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4.4 Eletromiografia
A eletromiografia é um método de investigação da biomecânica que registra a atividade
elétrica associada à contração muscular e possui aplicação em várias áreas de atuação para a
solução de problemas. O sinal eletromiográfico (EMG) representa os potenciais de ação dos sinais
elétricos emanados pelo músculo (BASMAJIAN; DE LUCA, 1985), o que corresponde à somação
algébrica de todos os potenciais de ação de determinada área. A avaliação do sinal EMG pode
fornecer informações que contribuem significativamente para o entendimento da ação muscular,
pois pode indicar como o aparelho locomotor coordena a ação muscular no movimento. Esse
sinal é obtido por meio de eletrodos que fazem a conexão do corpo com o sistema de aquisição
e, por isso, representa a zona de detecção. Para a avaliação de músculos grandes e superficiais,
utilizam-se eletrodos de superfície e, para a avaliação de músculos profundos e pequenos, são
utilizados eletrodos de profundidade, como os de fio e agulha (SODEBERG; KNUTSON, 2000).
A Figura 7 mostras diferentes tipos de eletrodos utilizados para a captação do sinal EMG.

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Figura 7 - Eletrodos utilizados para captação do sinal EMG. (a) eletrodo de superfície passivo; (b) eletrodo de super-
fície ativo; (c) eletrodo de profundidade em agulha; (d) eletrodo de profundidade em fio. Fonte: Marchetti (2007).

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Esta técnica apresenta aplicação com diferentes finalidades, como identificação de


músculos ativos, análise da marcha, análise da fadiga muscular, odontologia, diagnóstico clínico,
controle motor, análise do rendimento esportivo, entre outras.
Entretanto deve-se ressaltar que o sinal EMG pode apresentar grande variabilidade, sendo
altamente influenciado por fatores como: posicionamento do eletrodo, músculo selecionado,
tipo de contração muscular, forma de realização do movimento, tipo de eletrodo e sistema de
captação, entre outros fatores. Assim, torna-se imprescindível que haja controle desses fatores
para que eles não influenciem de forma inadequada a captação e o processamento do sinal EMG.
A Figura 8 mostra um sinal EMG coletado que chamamos de sinal bruto, o que significa
que esse sinal não passou por uma série de etapas de processamento indicadas para sua adequada
quantificação.

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Figura 8 - Sinal EMG: (A) apenas um registro do sinal EMG bruto, conhecido como burst; (B) registros brutos de
sinais EMG de sete músculos ao longo do tempo. Fonte: Marchetti (2007).

As etapas mais conhecidas de processamento do sinal EMG são filtragem, retificação,


normalização temporal e normalização de intensidade. A escolha de cada etapa do processamento
do sinal EMG depende do objetivo de cada estudo.
Após processado, o sinal EMG pode ser analisado de forma quantitativa no domínio do
tempo (ao longo do tempo) e do domínio de suas frequências (a partir da análise das frequências
características do sinal). As variáveis mais comuns analisadas no domínio tempo são o valor
de pico, o valor médio, o valor da integral (área abaixo da curva) e o valor de root mean square
(RMS). No domínio das frequências, os valores correspondentes à média e à mediana são mais
utilizados para análise.
A eletromiografia pode, ainda, ser associada a outros instrumentos de medição,
permitindo, assim, investigar a ativação em função da fase na qual a pessoa se encontra no ciclo da
marcha, por suposição. Por exemplo, a atividade de um músculo extensor do joelho, durante uma
flexão de joelho, denota uma contração muscular na qual o músculo está alongando, portanto,
denota uma contração excêntrica.

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Os resultados obtidos pela eletromiografia permitem várias análises. Uma delas,


por exemplo, é a análise da coordenação das ações musculares para a realização
da marcha, conforme o vídeo ilustrativo. A característica completa da atividade
muscular na locomoção será abordada futuramente por meio da análise da corri-
da.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=FwCg-ONo_Es>.

De forma geral, é possível observar que os músculos apresentam uma atividade física ao
longo do ciclo da passada. Isso significa que os músculos não se encontram ativos durante todo o
período da passada, mas se ativam de forma coordenada em alguns momentos para movimentar
ou controlar as articulações durante o movimento humano.

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Veja no vídeo a seguir algumas aplicações dos métodos de investigação na área
da biomecânica do esporte. Pelas características não invasivas de alguns méto-
dos, torna-se possível o registro de variáveis em situações reais de competição
sem afetar a execução do movimento durante a realização da modalidade.
Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=csrb-GCUxzg&feature=related>.

4.5 Determinação das Forças Internas


Conforme discutido anteriormente, a biomecânica pode ser dividida em externa e
interna (AMADIO; DUARTE, 1996). Medir as forças externas é uma tarefa relativamente mais
fácil, pois as forças de interesse são aplicadas externamente ao corpo humano. Dessa forma, o
grande desafio está em conhecer as forças internas, pois elas surgem da interação das estruturas
do aparelho locomotor. Como mencionado, analisar as forças internas torna-se importante para
entender como as diferentes estruturas reagem às forças aplicadas durante o movimento humano.
Porém a análise direta das forças internas exige a remoção do tecido para que esta seja analisada
em testes mecânicos. Há, ainda, a possibilidade de introduzir um transdutor para a medição das
forças internas. São poucos os estudos que utilizam esta metodologia e alguns usam transdutores
em próteses.
Os transdutores colocados diretamente no tecido biológico são posicionados em
estruturas como tendões, sendo a maioria no tendão do calcâneo, limitando-se a medir a força
nesta estrutura. Os primeiros trabalhos em humanos foram feitos utilizando-se sensores do tipo
strain gauges no tendão do calcâneo (Figura 9) (KOMI et al., 1987). Mais recentemente, estudos
utilizaram sensores em próteses do quadril para analisar as forças nesta articulação durante a
marcha e a corrida.

