Ortopedia Pediatrica Vol1
Ortopedia Pediatrica Vol1
Ortopedia Pediatrica Vol1
1
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1ª Edição
Belo Horizonte
Editora Poisson
2023
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Conselho Editorial
Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais
Ms. Davilson Eduardo Andrade
Dra. Elizângela de Jesus Oliveira – Universidade Federal do Amazonas
Msc. Fabiane dos Santos
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Dra. Suelânia Cristina Gonzaga de Figueiredo - Instituto Metropolitano de Ensino-IME
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy
Ms. Valdiney Alves de Oliveira – Universidade Federal de Uberlândia
Ilustração da Capa
Sania Walid Ali Saleh
Formato: PDF
ISBN: 978-65-5866-297-6
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6
CDD-610
Sônia Márcia Soares de Moura – CRB 6/1896
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de
responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.
www.poisson.com.br
[email protected]
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Organizadores
Maria das Graças Costa Alecrim
Médica pela Fundação Universidade do Amazonas, Mestre
e Doutora em Medicina Tropical pela Universidade de
Brasília, Coordenadora do Curso de Medicina do Centro
Universitário FAMETRO. Pesquisadora Titular da Fundação
de Medicina Tropical (FMT-HVD). Coordenou o Simpósio
Satélite sobre Malária OPS/OMS e Reunião de Peritos, e foi
Consultora da OMS/Genebra. É Líder do Núcleo de
Investigação em Malária do Estado do Amazonas - FMT-
HVD (CNPq). Foi Consultora do Ministério da Saúde para
Terapêutica da Malária. Atualmente é Membro do Comitê
Técnico para Tratamento de Malária/OMS e Membro da Câmara de Assessoramento
Científico na Área da Saúde da FAPEAM.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Organizadores
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Prefácio
Os Estudantes do terceiro período de Medicina do CEUNI FAMETRO possuem um
contato inicial com a Ortopedia Pediátrica através de Sessão Clínica de Nascimento,
Crescimento e Desenvolvimento. Nesse módulo são abordados aspectos como
embriologia, fisiologia, remodelação óssea, idade óssea e desenvolvimento motor.
Neste e-book, os estudantes foram divididos em grupos para construção de
Revisão Integrativa de Literatura relacionada à temática de Ortopedia Pediátrica, para sua
inserção no mundo da pesquisa e iniciação científica. A partir desses trabalhos, a
Coordenadora do Curso de Medicina, Dra. Graça Alecrim, idealizou o projeto de produção
do livro a partir do material elaborado pelos estudantes, sob orientação de docentes do
Curso. Nesse contexto, aponto o apoio excepcional da Coordenação de Pesquisa e
Extensão da FAMETRO, a qual agradeço na pessoa da Professora Suelania Figueiredo.
Vale ressaltar o comprometimento do Dr. Paulo Su, médico ortopedista, que
conduziu a Sessão Clínica com dedicação e empenho. Quanto à gestão superior da
Instituição, destaco a Reitora Dra. Maria do Carmo Seffair, com seu apoio e incentivo ao
desenvolvimento do Curso de Medicina. Esse e-book demonstra a importância que a
referida Instituição de Ensino entrega à produção científica. Por fim, estimo felicitações
aos alunos envolvidos na construção do livro por suas produções e peço um destaque para
Samia Walid Saleh, que nos presenteou com a ilustração escolhida como capa para esse
livro.
A partir dessa iniciativa, houve o incentivo à construção de trabalhos para
apresentação em eventos científicos e até mesmo crescimento da participação discente
em Programas de Iniciação Científica, o que impulsionou a formação dos estudantes do
Curso. Um compromisso firmado pela Coordenadora do Curso, Dra. Graça Alecrim, é
formar médicos capazes de realizar suas condutas a partir de práticas baseadas em
evidências científicas. Logo, o contato com a pesquisa se torna fundamental. Desejo que a
leitura dos capítulos aqui dispostos seja engrandecedora para a comunidade.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
SUMÁRIO
Capítulo 1: Fatores associados à fratura de clavícula na distócia de ombro: Uma revisão
integrativa ................................................................................................................................................. 10
Anna Ellen Marques de Lima, Ana Paula Sampaio Feitosa, Luanna Paula Garcez de Carvalho Feitoza,
Fernanda Tokuhashi Toledo, Samia Walid Ali Saleh, Sandokan Cavalcante Costa, Karoline Costa de Souza,
Nilton Orlando Junior, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Paulo Daw Wen Su, Thiago Guimarães
Mattos de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.01
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
SUMÁRIO
Capítulo 6: Fraturas pediátricas em galho verde: Revisão de literatura ......................... 64
Ane Carolyne Moraes, Antonio Nadson A. Cunha Filho, Gabriel José Rodrigues de Freitas Neto, Julia Rosa
Revoredo, Maria Eduarda Frota, Paulo Daw Wen Su, Eduardo Lima de Abreu, Karoline Costa de Souza,
Aline Cristiane Côrte de Alencar, Nilton Orlando Júnior, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.06
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SUMÁRIO
Capítulo 12: Traumas ortopédicos pediátricos relacionados acidentes de trânsito: Uma
revisão integrativa da literatura ....................................................................................................... 115
Ana Luiza Nazareth Alagia, Júlia Carvalho da Silva, Maria Letícia Lisboa Gomes, Rafaela Guimarães
Almeida, Karoline Costa de Souza, Maria das Graças Costa Alecrim, Nilton Orlando Junior, Paulo Daw Wen
Su, Sandokan Cavalcante Costa, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.12
Capítulo 13: Fraturas na infância associada ao uso frequente de glicocorticóides .... 121
Eduardo Frazão da Silva, Isadora Torres de Sousa, Iury Bernard Coelho da Silva, João Victor Bezerra Silva,
Lívia Marques Neiva, Paulo Daw Wen Su, Nilton Orlando Júnior, Sandokan Cavalcante Costa, Vanine de
Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Thiago Guimarães Mattos de Souza, Tyane de Almeida Pinto Jardim
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.13
Capítulo 15: Fraturas do rádio e tipos de tratamento: Cirúrgico e não cirúrgico ....... 136
Marcelo Robert Fadul, Marcos Gabriel Sa Araújo Portela, Rayner Augusto Libório dos Santos Monteiro,
Sergio Murilo de Sousa, Yuri Moisés Taketomi Olímpio, Sandokan Cavalcante Costa, Karoline Costa de
Souza, Nilton Orlando Junior, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Paulo Daw Wen Su, Thiago
Guimarães Mattos de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.15
Capítulo 16: Fraturas por estresse do pé e tornozelo nas crianças .................................. 145
Francisco Muniz, Guildberg Araújo Uchôa, Maria Carolina Pordeus e Silva Cardoso, Patrick Celani Pinheiro,
Tanna de Verçosa, Paulo Daw Wen Su, Eduardo Lima de Abreu, Nilton Orlando Júnior, Aline Cristiane
Côrte de Alencar
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.16
Capítulo 17: Efeitos da atividade física na infância sobre o desenvolvimento ósseo 151
Lucas Wanderley Moreira Marques, Letícia Braga Zortéa, Thiago Taketomi Rodrigues, Luana Magalhães
Siqueira, Pedro Silva Monteiro, Paulo Daw Wen Su, Karoline Costa de Souza, Nilton Orlando Júnior,
Sandokan Cavalcante Costa, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Thiago Guimarães Mattos de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.17
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 1
Fatores associados à fratura de clavícula na distócia de
ombro: Uma revisão integrativa
Anna Ellen Marques de Lima
Ana Paula Sampaio Feitosa
Luanna Paula Garcez de Carvalho Feitoza
Fernanda Tokuhashi Toledo
Samia Walid Ali Saleh
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza
Resumo: OBJETIVO – Avaliar na literatura as associações de fratura de clavícula com distócia de ombro em relação à
conduta médica durante o parto e à situação gestacional da parturiente. METODOLOGIA - Trata-se de um estudo
analítico qualitativo de revisão de literatura integrativa no período de 2006 a 2022. A população avaliada são os
neonatos que sofreram a emergência obstétrica de fratura de clavícula na Distócia de Ombro, sendo investigada a
associação do trauma clavicular com a instrumentalização e indução do parto, diabetes gestacional, macrossomia fetal
e sobrepeso materno. RESULTADOS – Avaliou-se que a situação gestacional e a conduta médica durante o período do
pré-natal e do parto possam ter influência no diagnóstico da fratura de clavícula devido a DO. Obesidade, diabetes
mellitus gestacional e macrossomia fetal foram notados como fatores de risco que estão ligados à DO, podendo-se levar
à fratura de clavícula durante o trabalho de parto. O parto vaginal, a epidural, a indução e o pós-termo do parto são
outros fatores que podem levar à fratura de clavícula como consequência da distócia de ombro. DISCUSSÃO - As
principais causas associadas para a ocorrência de DO envolve eixos que podem ser encontrados no pré-natal (outros
filhos com DO ou lesão de plexo braquial, diabetes materna e obesidade materna), eixos gerados durante a gestação
(macrossomia fetal, diabetes gestacional, ganho de peso excessivo durante a gestação) e aqueles que podem ou não ser
identificados na hora do trabalho de parto (dilatação de fase ativa prolongada, parada de dilatação, fase de
desaceleração prolongada, segunda fase longa, entrega instrumental). CONCLUSÃO - O presente estudo contribui para
um mapeamento de resultados obtidos em pesquisas publicadas de maneira ordenada e abrangente, que pode levar a
um preparo médico diante de um cenário que favoreça a fratura, devendo-se atentar para a realização de um pré-natal
eficaz e completo.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
A Distócia de Ombro (DO) é definida como um parto vaginal de apresentação
cefálica(sinal da tartaruga), em que a tração suave para baixo na cabeça fetal não libera o
corpo, resultando na necessidade de manobras obstétricas adicionais para completar o
parto (BULLOUGH et al, 2016). Esta situação acontece devido à impactação do ombro fetal
anterior atrás da sínfise púbica materna, após exteriorização do polo cefálico, sendo a
imputação simultânea do ombro fetal posterior no promontório sacral, o que se configura
como um fator de agravamento para a distócia. Assim, caracterizada como uma
emergência obstétrica que repercute em complicações maternas e neonatais de alta
imprevisibilidade, e com o crescente número de repercussões de foro médico-legal, a DO
pode acarretar em diversas intercorrências como, por exemplo, fratura de clavícula
neonatal, representando 25% dos casos de distócia (WALL et al, 2014), podendo ser de
forma intencional - com o fito de reduzir o diâmetro biacromial e liberar o ombro
impactado - ou como uma intercorrência não intencional. Ademais, apesar dos casos de
fratura clavicular possuírem um excelente prognóstico, alguns decursam em lesões do
plexo braquial e dos vasos circundantes.
Outrossim, a patomecânica da fratura de clavícula na DO tem sido associada a
vários fatores predisponentes com valores preditivos, como a idade avançada materna, a
qual aumenta em 1,5 vezes a chance de trauma clavicular (YENIGÜLL et al, 2020),
sobrepeso materno, multiparidade, parto após 39 semanas, indução do trabalho de parto
e peso neonatal, sendo este último, o fator de risco mais comum, uma vez que
aproximadamente 20% a 50% dos recém-nascidos traumatizados têm peso acima de
4.000g ao nascer. Para mais, uma metanálise apontou, também, a diabetes Mellitus
gestacional como um fator de risco para a Distócia de Ombro (BILLIONNET et al, 2017).
Lurie et al. (2011), em seus estudos, sugerem o parto cesáreo, a fim de evitar a
incidência destas complicações. Contudo, Alexander et al. (2006) encontraram que
fraturas claviculares ocorreram em 0,03% de todas as cesarianas.
Desta forma, devido ao amplo espectro de variáveis, avaliou-se qualitativamente o
perfil de casos de Distócia de Ombro com fraturas da clavícula em recém-nascidos
nascidosna literatura no período de 2006 a 2022.
2. OBJETIVO
Avaliar na literatura as associações de fratura de clavícula com Distócia de Ombro
em relação à conduta médica durante o parto e à situação gestacional da parturiente.
3. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo analítico qualitativo de revisão de literatura integrativa,
baseadona busca ativa em bancos de dados virtuais, como PubMed e Springer no período
de 2006 a 2022. Além disso, foram lidos 28 artigos, dos quais 15 foram selecionados, nas
línguas portuguesa e inglesa. A população avaliada são os neonatos que sofreram a
emergênciaobstétrica de fratura de clavícula na DO, sendo assim, investigada a associação
do trauma clavicular nessas condições com a instrumentalização e indução do parto,
diabetesgestacional, macrossomia fetal e sobrepeso materno. Destarte, foram excluídos,
para efeito de análise, resumos de anais, teses de doutorados, dissertações de mestrados,
trabalhos de conclusão de curso e demais literaturas cinzentas.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4. RESULTADOS
Com base nos achados, foram utilizados 1 artigo da Springer e 14 artigos do
PubMed (Tabela 1).
Avaliou-se nas literaturas que a situação gestacional e a conduta médica durante o
período do pré-natal e do parto, possam ter influência no diagnóstico da fratura de
clavícula devido a DO. Aspectos maternos como: obesidade, diabetes mellitus gestacional
e peso fetal apartir de 4kg foram notados como fatores de risco que estão ligados à DO,
podendo-se levar à fratura de clavícula durante o trabalho de parto, o qual também deve
ser investigado, pois o parto vaginal, a epidural, a indução, primordialmente com
ocitocina, e o pós termo do parto são outros fatores que podem levar a fratura de clavícula
como consequência da distócia de ombro. Nesse mesmo diapasão, um estudo em hospitais
estadunidenses da Pensilvânia e da Filadélfia explicitou que cerca de 1,32% desses casos
de traumas claviculares acarretaram, conjuntamente, em paralisia do plexo braquial
(GHANDI, R. A; DEFRANCESCO C. J; SHAH A.S, 2018).
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. DISCUSSÃO
Em função das diferentes definições utilizadas nas literaturas e sua pequena
documentação em prontuários, o grau de prevalência da DO é incerto. No mais, por ser,
em sua maioria, imprevisível, devido ao não esclarecimento absoluto de fatores
associados à sua causa, tem-se escassez de diagnósticos antecipados, sendo, somente, na
hora do parto, verificado o fator de risco e a sua possível ocorrência, o que dificulta o
manejo correto dessa eventualidade, a qual pode acarretar várias consequências tanto
para a mãe quanto para o recém-nascido sendo uma delas a fratura de ossos longos no
neonato (HILL, M; COHEN, W, 2016). Neste trabalho daremos ênfase aos principais fatores
identificados nas literaturas lidas que acarretam na distocia de ombro com fratura de
clavícula em neonatos.
De acordo com Hill & Cohen (2016), as principais causas associadas para a
ocorrênciade DO envolve eixos que podem ser encontrados no pré-natal (outros filhos
com DO ou lesão de plexo braquial, diabetes materna e obesidade materna), eixos gerados
durante a gestação (macrossomia fetal, diabetes gestacional, ganho de peso excessivo
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
durante a gestação) e aqueles que podem ou não ser identificados na hora do trabalho de
parto (dilatação de fase ativa prolongada, parada de dilatação, fase de desaceleração
prolongada, segunda fase longa, entrega instrumental). Entretanto, enfatizou-se,
somente, na macrossomia fetal, diabetes gestacional, sobrepeso materno,
instrumentalização e indução do parto por serem os principais fatores relatados na
literatura atualmente.
A macrossomia fetal corresponde ao peso ao nascer maior que 4.000g (não
encontro órgão) e é decorrente de uma falha fisiológica onde o aumento da glicose
materna, devido a diminuição da sensibilidade à insulina, atravessa a barreira placentária
chegando ao feto, o qual armazena esse aumento de glicose em sua circulação como
gordura corporal resultando na macrossomia (ORNOY et al., 2021). O GIG (Grande para
Idade Gestacional) possui aumento do diâmetro biacromial que impacta diretamente no
púbis materno causando comumente a DO com fratura na clavícula. A inexistência de
protocolos que preveem com clareza a macrossomia é o principal fator relacionado ao
impasse (BETA et al., 2019).
A Diabetes Mellitus Gestacional é a intolerância à glicose reconhecida pela primeira
vez na gravidez. Segundo Ornoy et al. (2021), a fisiopatologia da diabetes durante a
gestação, com hiperglicemia crônica - em consequência à resistência insulínica e outros
fatores - está ligada diretamente a quadros de macrossomia fetal em função do aumento
de aporte nutricional ao feto que ocasiona comumente traumas em recém nascidos. Fetos
oriundos de gestações de mães diabéticas têm um acúmulo de gordura predominante nas
áreas do abdome e interescapular (KAMANA et al., 2015), por isso a predisposição a
traumas como a fratura em clavícula é investigada. A Diabetes Mellitus Gestacional pode
ou não estar correlacionada ao sobrepeso materno (>13kg), sendo observado uma maior
incidência de acometimentos de fratura clavicular de neonatos em partos de parturientes
com ganho ponderal excessivo. A paralisia do plexo braquial esteve presente em 31 casos
de 44 (71%) lesões obstétricas em parturientes com sobrepeso acometidas de DO
(LOUDEN et al, 2018).
Assim sendo, percebeu-se, em um estudo de coorte realizado por Kim Tana, Rachel
I Vogel e Kamalini Das (2018), que as manobras, como as de McRoberts, parafuso de
Woods eRubin, possuem pouca ou nenhuma interferência nos resultados do rompimento
da clavícula. Observou-se, igualmente, a associação do uso de ocitocina - para aumento
do trabalho departo - e a paralisia do plexo braquial, que compôs 25% dos traumas
claviculares, conforme Karahanoglu et al (2015).
Pouco se discute na literatura acerca da instrumentalização do parto com
consequência em trauma clavicular de neonatos, resultando em incógnitas sobre a
temática. Porém, as descrições de via de parto nos prontuários levam à associação de uma
maior incidência em casos de partos com uso de fórceps e extrator a vácuo, todavia por
não ser relatado a sequência de uso dos instrumentos, há dificuldades de um melhor
esclarecimento sobre a problemática (VAN DER LOOVEN et al., 2019). Outrossim, nosso
estudo limita-se a analisarpesquisas já realizadas, sem a possibilidade de acréscimo de
novas informações ou novas descobertas, tendo, ademais, ausência de fatores que
indiquem causas e efeitos diretos, mas, tão somente, investigações de possibilidades
associativas.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
6. CONCLUSÃO
Evidencia-se, portanto, a importância da revisão integrativa sobre a fratura de
clavícula devido a distócia de ombro. Visto que esse estudo, apesar de não acrescentar
dados científicos e apresentar novas referências, contribui para um mapeamento de
resultados obtidos em pesquisas publicadas, de maneira ordenada e abrangente, que pode
levar a um preparo médico diante de um cenário que favoreça a fratura.
Ademais, deve-se atentar para a realização de um pré-natal eficaz, pois o grau de
prevalência da DO é incerto devido à escassez de diagnósticos antecipados e identificação
de fatores de risco e possível ocorrência. Sob esse viés, verificou-se que o histórico de
outros filhos com DO, diabetes gestacional, macrossomia fetal e ganho de peso materno
demasiado durante a gestação são fatores que indicam a possibilidade de ocorrência da
fratura de clavícula devido a distócia de ombro.
Sob essa perspectiva, faz-se necessário estudos mais aprofundados sobre o
assunto, com pesquisas de campo, análise de dados recentes e literaturas teóricas, a fim
de se identificar a prevalência nas maternidades. Além de haver a necessidade de maior
preparo dosprofissionais e instrumentalização cirúrgica adequada diante de um cenário
que favoreça a DO.
REFERÊNCIAS
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10.1002/uog.20279. Disponível em: <https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/uog.20279>.
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<https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33423993/>. Acesso em: 13 set. 2022.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 2
A contribuição do exercício físico e do esporte no
desenvolvimento ósseo da criança: uma revisão
integrativa da literatura
Alanne Soares de Oliveira
Cinthia Meirelles Moreira Alves
Dávila Chaves Oliveira
Kethllen Soares Filgueiras Araújo
Matheus Lago Osmari
Paulo Daw Wen Su
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Júnior
Sandokan Cavalcante Costa
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
A infância é uma fase marcada pelo intenso crescimento físico e desenvolvimento
geral da criança, na qual inúmeras mudanças ocorrem no tecido osteocartilaginoso. Essas
modificações surgem nesse período principalmente devido ao crescimento linear
expressivo do tecido ósseo. (KRAHENBÜHL et al, 2018)
Segundo Junqueira e Carneiro (2018), o tecido ósseo é um conjunto de diversas
células que desempenham funções muito dinâmicas dentro do corpo humano desde sua
concepção até sua morte, essas células constituem duas principais séries: osteoblásticas
e osteoclásticas, responsáveis pela constante formação, reabsorção, reparação e
manutenção da microarquitetura óssea.
Dessa forma, o bom desenvolvimento ósseo da criança pode ser definido pela
conjuntura das completas funções deste tecido sem apresentar distúrbios e de forma a
maturar todo o arcabouço ósseo até sua fase adulta de modo a contribuir positivamente
para as funções do esqueleto humano de sustentação, proteção, reservatório mineral,
entre outros (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2018).
Além disso, o processo de crescimento ósseo longitudinal é governado por uma
rede de sinais endócrinos, incluindo o hormônio de crescimento (GH), glicocorticoides,
hormônio da tireoide, estrogênio, andrógenos, vitamina D e leptina, sendo que a atuação
destes hormônios se mostra de forma local no crescimento da placa epifisária,
evidenciando que a interação entre a circulação sistêmica dos hormônios e a produção
peptídica dos fatores de crescimento oportunizam alterações nos condrócitos da placa de
crescimento (MIRTZ; CHANDLER; EYERS, 2011).
No que diz respeito aos fatores exógenos, Alves e Lima (2008) destacam a
importância da atividade física, uma vez que a contração muscular irá promover um
aumento da atividade osteoblástica na região óssea próxima aos locais onde os músculos
se inserem, levando ao aumento da mineralização óssea. Sendo assim, a Sociedade
Brasileira de Pediatria (2020) recomenda que todas as crianças em idade escolar
participem de pelo menos 60 minutos diários de atividade física apropriada ao seu
desenvolvimento.
As principais questões levantadas em relação à prática de esportes e exercícios
físicos realizados por crianças seria o possível impacto no crescimento das mesmas,
alegando que algumas atividades possam retardar ou acelerar seu crescimento. Portanto,
o presente trabalho tem por objetivo, por meio da revisão integrativa de literatura,
pesquisar o impacto da prática do exercício físico e dos esportes no desenvolvimento
ósseo de crianças, exemplificando as atividades executadas e os resultados obtidos.
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL:
Apresentar a relação dos efeitos dos exercícios físicos e do esporte no
desenvolvimento ósseo da criança.
19
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
3. METODOLOGIA
3.1. TIPO DE PESQUISA:
Trata-se de um estudo de Revisão Integrativa da Literatura (RIL) que permite um
aprofundamento da realidade ficando a mesma restrita apenas ao referencial teórico,
visando mostras as características e problemática através de literaturas já publicadas. A
questão norteadora do estudo é: qual a importância da prática de exercícios físicos e do
esporte no desenvolvimento ósseo da criança?
4. RESULTADOS
A amostra é composta por nove artigos. Seguiu-se então para análise dos dados dos
principais resultados de cada artigo. Organizaram-se os artigos, considerando as
características comuns entre os mesmo e contendo: título, autor, ano/país/base de dados,
delineamento principais resultados e conclusão, conforme quadro sinóptico a seguir.
20
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Quadro 1: Síntese dos artigos para esta revisão integrativa, Manaus 2022.
