Ortopedia Pediatrica Vol1

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Maria das Graças Costa Alecrim


Karoline Costa de Souza
Paulo Daw Wen Su
(Organizadores)

Tópicos em Ortopedia Pediátrica


Volume 1

1ª Edição

Belo Horizonte
Editora Poisson
2023

2
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade

Conselho Editorial
Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais
Ms. Davilson Eduardo Andrade
Dra. Elizângela de Jesus Oliveira – Universidade Federal do Amazonas
Msc. Fabiane dos Santos
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Dra. Suelânia Cristina Gonzaga de Figueiredo - Instituto Metropolitano de Ensino-IME
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy
Ms. Valdiney Alves de Oliveira – Universidade Federal de Uberlândia

Ilustração da Capa
Sania Walid Ali Saleh

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


T674
Tópicos em Ortopedia Pediátrica - Volume 1/
Organização: Maria das Graças Costa Alecrim,
Karoline Costa de Souza, Paulo Daw Wen Su –
Editora Poisson - Belo Horizonte - MG: Poisson,
2023

Formato: PDF
ISBN: 978-65-5866-297-6
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6

Modo de acesso: World Wide Web


Inclui bibliografia

1.Saúde 2.Medicina 3. Pediatria I. ALECRIM, Maria


das Graças Costa II. SOUZA, Karoline Costa de
III.SU, Paulo Daw Wen IV. Título

CDD-610
Sônia Márcia Soares de Moura – CRB 6/1896
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de
responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.

O conteúdo deste livro está licenciado sob a Licença de Atribuição Creative


Commons 4.0.
Com ela é permitido compartilhar o livro, devendo ser dado o devido crédito, não
podendo ser utilizado para fins comerciais e nem ser alterada.

www.poisson.com.br
[email protected]

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Organizadores
Maria das Graças Costa Alecrim
Médica pela Fundação Universidade do Amazonas, Mestre
e Doutora em Medicina Tropical pela Universidade de
Brasília, Coordenadora do Curso de Medicina do Centro
Universitário FAMETRO. Pesquisadora Titular da Fundação
de Medicina Tropical (FMT-HVD). Coordenou o Simpósio
Satélite sobre Malária OPS/OMS e Reunião de Peritos, e foi
Consultora da OMS/Genebra. É Líder do Núcleo de
Investigação em Malária do Estado do Amazonas - FMT-
HVD (CNPq). Foi Consultora do Ministério da Saúde para
Terapêutica da Malária. Atualmente é Membro do Comitê
Técnico para Tratamento de Malária/OMS e Membro da Câmara de Assessoramento
Científico na Área da Saúde da FAPEAM.

Karoline Costa de Souza


Enfermeira pela Universidade Federal do Amazonas
(UFAM). Especialista em Saúde Pública pela Faculdade
Venda Nova do Imigrante. Mestrado em andamento pelo
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF-
UEPA/UFAM). Foi Bolsista da Escola de Saúde Pública
(ESAP/SEMSA), atuando como Enfermeira de Equipe de
Atenção Primária (EAP). Atuou como Preceptora de
Interação em Saúde na Comunidade para o Curso de
Medicina e foi Professora no Nível Técnico em
Enfermagem. Atualmente é docente do Curso de Medicina no Centro Universitário
FAMETRO.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Organizadores

Paulo Daw Wen Su


Médico pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Possui Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia
pelo Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV/UFAM).
Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e
Traumatologia (SBOT), Especialização e Residência Médica
em Ortopedia Pediátrica pelo Hospital Infantil Pequeno
Príncipe de Curitiba - Paraná. Tem experiência na área de
Medicina, com ênfase em Ortopedia e Traumatologia,
atuando principalmente nos seguintes temas: Ortopedia e
Traumatologia Geral, Cirurgia Minimamente Invasiva, Artroscopia, Ultrassom Músculo
Esquelético, Menisco Discóide, Paralisia Cerebral, Pé Torto Congênito com Técnica de
Ponseti, Análise Postural e Marcha, Análise de Baropodometria e Estabilometria, Correção
Cirúrgica de Deformidades, Escoliose, Osteogênese Imperfeita e Picnodisostose.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Prefácio
Os Estudantes do terceiro período de Medicina do CEUNI FAMETRO possuem um
contato inicial com a Ortopedia Pediátrica através de Sessão Clínica de Nascimento,
Crescimento e Desenvolvimento. Nesse módulo são abordados aspectos como
embriologia, fisiologia, remodelação óssea, idade óssea e desenvolvimento motor.
Neste e-book, os estudantes foram divididos em grupos para construção de
Revisão Integrativa de Literatura relacionada à temática de Ortopedia Pediátrica, para sua
inserção no mundo da pesquisa e iniciação científica. A partir desses trabalhos, a
Coordenadora do Curso de Medicina, Dra. Graça Alecrim, idealizou o projeto de produção
do livro a partir do material elaborado pelos estudantes, sob orientação de docentes do
Curso. Nesse contexto, aponto o apoio excepcional da Coordenação de Pesquisa e
Extensão da FAMETRO, a qual agradeço na pessoa da Professora Suelania Figueiredo.
Vale ressaltar o comprometimento do Dr. Paulo Su, médico ortopedista, que
conduziu a Sessão Clínica com dedicação e empenho. Quanto à gestão superior da
Instituição, destaco a Reitora Dra. Maria do Carmo Seffair, com seu apoio e incentivo ao
desenvolvimento do Curso de Medicina. Esse e-book demonstra a importância que a
referida Instituição de Ensino entrega à produção científica. Por fim, estimo felicitações
aos alunos envolvidos na construção do livro por suas produções e peço um destaque para
Samia Walid Saleh, que nos presenteou com a ilustração escolhida como capa para esse
livro.
A partir dessa iniciativa, houve o incentivo à construção de trabalhos para
apresentação em eventos científicos e até mesmo crescimento da participação discente
em Programas de Iniciação Científica, o que impulsionou a formação dos estudantes do
Curso. Um compromisso firmado pela Coordenadora do Curso, Dra. Graça Alecrim, é
formar médicos capazes de realizar suas condutas a partir de práticas baseadas em
evidências científicas. Logo, o contato com a pesquisa se torna fundamental. Desejo que a
leitura dos capítulos aqui dispostos seja engrandecedora para a comunidade.

Karoline Costa de Souza

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

SUMÁRIO
Capítulo 1: Fatores associados à fratura de clavícula na distócia de ombro: Uma revisão
integrativa ................................................................................................................................................. 10
Anna Ellen Marques de Lima, Ana Paula Sampaio Feitosa, Luanna Paula Garcez de Carvalho Feitoza,
Fernanda Tokuhashi Toledo, Samia Walid Ali Saleh, Sandokan Cavalcante Costa, Karoline Costa de Souza,
Nilton Orlando Junior, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Paulo Daw Wen Su, Thiago Guimarães
Mattos de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.01

Capítulo 2: A contribuição do exercício físico e do esporte no desenvolvimento ósseo da


criança: uma revisão integrativa da literatura ............................................................................ 18
Alanne Soares de Oliveira, Cinthia Meirelles Moreira Alves, Dávila Chaves Oliveira, Kethllen Soares
Filgueiras Araújo, Matheus Lago Osmari, Paulo Daw Wen Su, Karoline Costa de Souza, Nilton Orlando
Júnior, Sandokan Cavalcante Costa, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.02

Capítulo 3: Análise integrativa sobre trauma ortopédico pediátrico de membros


superiores.................................................................................................................................................. 26
Dayanne Corrêa dos Santos, Géssica Cruz de Souza Corrêa, Gustavo Wei-Tah Lealchang, Nataly Serrati,
Salete Gabriele Gracia Guzman, Sandokan Cavalcante Costa, Karoline Costa de Souza, Nilton Orlando
Junior, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Paulo Daw Wen Su, Thiago Guimarães Mattos de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.03

Capítulo 4: Complicações da doença de Osgood-Schlatter em crianças e adolescentes


que praticam exercícios físicos: Dor crônica de joelhos e outros ........................................ 37
Ana Beatriz dos Santos Rodrigues, Ana Beatriz Queiroz Negro Vaz, Beatriz Vasconcelos Ribeiro, Gabriela
Benzecry, Karolaynne de Souza Jacinto, Sandokan Cavalcante Costa, Karoline Costa de Souza, Nilton
Orlando Junior, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Paulo Daw Wen Su, Thiago Guimarães Mattos de
Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.04

Capítulo 5: Fraturas em antebraços de crianças: Uma revisão integrativa da literatura


....................................................................................................................................................................... 43
Antonia Hannah Santana dos Santos, Francisco Leonardo de Araújo Sampaio, Nycole Ribeiro Santana,
Paula Renata Carvalho Barros, Ramon Medeiros Lacerda, Karoline Costa de Souza, Paulo Daw Wen Su,
Aline Cristiane Côrte de Alencar, Nilton Orlando Junior, Eduardo Lima de Abreu, Sandokan Cavalcante
Costa, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.05

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SUMÁRIO
Capítulo 6: Fraturas pediátricas em galho verde: Revisão de literatura ......................... 64
Ane Carolyne Moraes, Antonio Nadson A. Cunha Filho, Gabriel José Rodrigues de Freitas Neto, Julia Rosa
Revoredo, Maria Eduarda Frota, Paulo Daw Wen Su, Eduardo Lima de Abreu, Karoline Costa de Souza,
Aline Cristiane Côrte de Alencar, Nilton Orlando Júnior, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.06

Capítulo 7: Perfil de fraturas pela ocorrência de maus tratos em crianças ................... 76


Alexandra Aisha Ribeiro Salla, Carla Daniela Faba da Silva, Maria Angela Fraguas Coutinho, Sarah Juliana
Silva da Cunha, Vanessa Karoline Oliveira Lima, Aline Cristiane Côrte de Alencar, Eduardo Lima de Abreu,
Karoline Costa de Souza, Nilton Orlando Junior, Paulo Daw Wen Su, Thiago Guimarães Mattos de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.07

Capítulo 8: Susceptibilidade de lesões osteoarticulares em crianças com Síndrome de


Down – Revisão integrativa de literatura ..................................................................................... 82
Júlia Schneider Ribeiro, Thaís Diniz Pereira de Matos, Geyza Cristina de Souza Dias, João Pedro Serra
Gonçalves Marques, Samuel Costa Monteiro, Aline Cristiane Côrte de Alencar, Eduardo Lima de Abreu,
Karoline Costa de Souza, Nilton Orlando Junior, Paulo Daw Wen Su, Thiago Guimarães Mattos de Souza,
Tyane De Almeida Pinto Jardim.
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.08

Capítulo 9: Traumas ortopédicos pediátricos na fase escolar: Um estudo epidemiológico


....................................................................................................................................................................... 91
Isabelle Alves da Fonseca, Sarah Eduarda Mamed dos Santos, Vitória Daou Modesto, Vitória Mourão
Monteiro, Vinícius Pinheiro dos Santos, Paulo Daw Wen Su, Nilton Orlando Júnior, Sandokan Cavalcante
Costa, Aline Cristiane Côrte de Alencar, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Karoline Costa de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.09

Capítulo 10: Desenvolvimento motor em criança: Benefícios e prejuízos da atividade


física ............................................................................................................................................................. 100
Brenda Salla Martins, Deyvid Batalha Bastos, Joaber Jerônimo de Oliveira Junior, José Mozart Holanda
Pinheiro Neto, João Victor Santos Maquiné, Sandokan Cavalcante Costa, Karoline Costa de Souza, Nilton
Orlando Junior, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Paulo Daw Wen Su
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.10

Capítulo 11: Traumas pediátricos: Fraturas supracondilianas do úmero na criança 107


Evelyn Bezerra Santos, Maria Clara Alencar Vieira, Ana Caroline Silva Tiradentes, George Lucas Brandão
Justiniano, Prince Kauã Barros da Graça, Sandokan Cavalcante Costa, Karoline Costa de Souza, Maria das
Graças Costa Alecrim, Nilton Orlando Junior, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Paulo Daw Wen Su,
Thiago Guimarães Mattos de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.11

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

SUMÁRIO
Capítulo 12: Traumas ortopédicos pediátricos relacionados acidentes de trânsito: Uma
revisão integrativa da literatura ....................................................................................................... 115
Ana Luiza Nazareth Alagia, Júlia Carvalho da Silva, Maria Letícia Lisboa Gomes, Rafaela Guimarães
Almeida, Karoline Costa de Souza, Maria das Graças Costa Alecrim, Nilton Orlando Junior, Paulo Daw Wen
Su, Sandokan Cavalcante Costa, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.12

Capítulo 13: Fraturas na infância associada ao uso frequente de glicocorticóides .... 121
Eduardo Frazão da Silva, Isadora Torres de Sousa, Iury Bernard Coelho da Silva, João Victor Bezerra Silva,
Lívia Marques Neiva, Paulo Daw Wen Su, Nilton Orlando Júnior, Sandokan Cavalcante Costa, Vanine de
Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Thiago Guimarães Mattos de Souza, Tyane de Almeida Pinto Jardim
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.13

Capítulo 14: Fraturas em crianças com sobrepeso e obesidade na idade pré-escolar


....................................................................................................................................................................... 129
Aline Lagos Melo, Giovanna Moreira Leal Fernandes, Giselle Paracat de Araújo, Luigi de Carvalho Müller,
Mariana Paludo, Sandokan Cavalcante Costa, Karoline Costa de Souza, Nilton Orlando Junior, Vanine de
Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Paulo Daw Wen Su, Thiago Guimarães Mattos de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.14

Capítulo 15: Fraturas do rádio e tipos de tratamento: Cirúrgico e não cirúrgico ....... 136
Marcelo Robert Fadul, Marcos Gabriel Sa Araújo Portela, Rayner Augusto Libório dos Santos Monteiro,
Sergio Murilo de Sousa, Yuri Moisés Taketomi Olímpio, Sandokan Cavalcante Costa, Karoline Costa de
Souza, Nilton Orlando Junior, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Paulo Daw Wen Su, Thiago
Guimarães Mattos de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.15

Capítulo 16: Fraturas por estresse do pé e tornozelo nas crianças .................................. 145
Francisco Muniz, Guildberg Araújo Uchôa, Maria Carolina Pordeus e Silva Cardoso, Patrick Celani Pinheiro,
Tanna de Verçosa, Paulo Daw Wen Su, Eduardo Lima de Abreu, Nilton Orlando Júnior, Aline Cristiane
Côrte de Alencar
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.16

Capítulo 17: Efeitos da atividade física na infância sobre o desenvolvimento ósseo 151
Lucas Wanderley Moreira Marques, Letícia Braga Zortéa, Thiago Taketomi Rodrigues, Luana Magalhães
Siqueira, Pedro Silva Monteiro, Paulo Daw Wen Su, Karoline Costa de Souza, Nilton Orlando Júnior,
Sandokan Cavalcante Costa, Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso, Thiago Guimarães Mattos de Souza
DOI: 10.36229/978-65-5866-297-6.CAP.17

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 1
Fatores associados à fratura de clavícula na distócia de
ombro: Uma revisão integrativa
Anna Ellen Marques de Lima
Ana Paula Sampaio Feitosa
Luanna Paula Garcez de Carvalho Feitoza
Fernanda Tokuhashi Toledo
Samia Walid Ali Saleh
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza

Resumo: OBJETIVO – Avaliar na literatura as associações de fratura de clavícula com distócia de ombro em relação à
conduta médica durante o parto e à situação gestacional da parturiente. METODOLOGIA - Trata-se de um estudo
analítico qualitativo de revisão de literatura integrativa no período de 2006 a 2022. A população avaliada são os
neonatos que sofreram a emergência obstétrica de fratura de clavícula na Distócia de Ombro, sendo investigada a
associação do trauma clavicular com a instrumentalização e indução do parto, diabetes gestacional, macrossomia fetal
e sobrepeso materno. RESULTADOS – Avaliou-se que a situação gestacional e a conduta médica durante o período do
pré-natal e do parto possam ter influência no diagnóstico da fratura de clavícula devido a DO. Obesidade, diabetes
mellitus gestacional e macrossomia fetal foram notados como fatores de risco que estão ligados à DO, podendo-se levar
à fratura de clavícula durante o trabalho de parto. O parto vaginal, a epidural, a indução e o pós-termo do parto são
outros fatores que podem levar à fratura de clavícula como consequência da distócia de ombro. DISCUSSÃO - As
principais causas associadas para a ocorrência de DO envolve eixos que podem ser encontrados no pré-natal (outros
filhos com DO ou lesão de plexo braquial, diabetes materna e obesidade materna), eixos gerados durante a gestação
(macrossomia fetal, diabetes gestacional, ganho de peso excessivo durante a gestação) e aqueles que podem ou não ser
identificados na hora do trabalho de parto (dilatação de fase ativa prolongada, parada de dilatação, fase de
desaceleração prolongada, segunda fase longa, entrega instrumental). CONCLUSÃO - O presente estudo contribui para
um mapeamento de resultados obtidos em pesquisas publicadas de maneira ordenada e abrangente, que pode levar a
um preparo médico diante de um cenário que favoreça a fratura, devendo-se atentar para a realização de um pré-natal
eficaz e completo.

Descritores: Apresentação pélvica; complicações do trabalho de parto; fraturas de ombro.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
A Distócia de Ombro (DO) é definida como um parto vaginal de apresentação
cefálica(sinal da tartaruga), em que a tração suave para baixo na cabeça fetal não libera o
corpo, resultando na necessidade de manobras obstétricas adicionais para completar o
parto (BULLOUGH et al, 2016). Esta situação acontece devido à impactação do ombro fetal
anterior atrás da sínfise púbica materna, após exteriorização do polo cefálico, sendo a
imputação simultânea do ombro fetal posterior no promontório sacral, o que se configura
como um fator de agravamento para a distócia. Assim, caracterizada como uma
emergência obstétrica que repercute em complicações maternas e neonatais de alta
imprevisibilidade, e com o crescente número de repercussões de foro médico-legal, a DO
pode acarretar em diversas intercorrências como, por exemplo, fratura de clavícula
neonatal, representando 25% dos casos de distócia (WALL et al, 2014), podendo ser de
forma intencional - com o fito de reduzir o diâmetro biacromial e liberar o ombro
impactado - ou como uma intercorrência não intencional. Ademais, apesar dos casos de
fratura clavicular possuírem um excelente prognóstico, alguns decursam em lesões do
plexo braquial e dos vasos circundantes.
Outrossim, a patomecânica da fratura de clavícula na DO tem sido associada a
vários fatores predisponentes com valores preditivos, como a idade avançada materna, a
qual aumenta em 1,5 vezes a chance de trauma clavicular (YENIGÜLL et al, 2020),
sobrepeso materno, multiparidade, parto após 39 semanas, indução do trabalho de parto
e peso neonatal, sendo este último, o fator de risco mais comum, uma vez que
aproximadamente 20% a 50% dos recém-nascidos traumatizados têm peso acima de
4.000g ao nascer. Para mais, uma metanálise apontou, também, a diabetes Mellitus
gestacional como um fator de risco para a Distócia de Ombro (BILLIONNET et al, 2017).
Lurie et al. (2011), em seus estudos, sugerem o parto cesáreo, a fim de evitar a
incidência destas complicações. Contudo, Alexander et al. (2006) encontraram que
fraturas claviculares ocorreram em 0,03% de todas as cesarianas.
Desta forma, devido ao amplo espectro de variáveis, avaliou-se qualitativamente o
perfil de casos de Distócia de Ombro com fraturas da clavícula em recém-nascidos
nascidosna literatura no período de 2006 a 2022.

2. OBJETIVO
Avaliar na literatura as associações de fratura de clavícula com Distócia de Ombro
em relação à conduta médica durante o parto e à situação gestacional da parturiente.

3. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo analítico qualitativo de revisão de literatura integrativa,
baseadona busca ativa em bancos de dados virtuais, como PubMed e Springer no período
de 2006 a 2022. Além disso, foram lidos 28 artigos, dos quais 15 foram selecionados, nas
línguas portuguesa e inglesa. A população avaliada são os neonatos que sofreram a
emergênciaobstétrica de fratura de clavícula na DO, sendo assim, investigada a associação
do trauma clavicular nessas condições com a instrumentalização e indução do parto,
diabetesgestacional, macrossomia fetal e sobrepeso materno. Destarte, foram excluídos,
para efeito de análise, resumos de anais, teses de doutorados, dissertações de mestrados,
trabalhos de conclusão de curso e demais literaturas cinzentas.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

4. RESULTADOS
Com base nos achados, foram utilizados 1 artigo da Springer e 14 artigos do
PubMed (Tabela 1).
Avaliou-se nas literaturas que a situação gestacional e a conduta médica durante o
período do pré-natal e do parto, possam ter influência no diagnóstico da fratura de
clavícula devido a DO. Aspectos maternos como: obesidade, diabetes mellitus gestacional
e peso fetal apartir de 4kg foram notados como fatores de risco que estão ligados à DO,
podendo-se levar à fratura de clavícula durante o trabalho de parto, o qual também deve
ser investigado, pois o parto vaginal, a epidural, a indução, primordialmente com
ocitocina, e o pós termo do parto são outros fatores que podem levar a fratura de clavícula
como consequência da distócia de ombro. Nesse mesmo diapasão, um estudo em hospitais
estadunidenses da Pensilvânia e da Filadélfia explicitou que cerca de 1,32% desses casos
de traumas claviculares acarretaram, conjuntamente, em paralisia do plexo braquial
(GHANDI, R. A; DEFRANCESCO C. J; SHAH A.S, 2018).

Tabela 1. Artigos científicos utilizados no presente estudo


Título do artigo Autores Ano Considerações
Foram avaliadas 418 lesões fetais em um
total de 37,110 partos cesáreos, 11 dessas
Fetal Injury Associated lesões eram fraturas de clavícula sem
With Cesarean ALEXANDRE et al. 2006 associação com distócia de ombro. O
Delivery. parto cesáreo foi recomendado para
evitar a fratura de
clavícula por distócia de ombro.
Complicações na gravidez devido a
macrossomia foram relatadas nesse
Maternal and neonatal
estudo. Observou-se que o risco de
complications of fetal
complicações durante a gravidez
macrosomia: BETA, J et al. 2019
aumentava quando o peso de nascimento
systematic review and
era maior que 4000g, uma dessas
meta- analysis.
complicações se trata da distócia de
ombro.
Gestational diabetes
A diabetes mellitus gestacional mostrou
and adverse perinatal
BILLIONNET, C. et risco para um parto adverso, mostrou ter
outcomes from 716,152 2017
al. influência significativa na fratura de
births in France in
clavícula.
2012.
Relata dificuldades que ocorrem durante
o trabalho de parto e que, no caso de
Obstetric team
BULLOUGH, A. S. neonatos que apresentam distócia de
simulation program 2016
et al. ombro, manobras obstétricas adicionais
challenges.
são necessárias para garantir a
integridade da mãe e do recém- nascido.
Fonte: Acervo pessoal (2022)

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Tabela 1. Artigos científicos utilizados no presente estudo (continuação)


Título do artigo Autores Ano Considerações
Distócia de ombro é o maior fator de risco
da paralisia do plexo braquial. O estudo
fez uma associação entre distócia de
ombro, fratura de clavícula e paralisia do
plexo braquial, e concluiu que a cada
The Association of 1000 nascimentos, 1.2 apresentavam
GANDHI;
Clavicle Fracture With paralisia do plexo braquial devido
DEFRANCESCO; 2019
Brachial Plexus Birth distócia de ombro, sendo que 7,8 desses
SHAH.
Palsy. tinham associação com fratura de
clavícula. O estudo constatou que, na
população com distócia de ombro, foi
analisada que a fratura de clavícula não
estava, significativamente, associada a
paralisia do plexo braquial.
São relatados os fatores de risco
Shoulder dystocia: relacionados à distócia de ombro e formas
prediction and HILL, M. G; W. R. 2016 de preveni-la. Os fatores de risco
management. apontados são: macrossomia, diabetes
gestacional e excesso de ganho de peso.
O estudo mostra que a macrossomia fetal
Gestational Diabetes
pode ser resultante da diabetes mellitus
Mellitus and KAMANA, K. C. et
2015 gestacional, favorecendo condições, como
Macrosomia: A al.
distócia de ombro, fratura de clavícula e
Literature Review.
lesão do plexo braquial.
Foram avaliados 62.288 partos vaginais
Risk factors for clavicle
dos quais 339 apresentaram distócia de
fracture concurrent KARAHANOGLU,
2016 ombro, 35 deles foram associados à
with brachial plexus E. et al.
paralisia do plexo braquial, com 9
injury.
apresentando fratura de clavícula.
Explicitou-se lesões no plexo braquial
Risk Factors for associadas ao sobrepeso materno. Cerca
Brachial Plexus Birth LOUDEN,E. et al 2018 de 71% dos casos estudados
Injury apresentaram esse tipo de injúria em
comparação a 52% dos casos controles.
O estudo apresenta fatores de risco
associados à fratura de clavícula em
neonatos, o qual constatou que o uso de
Risk factors for
ocitocina, o parto vaginal, o peso materno,
fractured clavicle in the LURIE, S. et al. 2011
a altura materna, a idade materna e a
newborn.
distócia de ombro em partos anteriores
são risco potenciais para a fratura de
clavícula.
O estudo mostra que a diabetes mellitus
Diabetes during
gestacional não tratada está diretamente
Pregnancy: A Maternal
ligada à macrossomia fetal, a qual tem
Disease Complicating
associação com distocia de ombro.
the Course of
ORNOY, A. et al. 2021 112.034 mulheres foram avaliadas com
Pregnancy with Long-
ultrassom de terceiro trimestre no intuito
Term Deleterious
de verificar a macrossomia fetal, porém
Effects on the Offspring.
não foi observado um efeito significativo
A Clinical Review.
para a prevenção da distócia de ombro.
Fonte: Acervo pessoal (2022)

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Tabela 1. Artigos científicos utilizados no presente estudo (continuação)


Título do artigo Autores Ano Considerações
O excesso de peso fetal mostra ter uma
Fetal macrosomy
importante influência nos traumas
resulting from diabetes
durante o parto. O estudo mostra a
in pregnancy and its PIRES, H. A. F. et al. 2022
influência da diabetes gestacional no
repercussions after
ganho de peso do feto, e que esse fator
birth: etiopatogenic
pode gerar complicações
aspects, diagnostic
maternas e fetais durante o parto,
methods and
incluindo a distócia de ombro.
preventive measures.
O estudo fala sobre fatores de risco para a
paralisia do plexo braquial, além de
Risk factors for relatar a distócia de ombro com fratura de
neonatal brachial clavícula associado ao uso de
VAN DER LOOVEN,
plexus palsy: a 2019 instrumentos durante o parto como o
R. et al.
systematic review and fórceps e o extrator a vácuo, porém mais
meta-analysis. estudos a respeito do assunto devem ser
feitos para que essa associação seja
comprovada.
O estudo aponta que, em 1000
Incidence and nascimentos, 2 a 3 neonatos
prognosis of neonatal apresentaram fratura de clavícula, sendo
brachial plexus palsy WALL, L. B. et al. 2014 a fratura mais comum entre recém-
with and without nascido de parto vaginal, podendo estar
clavicle fractures. associada a distócia de ombro e paralisia
do plexo braquial.
Foram feitas triagens entre o período de
A retrospective analysis
2017 a 2018 para analisar fatores de risco
of risk factors for
para fratura de clavícula em neonatos
clavicle fractures in
com distócia de ombro e lesão no plexo
newborns with
YENIGUL, A. E. et al. 2020 braquial. Foi constatado que a indução do
shoulder dystocia and
trabalho de parto, ganho de peso materno
brachial plexus injury:
e fetal, multiparidade e idade materna
AA single- center
avançada contribuem para fratura de
experience.
clavícula e paralisia do plexo braquial.
Fonte: Acervo pessoal (2022)

5. DISCUSSÃO
Em função das diferentes definições utilizadas nas literaturas e sua pequena
documentação em prontuários, o grau de prevalência da DO é incerto. No mais, por ser,
em sua maioria, imprevisível, devido ao não esclarecimento absoluto de fatores
associados à sua causa, tem-se escassez de diagnósticos antecipados, sendo, somente, na
hora do parto, verificado o fator de risco e a sua possível ocorrência, o que dificulta o
manejo correto dessa eventualidade, a qual pode acarretar várias consequências tanto
para a mãe quanto para o recém-nascido sendo uma delas a fratura de ossos longos no
neonato (HILL, M; COHEN, W, 2016). Neste trabalho daremos ênfase aos principais fatores
identificados nas literaturas lidas que acarretam na distocia de ombro com fratura de
clavícula em neonatos.
De acordo com Hill & Cohen (2016), as principais causas associadas para a
ocorrênciade DO envolve eixos que podem ser encontrados no pré-natal (outros filhos
com DO ou lesão de plexo braquial, diabetes materna e obesidade materna), eixos gerados
durante a gestação (macrossomia fetal, diabetes gestacional, ganho de peso excessivo

14
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

durante a gestação) e aqueles que podem ou não ser identificados na hora do trabalho de
parto (dilatação de fase ativa prolongada, parada de dilatação, fase de desaceleração
prolongada, segunda fase longa, entrega instrumental). Entretanto, enfatizou-se,
somente, na macrossomia fetal, diabetes gestacional, sobrepeso materno,
instrumentalização e indução do parto por serem os principais fatores relatados na
literatura atualmente.
A macrossomia fetal corresponde ao peso ao nascer maior que 4.000g (não
encontro órgão) e é decorrente de uma falha fisiológica onde o aumento da glicose
materna, devido a diminuição da sensibilidade à insulina, atravessa a barreira placentária
chegando ao feto, o qual armazena esse aumento de glicose em sua circulação como
gordura corporal resultando na macrossomia (ORNOY et al., 2021). O GIG (Grande para
Idade Gestacional) possui aumento do diâmetro biacromial que impacta diretamente no
púbis materno causando comumente a DO com fratura na clavícula. A inexistência de
protocolos que preveem com clareza a macrossomia é o principal fator relacionado ao
impasse (BETA et al., 2019).
A Diabetes Mellitus Gestacional é a intolerância à glicose reconhecida pela primeira
vez na gravidez. Segundo Ornoy et al. (2021), a fisiopatologia da diabetes durante a
gestação, com hiperglicemia crônica - em consequência à resistência insulínica e outros
fatores - está ligada diretamente a quadros de macrossomia fetal em função do aumento
de aporte nutricional ao feto que ocasiona comumente traumas em recém nascidos. Fetos
oriundos de gestações de mães diabéticas têm um acúmulo de gordura predominante nas
áreas do abdome e interescapular (KAMANA et al., 2015), por isso a predisposição a
traumas como a fratura em clavícula é investigada. A Diabetes Mellitus Gestacional pode
ou não estar correlacionada ao sobrepeso materno (>13kg), sendo observado uma maior
incidência de acometimentos de fratura clavicular de neonatos em partos de parturientes
com ganho ponderal excessivo. A paralisia do plexo braquial esteve presente em 31 casos
de 44 (71%) lesões obstétricas em parturientes com sobrepeso acometidas de DO
(LOUDEN et al, 2018).
Assim sendo, percebeu-se, em um estudo de coorte realizado por Kim Tana, Rachel
I Vogel e Kamalini Das (2018), que as manobras, como as de McRoberts, parafuso de
Woods eRubin, possuem pouca ou nenhuma interferência nos resultados do rompimento
da clavícula. Observou-se, igualmente, a associação do uso de ocitocina - para aumento
do trabalho departo - e a paralisia do plexo braquial, que compôs 25% dos traumas
claviculares, conforme Karahanoglu et al (2015).
Pouco se discute na literatura acerca da instrumentalização do parto com
consequência em trauma clavicular de neonatos, resultando em incógnitas sobre a
temática. Porém, as descrições de via de parto nos prontuários levam à associação de uma
maior incidência em casos de partos com uso de fórceps e extrator a vácuo, todavia por
não ser relatado a sequência de uso dos instrumentos, há dificuldades de um melhor
esclarecimento sobre a problemática (VAN DER LOOVEN et al., 2019). Outrossim, nosso
estudo limita-se a analisarpesquisas já realizadas, sem a possibilidade de acréscimo de
novas informações ou novas descobertas, tendo, ademais, ausência de fatores que
indiquem causas e efeitos diretos, mas, tão somente, investigações de possibilidades
associativas.

15
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

6. CONCLUSÃO
Evidencia-se, portanto, a importância da revisão integrativa sobre a fratura de
clavícula devido a distócia de ombro. Visto que esse estudo, apesar de não acrescentar
dados científicos e apresentar novas referências, contribui para um mapeamento de
resultados obtidos em pesquisas publicadas, de maneira ordenada e abrangente, que pode
levar a um preparo médico diante de um cenário que favoreça a fratura.
Ademais, deve-se atentar para a realização de um pré-natal eficaz, pois o grau de
prevalência da DO é incerto devido à escassez de diagnósticos antecipados e identificação
de fatores de risco e possível ocorrência. Sob esse viés, verificou-se que o histórico de
outros filhos com DO, diabetes gestacional, macrossomia fetal e ganho de peso materno
demasiado durante a gestação são fatores que indicam a possibilidade de ocorrência da
fratura de clavícula devido a distócia de ombro.
Sob essa perspectiva, faz-se necessário estudos mais aprofundados sobre o
assunto, com pesquisas de campo, análise de dados recentes e literaturas teóricas, a fim
de se identificar a prevalência nas maternidades. Além de haver a necessidade de maior
preparo dosprofissionais e instrumentalização cirúrgica adequada diante de um cenário
que favoreça a DO.

REFERÊNCIAS
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16
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

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[11] LOUDEN, Emily; MARCOTTE, Michael; MEHLMAN, Charles; LIPPERT, William; HUANG, Bin;
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Molecular Sciences, [S. l.], v. 22, n. 06, p. 2965, 15 mar. 2021. DOI 10.3390/ijms22062965. Disponível em:
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<https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33423993/>. Acesso em: 13 set. 2022.

17
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 2
A contribuição do exercício físico e do esporte no
desenvolvimento ósseo da criança: uma revisão
integrativa da literatura
Alanne Soares de Oliveira
Cinthia Meirelles Moreira Alves
Dávila Chaves Oliveira
Kethllen Soares Filgueiras Araújo
Matheus Lago Osmari
Paulo Daw Wen Su
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Júnior
Sandokan Cavalcante Costa
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso

Resumo: A infância é caracterizada como um período de alterações no crescimento e


desenvolvimento ósseo. Nessa fase, é de suma importância a introdução de atividades
físicas e esportes como contribuição desses processos de crescimento e desenvolvimento.
Desse modo, surgiu esta seguinte revisão integrativa da literatura para determinar quais
são esses fatores, quais práticas físicas e de que forma devem ser realizadas para ser
contribuinte ou não para o desenvolvimento ósseo na criança. Por conseguinte, concluiu-
se que, com supervisão, a prática de atividade física traz benefícios na geometria óssea e
melhora na maturação óssea do indivíduo, como os realizados em atividades de
treinamento resistido e de força. Nesse contexto, observou-se que a atividade física não
traz prejuízo ao indivíduo, na verdade oferece benefícios relacionados à maturidade e
crescimento ósseo.

Palavras-Chave: Exercício físico. Esporte. Criança. Desenvolvimento ósseo.

18
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
A infância é uma fase marcada pelo intenso crescimento físico e desenvolvimento
geral da criança, na qual inúmeras mudanças ocorrem no tecido osteocartilaginoso. Essas
modificações surgem nesse período principalmente devido ao crescimento linear
expressivo do tecido ósseo. (KRAHENBÜHL et al, 2018)
Segundo Junqueira e Carneiro (2018), o tecido ósseo é um conjunto de diversas
células que desempenham funções muito dinâmicas dentro do corpo humano desde sua
concepção até sua morte, essas células constituem duas principais séries: osteoblásticas
e osteoclásticas, responsáveis pela constante formação, reabsorção, reparação e
manutenção da microarquitetura óssea.
Dessa forma, o bom desenvolvimento ósseo da criança pode ser definido pela
conjuntura das completas funções deste tecido sem apresentar distúrbios e de forma a
maturar todo o arcabouço ósseo até sua fase adulta de modo a contribuir positivamente
para as funções do esqueleto humano de sustentação, proteção, reservatório mineral,
entre outros (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2018).
Além disso, o processo de crescimento ósseo longitudinal é governado por uma
rede de sinais endócrinos, incluindo o hormônio de crescimento (GH), glicocorticoides,
hormônio da tireoide, estrogênio, andrógenos, vitamina D e leptina, sendo que a atuação
destes hormônios se mostra de forma local no crescimento da placa epifisária,
evidenciando que a interação entre a circulação sistêmica dos hormônios e a produção
peptídica dos fatores de crescimento oportunizam alterações nos condrócitos da placa de
crescimento (MIRTZ; CHANDLER; EYERS, 2011).
No que diz respeito aos fatores exógenos, Alves e Lima (2008) destacam a
importância da atividade física, uma vez que a contração muscular irá promover um
aumento da atividade osteoblástica na região óssea próxima aos locais onde os músculos
se inserem, levando ao aumento da mineralização óssea. Sendo assim, a Sociedade
Brasileira de Pediatria (2020) recomenda que todas as crianças em idade escolar
participem de pelo menos 60 minutos diários de atividade física apropriada ao seu
desenvolvimento.
As principais questões levantadas em relação à prática de esportes e exercícios
físicos realizados por crianças seria o possível impacto no crescimento das mesmas,
alegando que algumas atividades possam retardar ou acelerar seu crescimento. Portanto,
o presente trabalho tem por objetivo, por meio da revisão integrativa de literatura,
pesquisar o impacto da prática do exercício físico e dos esportes no desenvolvimento
ósseo de crianças, exemplificando as atividades executadas e os resultados obtidos.

2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL:
Apresentar a relação dos efeitos dos exercícios físicos e do esporte no
desenvolvimento ósseo da criança.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:


1. Identificar fatores que influenciam o desenvolvimento ósseos das crianças que
praticam atividades físicas;

19
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

2. Descrever os benefícios da execução de atividades físicas para o crescimento e


desenvolvimento infantil;
3. Apresentar a frequências e meios ideiais de realização de atividade física e
esportiva no período da infância.

3. METODOLOGIA
3.1. TIPO DE PESQUISA:
Trata-se de um estudo de Revisão Integrativa da Literatura (RIL) que permite um
aprofundamento da realidade ficando a mesma restrita apenas ao referencial teórico,
visando mostras as características e problemática através de literaturas já publicadas. A
questão norteadora do estudo é: qual a importância da prática de exercícios físicos e do
esporte no desenvolvimento ósseo da criança?

3.2. INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS


Foi realizada a busca de dados com documentos oficiais sobre o assunto, em sites
especializados com principais bases de dados em ciências da saúde tais como, Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS), Leitura Latino Americano e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), Leitura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE) e Scientific Eletronic
Library Online(SCIELO).
A coleta de dados foi realizada de forma contínua durante os meses de agosto a
setembro de 2022. Procedendo-se com sucessivas leituras sobre o material encontrado e
selecionado para que assim pudessem ser descritas todas as abordagens acerca da
importância do exercicio físico e do esporte no desenvolvimento e crescimento ósseo das
crianças. Os artigos utilizados na pesquisa foram no idioma português e inglês, publicados
nos últimos 20 anos. Os critérios de exclusão foram: artigos que não abordavam os nossos
objetivos, incompletos e pagos.