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Figura 9 - Ilustração dos sensores do tipo strain gauges posicionados no tendão calcâneo para registrar as forças de
tensão aplicadas sobre a estrutura interna in vivo. Fonte: adaptado de Komi et al. (1987).

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Entretanto, a estimativa das forças utilizando técnicas diretas apresenta importantes
limitações, como desconforto e dor causados pela introdução do transdutor, que pode alterar as
características do movimento. Além disso, há questões relacionadas às limitações éticas pelo uso
de uma técnica invasiva.
Dessa forma, uma alternativa pode ser o uso de modelos matemáticos em biomecânica
para a determinação das forças internas. Para tanto, tem sido utilizada a técnica da dinâmica
inversa, que pressupõe o cálculo das forças internas (musculares e articulares) a partir das
características inerciais, cinemáticas e dinâmicas conhecidas. Obviamente, este método não está
livre de limitações, mas representa uma importante ferramenta para a análise das forças internas.
Os métodos de pesquisa em biomecânica são utilizados para a elaboração dos modelos
biomecânicos que permitem o cálculo das forças internas, conforme mostra a Figura 10.

Figura 10 - Áreas para complexa análise do movimento humano. Fonte: adaptado de Amadio e Duarte (1996).

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Amadio e Duarte (1996) sugerem as seguintes etapas para construção de um modelo


matemático:

• definição do sistema de investigação.


• construção de um diagrama de corpo livre.
• construção de um modelo de segmentos rígidos articulados entre si.
• elaboração de equações matemáticas para estimativa das forças internas.

A construção do diagrama de corpos livres é uma ferramenta utilizada para analisar


as forças envolvidas dentro de uma situação estática ou dinâmica que representa um esboço
simplificado para entender as forças que atuam sobre o sistema (NEUMANN, 2006). O sistema
sob consideração pode ser um simples segmento rígido (como exemplo, o pé) ou representações
de vários segmentos (como coxa-perna-pé). Tudo dependerá do objetivo da análise.
Para estruturar o diagrama de corpo livre, recomenda-se seguir as seguintes etapas:

1. identificar o corpo (objeto) de interesse.


2. desenhar esquematicamente o corpo livre no espaço.
3. identificar todas as forças atuantes sobre o sistema (quais são elas, onde atuam e em
que direção atuam).

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Como exemplo, pode-se estruturar o diagrama de corpo livre do antebraço do indivíduo
segurando uma bola, mantendo uma posição de 90° de flexão de cotovelo (conforme Figura 11).
Nesse exemplo:

• o corpo de interesse é o antebraço (segmento antebraço-mão).


• vemos um desenho esquemático do corpo livre no espaço.
• as forças atuantes são o peso do segmento (PS), o peso da bola (PB), a força muscular
(FM) representada pela força do bíceps braquial e a força articular (FA).

Figura 11 - (A) antebraço do indivíduo segurando uma bola, mantendo uma posição de 90º de flexão do cotovelo,
(B) segmento antebraço-mão e (C) modelo simplificado que mostra as forças que atuam no sistema. Fonte: adaptado
de Smilth, Weiss e Lehmkuhl (1997).

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Citando outro exemplo, pode-se ter como objetivo determinar a força muscular necessária
para que os músculos abdutores do ombro mantenham essa articulação a 90° de abdução.
Embora a contribuição dos músculos individuais não possa ser determinada, um único vetor da
força muscular (FM) resultante é, muitas vezes, usado para representar a soma de todas as forças
musculares de um modo simplificado. As forças externas incluem a tração gravitacional do peso
do segmento (PS). A localização do ponto de aplicação das forças FM e PS é determinada com o
uso de modelos antropométricos (NEUMANN, 2006).
Para descobrir a FM necessária para manter o ombro em 90° de abdução (contração
isométrica dos abdutores), são utilizadas as seguintes informações, obtidas de modelos
antropométricos:

• distância de inserção dos músculos abdutores do ombro: 7 cm.


• peso do segmento braço-antebraço-mão: 42 N.
• distância de aplicação do PS é 0,24 m.

Pressupondo que a força articular tenha um braço de alavanca muito pequeno, seu torque
será desprezado.
Na Figura 12 é apresentado o diagrama de corpo livre dessa situação e, na sequência, são
apresentados os cálculos de determinação da FM.

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Figura 12 - Representação de um ombro e um segmento superior para análise de diagrama de corpos libres e cálculo
da força muscular (FM). Fonte: Hamill (2012).

A FM pode ser determinada pressupondo condição de equilíbrio, ou seja, TR = 0. Este


é um modelo extremamente simplificado que pode ser utilizado didaticamente para estimar a
FM, entretanto, é preciso considerar que sua aplicação simplificada pode levar a diversos erros,
tendo em vista que o modelo desconsidera o torque produzido por outros músculos (agonistas,
antagonistas e sinergistas) e não considera a resistência oferecida pelos tecidos passivos nem a
presença de forças articulares. Portanto, é possível observar grande complexidade para determinar
as forças internas devido ao grande número de variáveis que podem atuar sobre o sistema.

