Direito Material Previdenciario
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PREVIDENCIÁRIO
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Prezados alunos,
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são
neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos
diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de
fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo
conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores.
Fonte: cdn.jornalgrandebahia.com.br
Fonte: sindprevba.org.br
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Texto adaptado de Milena da Silva Santos.
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nos últimos 20 anos. Pois há evidências que as propostas de agências, tais como
Banco Mundial (BM) e Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas em seus
relatórios e documentos sobre a saúde financeira dos países periféricos e
condições das políticas sociais, tenham sido utilizadas como norteadoras de um
processo de enxugamento dos gastos públicos para geração de superávit
primário voltado ao pagamento de parte da dívida externa.
Observa-se que a “reforma da previdência” foi iniciada no governo
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), por meio da EC 20/1998, salientando
assim um governo de base neoliberal. Contudo, o contexto ideopolítico que
marcou a eleição do presidente Lula (2003-2011) e de sua sucessora Dilma
Roussef (2011-2016) demonstrava, aparentemente, um aspecto de
descontinuidade dessas ações.
Destacamos que o primeiro desses governos foi liderado pelo Partido da
Social Democracia Brasileira (PSDB), que, apesar de defender uma linha
“centro-esquerda”, implementou ações de cunho neoliberal, destacando-se as
privatizações de empresas estatais, o início de programas de transferência de
renda com características assistencialistas (Bolsa Escola, Auxílio Gás e Bolsa
Alimentação) e as “reformas” das políticas sociais.
Os dois últimos governos, do Partido dos Trabalhadores (PT), que mesmo
se desenvolvendo em meio a uma postura crítica ao reformismo dos partidos
políticos socialdemocratas, buscou atuar através do “novo desenvolvimentismo”
ou “neodesenvolvimentismo”, com um tipo de política econômica baseada em
meta de crescimento da produção industrial e da infraestrutura, com participação
ativa do Estado para ampliar o consumo. Porém, ambos os governos
reafirmaram o compromisso do Estado brasileiro com o neoliberalismo e as
“reformas estruturais” propostas pelas agências multilaterais citadas. Nos
mandatos de Lula, a principal medida implementada na previdência social se
materializou por meio da EC 40/2003. Já no Governo Dilma destacam-se as
Medidas Provisórias 664/2014 e 676/2015 que ainda vêm sendo debatidas
polemicamente entre os intelectuais da área.
Diante disso, observamos que o processo implícito em todo este novo
dimensionamento apresentado às políticas sociais, principalmente no que se
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aumentar o poder dos países centrais em detrimento dos periféricos, pois, com
a dívida externa desses países, propuseram-se “ajustes” em suas economias
por meio das “reformas” recomendadas e monitoradas pelas agências
internacionais – que representam os interesses da “oligarquia das finanças”.
Observa-se que, nos últimos trinta anos, os países dependentes e periféricos
tornaram-se exportadores de capital para os países centrais, dando forma ao
processo de “expropriação contemporânea”, que rapina o fundo público
destinado às políticas sociais.
Estas “reformas” acabaram sendo aceitas em quase todos os países como
condicionalidades impostas para a concessão de empréstimos aos países
periféricos – centram-se na desregulamentação dos mercados, na abertura
comercial e financeira, na privatização do setor público e na redução do Estado
na área social. Além disso, o projeto neoliberal propôs a liberalização comercial
e financeira, que ao contrário das ações de protecionismo nos países centrais,
se reduz à implantação de políticas macroeconômicas, com o objetivo de
restabelecer a balança de pagamentos (pagamento de dívida externa e
importações) e controlar a inflação com medidas restritivas.
Observa-se que, junto a todas as tendências destacadas, há a expansão
de programas de transferência de renda. De acordo com Behring & Boschetti
(2007), essa modalidade de política social se propagou, principalmente a partir
de 1970, na Dinamarca, Reino Unido, Finlândia, Alemanha, Holanda, Áustria,
Bélgica, Irlanda, Suécia, Luxemburgo, França, Espanha, Portugal e Itália.
No que se refere particularmente ao Brasil, salientamos o fato de que este
país conseguiu pôr em prática muitas das propostas neoliberais, a exemplo dos
programas de combate à pobreza, viabilizados por meio dos programas de
transferência de renda, como o Bolsa Família. Além desses programas, houve a
implementação de diversas “reformas”, como a da previdência social. O núcleo
central dessas “reformas” prioriza a (re) introdução de políticas liberalizantes,
privatistas e de mercado, acompanhadas de mudanças na estrutura institucional
organizativa e de atuação do Estado.
No que diz respeito particularmente às “reformas” vigentes no âmbito da
previdência social brasileira, salientamos o aspecto que elas se verificaram,
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3.1.5 - Auxílio-doença
A incapacidade total e temporária é protegida pelo benefício denominado
“auxílio-doença”.
A citada denominação, ante ao que foi observado acima, é inadequada,
porque não se protege a doença, mas a incapacidade dela decorrente. Além
disso, a incapacidade pode decorrer de acidente e não apenas de doença. A
denominação, certamente, é fruto da redação dada pelo art. 201, I, da
Constituição, que utilizou o termo “doença” e não incapacidade.