3.3. ANÁLISE DOS DADOS:


A pesquisa trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura realizada nas
seguintes etapas: levantamento bibliográfico, leitura do material selecionado, leitura
analítica e por fim, leitura interpretativa.
Procedeu-se uma leitura exploratória tendo em vista a identificação da abordagem
do tema proposto e de acordo com os objetivos do estudo foram identificados 20 artigos
que após filtragem, foram reduzidos a uma amostra final de nove artigos, que estão
apresentados no quadro 1, permitindo uma melhor visualização e sumarização e em
seguida interpretados conforme os objetivos propostos.

4. RESULTADOS
A amostra é composta por nove artigos. Seguiu-se então para análise dos dados dos
principais resultados de cada artigo. Organizaram-se os artigos, considerando as
características comuns entre os mesmo e contendo: título, autor, ano/país/base de dados,
delineamento principais resultados e conclusão, conforme quadro sinóptico a seguir.

20
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Quadro 1: Síntese dos artigos para esta revisão integrativa, Manaus 2022.
Ano/País/ Delineamento do
Nº Título Autores Base de dados/ estudo/ Resultados Conclusões
Amostra Instrumentos
Treinamento
de força para Não foi observada
crianças: Metanálise/ Análise do diferença no
uma efeito do treinamento de crescimento linear das
O treinamento de
metanálise força sobre o crianças de 7 a 12 anos
força não influencia
sobre FROIS et 2014/Brasil/LI crescimento submetidas ou não ao
1 negativamente o
alterações do al. LACS longitudinal em crianças treinamento de força.
crescimento linear
crescimento de sete a 12 anos. Foram Porém, mostrou-se uma
das crianças.
longitudinal, utilizados 16 estudos intervenção favorável
força e com 1.008 participantes. para ganhos de força e
composição hipertrofia muscular.
corporal.
Physical
activity
during life O exercício físico na O exercício físico é
course and infância favorece o importante para o
bone mass: a aumento do pico de crescimento da massa
Revisão Sistemática/
systematic BIELEMA 2013/EUA/PUB massa óssea, o que óssea, em especial nas
2 Análise de 19 estudos de
review of NN, et al MED contribui para reduzir o fases de maior
coorte.
methods and risco de osteoporose e crescimento do
findings from fraturas ao longo da indivíduo, como na
cohort vida. puberdade.
studies with
young adults.
Estudo randomizado/
Jumping 89 escolares (5,9 a 9,8 Não houve diferença
improves hip anos) foram divididos entre o crescimento dos
O programa de
and lumbar em grupo controle que dois grupos (peso,
exercício físico é
spine boné recebeu exercícios de estatura e adiposidade),
seguro e o estimulo
mass in FUCHS et 2002/EUA/PUB relaxamento, sem entretanto, a massa
3 pelo salto contribui
prepubescent al MED impacto e grupo óssea do grupo dos
para o aumento da
children: a intervenção com puladores aumentou
massa óssea em
randomized exercícios vigorosos mais do que a do grupo
escolares.
controlled (100 saltos de 61cm de controle, 4,5% e 3,1%,
trial. altura, durante 7 meses, respectivamente.
3 vezes na semana).
Nos 4 esportes
avaliados, diferenças
entre o desvio padrão
(Dp) da altura para a
altura de 2 a 4 anos
foram encontradas em
ambos os sexos. Com Os resultados
184 crianças (96 relação aos 4 esportes, sugerem que o
meninas, 88 meninos), nas meninas o IMC e o crescimento pré-
Is com idade de 9 a13 Dp foram diferentes puberal não é afetado
prepubertal anos, competindo na para os 4 esportes. Já negativamente pelo
growth DAMSGA 2000/EUA/PUB natação, tênis, handebol nos meninos não foram esporte em nível
4
adversely ARD et al MED e ginástica, foram encontradas nenhuma competitivo e que os
affected by investigados, avaliando diferença. Os esportes fatores
sport? sua altura, peso investigados constitucionais são
desenvolvimento separadamente não importantes para a
puberal e IMC. mostraram alteração na escolha do esporte em
altura, Dp e IMC Dp crianças
entre as idades de 2 a 4
e 9 a 13. Os tipos de
esportes e horas de
treinamento por
semana não tiveram
efeito na Dp de altura.

21
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Quadro 1: Síntese dos artigos para esta revisão integrativa, Manaus 2022.
Ano/País/ Delineamento do
Nº Título Autores Base de dados/ estudo/ Resultados Conclusões
Amostra Instrumentos
Estudos mostram que
embora a atividade
física e os esportes
sejam benéficos para o
aumento da densidade Atividade física com
mineral óssea na diferentes esportes
criança mas que o seu não tem efeito
excesso pode ter um específico no sentido
Impacto da
efeito oposto. Tudo de aumentar ou
atividade
depende de fatores diminuir a altura final.
física e
endógenos e exógenos. O que ocorre são as
esportes
Alves & 2008\Rev Paul O crescimento estatural seleções de acordo
5 sobre o Revisão de literatura.
Lima Pediatr é potencializado pela com a altura para
crescimento e
prática de atividade determinado esporte.
puberdade de
física moderada pois A prática de
crianças e
aumenta os níveis dos musculação em
adolescentes
hormônios do crianças pré-puberes
crescimento, porém só é recomendada sob
concluiu que as supervisão
diferentes estaturas em especializada.
determinado esporte é
devido à critérios de
seleção e não ao tipo de
esporte praticado.
A geometria óssea tem
GEOMETRIA melhor resultado com a
ÓSSEA E prática de ginástica,
ATIVIDADE futebol e atividade física
Atividades esportivas
FÍSICA EM intensa em relação à
KRAHEN com sobrecarga
CRIANÇAS E 2018/SãoPaulo Revisão Sistemática/ não prática de atividade
6 BÜHL et corporal possuem
ADOLESCEN /SCIELO Análise de 21 artigos. física. Além disso, foi
al efeito positivo na
TES: observado que a
geometria óssea.
REVISÃO natação e exercícios de
SISTEMÁTIC saltos não
A influenciaram na
geometria óssea.
O Treino Resistido pode Um programa de
trazer benefícios no Treino Resistido deve
desenvolvimento de ser apropriado a cada
Resistance força, capacidade indivíduo de acordo
Training for Paul R. 2020/American Revisão da Declaração locomotora, prevenção com a necessidade e
7 Children Stricker, Academy of da Academia Americana de lesões, habilidade do mesmo,
and et al Pediatrics de Pediatria fortalecimento articular, sempre com devida
Adolescents melhora metabólica, supervisão
entre outros, desde que profissional para
haja acompanhamento segurança e eficácia do
profissional. programa.
Embora o exercício de
sustentação de peso
Foram revisados 22
Weight- pareça aumentar o
estudos, sendo 9 de pré-
bearing acúmulo mineral
púberes (Tanner I), 8 de
exercise and ósseo em crianças,
puberdade precoce
bone mineral ainda não está claro o
Hind K, (Tanner II-III) e 5 de
accrual in Revisão de Estudos que constitui o
8 Burrows 2007/PUBMED púberes (Tanner IV-V).
children and Controlados programa de
M. Em relação aos
adolescentes: exercícios ideal.
parâmetros ósseos, a
A review of Muitos estudos
maioria dos estudos
controlled mostram alto risco de
mostraram efeitos
trials tendências, somente
positivos em 6 meses.
poucos possuem baixo
risco.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Quadro 1: Síntese dos artigos para esta revisão integrativa, Manaus 2022.
Ano/País/ Delineamento do
Nº Título Autores Base de dados/ estudo/ Resultados Conclusões
Amostra Instrumentos
Um total de 3739 Dentre os
indivíduos participaram participantes lesados,
do questionário, sendo cerca de x%
Risk factors 86% participantes de praticavam Treino
for acute and um dos sete esportes Resistido, ou seja, uma
overuse selecionados. maior incidência se
sport injuries Dentre eles, 51% eram comparado aos que
2015/Scandinav
in Swedish A. meninos e 49% não praticavam ou
ian Journal of
children 11 Boström, Estudo epidemiológico meninas, ambos entre praticavam “treino
9 Medicine &
to 15 years K. Thulin, transversal 11 e 15 anos. A partir com peso corporal”.
Science in
old: What et al disso, foram observadas Entretanto, fatores
Sports
about as estatísticas de lesões associados a causa das
resistance no decorrer de 1 ano, lesões não foram
training with levando em investigados, como as
weights? consideração: o(s) características de
esporte(s), o sexo, tipo intensidade, volume e
de lesão e fatores periodicidade do
associados. Treino Resistido.

5. DISCUSSÃO
A seleção do esporte mais indicado para cada criança ou adolescente varia
conforme fatores como idade, gênero, estágio de desenvolvimento puberal, estado
nutricional, presença de limitações físicas e/ou mentais, maturidade emocional, situação
socioeconômica da família, disponibilidade e facilidade de participação na atividade
escolhida. Meninos e meninas pré-púberes tem condições físicas comparáveis para a
prática de esportes sendo semelhantes em termos de altura, peso, porcentagem de
gordura corporal, habilidades motoras, força e resistência muscular e níveis séricos de
hemoglobina podendo, portanto, participar de atividades esportivas juntos até a idade de
dez anos.
Em adolescentes pós-púberes, os exercícios isométricos de resistência estão
associados aos benefícios para o conteúdo mineral ósseo, composição corporal e redução
do risco de lesões relacionadas ao esporte. Nesse contexto, a Academia Americana de
Pediatria admite a realização de treinamentos de força e resistência para crianças, desde
que programados de forma adequada em termos de frequência, tipo, intensidade e
duração onde cargas máximas só devem ser realizadas por adolescentes que tenham
atingido estagio puberal 5 de Tanner (SBC, 2005).
É importante ressaltar que diferenças relevantes foram encontradas entre os
grupos que não realizam atividades físicas de forma regular e grupos ativos, chegando a
conclusão de que houve benefícios na realização de atividade física e/ou esportes em
relação à geometria óssea, a qual tem sido utilizada para verificar a qualidade óssea de
crianças e adolescentes. No entanto, em um dos estudos não foi encontrado diferenças
nos valores das medidas ósseas em indivíduos que se mantiveram sedentários
comparados com um grupo de meninas que faziam natação após um período de
intervenção.
Além disso, correlacionando os dados encontrados nas práticas de atividades
físicas e os esportes como ginástica, futebol, capoeira, tênis e atividade física em geral
mostram valores melhores em relação à integridade estrutural do osso do que os

23
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

componentes do grupo não ativo. Diante disso, percebe-se que essas atividades, mais
frequentes e mais intensas, apresentam efeito benéfico nos parâmetros geométricos.
Visto que, diversas pesquisas declaram que a infância e a adolescência são os
períodos de maior importância dentro da mineralização óssea, ou seja, desenvolvimento
ósseo do ser humano – para ambos os sexos (Silva C. C., 2004), os esportes, Treinamento
Resistido (TR) e Treinamento de Força (TF) praticados de forma correta e ideal (não
excessiva) garantem a saudável maturação óssea do indivíduo por meio de
fortalecimento, prevenção de lesões e melhora do perfil metabólico. Além disso, o TR é
um forte aliado para aumentar o desempenho em outros esportes, desde que também
praticado por livre, espontânea vontade e sob supervisão de um profissional qualificado.
(Paul R. Stricker et al, 2020)
Não há relação de prejuízo no crescimento ósseo em crianças e adolescentes
praticantes de TR ou TF, desde que sejam realizados sob supervisão de um profissional,
principalmente no que tange ao respeito da biomecânica e da cinesiologia dos exercícios
e a prevenção da saúde das estruturas articulares e nervosas. (A. Boström; K. Thulin et al,
2015; Hind K; Burrows M, 2007).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa forma, com relação aos estudos revisados, percebe-se divergência quanto a
veracidade do fator atividade física com relação a melhora do desenvolvimento ósseo da
criança, visto que, alguns trabalhos mostram resultados positivos com relação a pratica e
outros mostram que não houve grande diferença em crianças sedentárias e ativas.
Porém, pode-se notar que, desde que com supervisão, a prática de atividade física
traz benefícios para a geometria óssea e melhora na maturação óssea do indivíduo, como
os realizados em atividades de treinamento resistido e de força. Portanto, por mais que
não tenha sido constatado efetiva melhora no desenvolvimento ósseo da criança, nota-se
que a atividade física não traz prejuízo ao indivíduo e sim benefícios relacionados à
maturidade e crescimento ósseo.
Além disso, na busca pelas literaturas foram observados diversas limitações
relacionados à falta de estudos recentes e que fossem abrangentes nos fatores
determinantes para o tema abordado. Desse modo, reitera-se aqui a importância de novas
pesquisas voltadas ao tema da contribuição da atividade física no desenvolvimento ósseo
nas áreas da saúde de forma multiprofissional para que sejam esclarecidos de forma mais
objetiva os fatores que corroboram tal desenvolvimento.

REFERÊNCIAS
[1] ALVES, C.; Lima, R. V. B. O impacto da atividade física e esportes sobre o crescimento e puberdade
de crianças e adolescentes. Revista Paulista de Pediatria. Vol. 26. Num. 4. p.383-291. 2008.
[2] BIELEMANN RM, MARTINEZ-MESA J, GIGANTE DP. Physical activity during life course and bone
mass: a systematic review of methods and findings from cohort studies with young adults. BMC
Musculoskelet Disord, 2013.
[3] FEFERBAUM, Rubens; SILVA, Luciana Rodrigues; SOLÉ, Dirceu. Manual de Suporte Nutricional da
Sociedade Brasileira de Pediatria. 2ed. - Rio de Janeiro: Departamento Científico de Suporte Nutricional da
Sociedade Brasileira de Pediatria, 2020.

24
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

[4] DAMSGAARD, R., J. BENKE, G. MATTHIESEN, JH PETERSEN e J. MUULER. Is prepubertal growth


adversely affected by sport? Med. Sci. Sport Exercise, Vol. 32, No. 10, pp. 1698-1703, 2000.
[5] FROIS, R R de S; PEREIRA, L A; CARDEAL, C M; ASANO, R Y; BARTHOLOMEU NETO, J; OLIVEIRA, J
F de O; FRANÇA, N M. Treinamento de força para crianças: uma metanálise sobre alterações do
crescimento longitudinal, força e composição corporal. Revista Brasileira Ciência em Movimento, 2014.
[6] FUCHS, Robyn K., BAUER, Jeremy J., SNOW, Chistine M. Jumping improves hip and lumbar spine
boné mass in prepubescent children: a randomized controlled trial.J Bone Miner Res, 2002.
[7] JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. Histologia Básica. 13ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2018.
[8] MIRTZ, Timothy A.; CHANDLER, Judy P.; EYERS, Christina. M. The Effects of Physical Activity on
the Epiphyseal Growth Plates: A Review of the Literature on Normal Physiology and Clinical Implications.
Journal of Clinical Medicine Research. Volume 3, 2011.
[9] SILVA, Carla C. et al. Mineralização óssea em adolescentes do sexo masculino: anos críticos para a
aquisição da massa óssea. Jornal de Pediatria [online]. 2004, v. 80, n. 6 [Acessado em: 30 Agosto 2022], pp.
461-467. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0021-75572004000800007>. Epub 16 Fev 2005.
ISSN 1678-4782. https://doi.org/10.1590/S0021-75572004000800007. (organizar nas normas da ABNT)
[10] SBC, Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz de prevenção da aterosclerose na infância e
adolescência. Arq Bras Cardiol 2005;85 (Suppl 6):1-36.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 3
Análise integrativa sobre trauma ortopédico
pediátrico de membros superiores
Dayanne Corrêa dos Santos
Géssica Cruz de Souza Corrêa
Gustavo Wei-Tah Lealchang
Nataly Serrati
Salete Gabriele Gracia Guzman
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
A ortopedia é uma especialidade da área das ciências da saúde relacionada ao
processo de prevenção, tratamento e reabilitação de enfermidades relacionadas ao
aparelho locomotor. Associado a esta especialidade, temos também a traumatologia, a
qual lida, especificamente, com pacientes vítimas de traumas, no geral (SILBERMAN e
VARAONA, 2018).
Definido como evento nocivo à saúde, o Trauma Ortopédico (TO) é caracterizado
por causar alterações estruturais resultantes da troca de energias entre os corpos
atingidos. Dentre os mecanismos de traumas ortopédicos maisfrequentes, destacam-se as
quedas, práticas esportivas, acidentes de trânsito (automobilístico, motociclísticos,
atropelamento e com envolvimento de animais), acidentes por arma de fogo e arma
branca, agressão física e acidentes de trabalho (GOMES, et. al. 2021).
Acerca do trauma, temos que este é definido como um evento nocivo constituído
por alterações estruturais e físicas, ou um desequilíbrio homeostático advindo de uma
troca entre o tecido e o meio. É tido como uma patologia que compromete o bem-estar do
indivíduo, interferindo na esfera econômica e social, deste, na sociedade (CANTÃO, et. al.,
2020).
Conforme Almeida (2019), a principal causa de morte ou incapacitação de
crianças e jovens de 0 a 18 anos na Europa é o traumatismo. O autor afirma que os
acidentes pediátricos ocorrem principalmente em escolas, seguido da casa doindivíduo
e de lugares públicos. A importância de conhecer a epidemiologia dotrauma infantil dá-
se no objetivo de fornecer prevenção fundamentada, neste âmbito.Visto que sobre o
público infanto-juvenil, o traumatismo é tido como a principal causa de morte de
jovens, no mundo, ainda, quando não é fatal, o traumapode afetar o desenvolvimento
biopsicossocial da criança (WHO, 2018; ROSA, et.
al., 2018).
Os acidentes na infância e adolescência são considerados um problema desaúde
pública, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou no ano de 2019, R$89.288.190,48 de
reais com internações por causas externas (BOONE, et. al., 2018).As causas externas têm
importância quanto a ser causa de morte precoce e diversas incapacidades entre
crianças, adolescentes e os adultos jovens (LIMA, et.
al., 2018).
Nesta revisão integrativa pergunta-se sobre os índices do trauma ortopédico em
crianças e adolescentes em membros superiores, principais causas e generalidades tais
como o sexo mais atingido pelos traumas e principais fraturas.

2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Analisar os principais traumas ortopédicos em membros superiores ocorridos em
crianças e adolescentes.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


1. Conceituar traumas ortopédicos.
2. Esclarecer sobre as cirurgias traumato ortopédica pediátrica.
3. Levantar os dados de estudos realizados por autores conceituadossobre os
traumas ortopédicos em crianças e adolescentes no Brasil.

3. METODOLOGIA
3.1. TIPO DE PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa do tipo Revisão Integrativa de Literatura (RIL), que
consiste em pesquisar através de uma pergunta norteadora, é um método que
proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados
de estudos significativos na prática. O estudo é realizado por meio de levantamento
bibliográfico e baseado na experiência vivenciada pelos autores para realização da
revisão integrativa (SOUZA et. al. 2010).
Quanto ao nível de profundidade do estudo, a pesquisa será considerada descritiva.
Segundo Gil (2002), as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição
das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento
de relações entre variáveis.