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Em geral, quando a modelagem é utilizada para cálculo das forças internas, é necessário
que haja simplificação e aproximação, caso contrário, o problema se torna intratável e sem solução,
pois o número de variáveis desconhecidas será maior do que o número de variáveis conhecidas.
Entretanto, o desenvolvimento de modernas técnicas para quantificar o movimento humano e a
computação têm capacitado a utilização de modelamentos cada vez mais complexos.
Como visto anteriormente, para estimar as forças internas, são utilizadas equações de
modelagem resolvidas inversamente, técnica conhecida como dinâmica inversa. Para tanto, são
medidos experimentalmente os dados das posições dos segmentos e calculadas as suas derivadas
para obter a velocidade, e com o cálculo da segunda derivada se obtém a aceleração. A partir disso,
as variáveis cinemáticas podem ser obtidas nas equações de movimento. Além dessas variáveis,
são utilizados os dados de força de reação do solo (FRS), obtidos na plataforma de força. Todavia
outras variáveis conhecidas, que dizem respeito às características antropométricas do aparelho
locomotor, precisam alimentar as equações. Esses modelos antropométricos fornecem dados,
como o comprimento relativo dos segmentos, a massa relativa, a localização do centro de massa
e o momento de inércia.
Com essas variáveis, os torques e as forças internas articulares resultantes podem ser
calculados pelo método da dinâmica inversa, usando diagramas de corpos livres, conforme
comentado anteriormente.
A formulação de modelos físico-matemáticos é, atualmente, uma das principais tarefas

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da biomecânica. Cada simulação do movimento é uma simplificação esquemática do movimento
complexo. A partir da análise das forças internas, importantes considerações acerca do controle
do movimento e da sobrecarga mecânica imposta ao aparelho locomotor podem ser feitas,
contribuindo na busca de parâmetros de eficiência do movimento e/ou proteção do aparelho
locomotor.

5. MECÂNICA DOS TECIDOS


Na Biomecânica a análise mecânica dos tecidos estuda as estruturas tanto suas
características quanto suas respostas no aparelho locomotor separadamente e em interação
de qualquer execução do movimento humano. Para Bianco (2005), o aparelho locomotor está
constantemente sendo submetido às forças musculares e também às forças externas. Com isso, a
análise mecânica das respostas dos tecidos destina-se à prevenção de lesões e procura aperfeiçoar
estas respostas, tentando melhorar o rendimento e perfeição do movimento. Prevenindo possíveis
lesões e conhecendo as características dos movimentos, a tendência é diminuir a sobrecarga do
aparelho locomotor. Conhecendo a resistência e as características, as respostas mecânicas poderão
ter efeitos diferentes nas solicitações mecânicas sobre as estruturas (AMADIO; DUARTE, 1996).
A análise das respostas dos tecidos é alcançada pela aplicação da área da física e da
mecânica, que estuda a mecânica dos corpos deformáveis. A Mecânica dos corpos deformáveis
estuda a relação entre cargas externas aplicadas sobre o corpo e seus efeitos internos nos tecidos.
Fica claro a partir da descrição que os tecidos respondem às solicitações mecânicas se deformando
e é esta deformação que a Biomecânica interna busca observar. Para realizar esta observação e
descrição, frequentemente o tecido necessita ser extraído do corpo e investigado isoladamente.
Caso contrário, torna-se difícil saber a extensão das respostas do tecido.

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Obviamente, esta análise apresenta pontos positivos e negativos. O ponto positivo


é o controle nas variáveis e a análise mais precisa das respostas dos tecidos quando estes são
submetidos a testes mecânicos de resistência. O ponto negativo é que, por questões éticas, as
amostras analisadas, na maioria das vezes, são extraídas de animais e não de seres humanos.
Embora a característica do tecido seja semelhante, é possível que existam certas diferenças
que talvez ainda nem tenham sido identificadas. Além disso, quando um animal é submetido
à prática de um exercício físico qualquer, o efeito da sobrecarga do exercício pode não ser o
mesmo que no ser humano. Infelizmente, estudos em seres humanos envolveriam o uso de
cadáveres ou a análise in vivo com a introdução de um instrumento de medição (transdutor) no
tecido para registrar as forças e solicitações mecânicas. Em ambos os casos problemas surgem,
pois, os cadáveres, muitas vezes, apresentam uma faixa etária especifica e não representativa da
população, além da deterioração eventual que pode ter se instalado em diferentes níveis. Por sua
vez, o uso de instrumentos de medição introduzidos no aparelho locomotor de forma invasiva,
afeta a naturalidade do movimento além de causar dor e alterar a resposta do próprio tecido que
se destina observar.
A mecânica dos tecidos tem como objetivo investigar e analisar as possíveis respostas
da mecânica de suas estruturas e tecidos. Desta forma, conseguimos entender melhor as formas
de lesões em geral e podemos prevenir as respostas dos tecidos (HAMILL, 2012). Entretanto,
buscamos identificar e controlar estas variáveis que podem aumentar a probabilidade de evitar

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a lesão e ainda mais ter conhecimento das respostas dos tecidos para otimizar e aumentar a
performance nas práticas esportivas.

6. CONCEITOS GERAIS
A biomecânica investiga várias estruturas, dentro delas a biomecânica interna, analisando
estruturas como: tecido muscular, ligamentos, tecido ósseo, fibrocartilagem, cartilagem articular
e tendões. Para melhor entendimento das respostas biológicas, será necessário avaliar os tipos
de forças e por onde serão aplicadas nas estruturas. Segundo Hall (2009), sofremos alguns tipos
de forças, essas forças que agem nas estruturas são chamadas de solicitações mecânicas. Estas
solicitações mecânicas são conhecidas como: envergamento ou flexão, compressão, deslizamento
ou cisalhamento, tração e torção ou até mesmo combinadas (Figura 13).

Figura 13 - Tipos diferentes de forças às quais os materiais podem ser impostos. Fonte: adaptado de Hall (2009).