Ano/País/ Delineamento do
Nº Título Autores Base de dados/ estudo/ Resultados Conclusões
Amostra Instrumentos
Treinamento
de força para Não foi observada
crianças: Metanálise/ Análise do diferença no
uma efeito do treinamento de crescimento linear das
O treinamento de
metanálise força sobre o crianças de 7 a 12 anos
força não influencia
sobre FROIS et 2014/Brasil/LI crescimento submetidas ou não ao
1 negativamente o
alterações do al. LACS longitudinal em crianças treinamento de força.
crescimento linear
crescimento de sete a 12 anos. Foram Porém, mostrou-se uma
das crianças.
longitudinal, utilizados 16 estudos intervenção favorável
força e com 1.008 participantes. para ganhos de força e
composição hipertrofia muscular.
corporal.
Physical
activity
during life O exercício físico na O exercício físico é
course and infância favorece o importante para o
bone mass: a aumento do pico de crescimento da massa
Revisão Sistemática/
systematic BIELEMA 2013/EUA/PUB massa óssea, o que óssea, em especial nas
2 Análise de 19 estudos de
review of NN, et al MED contribui para reduzir o fases de maior
coorte.
methods and risco de osteoporose e crescimento do
findings from fraturas ao longo da indivíduo, como na
cohort vida. puberdade.
studies with
young adults.
Estudo randomizado/
Jumping 89 escolares (5,9 a 9,8 Não houve diferença
improves hip anos) foram divididos entre o crescimento dos
O programa de
and lumbar em grupo controle que dois grupos (peso,
exercício físico é
spine boné recebeu exercícios de estatura e adiposidade),
seguro e o estimulo
mass in FUCHS et 2002/EUA/PUB relaxamento, sem entretanto, a massa
3 pelo salto contribui
prepubescent al MED impacto e grupo óssea do grupo dos
para o aumento da
children: a intervenção com puladores aumentou
massa óssea em
randomized exercícios vigorosos mais do que a do grupo
escolares.
controlled (100 saltos de 61cm de controle, 4,5% e 3,1%,
trial. altura, durante 7 meses, respectivamente.
3 vezes na semana).
Nos 4 esportes
avaliados, diferenças
entre o desvio padrão
(Dp) da altura para a
altura de 2 a 4 anos
foram encontradas em
ambos os sexos. Com Os resultados
184 crianças (96 relação aos 4 esportes, sugerem que o
meninas, 88 meninos), nas meninas o IMC e o crescimento pré-
Is com idade de 9 a13 Dp foram diferentes puberal não é afetado
prepubertal anos, competindo na para os 4 esportes. Já negativamente pelo
growth DAMSGA 2000/EUA/PUB natação, tênis, handebol nos meninos não foram esporte em nível
4
adversely ARD et al MED e ginástica, foram encontradas nenhuma competitivo e que os
affected by investigados, avaliando diferença. Os esportes fatores
sport? sua altura, peso investigados constitucionais são
desenvolvimento separadamente não importantes para a
puberal e IMC. mostraram alteração na escolha do esporte em
altura, Dp e IMC Dp crianças
entre as idades de 2 a 4
e 9 a 13. Os tipos de
esportes e horas de
treinamento por
semana não tiveram
efeito na Dp de altura.
21
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Quadro 1: Síntese dos artigos para esta revisão integrativa, Manaus 2022.
Ano/País/ Delineamento do
Nº Título Autores Base de dados/ estudo/ Resultados Conclusões
Amostra Instrumentos
Estudos mostram que
embora a atividade
física e os esportes
sejam benéficos para o
aumento da densidade Atividade física com
mineral óssea na diferentes esportes
criança mas que o seu não tem efeito
excesso pode ter um específico no sentido
Impacto da
efeito oposto. Tudo de aumentar ou
atividade
depende de fatores diminuir a altura final.
física e
endógenos e exógenos. O que ocorre são as
esportes
Alves & 2008\Rev Paul O crescimento estatural seleções de acordo
5 sobre o Revisão de literatura.
Lima Pediatr é potencializado pela com a altura para
crescimento e
prática de atividade determinado esporte.
puberdade de
física moderada pois A prática de
crianças e
aumenta os níveis dos musculação em
adolescentes
hormônios do crianças pré-puberes
crescimento, porém só é recomendada sob
concluiu que as supervisão
diferentes estaturas em especializada.
determinado esporte é
devido à critérios de
seleção e não ao tipo de
esporte praticado.
A geometria óssea tem
GEOMETRIA melhor resultado com a
ÓSSEA E prática de ginástica,
ATIVIDADE futebol e atividade física
Atividades esportivas
FÍSICA EM intensa em relação à
KRAHEN com sobrecarga
CRIANÇAS E 2018/SãoPaulo Revisão Sistemática/ não prática de atividade
6 BÜHL et corporal possuem
ADOLESCEN /SCIELO Análise de 21 artigos. física. Além disso, foi
al efeito positivo na
TES: observado que a
geometria óssea.
REVISÃO natação e exercícios de
SISTEMÁTIC saltos não
A influenciaram na
geometria óssea.
O Treino Resistido pode Um programa de
trazer benefícios no Treino Resistido deve
desenvolvimento de ser apropriado a cada
Resistance força, capacidade indivíduo de acordo
Training for Paul R. 2020/American Revisão da Declaração locomotora, prevenção com a necessidade e
7 Children Stricker, Academy of da Academia Americana de lesões, habilidade do mesmo,
and et al Pediatrics de Pediatria fortalecimento articular, sempre com devida
Adolescents melhora metabólica, supervisão
entre outros, desde que profissional para
haja acompanhamento segurança e eficácia do
profissional. programa.
Embora o exercício de
sustentação de peso
Foram revisados 22
Weight- pareça aumentar o
estudos, sendo 9 de pré-
bearing acúmulo mineral
púberes (Tanner I), 8 de
exercise and ósseo em crianças,
puberdade precoce
bone mineral ainda não está claro o
Hind K, (Tanner II-III) e 5 de
accrual in Revisão de Estudos que constitui o
8 Burrows 2007/PUBMED púberes (Tanner IV-V).
children and Controlados programa de
M. Em relação aos
adolescentes: exercícios ideal.
parâmetros ósseos, a
A review of Muitos estudos
maioria dos estudos
controlled mostram alto risco de
mostraram efeitos
trials tendências, somente
positivos em 6 meses.
poucos possuem baixo
risco.
22
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Quadro 1: Síntese dos artigos para esta revisão integrativa, Manaus 2022.
Ano/País/ Delineamento do
Nº Título Autores Base de dados/ estudo/ Resultados Conclusões
Amostra Instrumentos
Um total de 3739 Dentre os
indivíduos participaram participantes lesados,
do questionário, sendo cerca de x%
Risk factors 86% participantes de praticavam Treino
for acute and um dos sete esportes Resistido, ou seja, uma
overuse selecionados. maior incidência se
sport injuries Dentre eles, 51% eram comparado aos que
2015/Scandinav
in Swedish A. meninos e 49% não praticavam ou
ian Journal of
children 11 Boström, Estudo epidemiológico meninas, ambos entre praticavam “treino
9 Medicine &
to 15 years K. Thulin, transversal 11 e 15 anos. A partir com peso corporal”.
Science in
old: What et al disso, foram observadas Entretanto, fatores
Sports
about as estatísticas de lesões associados a causa das
resistance no decorrer de 1 ano, lesões não foram
training with levando em investigados, como as
weights? consideração: o(s) características de
esporte(s), o sexo, tipo intensidade, volume e
de lesão e fatores periodicidade do
associados. Treino Resistido.
5. DISCUSSÃO
A seleção do esporte mais indicado para cada criança ou adolescente varia
conforme fatores como idade, gênero, estágio de desenvolvimento puberal, estado
nutricional, presença de limitações físicas e/ou mentais, maturidade emocional, situação
socioeconômica da família, disponibilidade e facilidade de participação na atividade
escolhida. Meninos e meninas pré-púberes tem condições físicas comparáveis para a
prática de esportes sendo semelhantes em termos de altura, peso, porcentagem de
gordura corporal, habilidades motoras, força e resistência muscular e níveis séricos de
hemoglobina podendo, portanto, participar de atividades esportivas juntos até a idade de
dez anos.
Em adolescentes pós-púberes, os exercícios isométricos de resistência estão
associados aos benefícios para o conteúdo mineral ósseo, composição corporal e redução
do risco de lesões relacionadas ao esporte. Nesse contexto, a Academia Americana de
Pediatria admite a realização de treinamentos de força e resistência para crianças, desde
que programados de forma adequada em termos de frequência, tipo, intensidade e
duração onde cargas máximas só devem ser realizadas por adolescentes que tenham
atingido estagio puberal 5 de Tanner (SBC, 2005).
É importante ressaltar que diferenças relevantes foram encontradas entre os
grupos que não realizam atividades físicas de forma regular e grupos ativos, chegando a
conclusão de que houve benefícios na realização de atividade física e/ou esportes em
relação à geometria óssea, a qual tem sido utilizada para verificar a qualidade óssea de
crianças e adolescentes. No entanto, em um dos estudos não foi encontrado diferenças
nos valores das medidas ósseas em indivíduos que se mantiveram sedentários
comparados com um grupo de meninas que faziam natação após um período de
intervenção.
Além disso, correlacionando os dados encontrados nas práticas de atividades
físicas e os esportes como ginástica, futebol, capoeira, tênis e atividade física em geral
mostram valores melhores em relação à integridade estrutural do osso do que os
23
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
componentes do grupo não ativo. Diante disso, percebe-se que essas atividades, mais
frequentes e mais intensas, apresentam efeito benéfico nos parâmetros geométricos.
Visto que, diversas pesquisas declaram que a infância e a adolescência são os
períodos de maior importância dentro da mineralização óssea, ou seja, desenvolvimento
ósseo do ser humano – para ambos os sexos (Silva C. C., 2004), os esportes, Treinamento
Resistido (TR) e Treinamento de Força (TF) praticados de forma correta e ideal (não
excessiva) garantem a saudável maturação óssea do indivíduo por meio de
fortalecimento, prevenção de lesões e melhora do perfil metabólico. Além disso, o TR é
um forte aliado para aumentar o desempenho em outros esportes, desde que também
praticado por livre, espontânea vontade e sob supervisão de um profissional qualificado.
(Paul R. Stricker et al, 2020)
Não há relação de prejuízo no crescimento ósseo em crianças e adolescentes
praticantes de TR ou TF, desde que sejam realizados sob supervisão de um profissional,
principalmente no que tange ao respeito da biomecânica e da cinesiologia dos exercícios
e a prevenção da saúde das estruturas articulares e nervosas. (A. Boström; K. Thulin et al,
2015; Hind K; Burrows M, 2007).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa forma, com relação aos estudos revisados, percebe-se divergência quanto a
veracidade do fator atividade física com relação a melhora do desenvolvimento ósseo da
criança, visto que, alguns trabalhos mostram resultados positivos com relação a pratica e
outros mostram que não houve grande diferença em crianças sedentárias e ativas.
Porém, pode-se notar que, desde que com supervisão, a prática de atividade física
traz benefícios para a geometria óssea e melhora na maturação óssea do indivíduo, como
os realizados em atividades de treinamento resistido e de força. Portanto, por mais que
não tenha sido constatado efetiva melhora no desenvolvimento ósseo da criança, nota-se
que a atividade física não traz prejuízo ao indivíduo e sim benefícios relacionados à
maturidade e crescimento ósseo.
Além disso, na busca pelas literaturas foram observados diversas limitações
relacionados à falta de estudos recentes e que fossem abrangentes nos fatores
determinantes para o tema abordado. Desse modo, reitera-se aqui a importância de novas
pesquisas voltadas ao tema da contribuição da atividade física no desenvolvimento ósseo
nas áreas da saúde de forma multiprofissional para que sejam esclarecidos de forma mais
objetiva os fatores que corroboram tal desenvolvimento.
REFERÊNCIAS
[1] ALVES, C.; Lima, R. V. B. O impacto da atividade física e esportes sobre o crescimento e puberdade
de crianças e adolescentes. Revista Paulista de Pediatria. Vol. 26. Num. 4. p.383-291. 2008.
[2] BIELEMANN RM, MARTINEZ-MESA J, GIGANTE DP. Physical activity during life course and bone
mass: a systematic review of methods and findings from cohort studies with young adults. BMC
Musculoskelet Disord, 2013.
[3] FEFERBAUM, Rubens; SILVA, Luciana Rodrigues; SOLÉ, Dirceu. Manual de Suporte Nutricional da
Sociedade Brasileira de Pediatria. 2ed. - Rio de Janeiro: Departamento Científico de Suporte Nutricional da
Sociedade Brasileira de Pediatria, 2020.
24
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
25
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 3
Análise integrativa sobre trauma ortopédico
pediátrico de membros superiores
Dayanne Corrêa dos Santos
Géssica Cruz de Souza Corrêa
Gustavo Wei-Tah Lealchang
Nataly Serrati
Salete Gabriele Gracia Guzman
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza
26
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
A ortopedia é uma especialidade da área das ciências da saúde relacionada ao
processo de prevenção, tratamento e reabilitação de enfermidades relacionadas ao
aparelho locomotor. Associado a esta especialidade, temos também a traumatologia, a
qual lida, especificamente, com pacientes vítimas de traumas, no geral (SILBERMAN e
VARAONA, 2018).
Definido como evento nocivo à saúde, o Trauma Ortopédico (TO) é caracterizado
por causar alterações estruturais resultantes da troca de energias entre os corpos
atingidos. Dentre os mecanismos de traumas ortopédicos maisfrequentes, destacam-se as
quedas, práticas esportivas, acidentes de trânsito (automobilístico, motociclísticos,
atropelamento e com envolvimento de animais), acidentes por arma de fogo e arma
branca, agressão física e acidentes de trabalho (GOMES, et. al. 2021).
Acerca do trauma, temos que este é definido como um evento nocivo constituído
por alterações estruturais e físicas, ou um desequilíbrio homeostático advindo de uma
troca entre o tecido e o meio. É tido como uma patologia que compromete o bem-estar do
indivíduo, interferindo na esfera econômica e social, deste, na sociedade (CANTÃO, et. al.,
2020).
Conforme Almeida (2019), a principal causa de morte ou incapacitação de
crianças e jovens de 0 a 18 anos na Europa é o traumatismo. O autor afirma que os
acidentes pediátricos ocorrem principalmente em escolas, seguido da casa doindivíduo
e de lugares públicos. A importância de conhecer a epidemiologia dotrauma infantil dá-
se no objetivo de fornecer prevenção fundamentada, neste âmbito.Visto que sobre o
público infanto-juvenil, o traumatismo é tido como a principal causa de morte de
jovens, no mundo, ainda, quando não é fatal, o traumapode afetar o desenvolvimento
biopsicossocial da criança (WHO, 2018; ROSA, et.
al., 2018).
Os acidentes na infância e adolescência são considerados um problema desaúde
pública, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou no ano de 2019, R$89.288.190,48 de
reais com internações por causas externas (BOONE, et. al., 2018).As causas externas têm
importância quanto a ser causa de morte precoce e diversas incapacidades entre
crianças, adolescentes e os adultos jovens (LIMA, et.
al., 2018).
Nesta revisão integrativa pergunta-se sobre os índices do trauma ortopédico em
crianças e adolescentes em membros superiores, principais causas e generalidades tais
como o sexo mais atingido pelos traumas e principais fraturas.
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Analisar os principais traumas ortopédicos em membros superiores ocorridos em
crianças e adolescentes.
27
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
3. METODOLOGIA
3.1. TIPO DE PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa do tipo Revisão Integrativa de Literatura (RIL), que
consiste em pesquisar através de uma pergunta norteadora, é um método que
proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados
de estudos significativos na prática. O estudo é realizado por meio de levantamento
bibliográfico e baseado na experiência vivenciada pelos autores para realização da
revisão integrativa (SOUZA et. al. 2010).
Quanto ao nível de profundidade do estudo, a pesquisa será considerada descritiva.
Segundo Gil (2002), as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição
das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento
de relações entre variáveis.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. RESULTADOS
Na Tabela1 seguem estudos de alguns autores explanando os resultados de
encontrados em estudos e as conclusões a respeito do tema em questão.
28
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
29
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4.2. DISCUSSÕES
A prevalência de crianças do sexo masculino acometidas por traumas ortopédicos,
observado neste estudo, está em consonância com os resultados relatados em outras
pesquisas com temas semelhantes. Segundo estudo de Rodrigues (2018) o sexo masculino
também foi o mais predominante, com uma representação de 61,54% e no de Sousa, et.
al. (2019) a expressão foi de 69%.
Quando analisamos as idades dos participantes desse estudo, foi observado que a
faixa etária predominante foi a de crianças entre 5 a 12 anos (79,77%). O estudo que aqui
apresentamos, entra em consonância com a literatura, onde na pesquisa de Almeida
(2019), a idade mais acometida fora a de 10 – 14 anos, sendo 65,7% da amostra do
estudo.
30
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. REFERENCIAL TEÓRICO
5.1. TRAUMA ORTOPÉDICO PEDIÁTRICO
O sintoma mais importante da fratura é a dor imediata produzida pelo trauma. Essa
dor se acentua com o movimento ou com a compressão da região afetada. Assim, a criança
evita movimentar o membro fraturado, o que é chamado de impotência funcional. A
presença de movimento ativo não afasta a possibilidade de fratura (SBOT, 2022).
O traumatismo chega a ser responsável por 19,5% da mortalidade de crianças até
a adolescência e, na faixa dos cinco aos 19 anos de idade, representa aprincipal causa de
morte (GONÇALVES, et. al. 2019).
O trauma é um dos fatores mais importantes das causas de óbitos infantis acima
de um ano de idade no mundo inteiro, sendo a segunda causa de internação nas crianças
com menores de 15 anos de idade. O acidente contuso em crianças mais novas ocorre
devido maus tratos e agressões físicas, normalmente por uma pessoa ligada diretamente,
causando agravos posteriores mais sérios. Entretanto, não se pode descartar as mortes
ou lesões causadas por acidentes de trânsito, intoxicação e afogamentos como principais
causas de óbito na primeira infância no Brasil (BECIL, 2018).
A fratura é definida como perda da continuidade de um osso, ou seja, o osso quebra,
podendo dividir-se em duas ou várias partes. Estas podem ser provocadas por diversos
tipos de acidentes traumáticos como torções, esmagamentos, fortes pancadas.
Dependendo da energia do trauma, podem ocorrer lesões das partes moles e
consequente exposição do osso conhecida como fratura exposta. Esta éuma urgência
ortopédica, necessitando de medidas rápidas para solução devido aos riscos de infecção
tanto no osso quanto no ferimento (HOSPITAL ORTO, 2021).
31
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
32
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
33
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
6. CONCLUSÃO
A partir desta revisão foi possível observar que a maioria dos traumas ortopédicos
em crianças e adolescentes ocorrem devidos a acidentes domésticos ou no ambiente
escolar, tais como quedas e ocorrem também mais no sexo masculino.
Também chama atenção para o fato de que tais achados são importantes, tendo em
vista que o trauma ortopédico é considerado um problema de saúde pública e que, no
público infantil, pode ocasionar mortes ou sequelas irreversíveis,de grau físico, social
ou psicológico.
Importante também reportar dificuldade em encontrar artigos mais atuais sobre
o tema, tratando mais especificamente dos traumas ortopédicos em crianças e
adolescentes, faltam mais publicações sobre o tema principalmente no período de 2018 a
2022.
34
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
REFERÊNCIAS
[1] ALMEIDA, M. Caracterização epidemiológica das admissões por trauma musculoesquelético num
serviço de urgência pediátrica de um hospital central. Revista Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia,
v. 27, n. 1, p. 31-39, 2019.
[2] BECIL JR., M. R. Avaliação dos óbitos infantis por trauma no Amazonas, 2018. TCC - Graduação em
Enfermagem. Universidade do Estado do Amazonas.
[3] BOONE, D. L., COSTA, T. M. T., Tana, D. B., Lopes, S. C., Cortes, M. C. S., de
[4] FREITAS, E. D., & ALVES, W. A. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência: perfil dos
atendimentos por causas externas. Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, v. 16, n. 3, p. 134-
139, 2018. ˂http://www.sbcm.org.br/ojs3/index.php/rsbcm/article/view/352˃. Acesso em: 10.09.22.
[5] CANTÃO, et. al., Perfil Epidemiológico de traumas ortopédicos pediátricos em um hospital do
interior do Pará. Revista Eletrônica Acervo Saúde – REAS, v. 13, n. 2, 2020.
[6] FERREIRA, et. al., Trauma pediátrico: Resultados de um estudo prospectivo em um hospital
público terciário. Research, Society and Development, v. 10, n. 6, 2021.
[7] GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002.
[8] GOMES, et. al. Epidemiologia dos traumas ortopédicos atendidos na emergência de um serviço
público de referência. Enfermagem Brasil, v. 20, n. 5, p. 650-660, 2021.
[9] GONÇALVES, et. al. Acidentes na infância: casuística de um serviço terciário em uma cidade de
médio porte do Brasil. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 46, n. 2, 2019.
[10] HOSPITAL ORTO. Os traumas ortopédicos mais comuns. Disponíveis em:
<https://www.hospitalorto.com.br/2021/03/22/os-traumas-ortopedicos-mais-comuns- no-dia-a-dia/>
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[11] JAYAKUMAR P, & JUPITER J. B. (2014) Reconstruction of malunited diaphyseal fractures of the
forearm. Hand (NY), v. 9, n. 3, p. 73-265, 2014.
[12] LIMA, E. P. M. D., ALMEIDA, A. O. A. D., BEZERRA, E. P., CARNEIRO, E. P.,
[13] ANDRADE, F. M. R. D., & GUBERT, F. D. A. Identificação dos conhecimentos de mães na prevenção
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[14] LUIZ, A., BRAZ, A., FACHINI, J., DIAS Júnior, G. r, & Rodrigues, F. Home accidents in a pediatric
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[15] MATTOS, Carlos. Lesões ortopédicas em crianças. Disponível em:
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[16] OLIVEIRA, M. J. S. de, SANTOS, F. dos, LANGE, C., CASAGRANDA, L. P.,
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[20] RIOS, Henrique. Traumas ortopédicos causas comuns. 2019. Disponível em:
˂https://ortopedistasaoluis.com.br/traumas-ortopedicos-causas-comuns˃ Acesso em: 11/09/2022.
[21] RODRIGUES, J. B. Pós-operatório pediátrico de fratura de antebraço: perfil e propostas de
orientações. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em
Enfermagem. Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, 2018.
35
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
[22] ROSA, J. O., et. al. Epidemiologia do trauma ortopédico pediátrico em um hospital público. Revista
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<https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/trauma-ortopedico> Acesso em: 09.09.22.
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36
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 4
Complicações da doença de Osgood-Schlatter em
crianças e adolescentes que praticam exercícios físicos:
Dor crônica de joelhos e outros
Ana Beatriz dos Santos Rodrigues
Ana Beatriz Queiroz Negro Vaz
Beatriz Vasconcelos Ribeiro
Gabriela Benzecry
Karolaynne de Souza Jacinto
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza
37
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
A doença de Osgood-Schlatter é uma condição relacionada ao crescimento,
temporária, com resolução na maioria dos casos. Porém, pacientes diagnosticados
durante a adolescência apresentam mais problemas com atividades de vida diária e
atividade esportiva, quando comparado àqueles sem o histórico da doença
(GULDHAMMER, et al., 2019).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), adolescência compreende
período da vida que começa aos 10 anos e termina aos 19 anos completos e a infância
é aetapa inicial compreendida entre o nascimento e os 12 anos de idade. Durante essas
fases, fisiologicamente, ocorre crescimento corporal, com ciclos de estirão que variam
com de acordo com sexo, que é avaliado ao longo da vida por diversos parâmetros. A
prática de atividade física por crianças e adolescentes é segura e determinante no
desenvolvimento de musculoso, osso e tecido adiposo apresentando influência
significativa ao longo da vida. (ALVES, 2019)
A atividade física na infância e na adolescência auxilia no equilíbrio do
balanço energético, obesidade, aumento do volume de ejeção cardíaca, dos
parâmetros ventilatórios funcionais e do consumo de oxigênio, redução da pressão
arterial, aumento da sensibilidade a insulina e da tolerância a glicose, melhora do perfil
lipídico, aumento na mineralização óssea, melhora da cognição, autoestima, sentimento
de bem-estar e socialização. Portanto, a atividade física é um processo que conjuntamente
com o ambiente, a nutrição e a genética, auxiliam para que o indivíduo alcance seu
potencial de crescimento e desenvolvimento para que tenha no resultante um favorável
nível de saúde.