3.2. BUSCA NA BASE DE DADOS


Em seguida foi realizada pesquisa no Google acadêmico na base de dados Scielo e
em diversas revistas científicas, artigos e ainda em web sites sobre o tema em questão.
Para a triagem dos artigos foram utilizadas as seguintes palavras chaves: “Trauma
ortopédico pediátrico”, “Trauma pediátrico em membros superiores”, “Trauma
ortopédico”, “Principais causa dos traumas ortopédicos em crianças e adolescentes”.
Foram exclusos da pesquisa artigos não relacionados como assunto abordado ou que não
possuíam conteúdos esclarecedores e atuais para o desenvolvimento da pesquisa. Foram
selecionadas informações publicadas entre os anos de 2014 a 2022, tendo sido utilizados,
efetivamente 21 artigos.

3.3. ANÁLISE DE COLETA DE DADOS


Será realizada uma leitura seletiva dos dados, de acordo com a Tabela 1 sobre os
resultados encontrados nos artigos. Os instrumentos de coleta de dados serão realizados
através de fontes bibliografias, serão pesquisados em livros e e- books acerca do tema e
ainda em artigos científicos publicados em revistas eletrônicas especializadas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. RESULTADOS
Na Tabela1 seguem estudos de alguns autores explanando os resultados de
encontrados em estudos e as conclusões a respeito do tema em questão.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Tabela 1: Referências com mais relevâncias no critério de inclusão no estudo da


pesquisa
Item Autores Base de Dados Objetivo Achados principais
Os membros superiores
Descrever o perfil
foram os mais afetados,
epidemiológico dos
com maior prevalência de
pacientes de traumas
fraturas de rádio, 216
CANTÃO, et. Revista Acervo ortopédicos pediátricos,
1 (33,49%), seguido do
al. (2020) Saúde que passaram por
antebraço, associação
procedimento cirúrgico em
entre rádio e ulna, foram
um hospital de alta- média
154 (23,88%) e 66
complexidade.
(10,24%) de úmero.
Determinar perfil clínico-
epidemiológico do trauma A maior parte dos casos de
mecânico pediátrico em trauma evoluiu para alta
FERREIRA, Research, Society
2 hospital público terciário hospitalar e não houve
et. al. (2021) and Development
de Aracaju-SE e descrever necessidade de admissão
características, o tipo e em UTI.
gravidade do trauma.
Identificar as principais A maioria das crianças
SILVA, et. al. Research, Society
3 causas dos traumas internadas foram do sexo
(2020) and Development
pediátricos. masculino.
O estado do Amazonas
Sistema Integrado Identificar mortalidade
apresenta uma alta taxa de
de Bibliotecas da por trauma e as principais
BECIL, óbito pediátrico por
4 Universidade causas na população
(2018) agressões, principalmente
Federal do pediátrica nos municípios
na capital, a cidade de
Amazonas do Amazonas
Manaus.
Os acidentes foram
responsáveis por grande
Investigar as principais parcela dos atendimentos
Scielo - Revista do causas e situações de risco de urgência. A elevada taxa
GONÇALVES,
5 Colégio Brasileiro mais comuns relacionadas de pacientes com registros
et. al. (2019)
de Cirurgiões aos acidentes na infância, de acidentes prévios
em nossa realidade local. indica a exposição
repetida destas crianças às
situações de risco.

A importância dessa observação em maior prevalência de traumas em infantes do


sexo masculino pode ser explicada de forma social. Culturalmente, as atividades lúdicas
desempenhadas por crianças do sexo masculino possuem maior intensidade, o que
aumenta o risco para acidentes com traumas ortopédicos (CANTÃO, et. al. 2020).
No que tange a parte do corpo afetada, houveram 645 fraturas registradas, tendo
em vista que a amostra é composta por 643 crianças, foi verificado que 641 tiveram uma
única fratura, enquanto 2 tiveram duas fraturas (CANTÃO, et. al. 2020).
Na pesquisa de Ferreira, et. al. (2021) com base nos dados obtidos, de um total de
62 participantes da pesquisa, o sexo masculino foi o mais acometido (62,9% das crianças),
sendo a faixa etária mais acometida foi de 5 a 9 anos, com (40,3%dos casos). Em relação
à procedência, 35,48% dos pacientes eram provenientes do município de Aracaju e 64,5%
dos pacientes eram de zona urbana. O trauma não é apenas de uma doença grave, mas
um relevante problema de Saúde Pública, pelo fato de ser a principal causa de
mortalidade pediátrica nos países desenvolvidos, além de determinar a presença de
sequelas transitórias ou permanente que, consequentemente, podem trazer prejuízos ao

29
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

desenvolvimento físico, social e psicológico do paciente.


De acordo com o registro dos prontuários, 64,5% dos pacientes chegaram por
meios próprios ao hospital, tendo como principal mecanismo de trauma a queda, 75,8%
dos casos. O politraumatismo esteve presente em 19,4% dos pacientes. O trauma
esquelético esteve presente na maioria dos pacientes (69,4%), acometendo
principalmente os ossos do antebraço em 30,23% das crianças. A segunda lesão mais
encontrada na pesquisa foi o trauma cranioencefálico, sendo frequente em 32,3% dos
pacientes. Em seguida, foram encontrados o trauma muscular (11,50%) eo trauma de face
(8,10%). O trauma abdominal e torácico estiveram presente em 2 casos, 3,2% dos
pacientes.
Neste estudo foram analisados 62 prontuários de internações por traumamecânico
em crianças na faixa etária de 0 a 12 anos. Dessa forma, através dos resultados obtidos,
foi possível observar maior frequência desse agravo em crianças do sexo masculino,
achado que coaduna com os resultados descritos na literatura (SILVA, et. al., 2020; LUÍS
et. al., 2019).
No estudo de Becil (2018) foi identificado um total de 8.192 casos de óbitos infantis
por trauma entre os anos de 1996 a 2015. Quando comparado o número de eventos e as
taxas das principais causas de óbitos por trauma no estado do Amazonas, observa-se que
as agressões com 37,7%, seguido de afogamento com 18,9% e acidentes por transporte
com 18,8%.
Ainda segundo o autor a faixa etária com maior incidência encontrada foi a de 15-
19 anos com 4.662 (56,9%) casos. O percentual de mortalidade em relação a faixa etária
até 4 anos, mostra que o interior apresentou 907 (11,1%), e a capitalcom 650 (7,9%)
de casos registrados. Contudo, na somatória do intervalo de 5 a 19 anos de idade a cidade
de Manaus tem os números maiores de óbitos por trauma 4.511 (55%) em relação ao
interior 2.124 (25,9%).
Gonçalves, et. al. (2019) afirma mediante estudo que do total de atendimentoscom
registros adequados no prontuário, 936 (27,5%) estavam relacionados a acidentes: 588
(62,8%) em pacientes do sexo masculino e 348 (37,2%) em pacientes do sexo feminino.
Quanto à idade, 490 (52,3%) acidentes ocorreram com crianças de zero a cinco anos, 245
(26,2%) com crianças de seis a dez anos e 201 (21,5%) com crianças com mais de dez
anos de idade. Quedas e traumas locaisforam os tipos de acidentes mais comuns em
todas as faixas etárias analisadas.

4.2. DISCUSSÕES
A prevalência de crianças do sexo masculino acometidas por traumas ortopédicos,
observado neste estudo, está em consonância com os resultados relatados em outras
pesquisas com temas semelhantes. Segundo estudo de Rodrigues (2018) o sexo masculino
também foi o mais predominante, com uma representação de 61,54% e no de Sousa, et.
al. (2019) a expressão foi de 69%.
Quando analisamos as idades dos participantes desse estudo, foi observado que a
faixa etária predominante foi a de crianças entre 5 a 12 anos (79,77%). O estudo que aqui
apresentamos, entra em consonância com a literatura, onde na pesquisa de Almeida
(2019), a idade mais acometida fora a de 10 – 14 anos, sendo 65,7% da amostra do
estudo.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

A maior incidência nestas idades pode estar relacionada à atividade escolar, a


acidentes de trânsitos com quedas (de bicicleta, por exemplo) e a prática esportiva
(futebol, vôlei, basquete, entre outros) (SOUSA, et. al., 2019).
No que tange a parte anatômica afetada pela lesão traumática, o estudo de Rosa, et.
al. (2018), afirma que os principais membros afetados foram os membros superiores,
totalizando 60,99% dos casos, o que condiz com os resultados encontrados na presente
pesquisa, na qual temos o rádio, antebraço, úmero e mãos,em evidências às outras partes
afetadas, totalizando 72,26% do total de ocorrências cirúrgicas relacionadas a eventos
traumáticos em pacientes pediátricos.
De acordo com os prontuários analisados na pesquisa, o principal mecanismo de
trauma foi a queda, o qual está em consonância com os resultados obtidos nos estudos de
Silva et al. (2020) e Luís et al. (2019). Os fatores que influenciam a ocorrência de quedas
no ambiente doméstico são multifatoriais: características comoa idade ou gênero, o tipo
de moradia, piso, espaço, tipo e tamanho dos móveis, tem impacto sobre a incidência e o
padrão de lesões domésticas não intencionais (OLIVEIRA, et. al., 2018).
A principal lesão decorrente do trauma mecânico encontrada na pesquisa foio
trauma esquelético, acometendo, principalmente, os ossos do membro superior. Um
estudo sobre trauma ortopédico realizado por Cantão et. al. (2020) realizado em hospital
do interior do Pará, obteve resultados compatíveis com o presente estudo. É perceptível
que, na faixa etária escolar, a criança começa a provar a independênciae interação com
ao redor, logo, estão mais expostas à possíveis traumas ortopédicos.

5. REFERENCIAL TEÓRICO
5.1. TRAUMA ORTOPÉDICO PEDIÁTRICO
O sintoma mais importante da fratura é a dor imediata produzida pelo trauma. Essa
dor se acentua com o movimento ou com a compressão da região afetada. Assim, a criança
evita movimentar o membro fraturado, o que é chamado de impotência funcional. A
presença de movimento ativo não afasta a possibilidade de fratura (SBOT, 2022).
O traumatismo chega a ser responsável por 19,5% da mortalidade de crianças até
a adolescência e, na faixa dos cinco aos 19 anos de idade, representa aprincipal causa de
morte (GONÇALVES, et. al. 2019).
O trauma é um dos fatores mais importantes das causas de óbitos infantis acima
de um ano de idade no mundo inteiro, sendo a segunda causa de internação nas crianças
com menores de 15 anos de idade. O acidente contuso em crianças mais novas ocorre
devido maus tratos e agressões físicas, normalmente por uma pessoa ligada diretamente,
causando agravos posteriores mais sérios. Entretanto, não se pode descartar as mortes
ou lesões causadas por acidentes de trânsito, intoxicação e afogamentos como principais
causas de óbito na primeira infância no Brasil (BECIL, 2018).
A fratura é definida como perda da continuidade de um osso, ou seja, o osso quebra,
podendo dividir-se em duas ou várias partes. Estas podem ser provocadas por diversos
tipos de acidentes traumáticos como torções, esmagamentos, fortes pancadas.
Dependendo da energia do trauma, podem ocorrer lesões das partes moles e
consequente exposição do osso conhecida como fratura exposta. Esta éuma urgência
ortopédica, necessitando de medidas rápidas para solução devido aos riscos de infecção
tanto no osso quanto no ferimento (HOSPITAL ORTO, 2021).

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

É importante comentar que a vasta incidência de fraturas em crianças pode ser


justificada pela vasta atividade realizada pela s crianças nesta faixa etária. Como também
a incidência de fraturas múltiplas, como a fratura de antebraço, que abrange de 33 a 37%
de todas as fraturas pediátricas estudadas. É importante citar também que o antebraço é
o principal responsável pela rotação do membro superior quando ombro é abduzido, os
ossos e a parte mole dos tecidos permitem um posicionamento e a direção da mão, assim
uma fratura neste lugar pode resultar em um mal resultado da rotação do antebraço
acompanhado de dor instabilidade articular (JAYAKUMAR P& JUPITER, 2014).
A incidência de fraturas em criança se mostra crescente conforme a idade,
apresentando frequência de forma linear desde o nascimento até a puberdade,podendo
se justificar pelo declínio do crescimento ósseo, causando menos sobrecarga no tecido
novo. Observa-se que as crianças de menor idade apresentam um melhor prognóstico
de vida razão da idade óssea, possui um periódico mais espesso e uma relativa
flexibilidade. Nas crianças a capacidade de remodelação do osso com crescimento, sendo
mais difícil correr a rigidez óssea. Nas crianças os ossos aderem de forma mais rápida do
que nos adultos, onde as deformidades angulares residuais ou os deslocamentos podem
ser aceitáveis, pois o crescimento ósseo pode retornar a forma ideal (PEREIRA et. al.
2022).
Por diversos fatores, as fraturas em crianças costumam ter uma boa evolução após
o tratamento, com algumas exceções. Acredita-se que por estarem menos sujeitas a
traumas de grande impacto, utilizarem imobilização por menor tempo e apresentarem o
fenômeno da remodelação, a gravidade das fraturas é menor e há um menor
comprometimento das estruturas ao redor, preservando mais a função do membro
acometido.
Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT, 2022) alguns
dos principais tipos de fraturas encontradas em crianças são:
Fratura fechada: não há lesão da pele.
Fratura aberta ou exposta: há, na pele, uma ferida que se comunica com a fratura.
Fratura patológica: ocorre em osso afetado por problemas prévios que o
enfraqueceram (como doenças congênitas, infecções e lesões benignas oumalignas).
Fratura por estresse: ocorre em ossos submetidos a esforço contínuo. Sua
incidência vem se elevando devido à disseminação da prática esportiva intensa pelos
jovens.
Fratura desviada: os fragmentos do osso se deslocam.
Fratura articular: há acometimento da articulação. Descolamento epifisário:
atinge a placa de crescimento.
Fratura em “galho verde”: o osso é “lascado” ou “trincado”, sendo que umlado
dele permanece íntegro.
Fratura subperiostal: ocorre sob o periósteo, membrana resistentequeenvolve o
osso.

32
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

5.2. CIRURGIA TRAUMATO ORTOPÉDICA PEDIÁTRICA


As lesões traumato-ortopédicas acometem o sistema musculoesquelético,
podendo ocorrer devido ao desgaste ósseo quanto devido a alguma força externa. Nos
serviços de cirurgias de traumato-ortopedia, as fraturas são as lesões mais frequentes. A
maioria das fraturas está relacionada a quedas no ambiente doméstico, afetando em
maior proporção os membros superiores (clavícula, punho, antebraço e cotovelo). É
importante ressaltar que um trauma que provoca umafratura nem sempre é violento. Um
tropeço, por exemplo, seguido de queda ao chão pode ser suficiente (SBOT, 2022).
Os ossos da criança apresentam diferenças em relação aos dos adultos. Essas
diferenças são importantes para determinar o tipo da lesão, o tratamento e o prognóstico
em caso de fratura. O osso da criança apresenta maior elasticidade e porosidade; o
periósteo – membrana de tecido conectivo que reveste exteriormente os ossos – é mais
resistente e há a presença das cartilagens de crescimento. Além disso, como a criança está
em crescimento, a capacidade de seu corpo de formar e desenvolver os ossos é superior à
do adulto (SBOT, 2022).
Certas fraturas exigem cirurgia para o adequado posicionamento dos fragmentos
da fratura e/ou fixação. Esta é obtida com a utilização de materiais como pinos, hastes,
placas ou fixadores. Também requerem procedimento cirúrgico lesões que afetam a
articulação, que atingem a placa de crescimento, fraturas expostas e casos nos quais se
verifica ferimento da artéria (onde se percebem alteração da cor da extremidade do
membro ou perda do pulso) (SBOT, 2022).

5.3. PRINCIPAIS CAUSAS DOS TRAUMAS ORTOPÉDICOS DE MEMBROS SUPERIORES


Os acidentes na infância representam um grave problema para o sistema de saúde
em todo o mundo. Lesões não intencionais são as maiores causas de morbidade e
mortalidade na infância, correspondendo a cerca de 25% das causasde mortes entre
crianças de cinco e nove anos de idade. Dados da Organização Mundial de Saúde
demonstram que os acidentes na infância são responsáveis por aproximadamente
830.000 mortes por ano (GONÇALVES, et. al. 2019).
Ainda segundo o autor, os tipos de acidentes mais comuns, em todas asfaixas
etárias analisadas, foram quedas e traumas locais. Isso vai de encontro à maioria dos
levantamentos publicados, confirmando que as quedas representam o principal
mecanismo de trauma na infância, podendo causar inúmeras lesões, algumas vezes
bastante graves. Entre as principais causas dos traumas estão os acidentes de trânsito,
objetos e quedas.
Segundo Mattos (2020) as fraturas mais frequentes em crianças e adolescentes
ocorrem principalmente no ambiente doméstico e escolar devido a acidentes como
quedas. Há também um aumento da prática de esportes radicais por crianças. E as
principais áreas afetadas são os membros superiores (clavícula, punho, antebraço e
cotovelo).
Na criança, a fratura nem sempre está relacionada a um episódio brusco. Até casos
mais simples, como um tropeço ou escorregão, podem gerar traumas e o diagnóstico
para determinar o tipo da lesão, qual será o tratamento e o prognósticoem caso de fratura
se difere de um adulto justamente porque as crianças estão em desenvolvimento, por isso
a capacidade de seu corpo de formar, remodelar e desenvolver os ossos é superior
(MATTOS, 2020).

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

De acordo com Rios (2018) os acidentes de trânsito estão entre os maiores


causadores de traumas ortopédicos. Eles são responsáveis pela ocupação de,
aproximadamente, 90% dos leitos hospitalares em enfermarias e Unidades de Terapia
Intensiva. Tais acidentes causam fraturas complexas e podem provocar sequelas graves,
como a invalidez e, em casos mais graves, o acidentado pode não resistir e vir a falecer.
O trauma ortopédico também pode ser causado por objetos. O impacto de um
móvel sobre um dos membros, uma agressão com itens (taco, cassetete, armas, etc.)
capazes de provocar danos nos ossos ou músculos, o manuseio inadequado de objetos,
a queda de uma estante ou armário, a pressão provocada pelo peso de objetos contra o
corpo, além de pancadas e topadas em peças espalhadas pelacasa podem gerar fraturas
variadas.
As quedas simples ou de grandes alturas também integram a lista de fatores
causadores de traumas ortopédicos. Esse tipo de ocorrência pode provocar fraturas leves
ou severas, dores, inchaços, hematomas e outras manifestações físicas (RIOS, 2018).
Caso a queda atinja mais do que os ossos, machucando nervos, tecidos moles e
vasos sanguíneos, o quadro traumático pode se agravar. Se houver rompimento de
artérias e comprometimento da circulação, medidas extremas, comoa amputação, podem
ser necessárias. É por isso que mesmo que o tombo pareça inofensivo, o ortopedista deve
ser consultado. O tratamento rápido e adequado pode ser determinante para evitar
complicações, a exemplo de trombose e embolia pulmonar.
A maioria das fraturas ortopédicas pediátricas em torno de 33-37% das lesõessão
localizadas no antebraço. Rodrigues (2018) conceitua fratura de antebraço como lesões
que envolvem o rádio e a ulna, podendo ser somente um ou ambos, distal ou proximal,
sendo decorrentes, geralmente, de quedas com a mão estendida. Ademais, a autora
também afirma que as fraturas no antebraço têm maior predisposição a acontecerem, ao
correlaciona-las a fatores como genética óssea, peso ao nascer e má nutrição.
Independentemente da causa e do tipo de trauma ortopédico, é importante
recorrer ao acompanhamento especializado para aumentar as chances de recuperação do
paciente. O tratamento varia de acordo com o tipo e a gravidade do trauma, mas ele pode
combinar medidas como o uso de medicamentos, imobilização dos membros afetados,
fisioterapia, cirurgia, entre outros (RIOS, 2018).