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Compressão são duas forças aplicadas na mesma direção, porém em sentidos opostos
a uma magnitude está encontrada no centro da estrutura. Sua característica é a aproximação,
gerando o esmagamento da estrutura. Um exemplo clássico do esmagamento sobre o corpo
humano é a força da gravidade, onde faz o achatamento dos discos intervertebral, saudando uma
possível hérnia de disco.
Tração ou tensão é a força que age nas extremidades das estruturas, como a compressão,
porém sua diferença é o afastamento da mesma. Também terá sempre duas forças agindo na
mesma direção, mas com sentidos opostos. Um exemplo é a barra fixa, a gravidade nos puxa para
baixo e a barra nos traciona para cima (HAMILL, 2012).
Envergamento ou flexão é a ação de uma ou mais forças agindo na estrutura tentando
curvá-la, com o intuito de dobrar. A magnitude deste estresse é proporcional à sua distância
do eixo do osso, ou seja, quanto maior for a distância do eixo maior a magnitude (NORKIN;
FRANKEL, 2003). Ação da força de flexão juntamente com a força de tração com uma força de
compressão. Um exemplo bem típico é o exercício de supino na musculação, quando a barra faz
a força no braço e antebraço, caso fosse menos rígido, os segmentos curvariam cedendo até que
a barra tocasse no peito.
O deslizamento ou cisalhamento são forças tangenciais e opostas aplicada em uma
direção angular. O cisalhamento ocorre em situações de movimento articular, em que os ossos
se deslocam em contato um com o outro. Um exemplo clássico ocorre no fêmur, exatamente no

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colo do fêmur. Sendo que tem uma força agindo para baixo e outra para cima fazendo com que o
colo do fêmur tente deslizar para baixo.
A torção ocorre quanto duas forças externas opostas são aplicadas na estrutura de forma
rotacional, sendo esta força tangencial em rotação. Em consequência, ocorre aproximação
e um achatamento da estrutura. Esta solicitação mecânica de torção fica bem visível quando
realizamos uma rotação na coluna vertebral, fazendo com quem os discos vertebrais se achatem
e as estruturas aproximem.
Em algumas situações realizamos movimentos com diferente aplicabilidade dessas
forças de solicitações mecânicas, muitas vezes com combinações destas forças sobre a mesma
estrutura. Segundo Nordin e Frankel (2003), uma técnica específica pode ter diferentes tipos de
forças mecânicas e temos que conhecer os efeitos destas solicitações sobre o aparelho locomotor.
É de suma importância conhecer as respostas de cada mecanismo. Para melhor obtenção das
respostas, temos que analisar as estruturas separadamente. É comum utilizarmos testes mecânicos
envolvendo máquinas que produzem as forças na magnitude progressiva até chegar no ponto de
falência do tecido. Um exemplo é submeter um osso a um teste de compressão para analisar os
efeitos que serão produzidos neste osso. Lógico que existirão respostas diferentes em relação às
outras estruturas corporais, pois analisamos apenas uma estrutura separada e isolada. Portanto,
a intenção é analisar o tipo e compreender as características da resposta, onde se pode aplicar a
sobrecarga para não extrapolar os tecidos corporais.
Em qualquer modalidade esportiva o risco de lesão é grande e caso venha a surgir
uma lesão haverá interrupção no treino. Para isso, visamos a prevenção destas possíveis lesões,
analisando a questão e respostas das solicitações mecânicas. Portanto, observamos os gestos de
cada modalidade e suas respectivas lesões específicas dentro das diferentes estruturas corporais.
Entretanto, hoje, com o avanço das pesquisas, temos condições de identificar possíveis
surgimentos de alguns tipos de lesões, devido à magnitude da carga aplicada e à frequência
que está sendo aplicada ao longo da prática esportiva (HAMILL; KNUTZEN, 2012). Com isso,
podemos observar a probabilidade em desenvolver uma lesão devido à magnitude e ou frequência
desta carga aplicada.

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Para Hall (2009), se a magnitude desta carga ou a intensidade estiver alta, teremos que
controlar a frequência desta carga aplicada para diminuir os riscos de qualquer tipo de lesão nas
estruturas. Pois com cargas altas aplicadas em excesso, a probabilidade de desenvolver uma lesão
será grande. Embora não possamos dar garantia de que a lesão ocorrerá, temos em conta outros
fatores que influenciam diretamente, como: característica e tipos de carga, estrutura do aparelho,
resistência nos tecidos em função dos níveis de condicionamento físico de cada indivíduo entre
outros.

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Figura 14 - Análise da probabilidade de uma estrutura corporal sofrer uma lesão em função de duas variáveis: (1)
magnitude de carga ou intensidade e (2) frequência de carga ou volume. Fonte: adaptado de Hall (2009).

Temos dois tipos de lesões: aguda e crônica. As lesões agudas são conhecidas como
traumáticas ou, melhor dizendo, diretas, aquelas nas quais a magnitude da força é alta, sendo que
com uma aplicação de força já pode ocorrer uma lesão. Exemplo disso é uma série de musculação,
em que lesionamos o tecido muscular, causando uma inflamação. Também podemos chamar as
lesões crônicas de lesão por esforço repetitivo, a magnitude da carga não é elevada, mas, em
contrapartida, o número de repetições são altas, causando um overtraining. Exemplo disso são
as lesões em maratonistas e triatletas pelo fato de os treinos serem longos e repetitivos. Esta
aplicação de carga, por ser de baixa magnitude, as repetições são de grande quantidade, causando
microtraumas que não representam risco, mas em conjunto, com a somatória destas forças
aplicadas, podem gerar uma sobrecarga no aparelho locomotor, causando lesões por estresse
(HALL, 2009). Entretanto uma sobrecarga da atividade física por si só não é prejudicial ao corpo,
nas condições adequadas, pois os microtraumas produzidos do treinamento serão regenerados
rapidamente e ainda ajudarão, gradualmente, a dar estímulos para melhoria da resistência do
tecido. Para Gomes (2009), quando a sobrecarga é alta, o tempo de recuperação terá que ser na
mesma magnitude, já se a recuperação não for proporcional a esta magnitude podemos chamar
de recuperação incompleta, que, na somatória, poderá levar a uma lesão por estresse.

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Desta forma, temos que ter em consideração o condicionamento físico de cada indivíduo,
sendo que, uma pessoa bem condicionada consegue aguentar uma sobrecarga bem maior,
comparado com uma pessoa mal condicionada, devido às adaptações adquiridas nos tecidos,
tornando-os mais resistentes à magnitude, carga e volume maior. Por isso temos que considerar
cargas altas ou baixas quando aplicadas em excesso num curto período de tempo, podemos
aumentar significativamente o índice de lesões (GOMES, 2009).