O diagnóstico da síndrome de Osgood-Schlatter se dá a partir da percepção da
sintomatologia apresentada pelo paciente, principalmente se o quadro álgico estiver
relacionado à prática de atividade física, sendo confirmada a partir de exames
complementares, como a radiografia ou ressonância magnética (SANTO; MAIA; MOURA,
2018). Exames de imagem como radiografia e ressonância nuclear magnética são
solicitados nos casos recidivantes ou para eventuais diagnósticos diferenciais.
O tratamento da doença é conservador, são recomendados redução da atividade e
repouso para melhora da dor. Após a fusão das placas de crescimento, a maioria dos
pacientes não terão sintomas (PATEL, 2017). Como medida preventiva, recomenda-se
prática de um ou mais modalidades esportivas que trabalhem diferentes grupos
musculares, sem que haja sobrecarga de um em particular (overtraing). Além disso,
utilizar equipamentos adequados e fazer alongamentos prévios (HERRERO-MORÍN et al.,
2017).
Apesar de descrita na literatura como autolimitada, principalmente por
manifestar-se com o desenvolvimento do centro de ossificação secundário da
tuberosidade anterior da tíbia, a sintomatologia da OSD persistente em adultos já foi
pontuada por Weiler R (2011) e De Lucena (2011). As complicações da doença podem
ser associadas à
síndrome compartimental (PASCARELLA, 2015), lesões do tendão meniscal e
patelar (KUJALA,1985). Além disso a principal sequela explorada nesse trabalho é a
cronificação da dor no joelho descrita e evidenciada (GULDHAMMER, et al 2019 e
RATHLEFF, et al).
Na vida adulta a sequela mais comumente vista é o aumento do volume da TAT,
38
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
causando uma protuberância no terço inferior do joelho. Em alguns casos pode haver
fragmentação e destacamento da TAT, que podem ficar abaixo ou dentro do tendão
patelar. Durante a pratica de atividades esportivas ou do dia-a-dia, os fragmentosinstáveis
se chocam com a tíbia causando reação inflamatória crônica com queixas de dor e atrofia
muscular.
O objetivo principal desta revisão é reunir a incidência de complicações com foco
na dorcrônica no joelho como uma das sequelas a longo prazo da Osgood-Schlatter, afim
esclarecer as particulares da doença sem negligenciar o baixo percentual de ocorrências.
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Sintetizar as complicações da doença de Osgood-Schlatter em crianças e
adolescentesque praticam exercícios físicos.
3. METODOLOGIA
3.1. TIPO DE PESQUISA
O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura integrativa.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 8 artigos analisados no presente trabalho 2 são revisões de literatura, 2 são
relatosde caso, 4 são estudos de corte. Os idiomas variam em 7 publicações em inglês e 1
emespanhol. Uma síntese sobre os principais resultados está descrita na tabela abaixo.
39
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Autor e Ano
Titulo Método Principais resultados
de publicação
Alguns casos podem se tornar crônicos e
Osgood-Schlatter disease: podem aparecer complicações como
appearance, diagnosis and Corbi, et al. Revisão pseudoartrose, genu recurvatum, patela
Treatment: A Narrative 2022 narrativa alta, migração de fragmentos ósseos, flexão
Review reduzida do joelho e até
osteocondromatose.
Long-term prognosis and
Mais da metade dos participantes
impact from Osgood-
Guldhammer diagnosticados com OSD continuaram a
Schlatter disease 4 years Estudo de coorte
et al.2019 sentir dor no joelho em aproximadamente 4
after diagnosis A
anos após o diagnóstico
retrospective study
Five-year prognosis and Quatro em cada 10 adolescentes com dor
impact of adolescent knee no joelho ainda apresentavam dor no joelho
pain: a prospective Rathleff, et frequente e intensa 5 anos depois, grave o
Estudo de coorte
population-based cohort al.2019 suficiente para afetar a saúde, os
study of 504 adolescents in comportamentos de saúde e as escolhas de
Denmark carreira.
A dor no joelho durante a adolescência, e a
Is knee pain during
PFP em particular, está presente na maioria
adolescence a self-limiting Estudo de
Rathleff, et al. dos casos após 2 anos e, portanto, pode não
condition? Prognosis of coorte; Nível de
2016 ser autolimitada. É necessário um maior
Patellofemoral Pain and evidência, 2.
foco na detecção precoce e prevenção da
Other Types of Knee Pain
dor no joelho durante a adolescência.
Osgood-Schlatter’s disease Estudo de coorte
in adolescente athletes Kujala, et retrospectivo de Correlação entre OSD e lesões do tendão
Retrospective study of al.1985 incidência e meniscal e patelar
incidence and duration duração
Tibial Tubercle Fracture in
a 14-Year-Old Athlete with
Pascarella, et Associação entre Osgood-Schlatter e fratura
Bilateral Lower Pole Relato de caso
al.2015 do tubérculo tíbia
Bipartite Patella and
Osgood-Schlatter Disease
Fatores de risco para OSD incluem peso
Osgood–Schlatter disease:
corporal, rigidez muscular, fraqueza
a 2020 update of a LADENHAUF ,
Revisão muscular durante a extensão do joelho e
common knee condition in H. N. et al
sistemática flexibilidade dos músculos isquiotibiais.
children. Current Opinion 2019.
Tratamento conservador permanece bem-
in Pediatrics
sucedido em mais de 90% dos pacientes.
Importância de adotar medidas preventivas
Enfermedad de Osgood-
como, prática modalidades esportivas que
Schlatter en un
trabalhem diferentes grupos musculares,
adolescente deportista. Herrero-
sem sobrecarga de um em particular e
Caso clínico Osgood- Morín et Relato de caso
adotar manejo conservador, com
Schlatter disease in al.2017
modificação da atividade para reduzir a
adolescent athlete. Case
flexão e extensão do joelho, fisioterapia e
report
anti-inflamatórios não esteroides
5. DISCUSSÃO
A doença de Osgood-Schlatter possui sintomas que aparecem na infância/
adolescência durante período de estirão de crescimento onde há desenvolvimento do
centro de ossificação secundário da tuberosidade anterior da tíbia (HERRERO-MORÍN,
2017). Atinge principalmente jovens ativos que praticam atividades físicas de maneira
regular com ou sem fins de carreira esportiva (LADENHAUF).
Os sintomas são diversos, a queixa principal geralmente é a dor que pode
40
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
6. CONCLUSÃO
Concluísse que, a prática de atividades físicas durante a infância é substancial na
prevenção de enfermidades e recuperação de condições patológica, além disso ébenéfica
para construção do hábito de prática uma vez que, iniciada na infância, tendea manter-
se para toda vida do indivíduo (ALVES et al., 2019). Vale ressaltar que, a dor durante a
pratica de esportes em crianças não deve ser considerada normal (LAUNAY).É um sinal
de alerta de overtraining, que pode exigir que a atividade seja modificada, reduzida ou até
mesmo descontinuada principalmente em se tratando da possibilidade de Osgood-
Schlatter, que é uma condição associada a um estirão de desenvolvimento (NEUHAUS et
al., 2021).
É, portanto, necessário um maior foco na detecção precoce e prevenção da dor no
joelho durante a adolescência para evitar evolução crônica principalmente se houver
exposição aos fatores de RR (RATHLEFF et al., 2019).
41
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
REFERÊNCIAS
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Adolescent Athlete. Current Sports Medicine Reports. v. 19, n. 11, p. 479-485, nov. 2020.
42
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 5
Fraturas em antebraços de crianças: Uma revisão
integrativa da literatura
Antonia Hannah Santana dos Santos
Francisco Leonardo de Araújo Sampaio
Nycole Ribeiro Santana
Paula Renata Carvalho Barros
Ramon Medeiros Lacerda
Karoline Costa de Souza
Paulo Daw Wen Su
Aline Cristiane Côrte de Alencar
Nilton Orlando Junior
Eduardo Lima de Abreu
Sandokan Cavalcante Costa
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo principal estudar os padrões de fraturas
no antebraço de crianças e reunir informações acerca dos protocolos de conduta adotados
dentro da traumatologia infantil. A metodologia escolhida trata-se da revisão integrativa
da literatura, com busca nas bases de dados SCIELO, PUBMED e MEDLINE, adotando-se
fatores de inclusão e exclusão para delimitar os artigos de maior interesse analítico. Os
resultados obtidos com o levantamento de dados foram um total de 11 publicações
relevantes para o tema abordado. Através deste estudo, os autores chegaram à conclusão
de que o método mais eficaz depende da análise individual dos pacientes, do grau da lesão
e idade da criança, preferindo, sempre que possível, o tratamento conservador.
43
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
A fratura é uma lesão que interrompe a continuidade do osso devido a um trauma,
direto ou indireto, causado quando a força aplicada sobre a estrutura óssea é superior à
sua elasticidade. Desta forma, para analisar a magnitude das fraturas relacionadas ao
antebraço infantil, necessita-se compreender as características anatômicas do membro
imaturo, bem como a localização e distribuição destas lesões ósseas ao longo de sua
extensão.
A estrutura anatômica do antebraço consiste em dois ossos longos, o rádio e a ulna,
a membrana interóssea, além de várias artérias, nervos e músculos. A divisão óssea na
criança é diferente do adulto (> 20 anos) por possuir uma parte frágil denominada placa
de crescimento (fise), localizada entre a diáfise e epífise em uma região denominada
metáfise, sendo, portanto, uma área que apresenta maior susceptibilidade ao
acometimento de traumas. Além disso, o aumento cessa em uma determinada idade,
variando de acordo com o tipo de osso. Visto isso, as placas de crescimento distal radial e
ulnar são responsáveis por 75% e 81% do crescimento longitudinal de cada osso,
respectivamente. Essa polarização do crescimento mostra por que as fraturas distais
apresentam maior potencial de remodelação do que as fraturas mais próximas ao
cotovelo. A remodelação adicional também pode ser atribuída à elevação do periósteo
osteogênico espesso após a fratura (NOONAN e PRICE, 1988).
Na análise da incidência de 531 fraturas entre a faixa-etária de um dia de vida a 19
anos. Na distribuição, houve predominância dos acometimentos em membros superiores
(76,1%) em relação aos inferiores (23,9%). Destas fraturas em MMSS, mais de 50% eram
fraturas localizadas nos ossos do antebraço e novamente entre essas o distal sendo o mais
importante (GUARNIERO, R. et al., 2011).
Entendido isso, cabe ressaltar que o acometimento do terço distal (punho) se
destaca como a maior prevalência entre as fraturas do antebraço. Isso pode ser observado
na análise de 568 fraturas do terço distal do antebraço em crianças. Chess et al., em 1994,
encontraram que 78% delas eram isoladas do rádio, 8% acometiam rádio e ulna e 14%
eram descolamentos epifisários distais.
Portanto, cabe compreender melhor sobre tipos de lesões e medidas de tratamento
a serem efetuadas com base na análise científica.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O antebraço é a região do membro superior formada pelos ossos rádio e ulna.
Levando em consideração a natureza ativa e imprudente das crianças, fraturas que
acometem estas estruturas ósseas são casos recorrente dentro da traumatologia
ortopédica pediátrica, sobretudo devido ao trauma indireto no segmento distal (queda da
própria altura sobre a mão estendida).
O tecido ósseo imaturo caracteriza-se por ser mais poroso e com maior
elasticidade e resistência do periósteo, quando comparados ao tecido de adultos. Possui
ainda alta capacidade de remodelação, o que confere recuperação acelerada para
pacientes pediátricos. Isso ocorre porque entre a epífise e a diáfise há uma região de
metáfise apresentando a placa de crescimento composta por cartilagem hialina que
possibilita o alongamento do osso até sua completa maturação.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
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Classificação de Salter-Harris
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Classificação de Bado
Fratura da diáfise da ulna em qualquer nível, com angulação anterior do foco de fratura
Tipo I
associada à luxação anterior da cabeça do rádio.
Tipo III Fratura da metáfise da ulna com luxação lateral ou ântero-lateral da cabeça do rádio.
Fratura do terço proximal do rádio e da ulna no mesmo nível, com luxação anterior da
Tipo IV
cabeça do rádio.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
3. METODOLOGIA
O presente trabalho foi elaborado a partir de uma revisão integrativa da literatura
nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PUBMED e Medical
Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), com a utilização de termos
dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), tais quais: fratura, antebraço, crianças,
terço distal.
A análise desses estudos ocorreu no período de agosto e setembro de 2022, sendo
uma busca exploratória e descritiva. No que tange aos critérios de pesquisa, utilizou-se
artigos nacionais e internacionais, nos idiomas português, inglês e espanhol, bem como
artigos limitados à faixa etária de 0 a 19 anos.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4. RESULTADOS
Somando-se todas as bases de dados, foram encontrados 49 artigos em
conformidade com o tema trabalhado. Após os critérios de inclusão e exclusão serem
aplicados, este número decaiu para 20. A partir da leitura parcial e seleção crítica, um total
de 11 artigos foram selecionados para estudo na íntegra.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Os resultados de um estudo
epidemioló gico em Malmö
indicam que o risco de sofrer
uma fratura é de 42% em
Epidemiology of Lennart A. Landin, M.D., meninos e 27% em meninas
8
children’s fractures Ph.D. (1997) desde o nascimento até a idade
de 16 anos. A fratura da
extremidade distal do rá dio é a
lesã o mais comum, seguida pela
fratura das falanges da mã o.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. DISCUSSÃO
A maioria das fraturas dos ossos do antebraço em crianças é tratada com sucesso
de forma conservadora com redução fechada e imobilização gessada. (Gallardo-Molina,
2020).
Nas crianças, o tratamento conservador torna-se uma opção extremamente viável.
Tal fato pode ser explicado devido ao grande potencial de remodelação óssea na infância,
a qual inicia durante os primeiros dois meses do processo de consolidação e perdura até
a substituição do calo provisório por osso maduro ou lamelar, mediante as linhas de força
geradas pela solicitação mecânica das atividades diárias. (VOLPON, José. Fundamentos de
ortopedia e traumatologia. São Paulo: Atheneu, 2021.)
Nessa direção, atualmente, a maioria dos adultos com fraturas de ambos os ossos
do antebraço é tratada por redução aberta e fixação interna. Em pacientes pediátricos, o
tratamento é, principalmente, não cirúrgico devido à cicatrização uniformemente rápida
e ao potencial de remodelação da deformidade residual. (NOONAN e PRICE, 1998)
De início, para que o tratamento seja efetivo, é necessário muito mais do que adotar
uma classificação. Dessa forma, cabe ao profissional ter a entendimento radiológico do
punho, tendo em vista realizar a compreensão da lesão. As radiografias simples são o
método de eleição para o diagnóstico das fraturas do terço distal do rádio (POZZI, Isabel
et al., 2011).
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ápice durante a rotação. As fraturas com angulação ápice-volar devem ser giradas
volarmente (pronação). As fraturas com angulação ápice-dorsal são decorrentes da força
de pronação; portanto, a palma deve ser girada dorsalmente (supinação). Após a redução,
o antebraço deve ser imobilizado na mesma posição em que reduziu a fratura.
Algumas vezes apenas a imobilização é necessária. Nestes casos, considera-se
aceitável a angulação da fratura que não requer manipulação e depende da capacidade de
remodelação do osso imaturo. O determinante mais importante é o tempo até a maturação
esquelética. Aceita-se angulação de 15° e má rotação de 45° para crianças menores de 10
anos, e angulação de 10° e má rotação de 30° para aquelas com idade maior ou igual a 10
anos (SELVAKUMARAN, Gajan et al., 2020).
Com um gesso adequadamente moldado, a cortical intacta manterá um grau de
estabilidade. A radiografia deve ser feita imediatamente após a aplicação do gesso, caso
tenha sido necessário reduzir a fratura. Uma nova radiografia de acompanhamento deve
ser feita 7 a 10 dias depois. Se a redução precisar ser mantida, realiza-se uma nova
consulta clínica 5 a 6 semanas após a fratura para remoção do gesso (SELVAKUMARAN,
Gajan et al., 2020).
Quanto ao método de completar a fratura, SCHMUCK T. et al. (2010) estudou 103
crianças com fraturas em galho verde do antebraço e concluiu com a sua pesquisa que se
angulação ultrapassar a capacidade de remodelação, a quebra da cortical é a melhor
indicação para se diminuir o risco de deformidades secundárias.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
da lesão radial com a placa de crescimento ósseo. O autor reitera que o quanto antes o
paciente for encaminhado ao ortopedista pediátrico para diagnóstico e tratamento
adequado, melhor será o prognóstico.
Ring e Waters (1998) propuseram uma estratégia de tratamento baseada no
padrão de fratura da ulna. A recomendação dada por ambos os autores foi redução
fechada e gesso para fraturas incompletas (galho verde e deformação plástica), e redução
cirúrgica para reestabelecimento de fraturas completas. A fixação com pino intramedular
foi a orientação proposta para fraturas de comprimento estável (como as transversas ou
oblíquas).
Fraturas negligenciadas de Monteggia, que não receberam diagnóstico precoce, a
tendência é o uso de correção cirúrgica. Para isto é, muitas das vezes realizada a
osteotomia da ulna. Ainda de acordo com He JP et al. (2019), trata-se de um dos métodos
mais utilizados nestes casos, consistindo no aperto da membrana interóssea suficiente
para manter a cabeça do rádio na posição anatômica correta.
O Manual de Fraturas, organizado por Egol et al., (2017) concorda que fraturas de
Monteggia com ruptura ulnar incompleta devam ser tratadas com redução fechada e
imobilização gessada, acrescentando que fraturas do tipo I e II, conforme a classificação
de Bado, são mais estáveis com imobilização entre 100 e 110 graus de flexão e supinação
total. Já para as fraturas de Monteggia com ruptura ulnar completa, os autores sugerem
que o tratamento deva ser feito com fios de Kirschner ou fixação intramedular, no caso de
incapacidade de se reduzir ou manter a cabeça radial. O Manual atenta ainda para a
incidência de 10% a 20% de complicação por lesão do nervo interósseo posterior, sendo
mais comum nos tipos I e III.
61
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
sobre o rádio distal; e fratura-luxações de Galeazzi do Tipo II, trata-se por redução com
supinação e exercendo força da região volar para a dorsal sobre o rádio distal.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A traumatologia pediátrica pode ser de extensa compreensão, com base nisso, essa
revisão integra opiniões a respeito de fraturas que acometem o antebraço de crianças,
expondo, concomitantemente, a conduta de profissionais experientes no assunto.
Dessa forma, para que o profissional da saúde possua embasamento conceitual que
fundamente a adoção da melhor conduta em casos de fratura no antebraço infantil, faz-se
necessário a compreensão teórica da literatura disponível e da experiência relatada pelos
especialistas na área. Essa somatória possui a finalidade de que os pacientes recebam uma
melhor efetividade terapêutica, evitando impasses após a redução incruenta, sanando,
inclusive, dúvidas a respeito das situações adversas perante a conduta médica.
Uns dos contratempos para a realização deste estudo, foi a escassez de materiais
publicados a respeito do tema debatido. Entretanto, a constância observada no âmbito da
comunidade ortopédica pediátrica, refere-se ao consenso de que o tratamento merece ser
definido conforme avaliação individual, priorizando, sempre que possível, o tratamento
conservador.
Por fim, é importante salientar que cabe ao médico procurar conhecimento acerca
das fraturas, como suas causas, intercorrências resultantes e a epidemiologia de
prevalência e incidência na faixa etária em que a placa de crescimento está presente (0 a
19 anos). Assim sendo, essa revisão integrativa da literatura converge para o auxílio de
médicos generalistas ou especialistas, bem como os demais profissionais da saúde acerca
da análise do trauma ortopédico pediátrico, encontrado tanto na atenção secundária,
quanto na terciária da saúde pública brasileira.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
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63
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 6
Fraturas pediátricas em galho verde: Revisão de
literatura
Ane Carolyne Moraes
Antonio Nadson A. Cunha Filho
Gabriel José Rodrigues de Freitas Neto
Julia Rosa Revoredo
Maria Eduarda Frota
Paulo Daw Wen Su
Eduardo Lima de Abreu
Karoline Costa de Souza
Aline Cristiane Côrte de Alencar
Nilton Orlando Júnior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
Os ossos são as estruturas de suporte do corpo e são parte ímpar do sistema
musculoesquelético, que também inclui os músculos e os tecidos que ligam essas
estruturas, sendo estes os ligamentos, os tendões e outros tecidos conjuntivos, chamados
tecidos moles. Tais estruturas conferem ao corpo sua forma e proporcionam sua
funcionalidade, tornando a movimentação corporea através do espaço estável e, dessa
forma, permitindo sua mecanicidade. Assim é realizado o deslocamento fisiolgico do
corpo. Em outro viés, e istem às fraturas ósseas. O termo fratura tem origem na palavra
latina fratura, que significa quebrar. (VELLOSO). As fraturas são definidas como a perda
da solução de continuidade do tecido ósseo ou também como resultado de uma fadiga da
estrutura de um osso (VELLOSO); uma fratura em galho verde é uma fratura de espessura
parcial em que apenas o córtex e o periósteo são interrompidos em um lado do osso,
enquanto permanecem ininterruptos no outro lado (ATANELOV). Com isso, a fratura em
galho verde -tema principal desta revisão- é um tipo de fratura óssea leve, na qual o osso
sofre fratura em apenas um dos lados enquanto o outro permanece íntegro. As fraturas
em galho verde são fraturas incompletas de ossos longos e geralmente são observadas em
crianças pequenas, mais comumente com menos de 10 anos de idade. Eles são geralmente
médio-diafisários, afetando o antebraço e a parte inferior da perna (LUTOSA). Portanto,
tal tipo de fratura está ligada, principalmente, a pediatria por conta da estrutura óssea
infantil que, nesta fase, encontra-se mais “macia” e “flexível” se quando comparadas
osteologia adulta. Nesse tipo de fratura, as principais causas estão relacionadas a uma
força externa, de extrema potência, como traumas, pancadas ou qualquer tipo de quedas
mais bruscas que acabem fazendo que o osso “dobre”, lesionando parcialmente,
semelhante a um galho de uma árvore quando torcido, sendo está a causa do nome
sugestivo “galho verde”, característico para esse tipo de fratura.
Na temática desta revisão , os autores buscam elucidar os principais pontos a
serem abordados nesse tipo de fratura, bem como sua etiologia, seus sintomas, seu
diagnóstico, e suas formas de tratamento, além de realizarem uma breve comparação
entre as fraturas em diferentes idades, casos e localizações ósseas, tal como a
diferenciação entre esses distintos aspectos. A fim de somar ao tema e produzir um
conteúdo de fácil entendimento, sucinto e esclarecedor para acadêmicos da área da saúde
e para acrescentar material na pesquisa inicial do assunto em questão, o presente texto
produz uma mescla entre obras de literatura médica, materiais de sites e temas abordados
por artigos. Devido a dificuldade de encontrar a abordagem dos aspectos referentes a
"lesões em galho verde" especificados em um único contingente, foi-se observada a
necessidade para a produção desse artigo. Dessa forma, pode-se notar que o âmbito de
conteúdo referente à temática em questão é escasso para alunos que buscam uma
abordagem introdutória do assunto e, assim sendo, faz-se necessário a produção de mais
artigos acadêmicos que proponham a explanação do assunto.