6. CONCLUSÃO
A partir desta revisão foi possível observar que a maioria dos traumas ortopédicos
em crianças e adolescentes ocorrem devidos a acidentes domésticos ou no ambiente
escolar, tais como quedas e ocorrem também mais no sexo masculino.
Também chama atenção para o fato de que tais achados são importantes, tendo em
vista que o trauma ortopédico é considerado um problema de saúde pública e que, no
público infantil, pode ocasionar mortes ou sequelas irreversíveis,de grau físico, social
ou psicológico.
Importante também reportar dificuldade em encontrar artigos mais atuais sobre
o tema, tratando mais especificamente dos traumas ortopédicos em crianças e
adolescentes, faltam mais publicações sobre o tema principalmente no período de 2018 a
2022.

34
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

REFERÊNCIAS
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serviço de urgência pediátrica de um hospital central. Revista Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia,
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Enfermagem. Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, 2018.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 4
Complicações da doença de Osgood-Schlatter em
crianças e adolescentes que praticam exercícios físicos:
Dor crônica de joelhos e outros
Ana Beatriz dos Santos Rodrigues
Ana Beatriz Queiroz Negro Vaz
Beatriz Vasconcelos Ribeiro
Gabriela Benzecry
Karolaynne de Souza Jacinto
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
A doença de Osgood-Schlatter é uma condição relacionada ao crescimento,
temporária, com resolução na maioria dos casos. Porém, pacientes diagnosticados
durante a adolescência apresentam mais problemas com atividades de vida diária e
atividade esportiva, quando comparado àqueles sem o histórico da doença
(GULDHAMMER, et al., 2019).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), adolescência compreende
período da vida que começa aos 10 anos e termina aos 19 anos completos e a infância
é aetapa inicial compreendida entre o nascimento e os 12 anos de idade. Durante essas
fases, fisiologicamente, ocorre crescimento corporal, com ciclos de estirão que variam
com de acordo com sexo, que é avaliado ao longo da vida por diversos parâmetros. A
prática de atividade física por crianças e adolescentes é segura e determinante no
desenvolvimento de musculoso, osso e tecido adiposo apresentando influência
significativa ao longo da vida. (ALVES, 2019)
A atividade física na infância e na adolescência auxilia no equilíbrio do
balanço energético, obesidade, aumento do volume de ejeção cardíaca, dos
parâmetros ventilatórios funcionais e do consumo de oxigênio, redução da pressão
arterial, aumento da sensibilidade a insulina e da tolerância a glicose, melhora do perfil
lipídico, aumento na mineralização óssea, melhora da cognição, autoestima, sentimento
de bem-estar e socialização. Portanto, a atividade física é um processo que conjuntamente
com o ambiente, a nutrição e a genética, auxiliam para que o indivíduo alcance seu
potencial de crescimento e desenvolvimento para que tenha no resultante um favorável
nível de saúde.
O diagnóstico da síndrome de Osgood-Schlatter se dá a partir da percepção da
sintomatologia apresentada pelo paciente, principalmente se o quadro álgico estiver
relacionado à prática de atividade física, sendo confirmada a partir de exames
complementares, como a radiografia ou ressonância magnética (SANTO; MAIA; MOURA,
2018). Exames de imagem como radiografia e ressonância nuclear magnética são
solicitados nos casos recidivantes ou para eventuais diagnósticos diferenciais.
O tratamento da doença é conservador, são recomendados redução da atividade e
repouso para melhora da dor. Após a fusão das placas de crescimento, a maioria dos
pacientes não terão sintomas (PATEL, 2017). Como medida preventiva, recomenda-se
prática de um ou mais modalidades esportivas que trabalhem diferentes grupos
musculares, sem que haja sobrecarga de um em particular (overtraing). Além disso,
utilizar equipamentos adequados e fazer alongamentos prévios (HERRERO-MORÍN et al.,
2017).
Apesar de descrita na literatura como autolimitada, principalmente por
manifestar-se com o desenvolvimento do centro de ossificação secundário da
tuberosidade anterior da tíbia, a sintomatologia da OSD persistente em adultos já foi
pontuada por Weiler R (2011) e De Lucena (2011). As complicações da doença podem
ser associadas à
síndrome compartimental (PASCARELLA, 2015), lesões do tendão meniscal e
patelar (KUJALA,1985). Além disso a principal sequela explorada nesse trabalho é a
cronificação da dor no joelho descrita e evidenciada (GULDHAMMER, et al 2019 e
RATHLEFF, et al).
Na vida adulta a sequela mais comumente vista é o aumento do volume da TAT,

38
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

causando uma protuberância no terço inferior do joelho. Em alguns casos pode haver
fragmentação e destacamento da TAT, que podem ficar abaixo ou dentro do tendão
patelar. Durante a pratica de atividades esportivas ou do dia-a-dia, os fragmentosinstáveis
se chocam com a tíbia causando reação inflamatória crônica com queixas de dor e atrofia
muscular.
O objetivo principal desta revisão é reunir a incidência de complicações com foco
na dorcrônica no joelho como uma das sequelas a longo prazo da Osgood-Schlatter, afim
esclarecer as particulares da doença sem negligenciar o baixo percentual de ocorrências.

2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Sintetizar as complicações da doença de Osgood-Schlatter em crianças e
adolescentesque praticam exercícios físicos.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


• Apontar as diferentes consequências da doença entre os indivíduos;
• Comparar a incidência de cada complicação;
• Analisar a qualidade de vida em relação à dor crônica de joelho;
• Sintetizar os resultados de diferentes estudos sobre dor crônica.

3. METODOLOGIA
3.1. TIPO DE PESQUISA
O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura integrativa.

3.2. BUSCA NAS BASES DE DADOS


Foram realizadas buscas nas bases de dados SciELO, LILACS e PubMed a partir dos
descritores “Osgood-Schlatter Disease” e “Osteochondrosis”. Utilizou-se como critério de
inclusão a seleção de artigos publicados entre 2017 e 2022,cujas pesquisas foram feitas
com indivíduos entre 9 e 15 anos de idade com e sem diagnóstico da doença de Osgood-
Schlatter para efeito de comparação entre grupos distintos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 8 artigos analisados no presente trabalho 2 são revisões de literatura, 2 são
relatosde caso, 4 são estudos de corte. Os idiomas variam em 7 publicações em inglês e 1
emespanhol. Uma síntese sobre os principais resultados está descrita na tabela abaixo.

39
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Autor e Ano
Titulo Método Principais resultados
de publicação
Alguns casos podem se tornar crônicos e
Osgood-Schlatter disease: podem aparecer complicações como
appearance, diagnosis and Corbi, et al. Revisão pseudoartrose, genu recurvatum, patela
Treatment: A Narrative 2022 narrativa alta, migração de fragmentos ósseos, flexão
Review reduzida do joelho e até
osteocondromatose.
Long-term prognosis and
Mais da metade dos participantes
impact from Osgood-
Guldhammer diagnosticados com OSD continuaram a
Schlatter disease 4 years Estudo de coorte
et al.2019 sentir dor no joelho em aproximadamente 4
after diagnosis A
anos após o diagnóstico
retrospective study
Five-year prognosis and Quatro em cada 10 adolescentes com dor
impact of adolescent knee no joelho ainda apresentavam dor no joelho
pain: a prospective Rathleff, et frequente e intensa 5 anos depois, grave o
Estudo de coorte
population-based cohort al.2019 suficiente para afetar a saúde, os
study of 504 adolescents in comportamentos de saúde e as escolhas de
Denmark carreira.
A dor no joelho durante a adolescência, e a
Is knee pain during
PFP em particular, está presente na maioria
adolescence a self-limiting Estudo de
Rathleff, et al. dos casos após 2 anos e, portanto, pode não
condition? Prognosis of coorte; Nível de
2016 ser autolimitada. É necessário um maior
Patellofemoral Pain and evidência, 2.
foco na detecção precoce e prevenção da
Other Types of Knee Pain
dor no joelho durante a adolescência.
Osgood-Schlatter’s disease Estudo de coorte
in adolescente athletes Kujala, et retrospectivo de Correlação entre OSD e lesões do tendão
Retrospective study of al.1985 incidência e meniscal e patelar
incidence and duration duração
Tibial Tubercle Fracture in
a 14-Year-Old Athlete with
Pascarella, et Associação entre Osgood-Schlatter e fratura
Bilateral Lower Pole Relato de caso
al.2015 do tubérculo tíbia
Bipartite Patella and
Osgood-Schlatter Disease
Fatores de risco para OSD incluem peso
Osgood–Schlatter disease:
corporal, rigidez muscular, fraqueza
a 2020 update of a LADENHAUF ,
Revisão muscular durante a extensão do joelho e
common knee condition in H. N. et al
sistemática flexibilidade dos músculos isquiotibiais.
children. Current Opinion 2019.
Tratamento conservador permanece bem-
in Pediatrics
sucedido em mais de 90% dos pacientes.
Importância de adotar medidas preventivas
Enfermedad de Osgood-
como, prática modalidades esportivas que
Schlatter en un
trabalhem diferentes grupos musculares,
adolescente deportista. Herrero-
sem sobrecarga de um em particular e
Caso clínico Osgood- Morín et Relato de caso
adotar manejo conservador, com
Schlatter disease in al.2017
modificação da atividade para reduzir a
adolescent athlete. Case
flexão e extensão do joelho, fisioterapia e
report
anti-inflamatórios não esteroides

5. DISCUSSÃO
A doença de Osgood-Schlatter possui sintomas que aparecem na infância/
adolescência durante período de estirão de crescimento onde há desenvolvimento do
centro de ossificação secundário da tuberosidade anterior da tíbia (HERRERO-MORÍN,
2017). Atinge principalmente jovens ativos que praticam atividades físicas de maneira
regular com ou sem fins de carreira esportiva (LADENHAUF).
Os sintomas são diversos, a queixa principal geralmente é a dor que pode

40
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

intensificar- se durante a pratica da atividade física, é possível observar também sinais de


inflamação e hipersensibilidade local que pode evoluir para um quadro de dor intensa e
eventualmente tornar-se crônica (CORBY et al.)
A causa da principal do quadro sintomatológico é a inflamação das apófises
causada pelo estresse gerado com a tração do tendão patelar em seu ponto de inserção no
tubérculo tibial (LADENHAUF). Apesarde na maioria dos casos apresentar-se como uma
patologia autolimitada, pode apresentar repercussões de longo prazo já na fase adulta que
merecem atenção dos pesquisadores. (HERRERO-MORÍN, 2017).
Pode apresentar complicações como fratura avulsão do tubérculo tibial, genu
recurvatum, patela alta, proeminência exagerada do tubérculo tibial e tendinite
(VALDIVIEZO, 2012) em casos mais graves, os sintomas e a dor persistem após o
fechamento fisário devido a permanência um ossículo livre na parte anterior do
tubérculo tibial precisando de intervenção cirúrgica. (LADENHAUF).
O principal fator de risco para a doença de Osgood-Schlatter é a pratica de
atividades esportivas intensas, pois resultam em danos repetitivos com aumento de
citocinas inflamatórias, além da redução dos mediadores anabólicos. Por outro lado, a
prática de atividades moderadas são vistas como fatores protetores que induzem o
aumento da atividade do hormônio do crescimento e elevam a atividade osteoblastica nas
áreas da inserção muscular, esimulando o aumento na mineralização.
O manejo conservador permanece bem-sucedido em mais de 90% dos pacientes.
No entanto, se os sintomas incapacitantes e a dor persistirem após o fechamento fisário,
o tratamento cirúrgico pode ser necessário. (LADENHAUF)
Estudos evidenciam sequelas relacionadas com atividades físicas quando
comparados pacientes com diagnostico prévio e aqueles sem histórico de OSD, assim
como a permanência de sensibilidade/dor na região de do tubérculo mesmo após
ossificação completa, indo em contramão a literatura clássica que classifica OSD como
inócuo e auto limitante (GULDHAMMER et al., 2019). Somado à estudos de Rathleff et al
pode- se inferir que as sequelas de DOS sãos graves o suficiente para afetar a saúde e seus
espectros sociais no indivíduo.

6. CONCLUSÃO
Concluísse que, a prática de atividades físicas durante a infância é substancial na
prevenção de enfermidades e recuperação de condições patológica, além disso ébenéfica
para construção do hábito de prática uma vez que, iniciada na infância, tendea manter-
se para toda vida do indivíduo (ALVES et al., 2019). Vale ressaltar que, a dor durante a
pratica de esportes em crianças não deve ser considerada normal (LAUNAY).É um sinal
de alerta de overtraining, que pode exigir que a atividade seja modificada, reduzida ou até
mesmo descontinuada principalmente em se tratando da possibilidade de Osgood-
Schlatter, que é uma condição associada a um estirão de desenvolvimento (NEUHAUS et
al., 2021).
É, portanto, necessário um maior foco na detecção precoce e prevenção da dor no
joelho durante a adolescência para evitar evolução crônica principalmente se houver
exposição aos fatores de RR (RATHLEFF et al., 2019).

41
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

REFERÊNCIAS
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Adolescent Athlete. Current Sports Medicine Reports. v. 19, n. 11, p. 479-485, nov. 2020.

42
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 5
Fraturas em antebraços de crianças: Uma revisão
integrativa da literatura
Antonia Hannah Santana dos Santos
Francisco Leonardo de Araújo Sampaio
Nycole Ribeiro Santana
Paula Renata Carvalho Barros
Ramon Medeiros Lacerda
Karoline Costa de Souza
Paulo Daw Wen Su
Aline Cristiane Côrte de Alencar
Nilton Orlando Junior
Eduardo Lima de Abreu
Sandokan Cavalcante Costa
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo principal estudar os padrões de fraturas
no antebraço de crianças e reunir informações acerca dos protocolos de conduta adotados
dentro da traumatologia infantil. A metodologia escolhida trata-se da revisão integrativa
da literatura, com busca nas bases de dados SCIELO, PUBMED e MEDLINE, adotando-se
fatores de inclusão e exclusão para delimitar os artigos de maior interesse analítico. Os
resultados obtidos com o levantamento de dados foram um total de 11 publicações
relevantes para o tema abordado. Através deste estudo, os autores chegaram à conclusão
de que o método mais eficaz depende da análise individual dos pacientes, do grau da lesão
e idade da criança, preferindo, sempre que possível, o tratamento conservador.

Palavras-chave: Fraturas no Antebraço de Crianças, Fratura Radial, Fratura do Rádio-


Distal, Fratura Ulnar, Fratura Infantil, Fratura Pediátrica, Pediatria.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
A fratura é uma lesão que interrompe a continuidade do osso devido a um trauma,
direto ou indireto, causado quando a força aplicada sobre a estrutura óssea é superior à
sua elasticidade. Desta forma, para analisar a magnitude das fraturas relacionadas ao
antebraço infantil, necessita-se compreender as características anatômicas do membro
imaturo, bem como a localização e distribuição destas lesões ósseas ao longo de sua
extensão.
A estrutura anatômica do antebraço consiste em dois ossos longos, o rádio e a ulna,
a membrana interóssea, além de várias artérias, nervos e músculos. A divisão óssea na
criança é diferente do adulto (> 20 anos) por possuir uma parte frágil denominada placa
de crescimento (fise), localizada entre a diáfise e epífise em uma região denominada
metáfise, sendo, portanto, uma área que apresenta maior susceptibilidade ao
acometimento de traumas. Além disso, o aumento cessa em uma determinada idade,
variando de acordo com o tipo de osso. Visto isso, as placas de crescimento distal radial e
ulnar são responsáveis por 75% e 81% do crescimento longitudinal de cada osso,
respectivamente. Essa polarização do crescimento mostra por que as fraturas distais
apresentam maior potencial de remodelação do que as fraturas mais próximas ao
cotovelo. A remodelação adicional também pode ser atribuída à elevação do periósteo
osteogênico espesso após a fratura (NOONAN e PRICE, 1988).
Na análise da incidência de 531 fraturas entre a faixa-etária de um dia de vida a 19
anos. Na distribuição, houve predominância dos acometimentos em membros superiores
(76,1%) em relação aos inferiores (23,9%). Destas fraturas em MMSS, mais de 50% eram
fraturas localizadas nos ossos do antebraço e novamente entre essas o distal sendo o mais
importante (GUARNIERO, R. et al., 2011).
Entendido isso, cabe ressaltar que o acometimento do terço distal (punho) se
destaca como a maior prevalência entre as fraturas do antebraço. Isso pode ser observado
na análise de 568 fraturas do terço distal do antebraço em crianças. Chess et al., em 1994,
encontraram que 78% delas eram isoladas do rádio, 8% acometiam rádio e ulna e 14%
eram descolamentos epifisários distais.
Portanto, cabe compreender melhor sobre tipos de lesões e medidas de tratamento
a serem efetuadas com base na análise científica.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
O antebraço é a região do membro superior formada pelos ossos rádio e ulna.
Levando em consideração a natureza ativa e imprudente das crianças, fraturas que
acometem estas estruturas ósseas são casos recorrente dentro da traumatologia
ortopédica pediátrica, sobretudo devido ao trauma indireto no segmento distal (queda da
própria altura sobre a mão estendida).
O tecido ósseo imaturo caracteriza-se por ser mais poroso e com maior
elasticidade e resistência do periósteo, quando comparados ao tecido de adultos. Possui
ainda alta capacidade de remodelação, o que confere recuperação acelerada para
pacientes pediátricos. Isso ocorre porque entre a epífise e a diáfise há uma região de
metáfise apresentando a placa de crescimento composta por cartilagem hialina que
possibilita o alongamento do osso até sua completa maturação.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Quanto à localização anatômica, as fraturas podem ser classificadas como: distal,


diafisária e proximal.
Quanto ao grau da lesão, subdividem-se em: fratura completa, fisária,
deformidade plástica, em galho verde e tórus. A gravidade da lesão aumenta conforme sua
proximidade com a metáfise.
Convém ainda elucidar conceitos acerca das fraturas-luxações de Monteggia e de
Galeazzi, que ocorrem em casos de lesão em apenas um osso (principalmente se houver
deslocamento ou angulação significativos) associadas com luxação na área articular do
cotovelo e do punho, uma vez que a conduta a ser adotada para o tratamento desse tipo
de lesão previne complicações a longo prazo.
Outro ponto chave no estudo das fraturas pediátricas são os graus de angulação do
fragmento distal em relação ao fragmento proximal. Um fragmento distal apresentando
angulação lateral é denominado de deformidade em valgo. Caso a angulação seja medial, a
denominação é deformidade em varo. A angulação é chamada de volar ou dorsal quando
se encontra no plano anteroposterior. O ápice de uma fratura também pode ser usado
como critério de descrição – a angulação volar pode também ser descrita como angulação
de ápice dorsal (SIMON, Robert R. et al., 2013).

2.1. FRATURA COMPLETA


Uma fratura completa é um tipo de trauma que ocorre principalmente por forças
de alto impacto, como quedas de altura e acidentes de trânsito. Caracteriza-se por
desestruturar a continuidade óssea devido rompimento de todo o córtex, que resulta em
deformidade e angulação, permitindo deslocamento total além de encurtamento
(deformidade em “baioneta” na radiografia lateral). Apesar disso, a camada periosteal
costuma permanecer intacta, garantindo certa estabilidade (RENNIE L et al., 2007);
(SELVAKUMARAN, GAJAN et al., 2020).

45
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Figura 1: Representação de fratura completa.

Fonte: SINIKUMPU et al.,2020.

2.2. FRATURA FISÁRIA


São fraturas que acometem a placa de crescimento, principalmente no terço distal
do rádio. Devido sua característica cartilaginosa, a fise é a parte mais frágil do osso, sendo
perigosamente susceptível a fraturas, uma vez que lesões nesta área podem comprometer
o crescimento ósseo.
A classificação de Salter-Harris, proposta por Robert Bruce Salter e W. Robert
Harris em seu trabalho “Injuries Involving the Epiphyseal Plate”, publicado pelo The
Journal of Bone & Joint Surgery, em 1963, é utilizada para classificar a gravidade das
lesões presentes na placa de crescimento. A classificação varia de I a V.
Tipos I até IV são separações fisárias, que ocorrem quando a fise é separada da
metáfise. A mais comum é a do Tipo II e a menos comum é a do tipo V.

46
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Classificação de Salter-Harris

Fratura transversa através da fise, onde não há envolvimento da metáfise ou do núcleo


Tipo I
de ossificação epifisário.

Tipo II Fratura através da fise, estende-se pela metáfise poupando epífise.

Tipo III Fratura através da fise e epífise, poupando metáfise.

Tipo IV Fratura que atravessa fise, metáfise e epífise.

Fratura compressiva da fise, que danifica o suprimento vascular e as células


Tipo V
germinativas nessa área.

Figura 2: Representação da classificação de Salter-Harris.

Fonte: Boston Children´s Hospital, 2019.

2.3. DEFORMIDADE PLÁSTICA


A deformidade plástica é uma fratura incompleta que foi descrita por Spencer
Borden em 1974, onde se observa certa deformidade angular causada pelo aumento da
curvatura do rádio ou da ulna. Observa-se um aspecto envergado/torto dos ossos
acometidos. Em imagens radiográficas não é possível identificar a linha da fratura devido
a múltiplas microfraturas ao longo do comprimento da deformidade (HEBERT, SIZÍNIO et
al., 2017); (SELVAKUMARAN, GAJAN et al., 2020).

47
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Figura 3: Representação da deformidade plástica. Nota-se o aspecto envergado dos


ossos.

Fonte: CROWE, E. James e SWISCHUK, E. Leonard, 1977.

2.4. FRATURA EM GALHO VERDE


As fraturas em galho verde são fraturas instáveis e incompletas, nas quais um dos
lados da cortical óssea permanece intacto, preservando a continuidade do osso por não
haver ruptura total. Pode acometer tanto o rádio quanto a ulna e em alguns casos, um
deles apresenta fratura em galho verde enquanto o outro apresenta, concomitantemente,
uma fratura completa.
Este trauma é, em geral, resultado de força flexora ou rotacional excessiva, com
tendência para lesão com localização nivelada em ambos os ossos, ou lesão em níveis
distintos, respectivamente. Uma força axial aplicada com o antebraço em supinação
acarreta fraturas com angulação ápice-volar. Quando uma força axial é aplicada em
pronação o resultado é uma fratura com a angulação ápice-dorsal. A compreensão destes
mecanismos é importante para a redução adequada de uma fratura em galho verde, uma
vez que a tendência consiste na rotação do membro na direção oposta à força de
deformação (NOONAN e PRICE, 1998).

48
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Figura 4: Representação da fratura de galho verde, onde a seta branca representa a


cortical intacta e a seta preta representa a cortical rompida.

Fonte: LEE, Patrick et al., 2004.

2.5. FRATURA EM TÓRUS


A fratura em tórus também é chamada de fratura em fivela e é definida por uma
compressão no osso sem ruptura da cortical e periósteo, caracterizando-se, portanto,
como uma lesão estável. Observa-se aspecto “amassado” no osso, mais comumente
encontrado na metáfise distal do rádio e/ou ulna (região do pulso) de crianças menores
de 10 anos (SELVAKUMARAN, GAJAN et al., 2020).

Figura 5: Representação da fratura de tórus.

Fonte: LEE, Patrick et al., 2004.

49
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

2.6. FRATURA-LUXAÇÃO DE MONTEGGIA


As fraturas-luxações de Monteggia foram descritas pela primeira vez em 1814 por
Giovanni Battista Monteggia. Consistem em fratura diafisária da ulna associada à luxação
do rádio proximal (cabeça do rádio) que acomete principalmente crianças de 4 a 10 anos,
como resultado de queda sobre a mão estendida. O cotovelo é forçado em hiperextensão
com impulso para frente que desloca a cabeça do rádio. Sobrecarregada com o impacto da
queda, a resistência da ulna é superada e ocorre fratura.
A classificação mais utilizada para essas lesões é a de Bado, dividida em quatro
tipos e baseada na direção da luxação da cabeça do rádio e na angulação da fratura ulnar.

Classificação de Bado

Fratura da diáfise da ulna em qualquer nível, com angulação anterior do foco de fratura
Tipo I
associada à luxação anterior da cabeça do rádio.

Fratura da diáfise da ulna com angulação posterior do foco de fratura e luxação


Tipo II
póstero-lateral da cabeça do rádio.

Tipo III Fratura da metáfise da ulna com luxação lateral ou ântero-lateral da cabeça do rádio.

Fratura do terço proximal do rádio e da ulna no mesmo nível, com luxação anterior da
Tipo IV
cabeça do rádio.

Figura 6: Representação da classificação de Bado.

Fonte: The Royal Children´s Hospital, Melbourne, Australia, [s.d.] (adaptado).

50
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

2.7. FRATURA-LUXAÇÃO DE GALEAZZI


As fraturas-luxações de Galeazzi foram relatadas a primeira vez em 1842 por
Astley Cooper, mas receberam sua denominação após a publicação de 18 casos descritos
pelo cirurgião italiano Riccardo Galeazzi, em 1935.
Estas lesões envolvem uma fratura do terço distal do rádio e luxação da articulação
radioulnar distal, e ocorrem geralmente por queda com a mão espalmada e antebraço
pronado, quando há aplicação de carga axial no antebraço hiperpronado.

Figura 7: Representação da fratura de Galeazzi, mostrando o deslocamento da ulna e


fratura no terço distal do rádio.

Fonte: EBERL, Robert et al., 2008.

3. METODOLOGIA
O presente trabalho foi elaborado a partir de uma revisão integrativa da literatura
nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PUBMED e Medical
Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), com a utilização de termos
dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), tais quais: fratura, antebraço, crianças,
terço distal.
A análise desses estudos ocorreu no período de agosto e setembro de 2022, sendo
uma busca exploratória e descritiva. No que tange aos critérios de pesquisa, utilizou-se
artigos nacionais e internacionais, nos idiomas português, inglês e espanhol, bem como
artigos limitados à faixa etária de 0 a 19 anos.

51
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Referente aos critérios de exclusão: artigos incompletos, e artigos pertinentes a


fraturas não relacionadas a proposta específica do estudo. Somando-se todas as bases de
dados, foram encontrados 49 artigos.
Após a leitura do título e resumo das literaturas selecionadas, artigos repetidos nas
diferentes bases, bem como aqueles que não preenchiam os critérios do estudo foram
eliminados. Na seleção final, realizou-se análise minuciosa do material e a organização se
deu com base nos estudos que norteavam a formulação da revisão de literatura, os quais
estão especificados no Quadro 1, encontrado no item número 4 (RESULTADOS) deste
trabalho e composto por autor, ano e resultados obtidos no respectivo artigo.

4. RESULTADOS
Somando-se todas as bases de dados, foram encontrados 49 artigos em
conformidade com o tema trabalhado. Após os critérios de inclusão e exclusão serem
aplicados, este número decaiu para 20. A partir da leitura parcial e seleção crítica, um total
de 11 artigos foram selecionados para estudo na íntegra.

Quadro 1: artigos selecionados para a formulação da revisão.


Nº Título Autor e ano de publicação Resultados

Esta revisão narrativa pretende


resumir os dados mais
Tratamento das fraturas
G. Caruso, E. Caldari, FD importantes e relevantes sobre o
pediátricas do antebraço:
Sturla, A. Caldaria, DL Re, diagnóstico e tratamento das
1 qual a melhor escolha
P. Pagetti, F. Palummieri, fraturas pediátricas do antebraço
terapêutica? Uma revisão
L. Massari. (2020) e descrever as características e
narrativa da literatura.
vantagens de cada opção
terapêutica.

Epidemiologia Dos Este estudo objetiva levantar as


Acidentes Com Fraturas características epidemiológicas
Sousa LRB, Sousa GS,
2 Na Infância: O Retrato De das crianças
Ferreira MGS (2019)
Um Município Da atendidas com fraturas na
Amazônia Brasileira internação pediátrica.

O objetivo deste artigo é fornecer


uma visão geral dos conceitos de
gerenciamento para padrões de
Buckled, bent or broken? fratura específicos e apoiar os
Gajan Selvakumaran
3 A guide to pediatric médicos de clínica geral para
(2020)
forearm fractures gerenciar com confiança essas
fraturas e encaminhar para
serviços ortopédicos quando
necessário.

52
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Quadro 1: artigos selecionados para a formulação da revisão. (continuação)


Nº Título Autor e ano de publicação Resultados

O uso de luva gessada se mostra


tão eficaz quanto o uso de gesso
axilopalmar em fraturas
parcialmente ou completamente
Sociedade Brasileira de
deslocadas submetidas à redução
Ortopedia e
Fraturas do terço distal incruenta. Considera-se que a
4 Traumatologia Colégio
do antebraço na criança redução incruenta e a
Brasileiro de Radiologia
imobilização gessada devam ser a
(2007)
primeira escolha para o
tratamento das fraturas
desviadas do terço distal do
rádio.

Nã o há um consenso ú nico sobre


o manejo de fraturas e
tratamento. A literatura atual
concorda com o conservadorismo
do tratamento como padrã o ouro
Management of Pediatric G.Caruso, E. Caldari,
entre os parâ metros definidos. O
forearm fractures: what F.D.Sturla, A. Caldaria,
tratamento cirú rgico é indicado,
5 is the best therapeutic D.L.Re, P.Pagetti, F.
com atençã o à idade do paciente,
choice? A narrative Palummieri, L.Massari
padrã o de fratura e a experiê ncia
review of the literature (2020)
do cirurgiã o. Mais estudos sã o
necessá rios para criar diretrizes
sobre o tratamento ideal,
considerando novas té cnicas e
tecnologias disponíveis.

A primeira reavaliaçã o ocorreu 7


dias apó s a cirurgia, em todos os
Jonatas Brito De Alencar
pacientes. Os membros, do grupo
Neto, Amanda Progênio
A, negaram dor e já haviam
A fixação da ulna altera o Dos Santos, Guthierrez
retornados à s atividades
6 desfecho das fraturas do Victor De Abreu Bezerra,
escolares. Dentro do grupo B,
terço distal do antebraço? Luiz Holanda Pinto Neto,
todos queixam-se de dor em
Maria Luzete Costa
alguma intensidade e nenhum
Cavalcante (2021)
paciente retornou às práticas
escolares.

53
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Quadro 1: artigos selecionados para a formulação da revisão. (continuação)


Nº Título Autor e ano de publicação Resultados

Coletaram-se, para este trabalho,


informações de 13 pacientes,
aqui tratados como amostra de
uma população existente de
aproximadamente 20 crianças
atendidas no Centro
Traumatológico Ortopédico. Fez-
Perfil de crianças Jéssica Barana Rodrigues,
se, para tanto, a separação dos
submetidas ao Rita De Cássia Helu
7 dados, considerando as seguintes
tratamento de fratura de Mendonça Ribeiro,
variáveis estudadas: idade; sexo;
antebraço (2019) Alexandre Lins Werneck
período; atividade realizada;
acompanhante; local.
Demonstrou-se que foram
atendidos 13 pacientes, sendo a
maioria (61,54%) do sexo
masculino, com idade variando
de sete a oito anos.”

Os resultados de um estudo
epidemioló gico em Malmö
indicam que o risco de sofrer
uma fratura é de 42% em
Epidemiology of Lennart A. Landin, M.D., meninos e 27% em meninas
8
children’s fractures Ph.D. (1997) desde o nascimento até a idade
de 16 anos. A fratura da
extremidade distal do rá dio é a
lesã o mais comum, seguida pela
fratura das falanges da mã o.

As fraturas pediátricas podem


estar completas ou incompletas
(green stick). A maioria dessas
lesões é tratada com redução
fechada e imobilização. As
manobras de redução dependem
do tipo de fratura. Fratura de
galho verde são reduzidas
girando o antebraço e a palma da
Forearm and Distal
mão em direção ao ápice da
9 Radius Fractures in Kenneth J. Noonan (1998)
deformidade. Não é necessário
Children
completar a fratura, embora tal
manobra possa ter vantagem
teórica de uma taxa de refração
menor. As fraturas completas são
reduzidas com tração e
manipulação da armadilha de
dedos. As fraturas completas são
imobilizadas por 6 a 8 semanas
em supinação neutra ou leve.

54
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Quadro 1: artigos selecionados para a formulação da revisão. (continuação)


Nº Título Autor e ano de publicação Resultados

As fraturas distais do antebraço


representam 1/3 de todas as
fraturas em crianças. Tratamos as
Treatment of distal fraturas de fivela com uma tala
10 forearm fractures in J.-J. Sinikumpu (2020) removível. Ambos os autores
children recomendam redução e
acompanhamento radiográfico de
fraturas de greenstick
(incompleta).

Foram incluídas no estudo um


total de 31 crianças com fraturas
do antebraço. A mé dia de idade
dos pacientes foi de 12,90 anos
(variaçã o: 7 a 15 anos). Segundo
Fixação intramedular Balakrishnan M. Acharya,
os crité rios de Price, resultados
flexível para fraturas Pramod Devkota,
11 excelentes foram obtidos em 29
diafisárias dos ossos do Abhishek K. Thakur, Bidur
pacientes, e bons em 2 (6,45%)
antebraço em criança Gyawali (2019)
pacientes. Entre os pacientes com
bons resultados, ambos tiveram
restriçã o de supinaçã o do
antebraço de aproximadamente
20° no ú ltimo acompanhamento.

5. DISCUSSÃO
A maioria das fraturas dos ossos do antebraço em crianças é tratada com sucesso
de forma conservadora com redução fechada e imobilização gessada. (Gallardo-Molina,
2020).
Nas crianças, o tratamento conservador torna-se uma opção extremamente viável.
Tal fato pode ser explicado devido ao grande potencial de remodelação óssea na infância,
a qual inicia durante os primeiros dois meses do processo de consolidação e perdura até
a substituição do calo provisório por osso maduro ou lamelar, mediante as linhas de força
geradas pela solicitação mecânica das atividades diárias. (VOLPON, José. Fundamentos de
ortopedia e traumatologia. São Paulo: Atheneu, 2021.)
Nessa direção, atualmente, a maioria dos adultos com fraturas de ambos os ossos
do antebraço é tratada por redução aberta e fixação interna. Em pacientes pediátricos, o
tratamento é, principalmente, não cirúrgico devido à cicatrização uniformemente rápida
e ao potencial de remodelação da deformidade residual. (NOONAN e PRICE, 1998)
De início, para que o tratamento seja efetivo, é necessário muito mais do que adotar
uma classificação. Dessa forma, cabe ao profissional ter a entendimento radiológico do
punho, tendo em vista realizar a compreensão da lesão. As radiografias simples são o
método de eleição para o diagnóstico das fraturas do terço distal do rádio (POZZI, Isabel
et al., 2011).

55
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Parâmetros radiográficos (incidência em frente, PA):

Figura 8: Representação de medidas observadas na incidência radiográfica


anteroposterior, considerando: A = Altura do rádio (medida entre a extremidade
estilóide do rádio e a base da ulna igual a 12 mm); B = Inclinação ulnar do rádio (igual a
23º); C = Variância ulnar (diferença entre as bases ulnar e radial igual a 2 mm).

Fonte: POZZI, Isabel et al., 2011.

Figura 9: Conceito das colunas.

Fonte: (RIKLI DA, Regazzoni, 1996).

56
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Figura 10: Desenho do perfil do punho demonstrando o ângulo de inclinação palmar do


rádio =11°.

Fonte: POZZI, Isabel et al., 2011.

Figura 11: Ângulo entre a imagem em lágrima e a diáfise do rádio, de aproximadamente


70°. A imagem em lágrima corresponde ao canto ulnar e palmar do terço distal do rádio.

Fonte: POZZI, Isabel et al., 2011.

Os parâmetros normais apresentados anteriormente devem nortear o objetivo do


tratamento: restaurar a anatomia e a função do membro superior anterior à ocorrência
da fratura. Os fatores mais relevantes para a escolha do método são: o perfil do paciente,
o padrão da fratura e as lesões associadas.

5.1. TRATAMENTO DE FRATURAS COMPLETAS


O tratamento da fratura completa consiste em alinhar os fragmentos, corrigir a
rotação e anular as forças deformantes. A redução se faz levando o fragmento distal ao
proximal por meio de tração, de contratação, de hiperdeformidade do foco da fratura e de
deslizamento ou redução final (HEBERT, S. et al., 2017).

57
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Quando a fratura é no terço proximal, os músculos bíceps braquial e o supinador


agem como fatores deformantes; para neutralizá-los, deve-se imobilizar com gesso
axilopalmar em supinação. Caso a fratura seja no terço distal, os músculos pronador
quadrado e braquioestilorradial desviam o fragmento distal em pronação.
Para Hebert et al. (2017), quando o tratamento conservador por manipulação e
imobilização não permitir a estabilização adequada da fratura, deve-se considerar a
redução cruenta com fixação por meio de fios intramedulares, placa, parafusos e haste
flexível. Os autores evidenciam que as maiorias dessas fraturas são instáveis, ou seja, a
conduta indicada por eles foi a redução incruenta com fixação dos ossos com fios
percutâneos e imobilização por 4 semanas com aparelho gessado.
Entretanto, não há consenso sobre alinhamento. Atualmente a angulação para
crianças menores de 11 anos é até 35° e a remodelação pode corrigir até 10mm de
encurtamento. (J-J Sinikumpu et al. 2021).
Anteriormente, Noonan e Price (1998) classificaram o limite de angulação para
menores de 9 anos igual a 15º, enquanto para crianças de idade maior ou igual a
delimitação dada foi de 10°, destacando-se a atenção para possíveis luxações de Galeazzi
e Monteggia.

5.2. TRATAMENTO PARA FRATURA FISÁRIA


O tratamento das fraturas na placa de crescimento baseia-se na gravidade da lesão.
A classificação mais comum é a de Salter-Harris, mas em 1981, Ogden propôs uma nova
classificação incluindo 4 outros padrões de lesões além dos 5 já existentes — não sendo,
entretanto, tão amplamente utilizada.
Fraturas fisárias tendem a curar entre 3 e 6 semanas, porém caso a fratura não seja
reduzida em uma semana, a probabilidade de dano na fise é grande, uma vez que a lesões
nesta região podem resultar em anormalidades de crescimento e fechamento prematuro
da placa, com deformidade angular progressiva, discrepância no comprimento dos
membros e incongruência articular (HO-FUNG et al., 2017).
A literatura afirma que os tipos mais comuns, I e II, são mais fáceis de tratar e
geralmente são resolvidos com redução fechada, desde que o deslocamento e grau sejam
aceitáveis. Para crianças menores de 10 anos aceita-se até 50% de deslocamento e 30° de
angulação. Para crianças maiores de 10 anos, 25% de deslocamento < 25º angulação
(SELVAKUMARAN et al., 2020). Em casos superiores, a redução aberta (cirúrgica)
indicada.
Conforme o Manual de Fraturas (EGOL et al., 2017), Salter-Harris do tipo I e II
devem ser tratadas com redução e aplicação de um axilopalmar. Salter-Harris do tipo III
são reduzidas e a redução aberta e fixação interna (RAFI) com pinos lisos ou pinos
paralelos à fise pode ser recomendada. Já as Salter-Harris dos tipos IV e V são graves e
quase sempre levam a anormalidades, a RAFI é indicada se a fratura estiver desviada.