7. TECIDO ÓSSEO
Tem como função: sustentação, áreas de fixação, armazenamento, alavancas e formação
de células sanguíneas. Os ossos protegem o cérebro e os órgão internos, mas também armazenam
gorduras e minerais e, finalmente, a formação de células sanguíneas. O tecido ósseo é de material
notável e leve, tendo propriedades de sustentação e de movimento, é composta uma matriz de
sais inorgânicos e colágeno e um material orgânico encontrado em todo o tecido conjuntivo
(NIGG; HERZOG, 2006; NORDIN; FRANKEL, 2003).
As células ósseas são os osteócitos, divididos em dois tipos: osteoblastos e osteoclastos
que são responsáveis pela remodelagem óssea. Os osteoclastos são as células responsáveis pela

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destruição e convertem os sais de cálcio em uma forma solúvel, facilitando sua transformação em
sangue. Já os osteoblastos são responsáveis pela produção das fibras orgânicas que depositam o
cálcio nas estruturas (HAMILL, 2012).
A combinação dos osteoblastos e osteoclastos garante a manutenção do tecido ósseo
saudável e resistente. Entretanto é essa relação de intensidade de atividade das células que aumenta
ou diminui a massa óssea. Se, por um acaso, aumentar a atividade dos osteoblastos teremos
um aumento da massa óssea, por sua vez, se aumentarmos a atividade das células osteoclastos
haverá uma diminuição da massa, podendo surgir a patologia de osteopenia ou, até mesmo, uma
osteoporose.
Temos dois tipos de composição óssea: os compactos ou corticais e os esponjosos ou
trabeculares. Ambos apresentam tecido trabecular internamente, em quantidades maiores ou
menores, com revestimento mais finos e mais espessos, como o osso cortical. A quantidade
depende do tipo de osso, os longos têm quantidade trabecular nas epífises e recobertos por osso
cortical no seu corpo. Já os ossos como nas vertebras, apresentam uma camada fina de cortical e
seu corpo é preenchido de osso trabecular (HALL, 2009).
Embora tanto o osso cortical quanto o trabecular têm semelhanças em suas características,
ambos diferem em rigidez e na deformação, tendo a mesma capacidade de tolerar as cargas
(ENOKA, 2000). Suas respostas podem ser investigadas na curva de deformação obtida em teste
mecânico apresentado na figura a seguir (Figura 15).

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Figura 15 - Curva de estresse deformação do osso que representa a resposta do tecido submetido a um teste mecâni-
co de compressão. Dois tipos de respostas podem ser observados, respostas elásticas (A-B) e resposta plástica (B-C),
antes de ocorrer a fratura (C). Fonte: adaptado de Nordin e Frankel (2003).

Observa-se a deformação no tecido em função da aplicação de uma força que chamamos

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de estresse. A força aplicada representa o estresse sofrido na área determinada no tecido. Desta
forma, conseguimos comparar as dimensões distintas que foram tomadas nesta circunstância.
A curva de estresse demonstra a deformação óssea, tendo em conta que qualquer tecido pode
sofrer deformação quando há uma ação da força. Tendo em conta, que esta deformação pode ser
de dois tipos: plástica ou elástica. A deformação elástica significa que o tecido volta ao formato
original, caso seja plástica, por conta da magnitude da força aplicada, ultrapassando os limites da
estrutura, pode acarretar uma lesão (NORDIN; FRANKEL, 2003).
São inúmeros os fatores que interferem nas respostas dos tecidos descritos anteriormente.
Entre estes fatore, temos os tipos de solicitações mecânicas (tração, flexão e compressão), podendo
ser pela quantidade de massa óssea ou pela ausência ou, até mesmo, pelos fatores maturacionais
(crianças, adultos e idosos), tipo de osso (trabecular ou cortical), entre outros. Segundo Amadio
e Barbanti (2000), para prevenir as lesões crônicas nos tecidos ósseos, chamadas de fratura por
estresse, é de grande importância entender e compreender os feitos que esses fatores exercem no
tecido ósseo.

Figura 16 - Máxima carga tolerada pelo tecido óssea até a fratura nos diferentes tipos de solicitações mecânicas.
Resultado obtido a partir de testes mecânicos. Fonte: adaptado de Hall (2009).

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A Figura 16 ilustra a magnitude de um estresse máximo que um osso pode suportar para
uma fratura com ação da força de compressão, tensão e força de cisalhamento. Percebe-se que a
magnitude de força de compressão é superior às demais. Com isso, os seres humanos têm uma
resistência maior à força de compressão, comparado com as outras solicitações mecânicas, pois
estamos em constante estresse da gravidade.

8. CARTILAGEM ARTICULAR
Cartilagem articular ou cartilagem hialina é uma substância avascular que consiste em
60 a 80% de água e em uma matriz sólida composta de colágeno e proteoglicano. A cartilagem
articular é encontrada nas extremidades dos ossos que compõem as articulações sinoviais
(HAMILL, 2012) (Figura 17). As propriedades da cartilagem a tornam bastante apropriada
para resistir às forças de cisalhamento, pelo fato de o tecido responder às cargas de maneira
viscoelástica. A cartilagem é importante para a estabilidade e funcionamento de uma articulação,
porque esse tecido distribui as cargas pela superfície e reduz pela metade as forças de contato.
Desta forma, com sua superfície lisa e banhada por líquido sinovial, faz com que o atrito diminua
e minimize ao máximo o desgaste da articulação, tornando o movimento mais fácil e econômico

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no pondo de vista do gasto de energia (NORDIN; FRANKEL, 2003).

Figura 17 - Ilustração de uma articulação do joelho, na qual se observa que todas as extremidades ósseas que inte-
ragem entre si, por meio de contato, apresentam cartilagem articular recobrindo-as. Fonte: adaptado de Hall (2009).

9. FIBROCARTILAGEM
Outro tipo de cartilagem é a fibrocartilagem, frequentemente existente onde a cartilagem
articular encontra um tendão ou ligamento. Seu funcionamento é como de um intermediador
entre a cartilagem e outros tecidos conjuntivos (HAMILL, 2012). Elas podem formar anéis, como
nos discos intervertebrais, ou formar uma meia lua, como nos meniscos. (HALL, 2009). São
formadas por fibras de colágeno concêntricas.

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O joelho possui dois meniscos chamados de menisco medial e lateral. Têm um formato
diferente dos discos intervertebrais, pois acompanham e possibilitam encaixar os côndilos do
fêmur (DUFOUR, 2003). O menisco tem algumas funções, mas destaca-se a melhora do encaixe
entre o fêmur e a tíbia, possibilitando uma melhor estabilidade desta articulação e distribuir, de
maneira mais harmoniosa, as forças, diminuindo o estresse articular e a pressão (HALL, 2009;
NORDIN; FRANKEL, 2003; WHITING; ZERNICKE, 2001).
Já os discos intervertebrais possuem a fibrocartilagem anelar, que forma o anel fibroso, e
no interior apresenta o núcleo pulposo. O núcleo é formado basicamente de água e proteoglicanos.
A função dos discos é restringir movimentos excessivos e distribuição de cargas mecânicas
(NORDIN; FRANKEL, 2003). Já o núcleo pulposo apresenta características hidrostáticas pelo
fato de ser um gel, seu papel é distribuir as cargas no anel fibroso. Quando há uma compressão,
o núcleo expande para todas as direções, aplicando uma carga uniforme para toda extensão do
disco (Figura 18).

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Figura 18 - Ilustração do efeito da solicitação mecânica em compressão sobre o disco intervertebral promovendo a
expansão uniforme do núcleo pulposo em todas as direções e garantindo a adequada distribuição das cargas sobre o
anel fibroso. Fonte: adaptado de Hall (2009).

10. LIGAMENTO E TENDÃO


Os ligamentos e tendões têm características muito semelhantes, embora com funções
diferentes nas estruturas apresentadas. Começando com as funções: o tendão é a estrutura que
conecta os músculos nos ossos, desta forma, a função do tendão é transmitir as forças de tensão
que o músculo produz ao osso e, desta forma, acontece o movimento. Os ligamentos também são
estruturas que conectam os ossos, assim, sua função é dar estabilidade nas articulações para que
não haja movimentos indesejáveis entre os segmentos (FUNG, 1993).
Ambos têm, na sua composição, uma grande parte de fibras de colágeno. Estas são fibras
elásticas e muito resistente suportando as solicitações mecânicas (HAMILL, 2012). Observamos
o comportamento mecânico das estruturas com testes mecânicos, assim, observamos as respostas
destas estruturas quando houver solicitações mecânicas de tensão ou tração (Figura 19). Os
ligamentos e tendões possuem quatro fases de resposta.

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A primeira fase está representada pelo alinhamento das fibras. Quando não estão sendo
tracionadas, as estruturas têm à disposição ondulada e relaxada. Com uma carga de tração
pequena, temos o alinhamento destas estruturas e elas encontram-se alinhadas e esticadas. Na
fase 2, conhecida como fase de resposta linear, as fibras respondem a força de tração por meio de
alongamento. Já a fase 3 representa o instante em que as fibras de colágeno são aleatoriamente
rompidas na sua extensão e há um aumento gradativo da resistência para que não haja rupturas
dessas estruturas. Fase na qual podemos chamar de falha ou microfalha. E por último, a quarta
fase que representa a ruptura total das fibras, pelo fato de ter atingido a carga máxima e as
estruturas não foram capazes de responder ao estímulo (NORDIN; FRANKEL, 2003).

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Figura 19 - Gráfico representando a resposta mecânica do tendão submetido a um teste mecânico em tração até a
sua ruptura total. Os números 1, 2, 3 e 4 correspondem às quatro fases de resposta desta estrutura. Fonte: adaptado
de Nordin e Frankel (2003).

É importante saber qual o limite superior das cargas aplicadas para que não haja rupturas
das estruturas. A carga máxima tolerada é superior que nas condições fisiológicas das estruturas
normais (NORDIN; FRANKEL, 2003). Segundo Fung (1993), quando executamos uma atividade,
como corrida ou salto, as cargas máximas correspondem a 30% da carga necessária para causar
uma ruptura total das estruturas. A ruptura é possível, não pela magnitude e sim pela associação
de fatores determinantes para a lesão nos tecidos.

11. TECIDO MUSCULAR


O tecido muscular exerce forças e, portanto, são os principais elementos de contribuição
para o movimento humano. O músculo é o único tecido ativo, capaz de produzir tensão. O tecido
muscular tem como característica excitabilidade, contratilidade, extensibilidade e elasticidade.
A excitabilidade é a capacidade de responder a estímulos. A contratilidade é a capacidade do
músculo de gerar tensão e encurtar ao receber um estímulo. A extensibilidade é a capacidade do
músculo de alongar ou esticar além o comprimento em repouso. A elasticidade é a capacidade da
fibra muscular em retornar ao seu comprimento em repouso (HAMILL, 2012).