2. OBJETIVO
A presente revisão bibliográfica trás como objetivo principal, discutir e identificar
evidências científicas relacionadas as fraturas em galho verde nas crianças. Utilizando da
metodologia de revisão integrativa da literatura, realizada em agosto de 2022, na
Biblioteca Virtual em Saúde, Web of Science, Psychology Information e PubMed. Foram
incluídos artigos primários, publicados em inglês, português e espanhol e que
contemplassem o tema. Onde os resultados compuseram 12 estudos, dos quais
65
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
emergiram três categorias de fraturas: Fraturas em galho verde, nas crianças de forma
geral e ortopedia pediátrica. Como conclusão, pode-se obeservar que o maior desafio na
presença desses tipos de fratura, esta no controle de cura e no tratamento, que se torna
de difícil realização no publico pediátrico e na demonstração dos métodos de diagnostico
da lesão. É de suma importância, relevar as questões que abrangem essa fratura, que
atualmente esta entre as mais comuns entre crianças, e seu tratamento abrange varias
outras metodologias de recuperação.
3. METODOLOGIA
Inicialmente, na etapa de busca dos artigos, foram identificados 1.581 artigos com
os cruzamentos dos termos de busca nas bases de dados utilizadas neste estudo. Depois
da aplicação dos critérios de inclusão referentes ao idioma e tipo de documento restaram
1.347 manuscritos. Esses foram armazenados em um arquivo único no EndNote®, e, por
meio desse software, foram retiradas as duplas entradas dos artigos, resultantes da
indexação de periódicos em mais de uma das bases de dados pesquisadas).
Os artigos que contemplaram o tema da pesquisa no título ou resumo foram
separados para serem lidos na íntegra. Depois da leitura desses textos, foram verificados
os critérios de adequação ao tema, restando 15 estudos, desses, três foram excluídos da
amostra final por serem artigo de opinião e por apresentar apenas a prevalência do
diagnostico da fratura em galho verde.
4. RESULTADOS
Após os critérios de inclusão e exclusão, totalizaram-se 12 artigos. A partir da
leitura e seleção crítica, 10 artigos foram selecionados para leitura na íntegra.
66
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
(continuação)
N° Título Autor e Ano Da Publicação Resultados
São tratados assuntos
referentes as diversas
emergências ortopedicas
Emergências ortopédicas
4 Chasm RM, Swencki SA (2010) da pediatria, com
pediátricas.
exemplos e relatos, entre
eles encontra-se das
fraturas em galho verde.
Neste artigo os autores
trazem as características
radiográficas simples das
lesões em galho verde e
5 Greenstick Fracture. Radswiki, T., Lustosa, L. (2022)
suas diagnósticos
diferenciais -fratura
Salter-Harris, fratura em
todo, fratura em arco-.
O artigo disculte o campo
das fraturas
Sharma S, Vashistha A, Chugh A,
Fraturas mandibulares mandibulares de
6 Kumar D, Bihani U, Trehan M, Nigam
pediátricas: uma revisão. ortopedia infantil, nela
AG (2009)
há relato de fratura em
galho verde.
Faz um apanhado de
fraturas, em um estudo
Padrão de fratura de membro em de pacientes pediatricos
diferentes faixas etárias em faixas etárias
7 Cheng JC, Shen WY (1993)
pediátricas: um estudo com 3.350 diversas. Mostrando, por
crianças. resultado, as diferenças
presentes nesse
universo.
Envolve o aspecto cranio
Temas em Trauma Craniofacial facil, no qual estam
8 Chandra SR, Zemplenyi KS (2017)
Pediátrico. presentes traumas
diversos.
Um estudo abrangente
do antebraço e das
fraturas de galho verde
Schmuck T, Altermatt S, Büchler P, presentes nessa parte do
Greenstick fraturas do terço
Klima-Lange D, Krieg A, Lutz N, membro, demonstrando
9 médio do antebraço. Estudo
Muermann J, Slongo T, Sossai R, Hasler a frequencia elevada de
prospectivo multicêntrico.
C. (2010) lesões nessa parte do
corpo, que é a mais
frequentemente
acometida.
Propõe a análise do
tratamento de
Análise de custos e desempenho imobilização, os
em fraturas pediátricas distais do resultados referentes a
10 antebraço: um gesso de braço Acree JS, Schlechter J, Buzin S. (2017) esse processo e estaelece
curto é superior a uma tala de uma comparação entre
pinça de açúcar? as possiveis formas de se
proceder durante a cura
da lesão.
Sinal de cruzamento do raio: uma Expõe, entre outros
indicação de fraturas em galho Wright PB, Crepeau AE, Herrera-Soto achados, as complicações
11
verde do eixo do rádio mal JA, Price CT. (2012) possíveis oriundas de
reduzidas. uma lesão mal reduzida.
67
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. DISCUSSÃO
5.1. IDENTIFICAÇÃO E MANEJO
Os sinais e sintomas variam, dependendo da gravidade da fratura em galho verde,
podendo ser classificadas em leves e graves. Fraturas leves, normalmente podem ser
confundidas com entorses ou contusões, enquanto as graves podem causar uma
deformidade evidente e que vem acompanhada de dor e inchaço significativo.
Portanto, é de suma importância que os aspectos basais da lesão estejam
prontamente esclarecidos para o médico que a trata ou para aquele que a está estudando.
Tais abordagens envolvem o conhecimento da fisiopatologia para identificação da fratura
em galho verde, a revisão dos caracteres de raio-x envolvidos na problemática, a descrição
correta dos meios terapêuticos e dos manejos disponíveis para a conduta do paciente
lesionado, soma-se a isso a clareza para explicar as estratégias abordadas por uma equipe
interprofissional com a finalidade de melhorar a coordenação dos cuidados e a prestação
dos serviços disponíveis para o traquejo da situação e avançar no manejo das fraturas em
galho verde, melhorando, assim, os resultados obtidos pacientes.
68
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5.3. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de fratura em galho verde, baseia-se principalmente no exame fisico.
Durante o exame fisico, busca-se inspecionar a área afetada à procura de sinais de
sensibilidade, inchaço, deformidade, dormência ou feridas abertas. Pode-se solicitar ao
paciente que mova os dedos em certos padrões ou movimentos, buscando verificar algum
tipo de dano aos nervos que abrangem a região lesionada, além de examinar as
articulações acima e abaixo da fratura. Os métodos de radiologia (Raio-x) também são de
suma importância para definir o diagnóstico da lesão em galho verde no membro afetado,
podendo também ser realizado raiox do outro membro intacto, para níveis de
comparação. A avaliação diagnóstica inclui uma radiografia da extremidade lesionada ou
área de queixa. Os achados radiográficos típicos demonstram uma lesão em flexão com
uma linha fraturada que não atravessa completamente o osso (ATANELOV). Há uma
fratura do periósteo e do córtex de uma lado (o lado da tensão) que não se estende para o
outro lado do córtex e do periósteo (NOONAN). Em uma radiografia, há uma fratura visível
no lado da tensão com o lado oposto do osso demonstrando deformação plástica devido a
forças compressivas (ATANELOV).
69
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5.4. TRATAMENTO
O protocolo de tratamento de uma fratura em galho verde visa a redução da
fratura, normalmente separando ligeiramente o osso e, em seguida, empurrando-o no
lugar para endireitá-lo. Se o grau de angulação for significativo, o profissional de saúde
precisa realizar uma redução fechada e imobilização (NOONAN). Todas as fraturas em
galh verde requerem imobilização, e a colocação de gesso vários dias após a lesão inicial
diminui o risco de necessidade de reformulação devido ao aumento do edema pós-fratura.
O encaminhamento ortopédico na consulta inicial é geralmente recomendado, mas
depende do grau de angulação e da idade da criança. (ATANELOV).
A imobilização com gesso em fraturas de galho verde de ossos longos deve durar
aproximadamente seis semanas (SCHUMUCK). O médico colocará o membro afetado em
um gesso, imobilizando-o para que o osso possa crescer novamente, assim este poderá
obter a cicatrização da fratura; deve-se levar em conta o período de tempo, tais fraturas
normalmente não são tão dolorosas quanto outros tipos, especialmente depois que a
fratura for reduzida. Vale lembrar que antiinflamatórios podem ser prescritos para
diminuir o inchaço no local da fratura.
O tipo de gesso depende da localização da fratura. Fraturas distais podem ser
colocadas em gesso de braço curto, enquanto fraturas proximais requerem gesso de braço
longo e podem ser trocadas por desso de braço curto no meio do processo de cicatrização
em aproximadamente três semanas. Pacientes com fraturas proximais requerem
acompanhamento ortopédico mais próximo (FRANKLIN).
Embroa menos praticadas, as fraturas em galho verde podem ser tratadas com
talas se houver aoenas uma pequena angulação e se houver acompanhamento proximo
com a familia ou o paciente (ACREE). Na fratura em galho verde um dos riscos principais
é que a ela não seja diagnósticada, já que, frequentemente, é possível colocar peso no
70
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
membro, por exemplo, embora possa ser doloroso, e a fratura possa ser descartada como
um golpe forte e simples, resultando em algum inchaço, mas sem danos permanentes. Se
uma criança cair ou levar uma pancada forte e reclamar de dor que parece um pouco
extrema, a recomendação é que ela deve ser levada ao hospital para descartar uma fratura
em galho verde, especialmente se a área da lesão inchar rapidamente. A falta de
tratamento da fratura pode resultar em problemas gravíssimos, entre eles : uma infecção
muito dolorosa seguido de danos permanentes.
Fratura Salter-Harris, fratura do toro, fratura da criança (fratura espiral não
deslocada da tíbia distal), fratura espiral, fratura não acidental, fratura exposta, fratura
patológica, fratura não deslocada, deformidades plásticas, entre outras (ATANELOV) são
alguns dos diágnosticos diferenciais que devem ser levados em consideração no inicio do
atendimento e anteriormente ao inicio do tratamento.
A maioria das fraturas em galho verde saram completamente após serem
reduzidas e colocadas em um molde. Em alguns casos, no entanto, a fratura não cicatriza
adequadamente, exigindo cirurgia. Isso é extremamente raro, especialmente quando a
fratura é tratada o mais rápido possível e o peso é mantido fora do osso enquanto ele
cicatriza, fazendo com que o mesmo use de seus recursos biológicos para cicatrizar.
5.4.3. REABILITAÇÃO
Depois do tempo de imobilização, verifica-se a atrofia do membro, e se o paciente
apresenta dificuldade em retomar os movimentos normais. Para a maioria das crianças, a
recuperação ocorrerá naturalmente. No entanto, em casos específicos, e também entre
crianças maiores e adolescentes, talvez seja necessário um acompanhamento
fisioterápico. O retorno à atividade deve ser progressivo e respeitar a idade e atividade da
criança, sem grandes exageiros durante a recuperação (FUERST). Ela pode retomar
prontamente aos exercícios sem impacto, como a natação. Já a prática de esportes com
71
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
risco de impactos e quedas (futebol, skate, basquete) tem de aguardar a liberação pelo
ortopedista.
5.4.4. ACOMPANHAMENTO
Mesmo após o tratamento e a consolidação do osso, a criança ainda precisa de
acompanhamento médico. Isto é necessário para certificar-se que houve recuperação
total do movimento e da função, acompanhar se o osso se mantém alinhado e analisar o
crescimento do osso, verificando se o mesmo não foi afetado durante a recuperação.
72
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
73
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
desenvolve-se uma síndrome compartimental. Por exemplo, ela pode surgir quando os
músculos lesionados incham muito depois de uma fratura de um braço ou de uma perna.
Como o inchaço exerce pressão nos vasos sanguíneos adjacentes, o fluxo sanguíneo para
o membro lesionado fica reduzido ou bloqueado. Consequentemente, os tecidos no
membro podem ficar danificados ou necrosar e o membro pode ter de ser amputado. Sem
tratamento imediato, a síndrome pode ser fatal. A síndrome compartimental é mais
provável de ocorrer em pessoas com certas fraturas da parte inferior da perna, certas
fraturas do braço ou uma fratura de Lisfranc (um tipo de fratura do pé).
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa revisão bibliográfica teve por objetivo principal a explanação primeira do que
seriam as fraturas em galho verde para aqueles que buscam um trabalho introdutório à
temática. Sendo assim, foram abordados aqui os principais conceitos de como a lesão se
forma, em quais segmentos prioritariamente, qual a área de abrangência encarregada de
cuidar dos pacientes e em qual fase da vida elas ocerrem com mais frequência. Para tanto,
foi-se utilizado um recorte de material bibliográfico cuja abordagem está centrata nos
públicos infantil (enquanto objeto de estudo) e no médico ortopedista (enquanto
profissional que estuda tal assunto).
Embora o entendimento central do artigo não seja de difícil entendimento, a
temática aqui exposta tem sua relevância ao contribuir com a compactação de um tipo de
lesão comum entre crianças. Dessa forma, fragmentos de diferentes fonte foram
adicionadas ao trabalho, visando corroborar com o conteúdo de forma sucinta.
Conclui-se então que, devido a relevância e frequência de fraturas em galho verde
no meio pediátrico, a abordagem do assunto na formação médica, dentro do campo da
ortopedia pediátrica, é de fundamental importância.
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75
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 7
Perfil de fraturas pela ocorrência de maus tratos em
crianças
Alexandra Aisha Ribeiro Salla
Carla Daniela Faba da Silva
Maria Angela Fraguas Coutinho
Sarah Juliana Silva da Cunha
Vanessa Karoline Oliveira Lima
Aline Cristiane Côrte de Alencar
Eduardo Lima de Abreu
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza
76
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
Os maus tratos infantis configuram-se como um problema social e de saúde
pública, devido a influência direta na qualidade de vida das vítimas e possibilidade de
causar danos físicos, psíquicos ou morais. De acordo com o Relatório de Status Global
sobre Prevenção da Violência contra Crianças 2020 da Organização Mundial da Saúde
(OMS) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), publicado
em junho de 2020, metade das crianças do mundo, ou aproximadamente 1 bilhão de
crianças a cada ano, é afetada por violência física, sexual ou psicológica, causando
ferimentos, incapacidades ou morte. Nesse sentido, as fraturas decorrentes de maus
tratos se apresentam como um achado no exame físico e nos exames de imagens, assim
como estão associadas a escoriações, equimoses ou hematomas, sendo de grande valor
diagnóstico e, portanto, de atenção especial pelos profissionais de saúde.
2. OBJETIVO
Caracterizar as fraturas ortopédicas de crianças derivada de maus-tratos.
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura usada comumente na área da
saúde que permite análise de diferentes estudos experimentais e teóricos contribuindo
para uma visão mais global de uma determinada temática.[1] A Revisão Integrativa da
Literatura é construída por seis fases ou tópicos:[1][2]
• Fase 1: Elaboração da pergunta norteadora;
• Fase 2: Amostragem ou busca na literatura;
• Fase 3: Coleta de Dados;
• Fase 4: Análise crítica dos estudos incluídos;
• Fase 5: Interpretação dos resultados;
• Fase 6: Apresentação da Revisão Integrativa.
Para conduzir está pesquisa a pergunta norteadora foi: Como se caracterizam as
crianças e as fraturas sofrida decorrente de maus-tratos ?.
A busca na literatura foi feita nas bases de dados Scientific Electronic Library Online
(SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e
PubMed. Utilizando-se como palavras-chaves os termos extraídos dos Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS) da Biblioteca Virtual em Saúde: maus tratos infantis, abuso
infantil, fraturas, maltrato a los niños, abuso de niños e fracturas. Empregando o operador
booleano AND com os descritores da seguinte forma: (maus tratos infantis AND fraturas),
(abuso infantil AND fraturas), (maltrato a los niños AND fracturas) e (abuso de niños AND
fracturas).
Os seguintes critérios de inclusão foram estabelecidos para posterior leitura na
íntegra: artigos publicados entre 2000-2022; no idioma português e espanhol; gratuitos
e disponível na íntegra; título relacionável com a temática maus tratos e fraturas; e
palavras-chaves e resumos relacionados ao tema a ser estudado. No campo de pesquisa
avançada das respectivas bases de dados foi colocado as restrições iniciais de ano, idioma,
77
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4. RESULTADOS
A busca nos bancos de dados SciELO, PubMed e LILACS resultou em 44 artigos,
após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão com a retirada das duplicatas (21), 14
artigos foram lidos na íntegra com ao final a amostra sendo composta por 7 artigos.
78
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. DISCUSSÃO
O diagnóstico de fraturas atrelado aos maus tratos infantis deve ser construído
com base nos achados na anamnese, exame físico e os exames de imagens como a
radiografia, com os conflitos entre esses diferentes fatores um meio para a suspeita de
fraturas por maus tratos infantis físicos.[4][5][6]
Na anamnese encontra-se histórias vagas, confusas e contraditórias entre o pai e
mãe descrevendo como o mecanismo da fratura queda de cadeira ou banheiro ou uma
pegada mais forçada para evitar alguma queda que não coincidência com os achados do
exame físico ou de imagem.[4][5][7]
No exame físico de crianças maltratadas fisicamente iremos encontrar no geral
lesões musculoesquelético, equimoses, hematomas subdural, lesões em mucosas e partes
moles, contusões simples, choro constante, dor à palpação ou impedimento da realização
do exame, fraturas ósseas, tensão, temor e escoriações.[4][5][6][8][9] Ainda que lesões
79
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A violência contra a criança e ao adolescente é uma triste realidade responsável
por altas taxas de mortalidade e morbidade no Brasil, sendo necessário ocorrer um
reconhecimento rápido desses casos, para ocorra diminuição dessa taxa. Com base nos
artigos analisados, pôde-se concluir que os principais dados são: predomínio de fraturas
em ossos longos, em crianças menos de 3 anos de idade tendo mais predominância no
sexo masculino, e os agressores sendo principalmente as pessoas responsáveis pela
criança como pai ou mãe e também cuidadores. A partir disso, é importante frisar a
importância de formar médicos capacitados e preparados para lidar com esse tipo de
situação, saber a conduta a ser adotada, saber reconhecer os principais sinais e sintomas,
priorizar o caso, estar atento para os sinais verbais e não verbais e ter conhecimentos dos
aspectos legais como obrigatoriedade da notificação, políticas públicas de saúde adotadas
no país e municípios, dados epidemiológicos e fatores de risco, para que possa ocorrer
rapidamente a resolução do quadro.
80
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
REFERÊNCIAS
[1] MENDES, K.D.S; SILVEIRA, R.C.C.P; GALVÃO,C.M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a
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[2] SOUZA, M. T. de; DIAS, M.; CARVALHO, R. de. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein, v.
8, p. 102-106, 2010.
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67, n. 4, p. 877-881, 1998.
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[6] QUIROS, A. L. Aporte de los rayos x en el sindrome de niño agredido. Med. leg. Costa Rica, Heredia
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Forense de Tegucigalpa. Rev. cienc. forenses Honduras. 2018;
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tratos. HU Revista. Centro de Estudos do Hospital Universitário. 2010.
[10] PICINI, M. et al. Evaluation of suspected physical abuse in children: a 500-case study. Study
conducted at Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR, Brazil . Revista Brasileira de Ortopedia [online].
2017, v. 52, n
81
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 8
Susceptibilidade de lesões osteoarticulares em crianças
com Síndrome de Down – Revisão integrativa de
literatura
Júlia Schneider Ribeiro
Thaís Diniz Pereira de Matos
Geyza Cristina de Souza Dias
João Pedro Serra Gonçalves Marques
Samuel Costa Monteiro
Aline Cristiane Côrte de Alencar
Eduardo Lima de Abreu
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza
Tyane De Almeida Pinto Jardim.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
As crianças com síndrome de Down possuem disfunção genética devido ao
cromossomo 21 extra que codifica para o colágeno tipo 6 (COL6), tornando tais crianças
possuidoras de características específicas em relação à musculatura e articulações,
acarretando fraqueza muscular generalizada e hipermobilidade articular. Observou-se
que há uma variabilidade no quesito grau, pelo fato de em alguns casos haver maior
susceptibilidade ao comprometimento motor e surgimento ou evolução de doença, ou
seja, algumas crianças podem ter dificuldades nas marchas e um outro percentual nunca
chegará a deambular devido frouxidão ligamentar (FREITAS et al., 2005).
A hipotonia presente nas crianças com síndrome de Down tem como consequência
o atraso no desenvolvimento postural antigravitacional e o alinhamento postural. Tais
crianças podem apresentar ombros voltados para frente, aumento ou diminuição das
curvaturas naturais da coluna, movimentação além do limite anatômico por
hiperextensão articular, repetidos quadros de entorses de tornozelo, tendem a sentar
sempre se apoiando e com as pernas voltadas para trás (sentar em W), além de ser comum
estarem deitados e com os pés pronados para brincar (REED et al., 2007).
As crianças com síndrome de Down geralmente são assintomáticas nos quadros de
hipermobilidade articular e hipotonia, e ainda, a grande maioria possui maior resistência
à dor, dificultando assim, que os pais possam observar de forma precoce. Nota-se ainda
disfunções motoras com tempos de reações de movimentos mais longos e com contração
de músculos agonistas, tendem ainda a ter a contração aumentada a fim de compensar a
frouxidão ligamentar com o aumento da rigidez (HOYOS et al., 2017).
É de suma relevância a relação entre a trissomia do 21 e a frouxidão ligamentar e
hipotonia no desenvolvimento motor adequado infantil, com enfoque em avaliar o tônus
muscular e possíveis articulações acometidas nas crianças com Down de forma precoce,
devido à alta susceptibilidade de lesões, traumas, atrasos no marco de desenvolvimento,
má formação óssea e fraturas ortopédicas, prejudicando o adequado desenvolvimento
motor, assim como a marcha. Além disso, limita e debilita essas crianças em uma fase mais
tardia e, à longo prazo, observa-se que a sobrecarga imposta sobre as articulações
ocasionou diversas deformidades ortopédicas e principalmente no tronco, membros
inferiores, joelhos e pés, levando a rupturas de ligamentos e destruição da cartilagem
articular.
Tônus e articulações adequados são necessários para a manutenção da base de
sustentação do corpo contra a ação da gravidade, a fim de que haja controle do tronco e
rotação do corpo de forma conjunta com braços e pernas dentro da amplitude devida
(ZAMORA et al., 2012).
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Identificar a susceptibilidade de patologias ortopédicas em crianças com síndrome
de Down.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
3. METODOLOGIA
3.1. MÉTODO DE PESQUISA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura cujo processo metodológico
cumpriu criteriosamente as seguintes etapas: identificação do tema e seleção da hipótese
ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa; estabelecimento de
critérios para inclusão e exclusão de estudos; categorização dos estudos; avaliação dos
estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; apresentação da
revisão/síntese do conhecimento.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4. RESULTADOS
Quadro 1 - Principais dados dos artigos usados como base.
TÍTULO AUTOR ANO OBJETIVOS PINCIPAIS RESULTADOS
Discorrer sobre a distrofia Na literatura têm-se observado
muscular congênita (DMC) e a que as crianças com deficiência
necessidade da marcação do do COL6, inclusive com
colágeno do tipo VI para confirmação genética,
Análise expressão Regina Toni
identificação e classificação dos apresentam um fenótipo
colágeno VI distrofia Loureiro de 2005
diversos subtipos de DMC, que caracterizado por fraqueza
muscular congênita Freitas
afetam a estrutura muscular muscular generalizada, retrações
dos pacientes, incluindo dos musculares proximais,
portadores de síndrome de hiperextensibilidade articular
Down. distal e cognição normal.
Esclarecer as situações de
hipotonia extrínseca (exemplo A partir de dados, se torna
síndrome de Down) e evidente a importância do exame
intrínseca, caracterizando as físico, podendo revelar aspectos
Síndrome da criança principais afecções deste grupo dismórficos que são peculiares
Umbertin A
hipotônica: causas 2007 no recém-nascido e no lactente, em algumas doenças, como em
Conti Reed
neuromusculares e enfatizando quais os aspectos muitas das cromossomopatias
clínicos que permitem orientar (Down). Essa condição pode gerar
as hipóteses diagnósticas e múltiplas deformidades
indicar os exames articulares na criança hipotônica.
complementares adequados.
A partir dos critérios clínicos, 11
joelhos estavam estáveis e 13
instáveis. A razão de prevalência
é uma medida que torna possível
estimar a força de associação
Analisar displasia troclear em
Displasia troclear e entre a presença de instabilidade
Tiago Amaral pacientes portadores de
instabilidade patelar (exposição) e as alterações na
Rebouças 2015 síndrome de Down na presença
em pacientes com radiografia (anormalidade). A
Moreira e na ausência da instabilidade
síndrome de Down razão de prevalência de patela
femoropatelar.
alta entre os pacientes estáveis
foi de 0,68, usando o método de
Caton Deschamps. A displasia
troclear foi encontrada apenas
em pacientes com instabilidade.
Determinar a prevalência de A prevalência de instabilidade
Prevalência da
instabilidade atlantoaxial em atlantoaxial na população
instabilidade
crianças com síndrome de estudada foi de 9,5%. Não foi
atlantoaxial e sua
Érica Cesário Down e verificar a associação verificada associação
associação com sinais 2015
Defilipo entre a instabilidade estatisticamente significativa
clínicos em crianças
atlantoaxial e a presença de entre os sinais sugestivos e a
com síndrome de
sinais e sintomas desta presença de instabilidade
Down
alteração. atlantoaxial.
O índice médio de migração pré-
operatória foi de 46% e o índice
médio de migração pós-
operatória foi de 37%. O índice de
Efeito do
migração delta médio (a
procedimento de Analisar retrospectivamente o
diferença no índice de migração
Sharrard na efeito do procedimento de
pré-operatório e índice de
instabilidade do Frederike Sharrard na instabilidade do
2021 migração pós-operatório mais
quadril em crianças ECM Mulder quadril em crianças com
recente) mostrou uma melhora
com síndrome de síndrome de Down (SD),
de 9,3%. Observou-se melhora no
Down: um estudo medida pelo índice de migração.
índice de migração em 52%,
retrospectivo
nenhuma alteração em 29% e
piora em 19% dos quadris. Não
ocorreram (re)luxações em 91%
dos quadris.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. DISCUSSÃO
5.1. PREJUÍZOS DA ALTERAÇÃO DO COLÁGENO E A HIPOTONIA GENERALIZADA
Segundo (TONI et al., 2005), a distrofia muscular congênita (DMC) está presente
nas crianças com a síndrome de Down, pois a hipotonia e a fraqueza muscular já são
notadas no primeiro ano de vida. Essa patologia pode ser desenvolvida a partir da
formação do colágeno VI (COL6) de forma deficiente, podendo haver ausência ou
deficiência da marcação para merosina.
Na literatura têm-se observado que as crianças com COL6 deficiente, apresentam
um fenótipo caracterizado por fraqueza muscular generalizada, além de atraso no
desenvolvimento motor, retrações musculares proximais em joelhos e cotovelos,
hiperextensibilidade articular distal e luxação congênita do quadril, podendo perder a
capacidade para a marcha.
Contudo, a autora ainda descreve uma variabilidade quanto ao grau do
comprometimento motor e a evolução da doença, porque enquanto alguns adquirem a
capacidade para a marcha, muitos nem chegam a deambular, sendo comprovado que os
fenótipos mais leves da doença apresentam deficiência parcial do COL6 na biópsia
muscular.
A hipotonia é uma das principais causas das disfunções motoras em crianças com
Down e, consequentemente, da alteração no controle postural, a qual depende de uma
integração contínua entre o sistema sensorial e o motor. Além disso, carência de tônus
muscular nessas crianças traz como consequência um fraco controle dos músculos, tendo
como resultado movimentos desajeitados e mal coordenados.
Corrobora com esse assunto, o artigo de (REED et al., 2007), pois expõe a síndrome
da criança hipotônica, uma condição presente na criança com Down, além de explicitar os
subtipos e as causas neuromusculares da hipotonia. A síndrome de Down se enquadra em
uma hipotonia secundária por se manifestar em uma síndrome genética.
A autora (REED et al., 2007) considera o exame físico do recém-nascido e da
criança como extremamente importante, pois pode revelar aspectos dismórficos que são
peculiares na cromossomopatia. Essa avaliação da hipotonia deve ser valorizada a fim de
obter um diagnóstico precoce e a partir de então, incentivar o cuidado com o
desenvolvimento diferenciado dessa criança, reduzindo possíveis lesões causadas por
essa diminuição do tônus muscular, assim como descrito por (TONI et al., 2005).
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessa revisão, foi possível observar que a prevalência de alterações
ortopédicas é muito alta em crianças com síndrome de Down, pois geralmente elas têm
alterações em seu sistema musculoesquelético, condicionadas por dois fatores:
hiperfrouxidão ligamentar e hipotonia muscular, que dão origem a uma grande
mobilidade articular durante toda a infância, quando condições desse tipo se acumulam.
Muitas vezes, essas alterações não colocam a vida do paciente em risco, mas podem
ser a causa do aumento da incapacidade e da deficiência do desenvolvimento motor.
Destacam-se os distúrbios descritos explicitamente nessa revisão integrativa, tais como,
instabilidade patelar, instabilidade do quadril e atlantoaxial, os quais propiciam lesões
osteoarticulares mais comuns nessas crianças.
Atualmente, são criadas associações com equipes de médicos especializados nas
diversas áreas para melhor conhecimento e tratamento das diferentes condições comuns
à síndrome de Down. Os serviços de educação especial têm contribuído, amplamente, para
melhorar a qualidade de vida dessas crianças.
Chama-se atenção para a dificuldade de encontrar literaturas referentes ao
assunto nos mais variados bancos de dados. Contudo, essa revisão integrativa de
literatura respondeu, com sucesso, ao questionamento principal: “quais lesões
osteoarticulares as crianças com síndrome de Down estão mais susceptíveis e quais
patologias são mais comuns decorrente dessa susceptibilidade?”.
REFERÊNCIAS
[1] DEFILIPO, Érica Cesário; AMARAL, Priscila Cristian do; SOUZA, Natália Trindade de; RIBEIRO,
Carla Trevisan Martins; CHAGAS, Paula Silva de Carvalho; RONZANI, Flávio Augusto Teixeira.
[2] HOYOS, Martha Garcia; RIANCHO, José Antonio; VALEROY, Carmen. Bone health in down
syndrome. Bibliografia de Medicina Clínica. Departamento de Medicina Interna, Universidade de
Cantabria, Valdecilla Health Research Institute (IDIVAL), Santander, Espanha. 30 mai. 2017.
http://dx.doi.org/10.1016/j.medcli.2017.04.020 0025-7753/
[3] TONI, Regina Loureiro de Freitas; ZANOTELI, Edmar; ANANIAS, Maria da Penha Morita;
OLIVEIRA, Acary Souza Bulle. Revista Médica de São Paulo. Junho de 2005.
[4] REED, UC. Floppy infant syndrome due to neuromuscular disorders. Revista Médica de Sã o Paulo,
2007.
[5] PREVALENCE OF ATLANTO-AXIAL INSTABILITY AND ITS ASSOCIATION WITH CLINICAL SIGNS
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151, 20 out. 2015. Faculdade de Filosofia e Ciências. http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.102996.
[6] MULDER, Frederike E.C.M.; BOK, Levinus A.; VAN DOUVEREN, Florens Q.M.P.; PRUIJS, Hans E.H.;
ZEEGERS, Adelgunde V.C.M.. Effect of the Sharrard procedure on hip instability in children with down
syndrome: a retrospective study. Journal Of Children&Orthopaedics, [S.L.], v. 15, n. 5, p.488-495, out.
2021. SAGE Publications. http://dx.doi.org/10.1302/1863-2548.15.210052.
[7] MOREIRA, Tiago Amaral Rebouças; DEMANGE, Marco Kawamura; GOBBI, Riccardo Gomes;
MUSTACCHI, Zan; PÉCORA, José Ricardo; TÍRICO, Luis Eduardo Passarelli; CAMANHO, Gilberto Luis.
Trochlear dysplasia and patelar instability in patients with Down syndrome. Revista Brasileira de
Ortopedia (English Edition), [S.L.], v. 50, n. 2, p. 159-163, mar.2015.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rboe.2015.03.005.
[8] ZAMORA, A. Alarcón; CÁNOVAS, C. Salcedo. Trastornos ortopédicos en niños con síndrome de
Down. Revista Espanhola de Pediatria. Sección de Cirugía Ortopédica y Traumatología Infantil. Unidad de
Referencia Nacional en Ortopedia Infantil. Hospital Universitario Virgen de la Arrixaca. Setembro de 2012.
90
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 9
Traumas ortopédicos pediátricos na fase escolar: Um
estudoepidemiológico
Isabelle Alves da Fonseca
Sarah Eduarda Mamed dos Santos
Vitória Daou Modesto
Vitória Mourão Monteiro
Vinícius Pinheiro dos Santos
Paulo Daw Wen Su
Nilton Orlando Júnior
Sandokan Cavalcante Costa
Aline Cristiane Côrte de Alencar
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Karoline Costa de Souza
91
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
O atendimento pré-hospitalar ao trauma em crianças permanece sendo algo
recorrente em todo o mundo. A avaliação e conduta do Trauma na infância segue os
mesmos preceitos aplicados à população adulta, Evidenciando a vida do paciente e
reservando a avaliação do sistema músculo-esquelético para o momento seguinte,
nomeadamente, os princípios do Advanced Trauma Life Support (ATLS).
O trauma ortopédico é caracterizado por abalos estruturais como lesões gravesnos
ossos, articulações e/ou tecido mole, ou pelo desequilíbrio fisiológico do organismo sendo
eles de baixa energia ou alta energia, resultante de uma ação abrupta no corpo. A diferença
entre o adulto e a criança interfere no tratamento de fraturas e lesões, entorses e
contusões podem não causar algo grave em um adulto, mas podem trazer episódios
dolorosos e complicados para uma criança, a qual os ossos ainda estão em fase de
crescimento.
Por ano cerca de 60 milhões da parcela da população mundial sofre algum tipode
impacto traumático, um em cada seis pessoas tem uma internação por trauma2. Os
traumas ortopédicos ganham espaço nas estatísticas de internações hospitalares.Destarte
o presente estudo tem a finalidade de denotar a epidemiologia por meio deuma analise
descritiva retrospectiva baseada em pesquisa de campo com intuito de obter dados que
mostre o predomínio de casos de traumas em criancas de 6 a 10 anos de idade. Dessa
forma, apresentando dados com o intuito informativo sobre o tema descrito.
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL:
Identificar traumas ortopédicos em crianças em fase escolar atendidas em um
hospital de referência.
3.METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo baseado em pesquisa de campono
Hospital e Pronto Socorro Joãozinho, mediante a revisão dos prontuários de crianças
entre 6 a 10 anos atendidas de Janeiro a dezembro de 2021. Os dados serãocoletados no
período de Setembro a Outubro de 2022.
Serão Critérios de Inclusão: 1)Idade, de 6 a 10 anos. 2)Prontuários preenchidosde
maneira Completa.3)Pacientes que concluíram o tratamento no hospital de Pronto
Socorro Joãozinho
92
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1. TRAUMA ORTOPÉDICO
Segundo o Ministério da Saúde, o trauma é considerado um problema de saúde
pública dada a morbimortalidade com prevalência na população economicamente ativa.
A intervenção eficaz para o restabelecimento das estruturas afetadas, muitas vezes, é a
cirurgia ortopédica (BRASIL, 2014).
O Trauma é uma agressão aos tecidos que formam o corpo humano, proveniente
da ação de uma força deformatória que atua sobre eles, depende da intensidade e duração
da força que o provoca (KFURI JUNIOR, 2011).
4.2. FRATURA
Uma fratura óssea, uma quebra na continuidade do osso, geralmente ocorre
quando a força aplicada ao osso é maior do que a força que ele pode suportar. A fratura é
grave e geralmente resulta de uma lesão externa direta de grande força e gravitação. Mas
também pode ocorrer em decorrência de deformidades ou patologia óssea (RENATA;
GOMES; ANDRÉ, 2014).
Quando os ossos são quebrados, as estruturas adjacentes também são afetadas, e
há um grande risco de causar hematoma dos tecidos moles, sangramentos musculares e
articulares, luxações articulares, rupturas de tendões, rupturas de nervos e danos nos
vasos sanguíneos. Assim, as principais queixas, que podem diferir dependendo da
localização e do tipo de fratura, são dor, inabilidade de movimentação do membro e
deformidade (HERBERT; XAVIER, 2008).
93
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
e forma fragmentos que destroça a fusão das duas aparências. Suas conexões são
classificadas como fraturas comunais. As fraturas por impacto ocorrer quando um osso
quebrado entra em contato com uma superfície ilesae o impacto perfura o osso.
Quando uma fratura ocorre devido a uma doença crônica que afeta o tecido ósseo,
é chamada de fratura patológica (LOMBA, 2012). Conforme Smelzer, Bare (2002), outra
categorização existente detalha a localização anatômica dos fragmentos ósseos. A
descrição da fratura pode ser feita da seguinte forma: Descolamento, esmagamento,
complexo, compressão, depressão, epífise, espiral, haste verde, impacto, oblíquo,
patológico, simples e transversal.
• Fraturas e lesões – Comparação entre Crianças e Adultos
Segundo Maurício Kfuri (2001 apud SILVA; KFURI, 2022), o trauma ortopédicoé
uma das condições mais mórbidas existentes na sociedade contemporânea,
comprometendo em larga escala a função do indivíduo, representando cerca de 7,4% a
8,7% das recepções em hospitais e pronto socorros à nível mundial (2003 apud BACKER;
HOCKEY, 2022). No Brasil, o trauma vitimiza milhares de brasileiros todos os anos, e
reponde em média por 45% a 65% do movimento cirúrgico semanal de um hospital
referência no município de Ribeirão Preto – SP (2011, não p.).
Aliado a isso, as lesões traumáticas ortopédicas são de grande relevância na prática
pediátrica, visto que ocupa o primeiro lugar em muitos países como causa demorbidade
e mortalidade, principalmente na faixa etária de 1 a 14 anos (Ministério daSaúde Pública,
2007). Apesar da obviedade, as crianças apresentam diversas diferenças, em comparação
ao adulto, a respeito de traumas.
Por possuir quatro tipos diferentes é necessário nomeá-las e classificá-las da
seguinte maneira: contusão, entorse, fratura e luxação, sendo essas a divisão do trauma.
Contusão corresponde a lesão traumática do tegumento, não havendo ruptura da
continuidade da pele, apresenta sintomas característicos como edema, dor, hematoma e
corresponde a cerca de 37%. Entorse refere-se a uma lesão traumática, de caráter
torcional comum em partes moles localizadas em articulações, normalmente não
apresenta comprometimento grave, apresentando características de dor e inchaço além
de dificuldade de movimentar a área afetada, dentro das recepções hospitalares
corresponde a 9% dos casos. A fratura é uma lesão óssea, noqual ocorre a ruptura total da
porção cortical, pessoas acometidas de tal lesão costumam apresentar muitas dores,
sendo esse o principal sintoma, apresenta-se como responsável pelos 50% dos casos
recepcionados no pronto atendimento hospitalar. Por fim, tem-se a luxação, lesão
articular em que existe perda parcial e total do contato entre o osso que compõe o meio
tratado, como característica, apresenta dor, dormência e edema, dentre as outras fraturas,
corresponde a 4% doscasos.(Sociedade Brasileira de Ortopedia,2022)
Outrossim, lesões que comumente são apresentadas na infância, contam comouma
das características que diferem uma lesão adulta a uma lesão pediátrica, sendouma delas
a respeito da fise, essa é considerada uma cartilagem de crescimento localizada entre a
metáfise e a epífese de ossos longos, possuindo uma forma organizada, e se localiza na
extremidade de ossos longos denominada assim, como ossificação endocondral. (Revista
Brasileira de Ortopedia, 2022)
Segundo Ruy Maciel de Godoy Junior (2017, p. 2381), cerca de 30% das fraturas
dos ossos longos nas crianças envolvem as fises. Compere 1 encontrou 15% de lesões
fisárias nos traumas envolvendo o sistema esquelético da criança. Rogers 2 encontrou
94
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
95
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
adulto e consistência mais elástica. Dessa maneira, tais atributos contribuempara esses
tipos especiais de fraturas que ocorrem exclusivamente em ossos elásticos, as quais
toleram um maior grau de flexão.
5. RESULTADOS ESPERADOS
Nesse aspecto, a seguinte pesquisa terá como resultado esperado, definido através
de busca ativa de prontuários estudados.Desse modo, conjecturasse que a análise quanto
ao perfil epidemiológico evidencie que a maior parte das crianças de trauma ortopédico
internadas no Hospital Joãozinho, será constituída por crianças dosexo masculino entre 7
e 9 anos de idade.
Assim como, a causa do trauma, os dados devem demonstrar que os acidentes
domésticos serão os mecanismos de trauma mais frequentes. Seguindo para as áreas
acometidas, os membros inferiores deverão ser mais afetados, com destaque para o
segmento joelho/perna seguidos pelo acometimento de múltiplas regiões. Ao tratamento,
realizado pressupõe-se que seja conservador pelo alto índice de regeneração do osso que
a criança pode ter. A maioriados pacientes deve evoluir para alta, com melhora do quadro
clínico. Dessa forma, delineará o perfil epidemiológico decorrente de traumas na cidade
de Manaus.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
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97
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
ANEXOS
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
99
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 10
Desenvolvimento motor em criança: Benefícios e
prejuízos da atividade física
Brenda Salla Martins
Deyvid Batalha Bastos
Joaber Jerônimo de Oliveira Junior
José Mozart Holanda Pinheiro Neto
João Victor Santos Maquiné
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
100
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
A inatividade física foi identificada como um fator de risco para a mortalidade
global eum contribuinte para o aumento do excesso de peso e obesidade em crianças [1].
Embora saibamos que mais de 28% dos adultos e 80% dos adolescentes não são
suficientemente ativos fisicamente, atualmente não há dados globais comparáveis para
crianças mais novas. As recomendações globais sobre atividade física para a saúde foi
estabelecida para 3 grupos etários da população (5-17 anos, 18-64 anos e 65 anos ou
mais)[2].
Deste modo, a importância de interações entre atividade física, comportamento
sedentário e tempo de sono adequado na saúde e bem-estar físico e mental foram
reconhecidos pela Comissão sobre Acabar com a Infância e Obesidade, que exigia
orientaçõesclaras sobre atividade física, comportamento sedentário e sono em crianças
pequenas [3].
Ao estabelecer tais diretrizes, será possível realizar a vigilância populacional de
comportamentos de movimento contra recomendações, monitorar tendências ao longo
do tempo e suas respectivas desigualdades e fornecer evidências para informar as
intervenções. Essas diretrizes específicas tornam-se necessárias para a epidemia de
obesidade infantil em todo o mundo [4].
Para tanto, desenvolvendo hábitos de vida saudáveis e mudanças nas normas
sociais para apoiar o aumento da atividade física ao longo da vida são fundamentais para
a saúde infantil, onde auxilia na redução da inatividade física em 15% até 2030 [5,2].
101
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
102
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
3. MATERIAIS E MÉTODO
Estudo de caráter transversal o qual ocorreu a partir de junta documental e
bibliográfica da respectiva temática. Tais documentações explicitadas através de
referências literárias foram extraídas de bases de dados específicas como:
a) PubMed;
b) Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações – BDTD;
c) Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES;
d) Scientific Electronic Library Online – SciELO;
e) Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação;
f) Repositório Digital- Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
g) Banco de tese da Universidade de São Paulo – USP;
h) Banco de Teses e Dissertações da Universidade de Brasília – UNB;
i) Biblioteca Digital da Unicamp;
j) UNESCO Brasil e;
k) Outros sítios eletrônicos pertencentes a esfera de Medicina e saúde.
Por conseguinte, as pesquisas escolhidas para esta revisão de literatura foram
extraídasde bases de dados específicas da esfera da saúde pertencentes apenas a língua
inglesa dos últimos 30 anos (1992-2022).
Ao todo foram selecionados cerca de 28 obras científicas, entre as quais foram
selecionadas documentos do tipo Revisão de Literatura, Revisão Sistemática, Estudos
Originais de coorte, Teses de Doutorado e Dissertações de Mestrado. Após a escolha de
juntas documentais e literárias houve o fracionamento destes documentos a partir do
método universal de Inclusão e Exclusão.
Para a devida seleção de artigos científicos, teses e dissertações de mestrado foram
adotados os seguintes critérios como:
a) Pertencer a temática proposta;
b) Compreender o período dos últimos 30 anos (exceto Leis e Decretos) e;
c) Pertencer a Esfera de saúde e Odontologia.
Para a exclusão todos os documentos não adequados nos critérios de Inclusão
foram descartados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma área adicional de pesquisa é o efeito do exercício e treinamento sobre o
sistema imunológico de uma criança. Um programa de exercícios progressivos de
intensidade moderada não afetará adversamente o sistema imunológico e pode ter
103
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante as resultantes extraídas da junta documental sobre benefícios e malefícios
da atividade física em crianças, torna-se evidente que os benefícios versus malefícios neste
grupode indivíduos possuem diferenças elevadas e visíveis a nível clínico.
104
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
REFERÊNCIAS
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106
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 11
Traumas pediátricos: Fraturas supracondilianas do
úmero na criança
Evelyn Bezerra Santos
Maria Clara Alencar Vieira
Ana Caroline Silva Tiradentes
George Lucas Brandão Justiniano
Prince Kauã Barros da Graça
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Maria das Graças Costa Alecrim
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza
107
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. JUSTIFICATIVA
As fraturas supracondilianas do úmero são um tipo de trauma bastante comuns
dentre as fraturas que acometem as crianças. Uma vez que, a ocorrência das fraturas
supracondilianas de úmero tem um grande percentual de suas decorrências associadas a
queda, que é evento comum e inerente durante os primeiros anos de vida do ser humano.
Ademais, as fraturas supracondilianas do úmero apresentam riscos evidentes para o
desenvolvimento infantil. Por esse motivo, o presente artigo faz uma revisão integrativa
sobre o assunto que é de sumaimportância para diversas áreas médicas no viés pediátrico,
ortopédico etraumatologista.
2. OBJETIVOS
2.1. GERAL
Devido às peculiaridades e condições únicas do desenvolvimento ósseo infantil,
bem como dos recorrentes casos de fraturas na população pediátrica, este trabalho tem
por objetivo fazer uma revisão integrativa sobre as fraturassupracondilianas do úmero
na criança.
2.2. ESPECÍFICOS
Desse modo, os objetivos concentram-se em revisar literaturas de bancos sobre a
ossificação infantil, anatomia dos ossos que formam o cotovelo, a fratura supracondiliana
do úmero em crianças, além do diagnóstico e tratamento.
3. METODOLOGIA
O presente trabalho é um estudo de revisão bibliográfica do tipo revisão
integrativa da literatura, a qual faz análise de estudos relevantes, sintetiza o
conhecimento produzido e leva ao incremento de conclusões gerais a respeito da
temática.
É um método de pesquisa que contempla as seguintes etapas: seleção das
hipóteses ou da questão da pesquisa; critérios para a seleção da amostra; busca na
literatura, avaliação dos dados; análise dos dados; e apresentação dos resultados.
A pesquisa está sendo orientada a partir da seguinte questão: A habitualidade das
fraturas supracondilianas do úmero em crianças. As buscas das publicações estão
ocorrendo no período de setembro e outubro de 2022, com buscas sendo realizadas nas
bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PUBMED e ResearchGate,
por meio de termos cadastrados no site dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS):
sendo realizado cruzamento dos termosmediante o uso do operador booleano “AND”.
Estão sendo aplicados os seguintes critérios de inclusão : artigos disponíveis em
meio eletrônico, textos completos abordando o tema, inseridos nas bases de dados
nacionais e internacionais, nos idiomas inglês, português e espanhol. E como critérios de
exclusão foram: reflexões, resumos de anais, revisões bibliográficas, artigos que não
estejam na íntegra, outros idiomas, documentos repetidos em base de dados, fora do
período de interesse, estudos duplicados e quenão atendessem a temática proposta.
A análise dos dados deu-se a partir da proposta de MINAYO (2012) para estudos
qualitativos, incluindo: pré-análise, exploração do material e tratamento dos dados,
108
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4. INTRODUÇÃO
A infância é marcada por diversos processos do desenvolvimento, sendo eles
cognitivos, físicos e mentais. Por isso, o período que compreende a infância é de bastante
adaptação e mudança. Os traumas pediátricos são comuns e possuem suas peculiaridades,
já que a formação óssea infantil, que será discutida adiante, é particular e diferente da
conformação óssea de um adulto. Por sua vez, associado ao desenvolvimento infantil e a
queda que é uma característica clássica da infância,a fratura supracondiliana de úmero
tem grande recorrência entre os traumas pediátricos.
As fraturas supracondilianas do úmero são as de ocorrência mais comum no
cotovelo da criança (16,6%) e ocupam o segundo lugar geral em frequência, sendo
suplantadas apenas pelas fraturas dos ossos do antebraço (AMARAL, 2001). Cerca de 85%
das fraturas do cotovelo na criança ocorrem na parte distal do úmero, e, dessas de 55 a
75% são supracondilares (porção inferior do úmero), que representam 3% de todas as
fraturas na criança (AZEVEDO, 2013).
O mecanismo de trauma mais frequente são por trauma direto na região do
cotovelo e o trauma indireto, como na queda da própria altura sobre o braço estendido, e
podem ser classificadas com base em sua direção de deslocamento nos planos sagital e
coronal, o que tem implicações para o envolvimento de estruturas neurais e vasculares
(WINGFIELD, 2015). Este tipo de fratura apresenta complicações importantes, sendo a
lesão da artéria braquial e do nervo radial as mais comuns.
O diagnóstico se baseia na suspeita clínica, segundo mecanismo da lesão, idade do
paciente e radiografia simples do cotovelo em duas projeções. A classificação de Gartland
é a mais usada para estabelecer a gravidade da fratura e guiar o tratamento, que pode ser
ortopédico em fraturas não deslocadas, porém nãohá um consenso na literatura sobre
como conesse tipo de lesão, podendo ser um tratamento cirúrgico ou não. No entanto, os
avanços no tratamento e na assistência contribuíram para melhores resultados e
reduziram drasticamente a complicação mais temida conhecida como contratura
isquêmica de Volkmann (FUMO, 2010).
5. OSSIFICAÇÃO INFANTIL
A infância é um período da vida de grandes adaptações fisiológicas, morfológicas,
psíquicas e sociais. Dessa forma, o corpo infantil está em constante mudança durante o
crescimento, e com os ossos não é diferente. A estrutura óssea começa a ser formada na
vida intrauterina, na sexta semana do desenvolvimento embrionário os membros
superiores começam a mostrar diferenciações e o desenvolvimento do cotovelo começa a
acontecer. Porém, mesmo após o nascimento, os ossos continuam o desenvolvimento que
percorre por toda a infância. Por isso, o osso na criança é considerado imaturo, devido a
série de particularidades fisiológicas e morfológicas da criança (POGGIALI, 2022),
(MOORE,2016).
109
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
6. ANATOMIA DO COTOVELO
O cotovelo é uma articulação capaz de efetuar extensão e flexão, possibilitando as
diversas atividades do antebraço e da mão, como flexão, extensão,pronação e supinação
(THOMPSON, 2011).
Anatomicamente, o cotovelo é formado pela junção de três ossos: úmero, rádio e
ulna. Além disso, possui articulações e músculos que auxiliam e permitem seu movimento.
O úmero, maior osso do membro superior, tem sua articulação superior coma
escápula formando a articulação do ombro; por sua vez, na parte inferior faz articulação
com o rádio e com a ulna formando a articulação do cotovelo (GALLAHUE, 2000).
A extremidade distal do úmero forma o côndilo do úmero e é composta por: a
tróclea,o capítulo, e as fossas do olécrano (coronóidea e radial). O côndilo possui duas
faces articulares:capítulo lateral, que faz articulação com a cabeça do rádio, e tróclea
medial, que faz articulação com a extremidade proximal da ulna (THOMPSON, 2011).
Nas crianças, os ossos que formam a articulação do cotovelo (úmero, rádio e ulna),
ainda estão em desenvolvimento durante a infância. Sendo assim, no úmero,o epicôndilo
medial tem ossificação até os 5 anos de idade, já o epicôndilo lateral tem ossificação mais
tardia até os 11 anos de idade.
Com isso, os traumas ósseos nos ossos que formam a articulação do cotovelo, em
especial o úmero, são muito comuns na infância por vários fatores e exigem condutas
de tratamento específicas de acordo com a fratura e a idade dacriança.
110
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
111
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
9. TRATAMENTO
Por conta do elevado índice de traumatismos em cotovelo e por consequência um
elevado número de fraturas supracondilianas do úmero em crianças, o manejo inicial com
base na classificação de Gartland proporciona maior segurança para um tratamento eficaz
e com menor risco de deformidades posteriores principalmente se tratando de
complicações neuromusculares relacionadas a esse tipo de fratura. A limitação anatômica
das supracondilianas do úmero relacionada ou não a osteossíntese estável é o ideal para
a conduta nesses pacientes, por haver dificuldade em manter um posicionamento
adequado entre os fragmentos da fratura em que a longo prazo se não feita uma
abordagem adequada pode haver limitações de movimentos articulares. Sendo de suma
importância priorizar também as partes moles juntamente com um criterioso
monitoramento da função neuromuscular (MARTINI, 2002), (FUMO, 2010), (HEBERT,
2017).
Atualmente, se fazem presentes diversos tratamentos que geram um bom
resultado para o paciente. Como exemplos de metodologias de tratamento há : tração
cutânea, tração esquelética olecraniana, redução fechada associada à imobilização
gessada, redução incruenta e fixação percutânea 1, redução cruenta e osteossíntese com
fios de Kirschner que permite bons resultados quando realizada com visualização direta
e isolamento do nervo ulnar (AZEVEDO, 2013), (PENÃ, 2020), (FUMO, 2010).
Ortopedistas que defendem o tratamento denominado incruento, defendem-o por
haver altos números de resultados positivos por estarem ligados a uma funcionalidade
boa nas áreas dos ombros que estão também associadas a remodelação óssea, esse
método por muito tempo foi um exemplo de qualidade terapêutica (FUMO, 2010).
Há quem defenda o tratamento cirúrgico para fraturas com desvio acentuado por
conta da redução anatômica associada à fixação com fios de kirschner diminui as taxas de
complicações precoces, como, lesão dos nervos periféricos, lesão da artéria braquial,
podendo haver a síndrome compartimental que pode evoluir para uma contratura
isquêmica de Volkman. Podendo haver complicações tardias, como, lesões fisárias, rigidez
articular, miose ossificante (MARTINI, 2002).
Quando se trata em casos de gestão de emergência, a conduta inicial depende da
classificação da fratura em cada paciente. A classificação usada é a de Gartland,
comprometimento neurovascular. Segundo a classificação I, na maioria dos casos não há
complicações, por tanto, a conduta a ser efetuada é a de imobilização com tala
braquiopalmar com cotovelo fletido a 90° com antebraço em posição neutra. Segundo a
112
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
114
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 12
Traumas ortopédicos pediátricos relacionados
acidentes de trânsito: Uma revisão integrativa da
literatura
Ana Luiza Nazareth Alagia
Júlia Carvalho da Silva
Maria Letícia Lisboa Gomes
Rafaela Guimarães Almeida
Karoline Costa de Souza
Maria das Graças Costa Alecrim
Nilton Orlando Junior
Paulo Daw Wen Su
Sandokan Cavalcante Costa
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
115
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
O trauma ortopédico é uma das condições mais mórbidas existentes na sociedade
contemporânea, comprometendo a função do indivíduo, sua participação econômica na
sociedade e sua integração familiar e comunitária (JUNIOR, 2011).
No que se refere a traumas ortopédicos decorrentes de acidentes de trânsito, as
vítimas podem apresentar a ´´Tríade de Waddell´´. A tríade de Waddell é uma emergência
pediátrica de impacto de alta energia em pacientes, sujeitos a trauma de força
contundente, em geral secundária a impacto direto por um veículo motorizado, na qual o
pedestre pediátrico absorve toda a energia de colisão. Ela inclui fratura do eixo femoral
ipsilateral, lesão intratorácica ou intra-abdominal ipsilateral e lesão contra-lateral na
cabeça, as quais podem gerar hemorragia interna e intensa perda de sangue, observando-
se a necessidade de monitorar sinais de choque (AL, 2010). Tendo em vista a reduzida
produção científica nessa temática, esta revisão faz uma síntese do material encontrado
no campo científico.
2. OBJETIVOS
Geral: Analisar o conhecimento científico elaborado sobre traumas ortopédicos
pediátricos por acidentes de trânsito nas publicações da área da saúde.
Específicos:
• Analisar os aspectos ortopédicos envolvidos na Tríade de Waddell relacionada a
acidentes de trânsito;
• buscar estatísticas sobre traumas pediátricos relacionados a veículos motorizados
e atropelamentos;
• Compreender fatores resultantes psicossociais do trauma ortopédico e suas
implicações nos pacientes pediátrico.
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa do tipo Revisão Integrativa da literatura, na qual foram
realizadas buscas nas bases de dados PUBMED e SCIELO, através das palavras-chave
traumas: tríade, Waddell, pediátrico, acidentes. Foram utilizados como critéros de
elegibilidade do artigo: estar relacionado à temática, completos, nos idiomas inglês,
português e espanhol, gratuitos, bases de dados internacionais e site oficial, ter sido
publicados entre os anos de 1999-2022. Como critérios de exclusão: artigos em outros
idiomas além dos descritos e de plataformas pagas. Outros artigos foram utilizados como
base teórica, não abrangendo o tema central. Foi realizada uma leitura seletiva e
exploratória de dados seguida de uma síntese do conteúdo.
116
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4. RESULTADOS
Lesões de veículos motorizados estão entre as 15 principais causas de deficiência
em crianças em todo o mundo (PAZ, 2022) e as lesões causadas por trauma por veículo
automotor em movimento (VAM) do tipo atropelamento pediátrico são a principal causa
de morte em crianças entre 5 e 14 anos (AL, 2010).
Segundo o Sistema de Informações hospitalares do SUS (SIH/SUS), de janeiro a
novembro de 2011, foram internadas, no Brasil, como vítimas de acidentes de trânsito
(transporte terrestre), 28.754 crianças e adolescentes (0 a 19 anos), perfazendo uma
média de 87 internações por dia.
Em um estudo feito retrospectivo transversal e observacional durante janeiro de
2017 e agosto de 2018 no maior centro de traumatologia do estado de Mato Grosso,
Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, foram analisados 182 pacientes, onde
33,52% dos casos eram em crianças. Sobre o mecanismo de trauma, 19,23% foram casos
de acidentes de trânsito (atropelamento, colisões de veículos) (ROSA. 2018).
Em espectro internacional, nos Estados Unidos, uma dentre três crianças (cerca de
22 milhões) é, anualmente, vítima de trauma (ADVANCED TRAUMA LIFE SUPPORT,
1993). Cerca de 80% dos traumas são contusos, representados principalmente, por
acidentes de veículos a motor, bicicletas e quedas (COOPER, 1995). Nos acidentes
automobilísticos, as vítimas ou foram atropeladas ou ocupavam o veículo, cujas lesões
mais comuns foram os traumas cranioencefálicos e da coluna cervical (PEDIATRIC
ADVANCED TRAUMA LIFE SUPPORT, 1994), caracterizando a Tríade de Waddell.
Os atropelamentos são a principal causa de morte entre crianças de 05 a 09 anos,
nos EUA. As vítimas de atropelamento comumente apresentam a tríade de Waddell:
fratura de fêmur, trauma cranioencefálico e lesões do tronco (PEDIATRIC ADVANCED
TRAUMA LIFE SUPPORT, 1994), sendo importante a necessidade de quando uma criança
apresentar 1 ou 2 sinais da tríade após uma lesão no veículo motorizado, procurar o
terceiro sinal que pode aparecer posteriormente (PAZ, 2022).
Foi realizado um estudo no qual todos os casos de pacientes pediátricos
diagnosticados com tríade de Waddell foram analisados no Hospital General de
Puebla: foram incluídos 13 pacientes dos sexo masculino e 8 do sexo feminino. Dos 21
casos em relação ao traumatismo craniano, os achados foram os seguintes: 13 casos com
edema cerebral moderado a grave (62%), 7 com hemorragia subaracnóidea (33,3%), e 1
(4,8%) com fratura parietal direita. Nos traumatismos torácicos ou abdominais, 8 com
contusão torácica ou abdominal, 5 com hemopneumotórax, 4 com lesão de víscera oca, 3
com lesão hepática, e 1 com lesão esplênica. Com relação ao fêmur, 71,4% das vitimas
apresentaram comprometimento (AL, 2010). Outrossim, todos os pacientes necessitaram
de internação na UTI após estabilização hemodinâmica ou cirurgia de emergência.
117
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Tabela 1- Adaptada da revista Air Medical Journal. O conceito da tríade de Waddell foi
se desenvolvendo no decorrer das décadas. A presente tabela expõe a triáde entre os
anos 1970-1990.
5. DISCUSSÃO
No presente estudo, houve evidências consistentes de que os casos de Tríade de
Waddell estão associados à diminuição do desempenho funcional da vítima, ao
tratamento não-cirúrgico de baixo resultado e a maiores níveis de dor (LEWIS, 2003).
Além do supracitado, é de grande importância conhecer que a idade, o peso e o
índice de massa corporal mais jovens serão determinantes para maior magnitude do
trauma. Pacientes com peso inferior a 15 kg apresentaram 100% de lesões
musculoesqueléticas associadas, concluindo-se que o peso está bastantes associado às
lesões causadas por trauma por VAM (ROSA, 2018). Paralelamente, o tamanho do veículo
também afetará o padrão das lesões, assim como as características físicas da vitima, visto
que quanto mais alto o para-choque do veículo, mais alta a região do corpo que sofrerá
dano. Lesões graves no pélvis, abdômen e tórax do pedestre podem ocorrer por um
impacto direto do para-choque de um veículo com tração nas quatro rodas (EID et al.,
2007).
Em relação à Tríade de Waddell e seu tratamento, o conservador é a melhor
escolha, consistindo em um período de tração inicial, seguido de colocação de gesso
pelvipodal até a consolidação. Outros tratamentos têm sido descritos com fios de
Kirschner e gesso, redução aberta e fixação óssea com placa e parafusos, bem como haste
intramedular e recentemente fixação externa (ROSA. 2018).
Os índices de trauma fornecem uma descrição objetiva das condições dos pacientes
e ajudam a selecionar e reconhecer as lesões de maior gravidade. A escala Pediatric
Trauma Score é facilmente aplicada para triagem pré e intra-hospitalar (seleção de
pacientes de acordo com sua gravidade) com base em múltiplas aplicações, incluindo
previsão de sobrevida, correlação com outros preditores padrão de gravidade da lesão e
deterioração do desempenho (ROSA, 2018).
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desta revisão, entende-se que quando crianças pedestres se envolvem em
acidentes de automóvel, é importante não presumir que elas tenham apenas um órgão
lesionado. Toda equipe de trauma deve estar envolvida no manejo de crianças com Tríade
de Waddell.
A Tríade de Waddell é uma condição de emergência para os pacientes pediátricos,
a qual ocorre devido ao trauma contuso sofrido secundário ao impacto direto de um
pedestre por um veiculo motorizado. Possui alta incidência de lesões associadas a fraturas
de fêmur e, devido a isso, os pacientes politraumatizados necessitam de atendimento
multidisciplinar.
A Pediatric Trauma Score, é uma escala/ Score utilizada nas emergências como
bom indicador da gravidade da condição do paciente. Deve-se reiterar que os pacientes
politraumatizados com a tríade de Waddell podem ter lesões fatais, objetivo principal do
clinico durante o exame físico inicial deve ser: descartar lesões associadas e,
posteriormente, tratar todas as lesões que requerem atendimento de emergencia. Quando
uma criança apresenta um ou dois sinais da tríade após uma lesão automobilística, é
importante procurar o terceiro sinal que pode se apresentar posteriormente, razão pela
qual sempre devem ser descartadas e priorizadas.
O manejo inicial de um paciente com tríade de Waddell começa com a avaliação
primária usual ou pesquisa de trauma. A pesquisa primária aborda vias aéreas,
respiração, circulação, déficit neurológico e exposição do paciente e controle do ambiente.
Traumas graves e multissistêmicos podem causar dificuldades psicológicas e
sociais significativas e de longo prazo para o paciente e sua família. As crianças também
estão em risco de sintomas depressivos e transtorno de estresse pós- traumático. O apoio
psicológico e social durante e após o período de ressuscitação é importante. Ademais, o
tratamento proposto é o conservador, consistindo em um período de tração inicial,
seguido de colocação de gesso pelvipodal até a consolidação óssea.
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120
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 13
Fraturas na infância associada ao uso frequente de
glicocorticóides
Eduardo Frazão da Silva
Isadora Torres de Sousa
Iury Bernard Coelho da Silva
João Victor Bezerra Silva
Lívia Marques Neiva
Paulo Daw Wen Su
Nilton Orlando Júnior
Sandokan Cavalcante Costa
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Thiago Guimarães Mattos de Souza
Tyane de Almeida Pinto Jardim
Resumo: Neste artigo, apresentam-se a relação entre fraturas ortopédicas infantis e o uso de
glicocorticoides na literatura. De acordo com Ward et al. (2020), o uso frequente de glicocorticóides em
crianças interrompe o modelo mecanostático do desenvolvimento ósseo, induzindo à osteoporose. Nesses
casos, conforme Weinstein et al, os glicocorticóides contribuem para a patologia pela ação direta sobre
células da formação óssea em duas fases distintas. Em consonância com Yue et al. (2018), os
glicocorticóides podem induzir Células Endoteliais Microvasculares Ósseas (BMECs) a expressar várias
citocinas, o que contribui para o desenvolvimento de Osteonecrose da Cabeça Femoral Induzida por
Glicocorticóides (ONFH). Constituindo uma pesquisa de relevância intelectual, o presente estudo contribui
para a prática de profissionais da saúde, por meio do esclarecimento da ação dos glicocorticóides na indução
da osteoporose secundária, embasando para a análise cotidiana de casos semelhantes, principalmente em
casos diagnósticos de Distrofia Muscular de Duchenne, leucemia e síndrome nefrótica. Essa revisão foi
realizada porque a maioria das recomendações de fraturas associadas ao uso de glicocorticóides, até o
momento, foram guiadas por estudos em adultos e, portanto, não reconhecem os princípios específicos da
pediatria que informam as estratégias de monitoramento, diagnóstico e tratamento em crianças. Além disso,
vale ressaltar também que existe pouca produção nacional a respeito do papel dos osteoblastos no controle
hormonal de reabsorção óssea atrelado às crianças.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. OBJETIVOS
1.1. GERAL
Estabelecer como o uso prolongado de glicocorticóides está associado à ocorrência
de fraturas.
1.2. ESPECÍFICOS
• Apresentar os aspectos bioquímicos e fisiológicos relacionados ao uso prolongado
de glicocorticóides em crianças
• Descrever de que forma o uso de glicocorticoides pode ocasionar outras doenças
• Analisar estudos referentes à literatura existente.
2. METODOLOGIA
2.1. TIPO DE PESQUISA
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, baseada na reunião de dados de
fontes secundárias consideradas importantes para o tema de fraturas nas crianças por
uso de glicocorticóides. Foram colhidas informações sobre bioquímica, fisiologia e
patologias crônicas que necessitam do uso prolongado de corticoides.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com Yasuda (2021), o tecido ósseo é caracterizado, dentre outros
fatores, por uma dinamicidade entre mecanismos de reabsorção e formação óssea que de
maneira homeostática, modelam a constituição desse tecido. Intrínseco a isso, há a ação
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4. DISCUSSÃO
O uso frequente dos glicocorticóides (GC) para tratar crianças com doenças graves,
particularmente aquelas com distúrbios neuromusculares, inflamatórios e
hematológicos, apresentam um importante fator de risco para a fragilidade óssea, em
grande parte devido aos seus efeitos adversos diretos no metabolismo esquelético. Sendo
123
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
125
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Ainda sobre DMD, Shuko et al. (2019), um estudo de coorte foi realizado a partir
da análise de prontuários do banco de dados NorthStar do Reino Unido que reuniu
informações de 832 meninos com DMD de idade mediana de 6,9 anos. Sobre os dados,
obteve-se que 149 pacientes, aproximadamente 18%, tiveram fratura. Além disso, 29
(20%) pacientes que utilizaram prednisolona diária tiveram fratura após 10 anos do uso
dessa terapia farmacológica. Enquanto isso, em relação ao deflazacort, 10 pacientes em
regime de uso diário do medicamento foram acometidos com primeira fratura após 6 anos
a partir do início do tratamento. Outro método terapêutico abordou a prescrição de
prednisolona concomitante ao deflazacort e concluiu-se que 49 pacientes tiveram sua
primeira fratura após 6 anos desde o início do tratamento. Sendo assim, observa-se que
os pacientes tratados com deflazacort tiveram um menor intervalo de tempo até a
primeira fratura quando comparado aos meninos tratados com prednisolona. Tal estudo
não apresentou evidência sobre o uso de bifosfonatos como profilaxia na ocorrência de
fraturas.
Outro estudo foi realizado em nove meninos com DMD (Tung e Chan, et al.,2017),
de idade média de 9 anos. O tratamento se iniciou com prednisolona, dose de 0,66
mg/kg/dia, por uma duração média de 4,2 anos, nenhum deles com fratura vertebral ou
de osso longo anteriormente. Esses 9 meninos foram comparados com 27 meninos
saudáveis e o estudo demonstrou que não houve diferença significativa no índice de
massa corporal entre os dois grupos. No entanto, os índices de microestrutura trabecular,
incluindo vBMD (densidade mineral óssea) trabecular, volume de osso trabecular para
volume de tecido, número de trabéculas, espessura trabecular e separação trabecular no
rádio distal, foram significativamente inferiores nos meninos com DMD quando
comparados aos meninos saudáveis.
De acordo Velentza et al. (2021), a leucemia linfoide aguda(LLA) infantil é uma
patologia cujo tratamento requer a utilização de esteroides sintéticos, geralmente,
dexametasona ou prednisona. Além disso, antes mesmo do diagnóstico e início do
tratamento, já observa-se uma redução da DMO dos pacientes, o que potencializa o
surgimento de osteoporose secundária. Tendo em vista o quadro geral da criança e sua
fragilidade osteomuscular, é comum o aparecimento de fraturas principalmente por
compressão vertebral.
Os efeitos divergentes observados da terapia com glicocorticóides na vBMD
cortical e trabecular também foram descritos em crianças com síndrome nefrótica
sensível a esteróides (Wetzsteon, Shults e Zemel et al., 2009), nas quais, vBMD cortical
mais alta no Z escores e vBMD trabecular inferior a Z pontuações por pQCT foram
observadas quando comparadas com o controle. Esta observação é consistente com a
histomorfologia vista na biópsia transilíaca de meninos com DMD. Da mesma forma, outro
estudo (Tsampalieros, Gupta e Denburg et al., 2013) analisando as mudanças
longitudinais na vBMD com o tratamento com glicocorticóides em crianças com síndrome
nefrótica também mostrou achados consistentes.
Postula-se que isso esteja relacionado à formação óssea suprimida e maior
mineralização secundária com o tratamento com glicocorticóides. Curiosamente, isso é
contrário à observação em adultos com osteoporose induzida por glicocorticóides (GIOP),
em que pacientes com GIOP e FV apresentaram menor vBMD total e espessura cortical
mais fina, independente da vBMD. Isso destaca a diferença entre o esqueleto em
crescimento e o esqueleto maduro. Como resultado, a redução da vBMD e alterações da
microarquitetura inferior dos ossos trabeculares, mas maior vBMD cortical foram
observadas em meninos com DMD em uso de glicocorticóide oral a longo prazo.
126
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessa revisão foi possível observar que a administração frequente de
glicocorticóides na infância tem ação direta sobre células da formação óssea, induzindo a
osteoporose e, por consequência, fraturas no esqueleto pediátrico. Dessa forma, é válido
salientar que os achados deste estudo indicam que os células endoteliais microvasculares
ósseas (BMECs) obtidos de pacientes com HNFH induzida por glicocorticóides
apresentam diminuição da atividade angiogênica e aumento da atividade apoptótica. Este
fato é responsável pela patogênese e progressão da ONFH induzida por glicocorticóides.
Portanto, proteger a função de BMECs, como promover angiogênica ou inibir a apoptose
de BMECs, poderia oferecer um alvo terapêutico eficiente para ONFH induzida por
glicocorticóides, que precisa ser mais explorada.
Nesse contexto, observou-se que a saúde óssea piorou à medida que a função
motora diminuiu em meninos em ambulatórios com DMD. Por conseguinte, destaca-se a
complexidade deste estudo na avaliação da saúde óssea na DMD. Tais achados têm
implicações para moldar a prática clínica e podem ser úteis na revisão das diretrizes de
manejo ósseo do público em questão. Tal análise é fundamental para determinar os
limiares clínicos para prever o risco de fratura e relacionar o estágio e a gravidade da
distrofia muscular com medidas ideais de imagem óssea, a fim de fornecer estratégias
preventivas e de tratamento oportunas e eficazes para a osteoporose em meninos com
DMD.
Ademais, é de extrema importância ressaltar que a maioria das recomendações de
fraturas associadas ao uso de glicocorticóides, até o momento, foram guiadas por estudos
em adultos e, portanto, não reconhecem os princípios específicos da pediatria que
informam as estratégias de monitoramento, diagnóstico e tratamento em crianças. Logo,
constata-se a dificuldade de encontrar literaturas referentes à osteoporose secundária
induzida por glicocorticóides em crianças. Dessa maneira, mais pesquisas são necessárias
para entender as causas desconhecidas da relação entre a má formação óssea e o uso de
glicorticóide, para que estratégias apropriadas de prevenção de lesões possam ser
desenvolvidas.
REFERÊNCIAS
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128
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 14
Fraturas em crianças com sobrepeso e obesidade na
idade pré-escolar
Aline Lagos Melo
Giovanna Moreira Leal Fernandes
Giselle Paracat de Araújo
Luigi de Carvalho Müller
Mariana Paludo
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza
129
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
O assunto "fraturas em crianças" está cada vez mais sendo discutido em sociedade,
o que inclui as causas e os fatores que aumentam o risco dessas ocorrências, entre eles a
obesidade infantil.
A obesidade infantil é um dos mais sérios desafios de saúde pública do século. As
consequências da obesidade em crianças podem ser visualizadas em vários aspectos da
saúde desses indivíduos, ocorrendo prejuízos significativos no funcionamento físico,
escolar, emocional e social. O ganho de peso na infância está associado a diversos fatores,
que acredita-se ser um distúrbio com inúmeras causas. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde, as causas fundamentais são mudanças na dieta, com ingestão de
alimentos gordurosos,ricos em açúcar , porém escasso em vitaminas e minerais, ademais,
associado à tendência ao sedentarismo. (PANTOJA, et al 2018)
O desenvolvimento de problemas de saúde física em crianças prevalentes em
sociedade moderna está associado, entre muitos fatores, com a obesidade infantil. O peso
em excesso facilita a ocorrência de patologias ortopédicas, mas não particulares de
indivíduos obesos. No entanto, as lesões se tornam mais suscetíveis por consequência da
sobrecarga maior existente nos segmentos corporais.
As complicações de origem ortopédica do excesso de peso são, em sua maioria, de
natureza mecânica e derivam de stress e à tensão exercida sobre os ossos, cartilagens e
articulações que não foram concebidos para determinada sobrecarga.
2. JUSTIFICATIVA
Segundo Paulo Dimitri, 2019, crianças cujo índice de massa corporal apresenta-se
muito elevado possuem uma massa óssea e regional menor em relação ao seu tamanho
corporal.
Dessa forma, a resistência óssea no esqueleto apendicular não se adapta
adequadamente ao aumento do tamanho, o que resulta em um descompasso entre a
resistênciaóssea e a força
das quedas.
Nesse sentido, ainda, segundo Dimitri, surge uma disparidade entre as possíveis
causas do aumento de fraturas em crianças com sobrepeso e obesas, dentre as quais
podemos citar alterações na estabilidade postural e marcha e incompatibilidade entre o
tamanho do corpo e o osso.
Sendo assim, esse trabalho justifica-se no fundamento de pesquisas de campo
baseadas na associação entre o sobrepeso pré-escolar e o risco aumentado de fraturas na
infância, além de patentear o conhecimento dos riscos provenientes do excesso de peso
na saúde em geral.
130
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
3. OBJETIVO
3.1. OBJETIVO GERAL
Identificar ocorrências de fraturas ósseas em crianças na idade pré-escolar, bem
como identificar se existe associação deste tipo de evento com o sobrepeso/ obesidade
infantil.
4. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa do tipo Revisão Integrativa de Literatura, que consiste
em pesquisar através da seguinte pergunta norteadora “Qual o elo existente entre o
excesso de peso e a ocorrência de fraturas ósseas no público pueril? ”.
Serão realizados lances de pesquisas na base de dados PubMed, Web of Sciencie,
EMBASE e Scielo, através das palavras-chave “obesidade”, “sobrepeso”, “fraturas” e
“crianças”, utilizando operador AND. Serão utilizados critérios de elegibilidade:
Artigos
sobre fraturas em crianças com sobrepeso e obesidade na idade pré-escolar,
publicado a partirde 2018, nos idiomas português, inglês e espanhol, gratuitos, bases de
dados nacionais e internacionais e sites oficiais. Critério de exclusão: artigos incompletos,
outros idiomas, fora do período escolhido para a publicação e pagos.
Será realizada uma leitura seletiva e exploratória dos dados. Seguida de uma
síntese em quadro explicativo contendo autor e ano de publicação, base de dados e
principaisresultados. Buscando assim amparar o leitor e público consumidor do presente
documento das nuances que nortearam a formatação das e seleção das informações que
constam no excerto.
131
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. RESULTADOS
132
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
6. DISCUSSÃO
No presente estudo, destacou-se principalmente, a relação da obesidade e o
excesso de peso com a ocorrência de fraturas ortopédicas em crianças de idade pré-
escolar, que estão diretamente relacionadas com a prática de atividade física, hábitos e
estilo de vida como fatores que influenciam positiva ou negativamente para a ocorrência
de traumas ortopédicos. A obesidade pediátrica está diretamente relacionada com o
aumento de fraturas por diversos fatores, como; a falta de hábitos alimentares saudáveis
que resultam na obesidade e no excesso de peso e que podem afetar no desenvolvimento
cognitivo e motor através de pressões sociocomportamentais, e a prática de atividade
física quando se encontra ausente, uma vez que é classificada com extrema importância
para o desenvolvimento da saúde entre crianças e adolescentes.
Vale ressaltar que, nos casos em que a prática de atividade física está presente de
forma contínua é possível observar uma melhora no estilo de vida e expressiva
diminuição no número de pacientes obesos em idade pré-escolar com fraturas
ortopédicas. Segundo Malina (2004 apud CARLOS, 2022, p. 14) “Dentre os diferentes
aspectos da saúde pediátrica afetados positivamente pela prática de atividades
físicas/esportivas está a saúde óssea. Força e geometria óssea são determinadas de
maneira importante por agentes ambientais estressores, os quais geram tensão sobre a
matriz óssea, e dentre os diferentes agentes capazes de gerar tal efeito sobre a matriz
óssea destaca-se a ação muscular (contração), a qual é rotineiramente estimulada em
quase todos os esportes” (MALINA et al. 2004; TENFORDE eFREDERICSON, 2011). Dessa
forma foi-se possível apresentar a prática de atividade física como promissora de forma
significativa no ganho de massa óssea entre crianças e adolescentes praticantes de
esportes de diferentes níveis de impacto.
133
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Por outro lado, é importante destacar os possíveis “efeitos colaterais” que podem
ser causados pela prática de atividade física, como o aumento na ocorrência de fraturas
ósseas entre essas crianças e adolescentes, que de forma direta estão sujeitos a quedas,
torções, choques físicos e contusões, os quais podem ser acompanhados por fraturas
ósseas de diferentes níveis de complexibilidade. Segundo THANDRAYEN (2011 apud
CARLOS,2022, p. 16) a ocorrência de fraturas ósseas é afetada por muitos fatores, dentre
eles etnia/raça, sexo e maturação (THANDRAYEN et al. 2011). Nos EUA, crianças com
ascendência europeia são mais suscetíveis a ocorrência de fraturas (WREN et al. 2012),
embora os mecanismos pelos quais isso ocorre são pouco claros ainda. Da mesma forma,
as fraturas na infância são mais comuns em meninos do que em meninas e de maior
ocorrência durante a adolescência do que na infância (CLARK, NESS, TOBIAS, 2008;
RAUCH et al. 2001; COOPER et al, 2004). A maturação biológica também deve ser levada
em consideração, uma vez que há um desequilíbrio linear e temporário entre o rápido
crescimento corporal e o desenvolvimento e ganho de massa óssea.
No entanto, é importante destacar que a prática de atividade física aliada à bons
hábitos e estilo de vida saudáveis resultam em uma expressiva diminuição nos fatores de
risco para o acontecimento de traumas ortopédicos entre crianças obesas e com
sobrepeso em idade pré-escolar, uma vez que eles influenciam de forma direta no
desenvolvimento psicomotor aliado ao amadurecimento, desenvolvimento e ganho de
estatura corporal, massa óssea e maior resistência a impactos corporais.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
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[12] LOURENÇO, Margarida. Perceção dos pais sobre o estado nutricional de crianças de idade pré-
escolar, Cadernos de Saúde, Vol. 12, Número 1, 2020.
135
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 15
Fraturas do rádio e tipos de tratamento: Cirúrgico e
não cirúrgico
Marcelo Robert Fadul
Marcos Gabriel Sa Araújo Portela
Rayner Augusto Libório dos Santos Monteiro
Sergio Murilo de Sousa
Yuri Moisés Taketomi Olímpio
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza
Resumo: Este artigo visa comparar os resultados funcionais, clínicos e radiológicos após cirurgia versus
tratamento conservador das fraturas do rádio distal em adultos a partir de uma revisão de literatura dos
últimos 30 anos 1992-2022). Os materiais e métodos utilizados para esta coleta foi uma junta documental,
a qual aplicou a extração de literaturas em bases de dados como PubMed, MEDLINE, Embase, CENTRAL
(Cochrane Central Register of Controlled tests) e bancos de dados CINAHL (Índice Cumulativo de Literatura
de Enfermagem e Aliados à Saúde). Foram pesquisados estudos comparando cirurgias versus não-
operatória no tratamento das fraturas distais do rádio. Para a seleção do estudo, ensaios clínicos
randomizados (ECRs) e estudos observacionais relatando sobre a fratura aguda do rádio distal com
tratamento cirúrgico (fixação interna ou externa) vs. tratamento não operatório (imobilização gessada, tala
ou órtese) foram aplicados, bem como abordagens sobre pacientes com 18 anos ou mais e o resultado
funcional. Estudos em um idioma diferente do inglês ou língua vernácula ou relato de tratamento para
refratura foram excluídos. Assim, para a extração e síntese de dados foi realizada independentemente por
2 revisores (autores). Doravante as abordagens realizadas e a coleta de dados, considera-se que ss
estimativas de efeito foram agrupadas usando modelos de efeitos aleatórios e apresentadas como razões de
risco (RRs) ou diferenças médias (MDs) com IC de 95%. Os dados foram analisados em setembro de 2022.
136
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
A fratura do rádio distal é a lesão mais comum em adultos, sendo responsável por
aproximadamente 17,5% das fraturas.
As fraturas do rádio distal têm distribuição etária bimodal na população, com pico
de incidência observado em pacientes com menos de 18 anos e um segundo pico em
pacientes com50 anos ou mais velhos. Estudos recentes indicam que a incidência mundial
de fraturas do rádiodistal está aumentando a cada ano devido ao potencial geral de viver
mais tempo comcomorbidades como osteoporose.
Embora a população idosa esteja em maior risco, as fraturas do rádio distal ainda
têm um efeito significativo na saúde e bem-estar de adultos não idosos. Relatos
mostraram um aumento significativo do rádio distal e fraturas em pacientes de 17 a 64
anos. Assim, o manejodas fraturas do rádio distal consiste em tratamento cirúrgico ou não
cirúrgico.
No entanto, não há consenso sobre o método de tratamento ideal. Várias
metanálises foram publicadas sobre a comparação entre o tratamento operatório e não
operatório e meta- análises recentes focaram especificamente em populações de
pacientes com 60 anos ou mais. Essas meta-análises não encontraram diferença no
resultado funcional entre operatório e não operatório durante o tratamento em pacientes
idosos.
No entanto, a taxa internacional de tratamento cirúrgico do rádio distal e fraturas
tem aumentado, apesar do custo mais alto e da evidência de resultado funcional limitada
para apoiaresta mudança. Até o momento, nenhuma metanálise, até onde se sabe, avaliou
o resultado funcional em pacientes menores de 60 anos, incluindo todos os pacientes com
18 anos ou mais
Além disso, a alta incidência de fraturas do rádio distal e as inconsistências nas
práticasde tratamento indicam que uma investigação mais aprofundada é garantida para
entender os métodos e resultados de tratamento atuais.
Assim, ensaios clínicos randomizados (ECRs) e estudos observacionais são cada
vez mais usados em meta-análises de trauma ortopédico para avaliação dos efeitos do
tratamento. Evidências crescentes mostram que meta-análises de ECRs e estudos
observacionais podem ser valiosos em comparação com meta-análises de ECRs
isoladamente. Desde que os estudos observacionais sejam de alta qualidade, a adição
destes estudos observacionais em meta- análises aumentam o tamanho da amostra e
podem fornecer uma melhor visão de pequenos efeitos do tratamento e medidas de
resultados pouco frequentes.
Além disso, estudos observacionais podem fornecer informações sobre os efeitos
do tratamento em uma população de pacientes mais heterogêneas em comparação com
as populações de pacientes geralmente altamente selecionadas em ECRs. A adição de
estudos nesta meta-análise podem aumentar o tamanho da amostra e a heterogeneidade
nas características dos pacientes, o que poderia levar à avaliação de diferentes faixas
etárias, em comparação com os anteriores de metanálises selecionadas com foco em
idosos.
O objetivo principal desta revisão e meta-análise foi comparar os aspectos
funcionais, clínicos e resultados radiológicos após o tratamento cirúrgico versus não
cirúrgico de fraturasdo rádio distal em adultos. Como objetivo secundário, procurou-se os
137
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Estudo de caráter transversal o qual ocorreu a partir de junta documental e
bibliográficada respectiva temática.
Os materiais e métodos utilizados para esta coleta a qual aplicou a extração de
literaturasem bases de dados como: PubMed, MEDLINE, Embase, CENTRAL (Cochrane
Central Register of Controlled tests) e bancos de dados CINAHL (Índice Cumulativo de
Literatura de Enfermagem e Aliados à Saúde).
Foram pesquisados estudos comparando cirurgias versus não-operatória no
tratamento das fraturas distais do rádio. Para a seleção do estudo, ensaios clínicos
randomizados (ECRs) eestudos observacionais relatando sobre a fratura aguda do rádio
distal com tratamento cirúrgico (fixação interna ou externa) vs. tratamento não operatório
(imobilização gessada, tala ou órtese) foram aplicados, bem como abordagens sobre
pacientes com 18 anos ou mais e o resultado funcional.
Estudos em um idioma diferente do inglês ou língua vernácula ou relato de
tratamento para refratura foram excluídos. Assim, para a extração e síntese de dados foi
realizadaindependentemente por 2 revisores (autores).
Tais documentações explicitadas através de referências literárias foram extraídas
de bases de dados específicas como:
a) PubMed;
b) Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações – BDTD;
c) Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES;
d) Scientific Electronic Library Online – SciELO;
e) Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação;
f) Repositório Digital- Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
g) Banco de tese da Universidade de São Paulo – USP;
h) Banco de Teses e Dissertações da Universidade de Brasília – UNB;
i) Biblioteca Digital da Unicamp;
j) UNESCO Brasil;
k) Outros sítios eletrônicos pertencentes a esfera de Saúde.
Diante os sujeitos de pesquisa, os selecionados para este estudo estão os
profissionais formados em fonoaudiologia e o grupo-alvo estudado (pacientes idosos > p=
60) submetidos areabilitação vestibular.
Por conseguinte, as pesquisas escolhidas para esta revisão de literatura foram
extraídasde bases de dados específicas da esfera de saúde pertencentes a língua vernácula
e inglesa dos últimos 30 anos (1992-2022).
Entre as obras selecionadas destacam-se documentos do tipo Revisão de
138
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
3. RESULTADOS
Os 23 estudos incluíram 2.254 pacientes únicos, dos quais 1.040 foram tratados
cirurgicamente e 1.214 não operatórios. A idade média ponderada geral foi de 67
(variação, 22-90) anos (66 anos no grupo operatório e 67 anos no grupo não operatório)
da sobras selecionadas.
No geral, os estudos que apresentaram dados de sexo incluíram 425 homens
(19,4%) e 1.769 mulheres (80,6%). O acompanhamento geral variou de 6 a 156 meses. As
característicasbasais para ECRs e estudos observacionais apresentam as características
de tratamento e fraturas de todos os estudos incluídos.
Assim, os estudos incluíram 851 pacientes (37,8%) que sofreram fratura AO tipo A;
164 (7,3%), tipo B; 689 (30,6%), tipo C; e 550 (24,4%), tipo desconhecido. Os 8
RCTs31,35,36,38,46-49 incluíram 656 pacientes (29,1%), dos quais 322 foram tratados
cirurgicamente e 334 não operatórios.
A idade média ponderada foi de 67 anos (67 anos no grupo cirúrgico e 68 anos no
gruponão operatório). Os estudos incluíram 130 homens (19,8%). O método operativo
partiu da redução aberta e fixação interna com placa volar em 6 estudos através de fixação
externa em 1estudo,31 e fixação percutânea em 1 estudo.
O método conservador foi imobilização gessada em todos os estudos e, cerca de 15
estudos observacionais (3 prospectivos, retrospectivos e estudos de coorte) incluíram
1.598 pacientes (70,9%). O tratamento cirúrgico foi realizado em 718 pacientes (44,9%)
e 880 (55,1%) foram tratados sem cirurgia.
Assim, a idade média ponderada nos estudos foi de 67 anos (66 anos no grupo
operatórioe 67 anos no grupo não operatório). Os estudos que apresentaram dados de
sexo incluíram 295homens (19,2%). O método operatório foi a redução aberta e fixação
interna com placa volar em 6 estudos, fixação externa em 1 estudo, fixação)o percutânea
em 1 estudo, fixação com haste intramedular em 1 estudo, fixação com fio K em 1 estudo
e pouco claro ou uma combinação de métodos em 5 estudos.
O método conservador foi lançado através de uma imobilização em 13 estudos e
incertoem 2 estudos.
139
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4. DISCUSSÃO
O tratamento cirúrgico das fraturas do rádio distal foi associado a uma melhora no
score DASH comparado com tratamento não cirúrgico em adultos. Não foi observada
diferença em taxa de complicações entre os grupos de tratamento.
Houve também melhora da força de preensão em favor do tratamento cirúrgico.
No entanto, nenhuma diferença foi encontrada no escore DASH de médio prazo no
subgrupo de estudos que incluiu apenas pacientes com 60 anos ou mais. Além disso, nos
estudos que incluíram apenas esses pacientes, uma diferença significativa na taxa de
complicações favoreceu o não operatório tratamento.
Análises de subgrupo com estudos de alta qualidade e estudos com período de
estudo após 2008 apresentaram resultados semelhantes, em comparação com as
análises primárias.Não foi encontrada diferença entre estimativas de efeito de RCTs e
estudos observacionaissobre as medidas de desfecho primário (escore DASH de médio
prazo e taxa de complicações).As estimativas de efeito combinado mostraram que o
tratamento cirúrgico estava associado a uma melhora no escore DASH de médio prazo
em comparação com o tratamento não cirúrgico, que está em contraste com os achados
de meta-análises anteriores.
A presente revisão incluiu 10 estudos com 845 pacientes na análise DASH de médio
prazo, o que resultou em um aumento do número de pacientes disponíveis para análises,
superando assim as amostras de metanálises anteriores.
Além disso, apenas a meta-análise de Song ; Coles (2015) avaliou-se o escore DASH
aos 12 meses. As metanálises destes autores não distinguiram entre médio e longo prazo
incluindo os estudos em suas análises. No geral, o resultado funcional de médio prazo pode
serassumido para refletir o efeito do tratamento, com longo prazo e acompanhamento
sendo influenciado por outras condições, eventos ou fatores do paciente que, por sua vez,
podem influenciar os resultados funcionais.
Os relatórios mostraram que a pontuação DASH após a fratura do rádio distal e o
tratamento tende a estabilizar após 12 meses. As metanálises anteriores se concentraram
principalmente em pacientes idosos., especificamente focado em populações de pacientes
com60 anos ou mais. Assim, outros autores incluíram apenas estudos com pacientes com
45 anos ou mais, com a maioria dos pacientes em suas análises DASH com 60 anos ou
mais.
140
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Esses achados estão de acordo com nossas análises de subgrupo dos estudos que
incluíram apenas pacientes 60 anos ou mais, não mostrando diferença na pontuação
DASH demédio prazo.
No entanto, encontramos um significativo na melhora no escore DASH de médio
prazono subgrupo de outros estudos que incluíram pacientes de 18 anos ou mais. Até onde
sabemos, com a análise de 6 estudos com 458 pacientes, este estudo é a primeira meta-
análise para avaliaro resultado funcional com foco em populações de pacientes com 18
anos ou mais.
No entanto, isso raramente é possível devido ao número inadequado de estudos e
meta diante a regressão geralmente não deve ser considerada quando há menos de 10
estudos, conforme descrito em com o Cochrane Handbook for Systematic Reviews of
Interventions.
Essa tendência mostra que, para melhorar o atendimento personalizado, é
necessária uma avaliação adicional de meta-análises de dados de pacientes individuais.
Não encontrou-se diferença na taxa geral de complicações entre cirurgias e não-
operatórias e tratamento, de acordo com os estudos de Song et, al. (2020) e Yu et, al.
(2016). No entanto, nestas análises com estudos que incluíram apenas pacientes com 60
anos ou mais, uma diferença significativafavoreceu o tratamento não cirúrgico.
Esses achados podem indicar que o tratamento cirúrgico resulta em maior risco de
complicações na população idosa. O estudo de outros estudos subdividiu as complicações
em menor e maior, classificando menor como não necessitando de tratamento cirúrgico.
Não encontraram nada significativo e diferença nas complicações menores; no
entanto, houve uma diferença significativa nas principais complicações, sendo as
principaiscomplicações mais comuns lesões de nervos e tendões.
Na presente revisão, não subdividiu-se as complicações maiores e menores; no
entanto, apresentou-se classificações de complicações com incidência, mostrando que
lesão nervosa ou sintomas foram os principais complicações em ambos os grupos. Na
141
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A incidência de luxação do cotovelo em crianças é de 3% e de adultos 6%, de acordo
com os estudos apesentados.
As frraturas da diáfise do úmero representam 5% do total de número de fraturas
neste grupo estudado. Aproximadamente 15% de todas as fraturas em crianças e adultos
envolvem as fraturas do radial distal, no entanto, representam até um terço de todas as
fraturas.
A partir destas compreensões, cerca de vinte por cento dessas fraturas envolvem a
zona fisária do terço distal do rádio e ests são consideradas pela literatura como lesões
fisárias radiais,onde 58% são Salter Harris tipo II.
Considera-se que alguns estudos associaram duas dessas três lesões, muitas vezes
com a ocorrência simultânea de fraturas em um ou ambos os ossos do antebraço e na
diáfise do úmero; essa lesão é chamada cotovelo flutuante, com incidência entre 2 e 17%.
Não houve relatos foram encontrados na literatura pesquisada descrevendo
associação dessas três lesões no mesmo paciente. O tratamento das lesões associadas
considerou que cadalesão para restabelecer a anatomia, leva a congruência articular e a
amplitude de movimento do membro ao fechamento, a qual deve ser realizada a
manipulação da luxação do cotovelo e a luxação da epífise radial e em seguida da
142
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
REFERÊNCIAS
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 16
Fraturas por estresse do pé e tornozelo nas crianças
Francisco Muniz
Guildberg Araújo Uchôa
Maria Carolina Pordeus e Silva Cardoso
Patrick Celani Pinheiro
Tanna de Verçosa
Paulo Daw Wen Su
Eduardo Lima de Abreu
Nilton Orlando Júnior
Aline Cristiane Côrte de Alencar
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
A crescente participação de adultos e crianças em esportes competitivos e
atividades físicas hodiernas resultou no aumento da incidência de lesões por sobrecarga
no sistema músculo-esquelético. Quando afeta a estrutura óssea, tem como resultado a
fadiga e ocorrência de fratura por ação mecânica de repetição. Em crianças e adolescentes,
estas fraturas são menos comuns. Assim sendo, a identificação precoce é importante para
evitar a progressão para fratura completa.
Pesquisas apontam que os jovens atletas são a segunda população de maior risco
quando comparados a atletas mais velhos. As fraturas nos metatarsos são muito comuns
em corredores.
Sabe-se que o fator de risco mais conhecido para fraturas de uso excessivo é o
aumento súbito na quantidade de atividade física praticada sem o preparo adequado, bem
como o uso de materiais inadequados associados ou a prática em locais impróprios.
Nesse contexto, discorreremos nesse trabalho acerca de uma série de casos de
fraturas de estresse envolvendo o pé e tornozelo em crianças, descrevendo padrões
peculiares de acometimento e realizando a revisão de literatura.
2. JUSTIFICATIVA
A presente pesquisa tem como justificativa o crescente aumento do número de
fraturas por estresse no pé e tornozelo de crianças e adolescentes, decorrente da
quantidade de atividade física praticada sem o preparo adequado e com o uso de materiais
inadequados, associados a prática em locais impróprios, tendo por objeto a identificação
precoce a fim de prevenir a progressão para a fratura completa.
Justifica-se, ainda, pelas contribuições que a pesquisa pode trazer à prevenção e
tratamento de fraturas por estresse no pé e tornozelo de crianças, no sentido de
proporcionar resposta aos problemas ou ampliar formulações teóricas a respeito.
Por fim, justifica-se pela necessidade revisão de literatura a respeito do tema, bem
como pela possibilidade de sugerir eventuais modificações, sempre tendo como objetivo
evitar que a fratura por estresse ocorra no pé e tornozelo de crianças.
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVOS GERAIS
Com a presente pesquisa pretende-se descrever uma série de casos de fraturas de
estresse envolvendo o pé e tornozelo em criança, tendo por objeto destacar as principais
lesões causadas por estresse, na prática de exercícios repetitivos.
Tem-se ainda como objetivo realizar a revisão da literatura referente à patologia
fratura por estresse envolvendo o pé e tornozelo em criança.
146
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
isso resulta na reação à fadiga e ocorre fratura por ação mecânica de repetição.
No mesmo diapasão, imprescindível analisar se as fraturas nos metatarsos são
mais comuns em corredores e se fraturas próximas aos joelhos estão mais relacionadas a
esportes que apresentam paradas bruscas, como tênis.
Por fim, verificar se o aumento súbito na quantidade de atividade física praticada
sem o preparo adequado é fator de risco para fraturas por estresse, bem como o uso de
materiais inadequados associados ou a prática em locais impróprios também é fator de
risco.
4. METODOLOGIA
A presente pesquisa será abordada por meio de fontes bibliográficas. Inclusive,
previamente à escolha do tema, houve pesquisa às fontes bibliográficas renomadas
disponíveis, referente ao tema em análise.
Para embasamento da redação, houve a pesquisa em livros, artigos e revistas,
assim como em plataformas que reúnem artigos científicos renomados e realizada a
revisão de literatura de uma série de casos de fraturas por estresse no pé e tornozelo de
crianças.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com PRADO et al. (2012), as fraturas de estresses são apenas
consideradas relativamente raras nas crianças, quando comparadas com a incidência em
adolescentes e adultos, pois se tem uma falha no diagnóstico adequado, principalmente
pela falta de suspeição. Os autores afirmam que essa hipótese diagnóstica também deve
ser levantada e devidamente pesquisada em crianças abaixo de dez anos, visto que, elas
vêm praticando atividades físicas regulares desde cedo. O número desse tipo de fratura
por estresse nessa faixa etária vem aumentando com o passar dos anos e diferentemente
do que ocorre em adolescentes e adultos, geralmente nos casos das crianças, essa fratura
acomete um ou mais ossos do pé. Este fato se dá em razão da continuidade do exercício
físico que acaba levando a criança a utilizar do mecanismo compensatório em outras
porções do pé.
Ademais, segundo os autores citados, as crianças ainda não possuem maturidade
esquelética e atividade física realizada por elas comumente são de variação rápida na
intensidade com impacto, o que acaba por favorecer a ocorrência de fratura por estresse.
Como resultado do estudo feito pelos autores, cerca de 80% (dezesseis pacientes)
das crianças avaliadas sofreram fraturas de estresse do pé, sendo o tálus, o calcâneo e o
navicular, os ossos mais acometidos por essas fraturas, e dentre essas crianças, onze
realizavam atividades físicas regulares. (PRADO et al., 2012).
Segundo RAMMELT et al. (2016), 12% das lesões ósseas no público pueril são
localizadas na região do pé e tornozelo, salientando ainda a importância do devido
diagnóstico para, além de tratar devidamente o quadro apresentado, evitar
acometimentosque são provenientes, principalmente, de inadequado tratamento, como
síndrome de compartimento e necrose avascular. Ademais, é válido ainda destacar a
importância de relacionar, além da localização anatômica da fratura, à idade óssea, para
buscar revitalização adequada da funcionalidade e conjuntura estrutural normal do sítio
147
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
acometido.
Ainda segundo o autor acima citado, as fraturas indicadas são acompanhadas de
investigação minuciosa por imagem radiográfica, para definir adequado diagnóstico e
decidir entre tratamento mais conservador ou intervenção cirúrgica.
Fraturas que circundam a região que envolve o tornozelo são representadas entre
10 a 25% por lesar a placa epifisária, típica do crescimento ósseo. Além disso, para o
público pré-escolar, foco do presente documento, as lesões da região maleolar são mais
comumente causadas por impactação ou por flexão distal da tíbia, além dos eventos de
trauma consequente por rotação externa do pé contra a face interior da perna, abdução e
adução. Concomitante a isso, a posição do pé no momento da fratura exerce importante
achado para definir o traço da lesão, no qual, em 75% dos casos, esse se encontra em
inversão. (RAMMLET et al., 2016).
Ainda de acordo com RAMMLET et al. (2016), as fraturas de tálus são mais raras,em
virtude da importante resistência elástica dessa porção óssea. Deve-se ainda referir a
maior frequência de acometimentos envolvendo o colo do tálus, além de apresentar raros
episódios de fratura na região talar periférica e serem de difícil diagnóstico. No caso de
lesões calcâneas, as mais ocorrentes causas são quedas de alturas ou alguns tipos de
episódios de acidentes de trânsito. Por último, vale salientar as fraturas envolvendo
metatarsos e dedos do pé, são as mais prevalentes, ocorrendo entre 70 e 90% dos
episódios de lesão óssea, as quais apresentam baixos índices de complicações
Segundo RIBBAS et al. (2005), as fraturas do pé em crianças geralmente têm um
bom prognóstico e em sua maioria são tratadas sem cirurgia. As fraturas deslocadas do
tálus e do calcâneo e as luxações tarsometatársicas são raras em crianças e o seu resultado
se mostra positivo em crianças mais novas. Já no caso de adolescentes mais velhos, que
possuem essas lesões, precisam de tratamento semelhante ao que um adulto seria tratado
pela mesma lesão para obter um bom resultado.
Desse modo, as fraturas do pé em crianças podem representar um desafio
diagnóstico, particularmente na ausência de alterações radiográficas óbvias. O exame
clínico repetido e o uso criterioso de técnicas de imagem, como cintilografia óssea
isotópica e ressonância magnética, são necessários para estabelecer um diagnóstico. Além
disso, o conhecimento da anatomia e significado dos ossos acessórios do pé e distúrbios
do esqueleto do pé em crescimento são úteis no tratamento de lesões do pé da criança.
Fraturas por estresse têm sido descritas na maioria dos ossos do pé e tornozelo,
sendo o segundo metatarso o mais comum. Ocorrem principalmente em adolescentes que
em uma atividade física incomumente pesada ou naqueles que estão envolvidos em
treinamento intenso repetitivo. Um primeiro metatarso curto pode ser um fator
contribuinte em alguns casos. As fraturas por estresse apresentam dor e sensibilidade
localizada. O inchaço é incomum. As radiografias iniciais geralmente são radiografias
normais e repetidas 2 semanas depois, e mostram reação de cerceta perios e formação de
calo. A cintilografia óssea é útil em casos duvidosos, mas geralmente não é necessária. Eles
são tratados com um período de imobilização engessada e retorno gradual ao esporte.
Deslocamento e não união são extremamente raros. (RIBBAS et al., 2005).
No mesmo sentido, as autoras CASSAS e CASSETTARI-WAYHS (2006) defendem
que a participação esportiva dos jovens traz um risco inerente de lesões, incluindo lesões
por uso excessivo. Segundo elas, o tratamento consiste em repouso completo, seguido de
reabilitação e o retorno gradual às atividades.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Por fim, no mesmo sentido dos demais autores, destacou OLMEDO (2019), queas
lesões do pé e tornozelo são comuns em crianças, com pico de incidência entre 8 e 15anos
de idade e, geralmente, são produzidas por uso excessivo no ato de pronação ou
supinação, associadas ou não a mecanismos de rotação, ocasionadas comumente por
acidentes esportivos.
A presente pesquisa será financiada com recursos dos próprios discentes, os quais
serão divididos de forma igualitária.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
RERERÊNCIAS
[1] PRADO, Marcelo Pires et al. Fraturas por estresse do pé e tornozelo na criança. Serviço de Imagem
Músculo Esquelética do Hospital Albert Einstein – HAE. São Paulo, SP. Artigo Científico publicado em 02 de
maio de 2012. Disponível
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zelo+na+crian%C3%A7a%20(1).pdf> Acesso em 16/09/2022.
[2] RAMMELT, Stefan et al. Fraturas do tornozelo e do pé na infância: revisão de literatura e
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Faculdade de Medicina de São Paulo, SP. Publicado em 16 de abril de 2016. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbort/a/kBCxFjYgmRpytbF6ZJHZs9h/abstract/?lang=pt>. Acesso em
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2005. Acesso em: 16/09/2022.
[4] CASSAS, Kyle J. e CASSETTARI-WAYHS, Amelia. Childhood and adolescente sports- related
overuse injuries. Publicado em março de 2006. Disponível em: <
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16570735>. Acesso em 23/09/2022.
[5] CASARES, JA Conejero e TORRES, MD Romero. Problemas ortopédicos. ADOLESCERE – Revista de
Educação Continuada da Sociedade Espanhola de Medicina do Adolescente. Volume VI. N.º 2. Maio, 2018.
[6] OLMEDO, J. Lopez. Fraturas mais comuns na infância: entorses e epifisiólise. Unidade de
Ortopedia Infantil do Complexo de Assistência Universitária de Salamanca. Revista de Pediatria Integral.
Ed. 13. 2019, XXIII.
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
Capítulo 17
Efeitos da atividade física na infância sobre o
desenvolvimento ósseo
Lucas Wanderley Moreira Marques
Letícia Braga Zortéa
Thiago Taketomi Rodrigues
Luana Magalhães Siqueira
Pedro Silva Monteiro
Paulo Daw Wen Su
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Júnior
Sandokan Cavalcante Costa
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Thiago Guimarães Mattos de Souza
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
1. INTRODUÇÃO
Desde meados de 1800 já se conhecia a influência ambiental sobre o
desenvolvimento do indivíduo. No entanto, foi somente no século dezenove que se passou
a discutir se o desenvolvimento era resultado da herança genética, das condições sociais
ou da influência geográfica (Zeferino AMB, Barros Filho AA). Dito isso, percebe-se que o
processo de desenvolvimento ósseo possui diversas variáveis envolvidas, sobretudo o
fator ambiental, o qual representa os hábitos de vida durante o processo de maturação.
Tais hábitos de vida incluem alimentação e, principalmente, a prática de atividade física
na infância.
Segundo Nickols Richardson, foi constatado que o exercício tem uma fundamental
importância na maximização da densidade mineral óssea (DMO), sobretudo quando é
realizado no período pubertário. Além do desenvolvimento ósseo, a prática de exercícios
físicos na infância induz a melhora da sociabilidade, a redução do percentual de gordura,
o espírito de competitividade, entre outros.
Nos últimos anos, houve uma explosão do exercício nos países ocidentais
(Davidson & Taunton, et. al 1987). Essa circunstância torna necessário estudos que visam
analisar os efeitos da atividade física na infância, logo, o atual artigo busca, através da
investigação de dados, esclarecer a relação entre o exercício físico praticado na infância e
seus benefícios no desenvolvimento ósseo.
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL:
Apresentar dados e discussões acerca dos efeitos da prática de exercício físico na
infância
3. METODOLOGIA
A busca por evidências e aspectos que tornassem possível elucidar, assim como
desenvolver o tema proposto, teve como base o estudo em diversos artigos, os quais foram
selecionados de forma com que, nesses estudos, fossem abordadas perspectivas
relacionadas á prática de exercício físico durante a infância e os seus efeitos sobre o
crescimento ósseo. Dito isso, foram encontrados 17 artigos nos idiomas inglês e
português, os quais foram publicados entre os anos de 1984 e 2018, no entanto, somente
10 foram utilizados como base de pesquisa, devido ao fato de que alguns tangenciaram o
tema e objetivo proposto no presente artigo. A pesquisa dos artigos foram realizadas
através do Google Acadêmico, Scielo e Pubmed.
152
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ÓSSEO
A formação óssea inicia-se desde o período embrionário no mesênquima,
ocorrendo através da ossificação endocondral ou ossificação intramembranosa. A
ossificação intramembranosa é responsável pela formação do tecido ósseo, como os ossos
chatos, a partir do mesênquima. Já a ossificação endocondral, é responsável pela formação
de ossos longos e curtos, como as falanges e o fêmur. Ambos os processos resultam no
mesmo tecido, no entanto, se distinguem pela presença ou ausência de um modelo de
cartilagem.
Segundo BAR-OR (1996), o desenvolvimento ósseo pode ser dividido em 3
processos: crescimento, modelagem e remodelagem. O crescimento compreende o
desenvolvimento de toda estrutura esquelética, tanto na largura quanto no comprimento
- fenômeno controlado principalmente pelo sistema endócrino. O desenvolvimento
longitudinal é a característica principal do processo de crescimento, o qual é inibido pela
redução dos espaços epifisiários, especialmente nos ossos longos. Por sua vez, a
modelagem é responsável pelo aumento da resistência óssea, pelo ganho de massa e
corresponde principalmente ao tamanho ósseo. A remodelagem tem como principal
função, a reparação de micro fraturas ocorridas no dia-dia por um contínuo ciclo de
destruição e posterior renovação óssea, ou seja, a ativação dos osteoclastos leva a
reabsorção óssea e as ações dos osteoblastos reconstroem a matriz óssea, levando a nova
mineralização do tecido.(BARROS et. al, 2008).
Além disso, o processo abordado também é dependente do sistema endócrino, o
qual através da fisiologia hormonal garante uma série de mecanismos de crescimento. No
entanto, esses processos do desenvolvimento ósseo sofrem mudanças significativas
quando estão sob estímulos ambientais, como a atividade física, seja associada a cargas
mecânicas, considerando a força, frequência e tempo de realização.
Conforme BAR-OR (1996), as forças mecânicas induzidas pelo exercício físico,
agem sobre os osteoblastos para formar novo tecido, adaptando-o aos estímulos externos.
De forma similar, a ação muscular resulta em estresse mecânico no osso gerando
potenciais elétricos que afetam o equilíbrio da atividade osteoblástica e osteoclástica,
induzindo-o a novas modificações. Com o avanço da idade, ocorre o predomínio da
atividade osteoclástica aumentando o processo de desmineralização óssea, a qual é
atribuída principalmente a degeneração dos constituintes trabeculares da estrutura
óssea. Embora haja alguma compreensão acerca das modificações ósseas em função de
estímulos mecânicos, ainda não se sabe quais os níveis e frequências de estimulação
mecânica necessários para desencadear o processo de controle/regulação da modelagem
e remodelagem óssea.(FONSECA et. al, 1999).
153
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
com a idade. Dessa maneira, o que ocorre durante o exercício é o aumento da atividade
osteoblástica estimulado pela contração muscular e consequente aumento da
mineralização óssea, o que causa durante a puberdade uma potencialização do aumento
de massa óssea, pois é nesse período que ocorre o pico máximo de velocidade de
crescimento. Nesse contexto, a atividade física de forma regular durante a infância e
adolescência é capaz de prevenir danos ósseos na vida adulta, como a osteoporose e
fraturas. (ALVES e LIMA, 2008)
Para Ferreira (et al., 2015), é importante ressaltar que a atividade física moderada
tem a possibilidade de potencializar o pico de massa óssea, pois esse pico está relacionado
com o aumento da massa magra que é o principal coeficiente precursor para o aumento
de DMO durante o crescimento. Entretanto, um exercício físico executado de forma
incorreta pode causar lesão da placa de crescimento, que, na maioria das vezes, resulta
em uma resposta de reparação, na qual a calcificação do tecido danificado pode levar a
formação de uma ponte óssea, que pode gerar consequências graves nas crianças. Porém,
exercícios físicos moderados realizados pelas crianças durante o crescimento influenciam
no pico de DMO entre 10% a 20% quando comparado às crianças que não praticam, sendo
que o período mais susceptível para o aumento da densidade, durante o crescimento, é na
faixa etária entre 11-13 anos para meninas e 12-14 anos para meninos.
Nesse sentido, estudos mostraram que o tipo de esporte a ser praticado não mostra
influência negativa sobre o crescimento, desde que seja respeitada a ingestão calórica
necessária, o volume adequado de carga de treinamento e a realização de exercícios de
intensidade moderada. Sendo assim, os esportes de baixo impacto, como natação,
caminhada, alguns exercícios de musculação, entre outros, podem ser praticados por
períodos mais longos do que os esportes de alto impacto, observando-se a importância da
prática do exercício físico, pois os esportes potencializam o ganho de massa óssea.
Existe um pensamento bem disseminado em nossa sociedade de que as crianças
não devem frequentar academias de ginástica, pois os exercícios físicos de força podem
comprometer o crescimento linear. Uma revisão sistemática com metanálise (FROIS RR
2014) analisou o efeito do treinamento de força ou exercício resistido sobre o crescimento
longitudinal em crianças de sete a 12 anos. Dos 16 estudos com 1.008 participantes
analisados e que tiveram aferidos o crescimento longitudinal, não foi observada diferença
no crescimento linear das crianças submetidas ou não ao treinamento de força (p = 0,46).
A conclusão dos autores foi a de que o treinamento de força não influencia negativamente
o crescimento linear das crianças. Um outro estudo, de coorte, observou que atividade
física vigorosa em escolares limitava o crescimento do tecido adiposo, mas não o
crescimento linear (Jáuregui, 2012). Relacionado a fase pré-púbere e púbere, exercícios
físicos vigorosos não parecem causar prejuízos ao crescimento, contanto que não haja um
balanço energético negativo, ou seja, a alimentação não seja adequada. Ferreira (et
al.,2015), pois nessa situação, pode ocorrer atraso do desenvolvimento puberal devido à
alteração do eixo hipotalâmico-hipofisário. Dessa maneira, se associados esses dois
aspectos, a prática do exercício físico pode trazer benefícios para o resto da vida, pois a
prática de exercício físico durante a fase de crescimento do indivíduo, conhecido como
estirão, aumenta o osso cortical, responsável por fornecer força mecânica a proteção, por
meio da expansão periosteal, resultando em um osso mais resistente. (ALVES E ALVES,
2019)
Apesar do número escasso de estudos voltados ao tema do crescimento e
desenvolvimento ósseo infantil e puberal relacionado a prática de atividade física, os
artigos existentes convergem para a asserção de que o tecido ósseo é capaz de se
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo do material selecionado comprova a intríseca relação entre a prática de
exercício físico por crianças e adolescentes e a melhora da densidade óssea, gerando
efeitos positivos no desenvolvimento estrutural, o que envolve ganho de massa muscular,
aumento da estatura e mais flexibilidade. Sendo observado que a atividade física de
intensidade, frequência e de resistência propiciam um melhor desenvolvimento ósseo do
que atividades pouco intensas e de relaxamento. No entanto, é imprescindivel a
importância do acompanhamento profissional durante a realização de tais atividades, as
quais devem respeitar limite de idade, peso e frequência suportadas e o limite físico da
criança, afim de evitar lesões e crescimento muscular inadequado. Portanto, observa-se a
necessidade do incentivo a prática de exercícios físicos na infância, sobretudo de
atividades de resistência e força, e a extinção dos paradigmas que norteam tal prática.
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