5.3. TRATAMENTO PARA DEFORMIDADE PLÁSTICA


As condutas para este tipo de fratura incompleta são semelhantes às adotadas para
traumas em galho verde, sendo a redução indicada com base no grau da deformidade.
(SELVAKUMARAN, Gajan et al., 2020).

58
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

A predisposição que o osso imaturo possui de deformar plasticamente está


relacionada em parte ao seu grau de mineralização e remodelação. O problema neste tipo
de fratura é que o arqueamento do rádio e/ou da ulna limita os movimentos de pronação
e supinação à medida que os ossos arqueados invadem o espaço interósseo (MABREY et
al., 1989).
Diversos especialistas defendem que o remodelamento em crianças mais novas
ocorre sem necessitar de manipulação óssea, enquanto outros defendem que fraturas com
angulação superior a 20⁰ sempre deve ser reduzida, fechada ou cirurgicamente (López et
al., 2009).
Nimityongskul et al. (1991) propôs recomendações terapêuticas baseadas na
idade e angulação da fratura, nas quais: crianças menores de 5 anos não precisam de
redução; crianças entre 6 e 10 anos também não precisam de redução, salvo casos em que
a angulação for maior ou igual a 20⁰, podendo ser necessário completar a fratura do osso
afetado; crianças com mais de 10 anos apresentando fraturas a partir de 15⁰ precisam
reduzir.
Uma técnica de redução amplamente aceita foi apresentada por Sanders e
Heckman (1984), consistindo em aplicar uma força de 20 a 32 kg na direção transversa,
tanto proximal quanto distal ao ápice da curva, atentando-se para não forçar diretamente
a fise ou o topo da deformidade. A imobilização que se segue deve ser feita com gesso
braquiopalmar e cotovelo fletido a 90⁰, durante um período de 6 a 8 semanas, mantendo
também controle radiográfico semanal ou quinzenal.

5.4. TRATAMENTO PARA FRATURA EM GALHO VERDE


No que tange às fraturas em galho verde, elas são inerentemente instáveis e
continuarão a angular se não forem adequadamente restauradas. (SELVAKUMARAN,
Gajan et al., 2020)
Os ortopedistas divergem quanto as opiniões acerca do tratamento mais adequado
para lesões do tipo galho verde: completar a fratura ou apenas reestabelecer o
alinhamento original do osso?
Para alguns especialistas, deve-se completar a fratura, antes de se realizar a
imobilização, para diminuir o risco de recidiva da angulação, uma vez que a presença de
um periósteo intacto atua como uma área de tensão, facilitando a rápida consolidação
nesta zona, porém com atraso na zona da ruptura periosteal – o que facilita a ocorrência
de uma eventual refratura.
Entretanto, outros especialistas defendem que seja feito apenas a imobilização
com ou sem redução fechada prévia (a depender do caso), visto que uma manobra mais
intempestiva pode criar um desvio mais difícil de reduzir, considerando-se, portanto,
como uma técnica desnecessária quando se leva em conta o alto grau de remodelação do
osso infantil – principalmente se a criança tiver menos de dez anos (POZZI, Isabel et al.,
2).
Em seu estudo, Noonan e Price (1998) discorreu sobre a importância de se avaliar
a angulação da deformação para se determinar a maneira mais eficaz de alinhamento.
Para os autores, completar a fratura não se faz necessário, pois casos de refraturas são
resultados de má rotação durante a redução, que por sua vez deve ser feita girando o osso
na direção oposta à força deformante, usando como auxílio a tração e a manipulação do

59
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

ápice durante a rotação. As fraturas com angulação ápice-volar devem ser giradas
volarmente (pronação). As fraturas com angulação ápice-dorsal são decorrentes da força
de pronação; portanto, a palma deve ser girada dorsalmente (supinação). Após a redução,
o antebraço deve ser imobilizado na mesma posição em que reduziu a fratura.
Algumas vezes apenas a imobilização é necessária. Nestes casos, considera-se
aceitável a angulação da fratura que não requer manipulação e depende da capacidade de
remodelação do osso imaturo. O determinante mais importante é o tempo até a maturação
esquelética. Aceita-se angulação de 15° e má rotação de 45° para crianças menores de 10
anos, e angulação de 10° e má rotação de 30° para aquelas com idade maior ou igual a 10
anos (SELVAKUMARAN, Gajan et al., 2020).
Com um gesso adequadamente moldado, a cortical intacta manterá um grau de
estabilidade. A radiografia deve ser feita imediatamente após a aplicação do gesso, caso
tenha sido necessário reduzir a fratura. Uma nova radiografia de acompanhamento deve
ser feita 7 a 10 dias depois. Se a redução precisar ser mantida, realiza-se uma nova
consulta clínica 5 a 6 semanas após a fratura para remoção do gesso (SELVAKUMARAN,
Gajan et al., 2020).
Quanto ao método de completar a fratura, SCHMUCK T. et al. (2010) estudou 103
crianças com fraturas em galho verde do antebraço e concluiu com a sua pesquisa que se
angulação ultrapassar a capacidade de remodelação, a quebra da cortical é a melhor
indicação para se diminuir o risco de deformidades secundárias.

5.5. TRATAMENTO PARA FRATURA EM TÓRUS


A metáfise distal é o local mais comum de lesão do antebraço em crianças, devido
sua propriedade cartilaginosa que se torna um ponto de fragilidade óssea. Comumente se
observa as fraturas incompletas em tórus (também denominadas “em fivela”), que
apresentam características estáveis, não havendo risco de deslocamento ou aumento da
angulação.
Nesse sentido, métodos de imobilização de gessos a talas removíveis são indicados.
Equilibra-se a imobilização visando o alívio da dor, levando em consideração qual
estratégia terá melhor adesão e conveniência, além dos custos relacionados ao
tratamento. Uma tala removível fornece proteção adequada e é removida com facilidade
pelos pais em casa, após um período de 3 a 4 semanas sem necessidade de
acompanhamento clínico ou radiográfico adicional. Ademais, esportes de alto impacto e
carregamento de peso devem ser evitados por mais quatro semanas. (SELVAKUMARAN,
Gajan et al., 2020)
Para CARUSO et al. (2020) o tratamento das fraturas em tórus deve ser realizado
com gesso bem moldado abaixo do cotovelo ou com o uso de um imobilizador de punho
removível, por um período de 3 semanas, visando uma melhora funcional mais acelerada.

5.6. TRATAMENTO PARA FRATURA-LUXAÇÃO DE MONTEGGIA


Segundo He JP et al. (2019), para pacientes com fraturas recentes de Monteggia, a
redução fechada combinada com imobilização gessada é uma das opções de tratamento
mais comuns e geralmente resulta em uma recuperação sem intercorrências. No entanto,
caso haja atraso no diagnóstico de associação da fratura ulnar com a luxação da cabeça do
rádio, complicações perigosas poderão ser apresentadas pela criança, visto a proximidade

60
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

da lesão radial com a placa de crescimento ósseo. O autor reitera que o quanto antes o
paciente for encaminhado ao ortopedista pediátrico para diagnóstico e tratamento
adequado, melhor será o prognóstico.
Ring e Waters (1998) propuseram uma estratégia de tratamento baseada no
padrão de fratura da ulna. A recomendação dada por ambos os autores foi redução
fechada e gesso para fraturas incompletas (galho verde e deformação plástica), e redução
cirúrgica para reestabelecimento de fraturas completas. A fixação com pino intramedular
foi a orientação proposta para fraturas de comprimento estável (como as transversas ou
oblíquas).
Fraturas negligenciadas de Monteggia, que não receberam diagnóstico precoce, a
tendência é o uso de correção cirúrgica. Para isto é, muitas das vezes realizada a
osteotomia da ulna. Ainda de acordo com He JP et al. (2019), trata-se de um dos métodos
mais utilizados nestes casos, consistindo no aperto da membrana interóssea suficiente
para manter a cabeça do rádio na posição anatômica correta.
O Manual de Fraturas, organizado por Egol et al., (2017) concorda que fraturas de
Monteggia com ruptura ulnar incompleta devam ser tratadas com redução fechada e
imobilização gessada, acrescentando que fraturas do tipo I e II, conforme a classificação
de Bado, são mais estáveis com imobilização entre 100 e 110 graus de flexão e supinação
total. Já para as fraturas de Monteggia com ruptura ulnar completa, os autores sugerem
que o tratamento deva ser feito com fios de Kirschner ou fixação intramedular, no caso de
incapacidade de se reduzir ou manter a cabeça radial. O Manual atenta ainda para a
incidência de 10% a 20% de complicação por lesão do nervo interósseo posterior, sendo
mais comum nos tipos I e III.

5.7. TRATAMENTO PARA FRATURA-LUXAÇÃO DE GALEAZZI


A literatura mostra que os resultados do tratamento conservador com
imobilização gessada de fraturas-luxações Galeazzi apresentam eficácia na maioria dos
casos.
Uma estabilidade residual após trauma ósseo é encontrada em fraturas
incompletas, arqueadas e com estruturas periosteais intactas. Além disso, as estruturas
ligamentares infantis com mais elasticidade podem compensar o deslocamento da ulna e
prevenir a ruptura ligamentar na lesão de Galeazzi (EBERL et al., 2008).
Walsh et al. (1987) demonstrou em seu estudo a maior eficácia do posicionamento
do gesso moldado acima do cotovelo em relação ao gesso moldado abaixo. Para
Selvakumaran et al. (2020) as fraturas-luxações (tanto a de Galeazzi, quanto a de
Monteggia) devem ser imobilizadas incluindo cotovelo e punho para evitar a rotação do
antebraço.
Eberl et al. (2008) avalia que a estabilização cirúrgica da fratura pode ser
considerada em casos de luxação e instabilidade que persistem mesmo após imobilização
gessada, nos casos de crianças mais velhas e adolescentes.
Por outro lado, Egol et al., no Manual de Fraturas (2017), dividiu as lesões de
Galeazzi em dois tipos conforme a posição do rádio: Tipo I, pelo desvio dorsal do rádio
distal provocado por uma força em supinação; e Tipo II, pelo desvio volar provocado pela
supinação. Ainda segundo os autores, fraturas-luxações de Galeazzi do Tipo I devem ser
tratadas por redução com pronação forçada, exercendo força da região dorsal para a volar

61
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

sobre o rádio distal; e fratura-luxações de Galeazzi do Tipo II, trata-se por redução com
supinação e exercendo força da região volar para a dorsal sobre o rádio distal.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A traumatologia pediátrica pode ser de extensa compreensão, com base nisso, essa
revisão integra opiniões a respeito de fraturas que acometem o antebraço de crianças,
expondo, concomitantemente, a conduta de profissionais experientes no assunto.
Dessa forma, para que o profissional da saúde possua embasamento conceitual que
fundamente a adoção da melhor conduta em casos de fratura no antebraço infantil, faz-se
necessário a compreensão teórica da literatura disponível e da experiência relatada pelos
especialistas na área. Essa somatória possui a finalidade de que os pacientes recebam uma
melhor efetividade terapêutica, evitando impasses após a redução incruenta, sanando,
inclusive, dúvidas a respeito das situações adversas perante a conduta médica.
Uns dos contratempos para a realização deste estudo, foi a escassez de materiais
publicados a respeito do tema debatido. Entretanto, a constância observada no âmbito da
comunidade ortopédica pediátrica, refere-se ao consenso de que o tratamento merece ser
definido conforme avaliação individual, priorizando, sempre que possível, o tratamento
conservador.
Por fim, é importante salientar que cabe ao médico procurar conhecimento acerca
das fraturas, como suas causas, intercorrências resultantes e a epidemiologia de
prevalência e incidência na faixa etária em que a placa de crescimento está presente (0 a
19 anos). Assim sendo, essa revisão integrativa da literatura converge para o auxílio de
médicos generalistas ou especialistas, bem como os demais profissionais da saúde acerca
da análise do trauma ortopédico pediátrico, encontrado tanto na atenção secundária,
quanto na terciária da saúde pública brasileira.

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63
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 6
Fraturas pediátricas em galho verde: Revisão de
literatura
Ane Carolyne Moraes
Antonio Nadson A. Cunha Filho
Gabriel José Rodrigues de Freitas Neto
Julia Rosa Revoredo
Maria Eduarda Frota
Paulo Daw Wen Su
Eduardo Lima de Abreu
Karoline Costa de Souza
Aline Cristiane Côrte de Alencar
Nilton Orlando Júnior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso

Resumo: Na presente revisão bibliográfica, descrevemos de forma breve as fraturas em


galho verde no ambiente pediátrico, pontuando as formas de diagnóstico, sintomas,
tratamento, e uma suscinta comparação deste tipo de lesão em crianças e adultos. Os
artigos foram selecionados a partir do banco de dados eletrônicos Scielo, por meio de
pesquisas abrangentes. A pesquisa foi realizada combinando termos-chave como
“Fratura”, “Galho verde”, “Crianças”, “Pediatria” e “Ortopedia”. Os artigos e sites foram
selecionados por relevância. Uma revisão bibliográfica foi realizada para expor os estudos
mais relevantes sobre o assunto, incluindo publicações adicionais que foram identificadas
nas listas de referências.

64
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
Os ossos são as estruturas de suporte do corpo e são parte ímpar do sistema
musculoesquelético, que também inclui os músculos e os tecidos que ligam essas
estruturas, sendo estes os ligamentos, os tendões e outros tecidos conjuntivos, chamados
tecidos moles. Tais estruturas conferem ao corpo sua forma e proporcionam sua
funcionalidade, tornando a movimentação corporea através do espaço estável e, dessa
forma, permitindo sua mecanicidade. Assim é realizado o deslocamento fisiolgico do
corpo. Em outro viés, e istem às fraturas ósseas. O termo fratura tem origem na palavra
latina fratura, que significa quebrar. (VELLOSO). As fraturas são definidas como a perda
da solução de continuidade do tecido ósseo ou também como resultado de uma fadiga da
estrutura de um osso (VELLOSO); uma fratura em galho verde é uma fratura de espessura
parcial em que apenas o córtex e o periósteo são interrompidos em um lado do osso,
enquanto permanecem ininterruptos no outro lado (ATANELOV). Com isso, a fratura em
galho verde -tema principal desta revisão- é um tipo de fratura óssea leve, na qual o osso
sofre fratura em apenas um dos lados enquanto o outro permanece íntegro. As fraturas
em galho verde são fraturas incompletas de ossos longos e geralmente são observadas em
crianças pequenas, mais comumente com menos de 10 anos de idade. Eles são geralmente
médio-diafisários, afetando o antebraço e a parte inferior da perna (LUTOSA). Portanto,
tal tipo de fratura está ligada, principalmente, a pediatria por conta da estrutura óssea
infantil que, nesta fase, encontra-se mais “macia” e “flexível” se quando comparadas
osteologia adulta. Nesse tipo de fratura, as principais causas estão relacionadas a uma
força externa, de extrema potência, como traumas, pancadas ou qualquer tipo de quedas
mais bruscas que acabem fazendo que o osso “dobre”, lesionando parcialmente,
semelhante a um galho de uma árvore quando torcido, sendo está a causa do nome
sugestivo “galho verde”, característico para esse tipo de fratura.
Na temática desta revisão , os autores buscam elucidar os principais pontos a
serem abordados nesse tipo de fratura, bem como sua etiologia, seus sintomas, seu
diagnóstico, e suas formas de tratamento, além de realizarem uma breve comparação
entre as fraturas em diferentes idades, casos e localizações ósseas, tal como a
diferenciação entre esses distintos aspectos. A fim de somar ao tema e produzir um
conteúdo de fácil entendimento, sucinto e esclarecedor para acadêmicos da área da saúde
e para acrescentar material na pesquisa inicial do assunto em questão, o presente texto
produz uma mescla entre obras de literatura médica, materiais de sites e temas abordados
por artigos. Devido a dificuldade de encontrar a abordagem dos aspectos referentes a
"lesões em galho verde" especificados em um único contingente, foi-se observada a
necessidade para a produção desse artigo. Dessa forma, pode-se notar que o âmbito de
conteúdo referente à temática em questão é escasso para alunos que buscam uma
abordagem introdutória do assunto e, assim sendo, faz-se necessário a produção de mais
artigos acadêmicos que proponham a explanação do assunto.

2. OBJETIVO
A presente revisão bibliográfica trás como objetivo principal, discutir e identificar
evidências científicas relacionadas as fraturas em galho verde nas crianças. Utilizando da
metodologia de revisão integrativa da literatura, realizada em agosto de 2022, na
Biblioteca Virtual em Saúde, Web of Science, Psychology Information e PubMed. Foram
incluídos artigos primários, publicados em inglês, português e espanhol e que
contemplassem o tema. Onde os resultados compuseram 12 estudos, dos quais

65
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

emergiram três categorias de fraturas: Fraturas em galho verde, nas crianças de forma
geral e ortopedia pediátrica. Como conclusão, pode-se obeservar que o maior desafio na
presença desses tipos de fratura, esta no controle de cura e no tratamento, que se torna
de difícil realização no publico pediátrico e na demonstração dos métodos de diagnostico
da lesão. É de suma importância, relevar as questões que abrangem essa fratura, que
atualmente esta entre as mais comuns entre crianças, e seu tratamento abrange varias
outras metodologias de recuperação.

3. METODOLOGIA
Inicialmente, na etapa de busca dos artigos, foram identificados 1.581 artigos com
os cruzamentos dos termos de busca nas bases de dados utilizadas neste estudo. Depois
da aplicação dos critérios de inclusão referentes ao idioma e tipo de documento restaram
1.347 manuscritos. Esses foram armazenados em um arquivo único no EndNote®, e, por
meio desse software, foram retiradas as duplas entradas dos artigos, resultantes da
indexação de periódicos em mais de uma das bases de dados pesquisadas).
Os artigos que contemplaram o tema da pesquisa no título ou resumo foram
separados para serem lidos na íntegra. Depois da leitura desses textos, foram verificados
os critérios de adequação ao tema, restando 15 estudos, desses, três foram excluídos da
amostra final por serem artigo de opinião e por apresentar apenas a prevalência do
diagnostico da fratura em galho verde.

4. RESULTADOS
Após os critérios de inclusão e exclusão, totalizaram-se 12 artigos. A partir da
leitura e seleção crítica, 10 artigos foram selecionados para leitura na íntegra.

N° Título Autor e Ano Da Publicação Resultados


Nesta revisão explicativa,
os autores buscam
definir os caracteres
acerca das fraturas em
galho verde, sua
1 Greenstick Fracture Atanelov Z, Bentley TP (2022)
diferentes causas e
abordagens. Relata-se o
resultado positivo do
tratamento na maioria
das crianças.
Os autores abordam a
traumatologia geral que
Fraturas do antebraço e rádio acomete o antebraço dos
2 Noonan KJ, Price CT (1998)
distal em crianças. pacientes pediatro
ortopédicos, com foco no
rádio.
Os autores abordam o
Medicina baseada em
Franklin CC, Robinson J, Noonan K, manejo clinico e como
3 evidências: manejo das fraturas
Flynn JM (2012) proceder devidamente
pediátricas do antebraço.
perante a uma fratura.