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O músculo é formado por fibras musculares. Essas fibras podem ser cilíndricas,
longas, multinucleadas e nestas estruturas temos as miofibrilas. Com um grande número de
miofibrilas formamos as fibras musculares, as miofibrilas são posicionadas em paralelos. Para
formar a miofibrilas, são necessários diversos sarcômeros em série e dentro destes sarcômeros
encontramos os filamentos actina (filamento fino) e a miosina (filamento grosso). O sarcolema
é uma membrana elástica fina que recobre as fibras musculares, essas fibras musculares são
cobertas por uma membrana chamada de endomísio. Quando agrupamos essas fibras musculares
formamos os feixes, chamados de fascículo, que são recobertos por uma membrana chamada
perimísio. O ventre muscular é todo conjunto dos fascículos, recobertos por uma membrana
chamada epimísio (ENOKA, 2000; HALL, 2009; NORDIN; FRANKEL, 2003).
O músculo possui três componentes: componente contrátil (filamentos actina e miosina),
componente elástico em paralelo (epimísio, perimísio e endomísio) e componente elástico em
série (tendões).
A contração muscular ocorre devido a um potencial de ação (estímulo), fazendo com
que haja uma despolarização da membrana e, assim, todo o processo químico ocorre. Logo após
as reações químicas, os filamentos de tropomiosina deslizam, liberando os filamentos de actina
para que os filamentos de miosina se conectem nos filamentos de actina, formando as pontes
cruzadas. Desta forma, a cabeça da miosina faz o deslocamento, puxando os filamentos de actina,
fazendo com que haja o encurtamento dos sarcômeros (ENOKA, 2000; HALL, 2009; HAMILL;

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KNUTZEN, 1999; NORDIN; FRANKEL, 2003).

<https://www.youtube.com/watch?v=Klq_6JaTBBs>.

12. TORQUE E ALAVANCAS


Para compreender os conceitos de torque e alavancas é de suma importância entendermos
a forma que o músculo é capaz de produzir movimento. Entretanto para entendermos estes
conceitos é necessário conhecer os tipos de movimentos possíveis, a natura e as forças que agem
sobre o corpo humano.
Os movimentos da natureza são classificados em movimentos de translação e rotação
(HALL, 2009; ÖZKAYA; NORDIN, 1991). Estes movimentos podem ser isolados ou combinados,
os movimentos de translação são aqueles em que o corpo se desloca por inteiro na mesma
direção com a mesma velocidade e aceleração (HALL, 2009). Um exemplo típico de movimento
de translação é quando uma pessoa desloca e sua cabeça, em relação a seu nariz está sempre
na mesma direção e velocidade. Porém, o movimento de translação é dividido em dois tipos:
retilíneo, em linha reta, ou curvilíneo, quando o movimento faz uma parábola.
O movimento de rotação ocorre quando algo gira em torno de um eixo, sendo que a
velocidade de deslocamento será diferente. O balanço do braço é um exemplo típico de movimento
de rotação (HALL, 2009).

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O aparelho locomotor simplifica muito bem os movimentos de translação e rotação pelo


fato de que, ao mesmo tempo, um segmento se desloca no movimento de translação e outro
segmento se desloca no movimento de rotação, enquanto o corpo se desloca em linha reta as
articulações se movimentam em rotação.
Depois de entender o movimento, é necessário aplicar as leis de Newton. Nas três leis de
Newton conseguimos explicar o comportamento do corpo em movimento, qual forma do estado
do movimento se encontra, se há alterações ou consequências ou se há interação de dois corpos
durante o movimento (ÖZKAYA; NORDIN, 1991).
A primeira lei de Newton é também conhecida como Lei da Inércia. Inércia é a tendência
de os corpos permanecerem em repouso ou em movimento retilíneo uniforme, sendo que a
soma das forças sobre o corpo será igual a zero. Se o corpo estiver em repouso permanecerá em
repouso e se um corpo estiver em movimento, sua tendência é permanecer em movimento com
a velocidade constante.
A segunda lei ou Princípio Fundamental da Dinâmica é quando o corpo sofre a ação de
uma ou mais forças, cuja resultante é diferente de zero. O corpo terá uma aceleração na direção da
força, com sua magnitude da aceleração proporcional à magnitude da força resultante aplicada.
A terceira Lei de Newton é chamada de Lei da Ação e Reação, no qual toda força de ação
é correspondida por uma força de reação da mesma magnitude e direção que a força aplicada,
porém com sentido oposto. Portanto uma pessoa, ao caminhar, aplica uma força (ação) ao solo

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e o solo aplicará uma força (reação) na pessoa, com a mesma magnitude e direção, porém no
sentido oposto (ÖZKAYA; NORDIN, 1991).
O movimento somente se inicia por uma aplicação de força. A força aplicada causará um
movimento de translação. O causador do movimento de rotação não é a força e sim o torque. O
torque é a força que gera um movimento de rotação.
Enquanto a força resulta do produto da massa pela aceleração (F = m x a), o torque resulta
do produto dessa mesma força com o braço de alavanca (T = F x d┴). O braço de alavanca é uma
distância medida, em metros, a partir da linha de ação da força (direção da força) até o eixo de
rotação (HALL, 2009).
A distância perpendicular da linha de ação da força ao eixo de rotação é a menor
distância que une a linha ao eixo. Uma vez que todos os movimentos articulares são movimentos
de rotação, isso significa que os músculos do corpo produzem força (tensão) que gera torques nas
articulações (HALL, 2009).
A Figura 20 exemplifica o músculo (bíceps braquial) que, pela contração muscular, resulta
em uma força de tensão (Fm) que, por sua vez, a produz um torque na articulação do cotovelo. A
força muscular será aplicada na inserção deste músculo, gerando uma tração sobre o osso. Por
conta disso, o braço se alavanca desta força. Nesta situação, é a distância indicada pelo símbolo
d┴, que corresponde à distância perpendicular da linha de ação da força muscular ao centro de
rotação (HALL, 2009).

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Figura 20 - Ilustração de um sistema de alavanca, na qual um bíceps braquial produz um torque muscular (Tm) so-
bre a articulação do cotovelo (centro de rotação). Este torque deriva do produto da força muscular (Fm) com o braço
de alavanca deste mesmo músculo (d┴) para a articulação do cotovelo. Fonte: adaptado de Hall (2009).