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3.1.7Auxílio-acidente
O auxílio-acidente é benefício previdenciário previsto no artigo 86, da Lei
8.213/91 e é deferido ao segurado que, em razão de acidente de qualquer
natureza, apresente sequelas que reduzam sua capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia. Trata-se de perda ou redução na capacidade (seja ela
qualitativa ou quantitativa) sem levar à incapacidade permanente para todo e
qualquer trabalho (pois isso autorizaria a concessão da aposentadoria por
invalidez).
Até a Lei 9.032/95, o auxílio-acidente era genuinamente acidentário, pois
só fariam jus ao benefício os segurados que sofressem “acidente do trabalho”.
Com a Lei 9.032/95 a proteção foi ampliada, admitindo-se seu deferimento para
“acidente de qualquer natureza”, ou seja, ainda que não guarde relação com a
atividade laboral, qualquer acidente que cause a incapacidade parcial e
permanente para o trabalho pode ensejar a concessão do benefício.
Tendo em vista que o sistema previdenciário protege a incapacidade
laboral em si e não a doença, só se falará na concessão do auxílio-acidente
quando houver danos funcionais que repercutam na capacidade laborativa.
Ao contrário dos dois benefícios anteriores, o auxílio-acidente possui
natureza indenizatória e não substitutiva da remuneração do trabalho.
Como observam Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari
“não há por que confundi-lo com o auxílio-doença: este somente é devido
enquanto o segurado se encontra incapaz, temporariamente, para o trabalho; o
auxílio-acidente, por seu turno, é devido após a consolidação das lesões ou
perturbações funcionais que foi vítima o acidentado, ou seja, após a alta médica,
não sendo percebido juntamente com o auxílio-doença, mas somente após a
cessação deste último – Lei do RGPS, art. 86, §2º)
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Fonte: 115lqk3vlebn6gizjawsxs1l-wpengine.netdna-ssl.com
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5. Prestações previdenciárias3
Fonte: saberprevidenciario.com.br
As prestações previdenciárias são divididas em dois
grupos: benefícios e serviços. Podemos afirmar que o benefício é a prestação
previdenciária com conteúdo pecuniário (por exemplo, uma aposentadoria),
enquanto o serviço não possui essa característica (por exemplo, o serviço
social).
A previdência social oferece, como serviços, a reabilitação profissional e
o serviço social, sendo ambos devidos a segurados e dependentes.
Quanto aos benefícios, podemos dividi-los, conforme o beneficiário, em:
Benefícios devidos aos segurados (art. 18, II, da Lei n.
8.213/1991):
1. Aposentadoria por tempo de contribuição
2. Aposentadoria especial
3. Aposentadoria por idade
4. Aposentadoria por invalidez
5. Auxílio-doença
6. Auxílio-acidente
7. Salário-família
8. Salário-maternidade
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Texto adaptado de Leonardo Aguiar.
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Essa regra, contudo, não foi recepcionada pela CF/88, que elegeu como
um dos princípios da seguridade social a uniformidade e equivalência dos
benefícios e serviços às populações urbanas e rurais (art. 194, parágrafo único,
II), e também não se encontra em conformidade com a Lei n. 8.213/1991, que
não traz essa vedação em seu art. 124.
Assim, não se pode admitir como recepcionada a regra discriminatória
relativa aos benefícios rurais consubstanciada no art. 6º, § 2º, da LC 16/1073.
Este entendimento foi adotado no STJ por ocasião do julgamento do EREsp
168.522, e vem sendo mantido nos julgamentos seguintes, conforme se verifica
nos acórdãos do AgRg no REsp 1.420.241 e AgRg no REsp 1.123.232.
No âmbito da TNU, cite-se o PEDILEF 0007627-59.2011.4.03.6302, no
qual restou decidido que é possível a cumulação de aposentadoria rurícola com
pensão por morte – ainda que concedidos sob a égide da revogada LC 16/73 -,
pois eles possuem fatos geradores e pressupostos fáticos distintos.
No ponto, cite-se ainda a Súmula TNU n. 36: Não há vedação legal à
cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com o benefício da
aposentadoria por invalidez, por apresentarem pressupostos fáticos e fatos
geradores distintos.
Porém deve ser observado o princípio tempus regit actum, da seguinte
forma: até a promulgação da CF/88 a vedação era válida, e assim caso ambos
fatos geradores (da aposentadoria e da pensão) sejam anteriores à nova ordem
constitucional, não é possível a acumulação. Contudo, se apenas um fato
gerador é anterior à CF (aponsentadoria, por exemplo), e o outro posterior (óbito
do cônjuge, por exemplo), então passa a ser lícita a acumulação.
2) Pensão por morte:
É possível cumular mais de uma pensão por morte, exceto quando forem
ambas decorrentes de falecimento de cônjuge ou companheiro.
Critica-se o legislador por não ter vedado a percepção cumulada de
qualquer pensão por morte, porque o referido benefício tem por escopo suprir a
ausência do instituidor no sustento de seus dependentes, e a permissão do
recebimento de mais de um benefício dessa natureza termina por implicar em
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS