Estudo Dirigido

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ/ CAMPUS SOBRAL

CURSO DE PSICOLOGIA
PSICOLOGIA SOCIAL DO TRABALHO E DAS ORGANIZAÇÕES III – 2023.2

ESTUDO DIRIGIDO – DOCUMENTÁRIO CARNE OSSO


Nome: Ana Vitória Pinheiro Amorim Moura -493361

Trabalho deverá ser realizado individual, dupla ou trio. Data de entrega (por e-
mail:[email protected]): 18 de setembro

1. Descreva as condições de trabalho (ambiente físico, iluminação, temperatura, limpeza,


ruídos, EPI’s e ferramentas) e modos de organização do trabalho (ritmo de realização das
tarefas, divisão de tarefas, pressão por prazos e resultados, intervalos para descanso,
controle do tempo e autonomia, hierarquia, formas de interação e comunicação) percebidas
nos frigoríficos de abate de aves e de bovinos.

A atividade conta com grande número de empregados em um ambiente de precarização


laboral, os quais trabalham de forma muito próxima, sem barreiras físicas adequadas, em
ambientes fechados e insalubres, úmidos e com temperatura fria, com baixa renovação do
ar, exposição ao ruído, falta de concessão de pausas/intervalos aos empregados, posturas
inadequadas, amputações, umidade, deslocamento de carga em excesso, exposição à
amônia, vasos de pressão, e jornadas exaustivas que vão de manhã cedo até o anoitecer.
Berkowitz e Fagel (2001) observam que, nos frigoríficos, o trabalho é altamente
especializado, e quase todas as atividades são realizadas em linhas de produção onde a
matéria-prima se move em trilhos ou transportadores aéreos. Cada trabalhador executa
apenas uma operação. As tarefas realizadas podem exigir entre 10 mil a 20 mil cortes
diários. Além disso, os trabalhadores dependendo da linha de produção, podem ser
responsáveis por cortar a carne em porções específicas e realizar a desossamento para
prepará-la para o processamento adicional. Essa parte em específico exige movimentos
repetitivos e contínuos (exemplo: 18 cortes para desossar uma perna de frango em 15
segundos) por horas que priorizem a retirada precisa da carne do osso, retirando a
cartilagem, sem rasgar a pele, exigindo determinada técnica e quantidade de peças de
carne desossadas ou limpadas, dependendo da divisão do trabalho. O modo de organização
do trabalho é pautado em cobranças de produção, cobrança de rapidez e eficiência, sendo
difícil a ação de coisas mais banais, como espantar uma mosca do seu rosto. Regras que
inferem ser proibido conversar com o colega ao lado, sem liberdade para ir ao banheiro
frequentemente e, ao decorrer do trabalho, são cobrados constantemente pelos seus
supervisores (não há diálogo entre esses trabalhadores, pois, segundo os entrevistados,
eles cobram e os trabalhadores que prezam pelo seu trabalho, abaixam a cabeça e atendem
a ordem.) (Muitos empregados não reclamam de dores ou pedem dias de folga, pois tem
receio de serem afastados ou demitidos de seus empregos). Quando não satisfeitos com o
resultado, a esteira de produção é acelerada, visando o aumento da produção, ainda mais
sobem as metas em curto tempo para não aumentar a contratação de funcionários ou ter
que pagar pela adição de hora extra (que em muitos casos não acontece, pois o sistema
burla e deixa impune a empresa, fazendo o trabalhador trabalhar por mais horas e não
receber o adicional em seu salário mensal). Evidencia-se que os salários são baixos e não
referem-se à totalidade das horas trabalhadas ou aos acréscimos que deveriam, pela
justiça, serem cobrados e efetivados no salário mensal. Segundo o engenheiro de trabalho,
eles possuem uma estrutura física precária para área frigorífica, exigindo uma sobrecarga
física, uma proximidade entre trabalhadores portando objetos afiados e perigosos, que pode
causar diversos riscos à saúde física e psicológica. Ademais, nota-se a falta de coleta do
sangue no chão, ambiente úmido e frio, ferramentas que reproduz periculosidade para o
trabalhador (inúmeros riscos devido ao manuseio de instrumentos cortante), além de um
silenciamento na hora das tarefas, fazendo com que todos permaneçam em silêncio por
pressão do tempo e dos funcionários que estão acima na hierarquia (além da pressão
mental feita pelos funcionários que supervisionam, roda cadeia hierárquica contribui para a
opressão do empregado, o silenciando em seu trabalho e ofuscando seus direitos, em
relatos no documentário, entende-se que os próprios funcionários com algum poder,
ameaçam outros empregados para não exigir seus direitos nos meios jurídicos, como
indenizações e processos laborais)

2. Descreva os relatos de adoecimento/dor/desconforto físico e mental e acidentes nos


frigoríficos e analise se há alguma relação com a situação de trabalho (condições de
organização laboral) e com o contexto de precarização laboral na atualidade.

Por tais circunstâncias, os trabalhadores estão expostos a risco de vida, jornadas exaustivas
e adoecimentos em larga escala, tais como relatados no documentário: Dor de coluna,
problemas de sono, dores nas juntas, cansaço, exaustão psicológico e física, acidentes
físicos são alguns dos exemplos citados no documentário que são correlacionados
diretamente com o ambiente do trabalho e o esforço que o trabalhador tem que manter
diante do serviço. Volumes de transtornos mentais, doenças neurológicas e doenças gerais
tem aumentando gradativamente no âmbito do trabalho frigorífico, especialmente pela
conduta de cobrança que têm relação também com a organização do trabalho e a exigência
de uma produção acelerada que ocorre de forma sequencial, fragmentada e sujeita à
cadência imposta pelas máquinas. Além disso, diversos problemas musculares localizados
nas mãos, cotovelos, punhos, pescoço e coluna estão relacionados principalmente com os
movimentos repetitivos e exaustivos, além de levantamento de peso e posição diante da
esteira de produção. Atualmente, essa precarização laboral, além de persistir nas empresas
frigoríficas, se estende perante os direitos dos funcionários de frigoríficos que se acidentam
gravemente ou desenvolvem doenças ocupacionais e não são reconhecidos pelas leis
trabalhistas ou passam anos de suas vidas recorrendo por salários que não foram
devidamente efetivados ou direitos que foram negligenciados em seu meio laboral, esses
direitos não têm sido contemplados pela Justiça de forma devida, visto que muitas empresas
frigoríficas possuem altas porcentagens de contribuição para o estado, fazendo com que
quando um trabalhador coloque essa instituição na justiça, tenha seu processo arquivado ou
receba somente uma indenização irrisória por danos morais. Percebe-se que as
condenações impostas pelo Poder Judiciário aos frigoríficos resultam em indenizações de
valor muito baixo que, em vez de inibir as práticas nocivas no setor, acabam permitindo que
novos acidentes ocorram. Além disso, a insuficiência da ação de vigilância/fiscalização
estatal no setor, bem como baixos investimentos dos empresários na saúde e segurança do
trabalho nos frigoríficos.
3. Quais são as estratégias das organizações para lidar com os adoecimentos e acidentes
relatados?

O uso correto de EPIs, como aventais, luvas e óculos de proteção são formas que a
organização pensou para diminuir os casos de lesões na hora do trabalho. Além disso, em
alguns momentos do dia (aparentemente 2) tinha um intervalo para ginástica que acontecia
no mesmo canto de produção, ocupando em torno de 5 a 10 minutos do tempo dos
trabalhadores, que logo ao finalizar, já voltavam ao trabalho nas esteiras de produção. Além
disso, o médico do trabalho disponível, segundos os trabalhadores, somente passava
prescrição médica de um mesmo medicamento, indicando que era suficiente para voltar a
trabalhar. Ademais, nota-se uma negligência profunda em programas de treinamento e
educação, políticas de segurança, proteção aos trabalhadores, incentivo aos trabalhadores,
análise de acidentes e promoção de ergonomia no ambiente de trabalho, que ajusta-se às
condições laborais para redu\ir o esforço físico e prevenir físico e prevenir lesões
relacionadas à postura inadequada ou repetitiva

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