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No sistema de alavancas, a disposição do eixo de rotação dá origem a três tipos de
alavancas: de primeira classe ou interfixa, segunda classe ou interresistente e a de terceira classe
ou interpotente (HAMILL; KNUTZEN, 2003; HAY, 1993). Para cada tipo de alavanca apresenta
uma característica que precisamos discutir e esclarecer (Figura 21).

Figura 21 - Representação dos três tipos de alavancas possíveis: interfixa, interresistente e interpotente. Estas ala-
vancas representam a disposição distinta que seus elementos, eixos, força muscular (M) e força peso (P) podem
apresentar. Fonte: adaptado de Hall (2009).

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Na alavanca interresistente, a força muscular (M) terá vantagem em movimentar o peso


(P), pelo fato que se encontra mais distante do eixo de rotação e, com isso, o braço de alavanca
da força é maior. Desta forma, facilita o movimento de resistência, caracterizando esta alavanca
como ideal para gerar força (vantagem mecânica de força), ou seja, ideal para mobilizar grandes
massas (SMITH; WEISS; DONLEHMKUHL, 1997). Um exemplo deste tipo de alavanca no
nosso corpo é a articulação do tornozelo, pelo fato da aplicação da força ser na ponta do pé.
Já na alavanca interpotente, a força muscular (M) está posicionada entre o eixo de rotação
e a força peso (P). Neste caso, a força muscular está em desvantagem, pelo fato do seu braço de
alavanca ser menor que o braço de alavanca da força peso, assim, sua magnitude terá que ser
superior à magnitude da força peso para mover a resistência. A alavanca interpotente não é de
grande valia para gerar força, mas, por outro lado, é de grande importância para gerar velocidade.
Como a resistência encontra-se mais distante do eixo de rotação, a sua velocidade linear será
maior, desta forma, a sua vantagem mecânica é de velocidade. Uma articulação que proporciona
este tipo de alavanca é a articulação do joelho (SMITH; WEISS; DON LEHMKUHL, 1997).
E, para finalizar, a alavanca interfixa e o eixo de rotação estão exatamente entre a força
peso (P) e a força muscular (M). Ela não tem uma característica previamente definida, pelo fato
que o eixo pode estar mais próximo de uma força e distante da outra. Entretanto, não importa se
estará mais próxima de uma ou de outra, sempre estará entre ela. Uma curiosidade desta alavanca
é que, caso o eixo estiver próximo da força muscular, ela terá as características da velocidade

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linear, mas caso o eixo estiver mais próximo da força peso, a sua característica se voltará para a
produção de força.
Uma vez que a relação entre os torques musculares e dos pesos depende da magnitude
da força produzida e dos seus respectivos braços de alavanca e que o braço de alavanca
do músculo varia ao longo da amplitude de movimento de forma constante, as exigências de
torque muscular serão essencialmente reguladas pelas alterações resultantes da variabilidade no
toque do peso – tanto no que se refere à magnitude da força peso, quanto à localização do seu
ponto de aplicação.

A Biomecânica nada mais é que a física aplicada ao corpo humano. Portanto, em


qualquer tipo de análise de um movimento, teremos que ter conhecimento da físi-
ca. Principalmente as três leis de Newton.

Sugerimos a leitura do livro de HALL, S. Biomecânica Básica, 2007.

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Leis de Newton: Primeira Lei de Newton é chamada de Lei da Inércia.


“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em
uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplica-
das sobre ele”.
A Segunda Lei de Newton, também conhecida como Lei da Superposição de For-
ças ou como Princípio Fundamental da Dinâmica, traduzida de sua forma original,
é apresentada a seguir:
“A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida e é produzida
na direção de linha reta na qual aquela força é aplicada”.
A Terceira Lei de Newton recebe o nome de Lei da Ação e Reação. Essa lei diz
que todas as forças surgem aos pares: ao aplicarmos uma força sobre um corpo
(ação), recebemos desse corpo a mesma força (reação), com mesmo módulo e
na mesma direção, porém com sentido oposto.

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Este vídeo aborta a importância da biomecânica na área da educação física e as
atuais pesquisas que estão sendo realizadas.
Assista o vídeo: Pesquisa em Biomecânica na Escola de Educação Física e Espor-
te da USP.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SfJuimFThTc>.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa unidade concluímos sobre as divisões que a biomecânica apresenta, seus métodos
e os instrumentos utilizados para análise do movimento humano. Tendo em conta que essas
análises vão depender dos métodos que irão ser utilizados e o que queremos investigar, quais
respostas queremos verificar e em quais tecidos.
Agora com o domínio da Cinesiologia e Biomecânica, podemos ter uma visão sobre
como o corpo humano funciona e de que forma o movimento surge, os tipos de movimentos
envolvidos no corpo humano, as cargas sofridas pelas forças externas e interna. Entretanto,
buscamos sempre analisar as respostas sofridas pelo estresse mecânico e, assim, podendo evitar
lesões.

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REFERÊNCIAS
AMADIO, A. C.; DUARTE, M. Fundamentos biomecânicos para análise do movimento
humano. São Paulo: Laboratório de Biomecânica, EEFUSP, 1998.

AMADIO, A. C. Fundamentos de biomecânica do esporte: considerações sobre análise cinética


e aspectos neuromusculares do movimento. Tese (Livre Docência em Educação Física). Escola de
Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.

AMADIO, A. C.; BARBANTI, V. J. (Org.) A biodinâmica do movimento humano e suas relações


interdisciplinares. São Paulo: Estação Liberdade, 2000.

ANATOMIA ONLINE. Articulação do complexo do cotovelo. Disponível em: <https://www.


anatomiaonline.com/articulacoes-membro-superior/>. Acesso em: 01 jul. 2019.

BARBANTI, V. et al. (Org.) Esporte e atividade física: interação entre rendimento e saúde.
Barueri, SP: Manole, 2002.

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ed. Baltimore, MD: Williams & Wilkins, 1985.

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