66
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

(continuação)
N° Título Autor e Ano Da Publicação Resultados
São tratados assuntos
referentes as diversas
emergências ortopedicas
Emergências ortopédicas
4 Chasm RM, Swencki SA (2010) da pediatria, com
pediátricas.
exemplos e relatos, entre
eles encontra-se das
fraturas em galho verde.
Neste artigo os autores
trazem as características
radiográficas simples das
lesões em galho verde e
5 Greenstick Fracture. Radswiki, T., Lustosa, L. (2022)
suas diagnósticos
diferenciais -fratura
Salter-Harris, fratura em
todo, fratura em arco-.
O artigo disculte o campo
das fraturas
Sharma S, Vashistha A, Chugh A,
Fraturas mandibulares mandibulares de
6 Kumar D, Bihani U, Trehan M, Nigam
pediátricas: uma revisão. ortopedia infantil, nela
AG (2009)
há relato de fratura em
galho verde.
Faz um apanhado de
fraturas, em um estudo
Padrão de fratura de membro em de pacientes pediatricos
diferentes faixas etárias em faixas etárias
7 Cheng JC, Shen WY (1993)
pediátricas: um estudo com 3.350 diversas. Mostrando, por
crianças. resultado, as diferenças
presentes nesse
universo.
Envolve o aspecto cranio
Temas em Trauma Craniofacial facil, no qual estam
8 Chandra SR, Zemplenyi KS (2017)
Pediátrico. presentes traumas
diversos.
Um estudo abrangente
do antebraço e das
fraturas de galho verde
Schmuck T, Altermatt S, Büchler P, presentes nessa parte do
Greenstick fraturas do terço
Klima-Lange D, Krieg A, Lutz N, membro, demonstrando
9 médio do antebraço. Estudo
Muermann J, Slongo T, Sossai R, Hasler a frequencia elevada de
prospectivo multicêntrico.
C. (2010) lesões nessa parte do
corpo, que é a mais
frequentemente
acometida.
Propõe a análise do
tratamento de
Análise de custos e desempenho imobilização, os
em fraturas pediátricas distais do resultados referentes a
10 antebraço: um gesso de braço Acree JS, Schlechter J, Buzin S. (2017) esse processo e estaelece
curto é superior a uma tala de uma comparação entre
pinça de açúcar? as possiveis formas de se
proceder durante a cura
da lesão.
Sinal de cruzamento do raio: uma Expõe, entre outros
indicação de fraturas em galho Wright PB, Crepeau AE, Herrera-Soto achados, as complicações
11
verde do eixo do rádio mal JA, Price CT. (2012) possíveis oriundas de
reduzidas. uma lesão mal reduzida.

67
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

5. DISCUSSÃO
5.1. IDENTIFICAÇÃO E MANEJO
Os sinais e sintomas variam, dependendo da gravidade da fratura em galho verde,
podendo ser classificadas em leves e graves. Fraturas leves, normalmente podem ser
confundidas com entorses ou contusões, enquanto as graves podem causar uma
deformidade evidente e que vem acompanhada de dor e inchaço significativo.
Portanto, é de suma importância que os aspectos basais da lesão estejam
prontamente esclarecidos para o médico que a trata ou para aquele que a está estudando.
Tais abordagens envolvem o conhecimento da fisiopatologia para identificação da fratura
em galho verde, a revisão dos caracteres de raio-x envolvidos na problemática, a descrição
correta dos meios terapêuticos e dos manejos disponíveis para a conduta do paciente
lesionado, soma-se a isso a clareza para explicar as estratégias abordadas por uma equipe
interprofissional com a finalidade de melhorar a coordenação dos cuidados e a prestação
dos serviços disponíveis para o traquejo da situação e avançar no manejo das fraturas em
galho verde, melhorando, assim, os resultados obtidos pacientes.

5.2. PRINCIPAIS RISCOS, ACHADOS E OCORRÊNCIAS


Antes da ossificação, a maioria do osso pediátrico é apenas cartilagem calcificada,
que é muito complacente quando comparada aos ossos ossificados de adultos. Devido à
sua maior complacência, os ossos pediátricos tendem a ter mais lesões de curvatura e
flexão sob estresse que causariam uma fratura em um osso adulto. Além disso, o periósteo
pediátrico é mais ativo, mais espesso e forte em crianças, o que diminui muito a chance de
fraturas exposta deslocamento da fratura. Essas e outrasqualidades do periósteo
pediátrico, bem como a maior complacência do osso pediátrico, são responsáveis pelos
padrões únicos de fratura observados em pacientes pediátricos. Esses padrões de fratura
incluem lesões em galho verde, toro e espiral, que são lesões de flexão em vez de rupturas
corticais de espessura total. (CHASM). Como no presente texto a borragem principal se
debruça sobre as fraturas em galho verde, abordar-se-ão aqui somete as explicações
desta. As fraturas em galho verde geralmente acontecem quando uma criança cai e
estende a mão para amortecer a queda (RICHARD). Essas lesões ortopédicas - geradas a
partir de uma queda com a mão estendida - possuem um tipo de sigla própria, cujo termo
FOOSH é o referido. As fraturas em galho verde ocorrem mais comumente após uma
queda com o braço estendido (FOOSH); no entanto, eles também podem ocorrer devido a
outros tipos de trauma, incluindo colisões de veículos motorizados, lesões esportivas ou
trauma não acidental em que a criança é atingida por um objeto. A desnutrição,
especificamente a deficiência de vitamina D, aumenta o risco de fraturas em galho verde
dos ossos longos após um trauma. Esta atividade revisa a avaliação, manejo e
fisiopatologia das fraturas em galho verde e destaca o papel da equipe interprofissional
no cuidado aos pacientes afetados. (ATANELOV).
É relevante ressaltar que "as fraturas em galho verde são mais prováveis de serem
encontradas na população pediátrica com menos de 10 anos de idade, mas podem ocorrer
em qualquer faixa etária, incluindo adultos (CHENG). Logo, a população infantil com idade
inferior a descrita acima deve ser assistida pelo país, familiares ou cuidadorescom uma
maior cautela. As fraturas em galho verde também podem ocorrer na face, tórax, escápula
e praticamente todos os ossos do corpo, mas com muito menos frequência do que os ossos
longos (CHENG). As fraturas condilares são as fraturas mandibulares pediátricas mais

68
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

comuns, representando até 55% de todas as fraturas mandibulares. Existem 3 tipos de


fraturas condilares. Fraturas subcondilares baixas são as mais comuns e são fraturas
incompletas em galho verde na maioria das vezes (SHARMA). O trauma nasal geralmente
leva a fraturas em galho verde na população pediátrica devido a uma sutura da linha
média não fundida e a maior parte da cartilagem composta pelos ossos nasais.
(CHANDRA).
Também é fundamental atentar-se a localização óssea de ocorrência da lesão, uma
vez que, "embora as paredes ao redor da fise sejam fortes, a zona hipertrófica da fise é um
ponto fraco onde comumente ocorrem fraturas. A lesão da fise ou da placa epifisária pode
levar ao retardo do crescimento ósseo, pois o leito vascular que suporta o crescimento
físico origina-se da placa epifisária (ANTANELOV). Entretanto, dito isso, é
conceitualmente importante destacar que as fraturas em galho verde podem ocorrer em
qualquer parte da diáfise e metáfise, mas não são mais chamadas de fraturas em galho
verde se envolverem a fise, pois são classificadas como fraturas de Salter-Harris. As
fraturas em galho verde são teorizadas para ocorrer devido ao aumento da proporção de
matriz de colágeno com reticulações mais imaturas e uma maior proporção de ligações
cruzadas imaturas/maduras (BERTEAU).
Achados na história geralmente incluem trauma acidental como FOOSH, mas
podem incluir história como ser atingido por um taco de beisebol ou outro item e outras
formas de trauma acidental. No entanto, traumas não acidentais devem sempre ser
considerados (NOONAN). Consequentemente, "achados físicos comuns incluem
diminuição da amplitude de movimento, dor à palpação e equimose sobre a área lesada.
Achados mais críticos incluem edema, tenda se deslocado, alterações de tecidos moles,
como abrasão ou laceração, e sinais de lesão do feixe neurovascular. (NOONAN). Por isso,
como exemplo, "ao avaliar um antebraço distal, deve-se suspeitar de lesão do nervo
mediano que pode ocorrer com fraturas em galho verde. Uma erificação neurológica
completa deve ser feita com todas as lesões traumáticas (ANTANELOV).

5.3. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de fratura em galho verde, baseia-se principalmente no exame fisico.
Durante o exame fisico, busca-se inspecionar a área afetada à procura de sinais de
sensibilidade, inchaço, deformidade, dormência ou feridas abertas. Pode-se solicitar ao
paciente que mova os dedos em certos padrões ou movimentos, buscando verificar algum
tipo de dano aos nervos que abrangem a região lesionada, além de examinar as
articulações acima e abaixo da fratura. Os métodos de radiologia (Raio-x) também são de
suma importância para definir o diagnóstico da lesão em galho verde no membro afetado,
podendo também ser realizado raiox do outro membro intacto, para níveis de
comparação. A avaliação diagnóstica inclui uma radiografia da extremidade lesionada ou
área de queixa. Os achados radiográficos típicos demonstram uma lesão em flexão com
uma linha fraturada que não atravessa completamente o osso (ATANELOV). Há uma
fratura do periósteo e do córtex de uma lado (o lado da tensão) que não se estende para o
outro lado do córtex e do periósteo (NOONAN). Em uma radiografia, há uma fratura visível
no lado da tensão com o lado oposto do osso demonstrando deformação plástica devido a
forças compressivas (ATANELOV).

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Imagem 1: Fratura de Rádio e Ulna Em Galho Verde

Fonte: Site viver melhor

Dependendo do nível da gravidade da fratura em galho verde, pode se fazer como


necessário “endireitar” o osso, visando partir ao devido tratamento, com a imobilização
da região utilizando o gesso e a cicatrização correta do osso.

5.4. TRATAMENTO
O protocolo de tratamento de uma fratura em galho verde visa a redução da
fratura, normalmente separando ligeiramente o osso e, em seguida, empurrando-o no
lugar para endireitá-lo. Se o grau de angulação for significativo, o profissional de saúde
precisa realizar uma redução fechada e imobilização (NOONAN). Todas as fraturas em
galh verde requerem imobilização, e a colocação de gesso vários dias após a lesão inicial
diminui o risco de necessidade de reformulação devido ao aumento do edema pós-fratura.
O encaminhamento ortopédico na consulta inicial é geralmente recomendado, mas
depende do grau de angulação e da idade da criança. (ATANELOV).
A imobilização com gesso em fraturas de galho verde de ossos longos deve durar
aproximadamente seis semanas (SCHUMUCK). O médico colocará o membro afetado em
um gesso, imobilizando-o para que o osso possa crescer novamente, assim este poderá
obter a cicatrização da fratura; deve-se levar em conta o período de tempo, tais fraturas
normalmente não são tão dolorosas quanto outros tipos, especialmente depois que a
fratura for reduzida. Vale lembrar que antiinflamatórios podem ser prescritos para
diminuir o inchaço no local da fratura.
O tipo de gesso depende da localização da fratura. Fraturas distais podem ser
colocadas em gesso de braço curto, enquanto fraturas proximais requerem gesso de braço
longo e podem ser trocadas por desso de braço curto no meio do processo de cicatrização
em aproximadamente três semanas. Pacientes com fraturas proximais requerem
acompanhamento ortopédico mais próximo (FRANKLIN).
Embroa menos praticadas, as fraturas em galho verde podem ser tratadas com
talas se houver aoenas uma pequena angulação e se houver acompanhamento proximo
com a familia ou o paciente (ACREE). Na fratura em galho verde um dos riscos principais
é que a ela não seja diagnósticada, já que, frequentemente, é possível colocar peso no

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

membro, por exemplo, embora possa ser doloroso, e a fratura possa ser descartada como
um golpe forte e simples, resultando em algum inchaço, mas sem danos permanentes. Se
uma criança cair ou levar uma pancada forte e reclamar de dor que parece um pouco
extrema, a recomendação é que ela deve ser levada ao hospital para descartar uma fratura
em galho verde, especialmente se a área da lesão inchar rapidamente. A falta de
tratamento da fratura pode resultar em problemas gravíssimos, entre eles : uma infecção
muito dolorosa seguido de danos permanentes.
Fratura Salter-Harris, fratura do toro, fratura da criança (fratura espiral não
deslocada da tíbia distal), fratura espiral, fratura não acidental, fratura exposta, fratura
patológica, fratura não deslocada, deformidades plásticas, entre outras (ATANELOV) são
alguns dos diágnosticos diferenciais que devem ser levados em consideração no inicio do
atendimento e anteriormente ao inicio do tratamento.
A maioria das fraturas em galho verde saram completamente após serem
reduzidas e colocadas em um molde. Em alguns casos, no entanto, a fratura não cicatriza
adequadamente, exigindo cirurgia. Isso é extremamente raro, especialmente quando a
fratura é tratada o mais rápido possível e o peso é mantido fora do osso enquanto ele
cicatriza, fazendo com que o mesmo use de seus recursos biológicos para cicatrizar.

5.4.1. CONTROLE DE CURA


Dependendo do tipo de fratura, há necessidade de controles radiográficos para
verificar se a posição do osso está mantida de maneira adequada. Ao final do tratamento,
uma radiografia pode ser solicitada para avaliar se existem condições para deixar o local
sem imobilização ou proteção. Fraturas simples e com excelente prognóstico dispensam
essa radiografia de checagem (SPIEGATO). Geralmente, o prognóstico é bom; a aioria das
fraturas em galho verde cicatrizam bem sem alterações funcionais ou grosseiras na
aparência do osso lesado. Porém, se não fr devidamente imobilizado e sem
acompanhamento ortopédico adequado, há risco de refretura, fratura complementar e
deslocamento de fratura (NOONAN). Nesse interim, mostra-se como de extrema
importancia o uso desses meios para o controle de cura.

5.4.2. TEMPO DE CONSOLIDAÇÃO


Varia de poucas semanas a meses. Tudo vai depender da idade da criança, do tipo
e da localização da fratura, do tratamento realizado e dos cuidados tomados. O
ortopedista oferece aos pais uma previsão do tempo de consolidação, que pode se
modificar conforme o aspecto revelado pelas radiografias de controle, pois existem
fatores individuais que interferem nesse prazo.

5.4.3. REABILITAÇÃO
Depois do tempo de imobilização, verifica-se a atrofia do membro, e se o paciente
apresenta dificuldade em retomar os movimentos normais. Para a maioria das crianças, a
recuperação ocorrerá naturalmente. No entanto, em casos específicos, e também entre
crianças maiores e adolescentes, talvez seja necessário um acompanhamento
fisioterápico. O retorno à atividade deve ser progressivo e respeitar a idade e atividade da
criança, sem grandes exageiros durante a recuperação (FUERST). Ela pode retomar
prontamente aos exercícios sem impacto, como a natação. Já a prática de esportes com

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

risco de impactos e quedas (futebol, skate, basquete) tem de aguardar a liberação pelo
ortopedista.

5.4.4. ACOMPANHAMENTO
Mesmo após o tratamento e a consolidação do osso, a criança ainda precisa de
acompanhamento médico. Isto é necessário para certificar-se que houve recuperação
total do movimento e da função, acompanhar se o osso se mantém alinhado e analisar o
crescimento do osso, verificando se o mesmo não foi afetado durante a recuperação.

6. COMPARATIVIDAADE ENTRE CRIANÇAS E ADULTOS


A composição, anatomia e histologia do sistema esquelético pediátrico não é
apenas uma versão menor da forma adulta; em vez disso, é único porque permite um
rápido crescimento e mudança ao longo do desenvolvimento, desde a infância até a idade
adulta. (ATANELOV) Embora geralmente observadas a população pediátrica, as fraturas
em galho verde tamém podem ocorrer em adultos. (CASEY) Baseado nisso, a consciência
de que os ossos das crianças apresentam diferenças em relação aos dos adultos, e um
noção básica primordial; ademais, ela se faz muito importante para determinar o tipo da
lesão, o tratamento e o prognóstico em caso de fratura. Como já citado na introdução deste
artigo, o osso da criança apresenta maior “maciez” e “flexibilidade”, que é ocasionada por
conta de sua elasticidade, da sua porosidade e do seu periósteo, que é mais resistente e
contem cartilagens de crescimento. Além disso, como a criança está em crescimento, a
capacidade de seu corpo de formar, regenerar e desenvolver os ossos é, em muito,
superior a do adulto.
Essas diferenças determinam algumas características vantajosas para a criança.
Como a maior dificuldade para a ocorrência de fraturas permanentes e uma maior
proporção de fraturas incompletas, como “galho verde” ou subperiostal; menor incidência
de fraturas comunicativas; maior capacidade de remodelação; cicatrização ou calo ósseo
mais veloz que em adultos (chegando a quase metade do tempo do processo que ocorre
na fase adulta); melhor e mais rápida recuperação após a fratura; menor necessidade de
cirurgia para reduzir e fixar as fraturas.
Dessa forma, os aspectos positivos de fratura em galho verde na infância, são visto
em maiores proporções que em adultos, entretanto também são apresentadas algumas
desvantagens sérias em relação à essa fase. Como por exemplo, fraturas que ocorrem
próximas à cartilagem de crescimento podem causar deformidades e déficit no
crescimento da criança; uma deformidade ou sequela pode ter repercussão em toda
formação educacional, profissional, social e psicológica do paciente; dificuldade em
aceitar o gesso ou imobilizações prolongadas; as crianças tendem a cooperar menos com
as recomendações dos médicos, para serem seguidas durante o tratamento, como por
exemplo: não andar, não correr, ter cuidado etc.

7. POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS EM GALHO VERDE


As fraturas em galho verde dificilmente podem gerar ou vir acompanhadas de
outros problemas. Em se tratando de fraturas, de modo geral, esse risco se relaciona a
outros prolemas que oriundo da fratura inicial e que, dependendo da condulta de
tratamento (ou não tratamento) pode desencadear em srias complicação. Dentre elas o

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

acometimento de vasos sanguíneos ou nervos e, essas situações adversas danosas aos


vasos sanguíneos e nervos podem gerar intensa dor, inflamação crônica e altamente
edemasiada (vale rememorar que os ossos são estruturas altamente inervadas e
vascularizadas). Para além disso, outras problemáticas relacionadas com articulações e
cicatrização desenvolvemse com o passar do tempo.
As fraturas em galho verde apresenam alto risco de refratura devido a sua
instabilidade e à necessidade de imobiização rápida (FRANKLIN). Uma fratura primária
em galho verde pode resultar em uma alta taxa de fraturas recorrentes no antebraço
(NOONAN). De acordo com uma série de casos, após a redução da fratura em galho verde
do rádio, uma análise radiográfica adicional dos segmentos proximal e distal do rádio
deve ser feita para garantir que a posição rotacional de cada um seja compatível com o
outro. (WRIGHT) Isso é chamado de sinal de cruzamento do raio e pode ajudar a reduzir
o risco de deformidade e perda de movimento do antebraço. (WRIGHT)
Uma fratura em galho verde no quadril ou joelho pode interromper o fluxo
sanguíneo para a perna. Assim, os tecidos na perna podem não receber sangue suficiente
(isquemia) e podem morrer (necrose). Se muitos tecidos necrosarem, parte da perna pode
ter que ser amputada. Às vezes, fraturas do cotovelo ou da parte superior do braço podem
interromper o fluxo sanguíneo para o antebraço, causando problemas semelhantes. A
interrupção do fornecimento de sangue pode não causar nenhum sintoma até várias horas
depois da lesão.
Outra complicação que pode ocorrer é quando os nervos são distendidos,
contundidos ou esmagados quando ocorre fratura em algum osso. Um golpe direto pode
machucar ou esmagar um nervo. Essas lesões geralmente cicatrizam por si ao longo de
semanas até meses a anos, dependendo da gravidade da lesão. Algumas lesões nervosas
nunca saram totalmente. Em casos raros, os nervos sofrem ruptura, às vezes por
fragmentos de ossos afiados. Nervos rompidos não saram por si só e podem ter que ser
reparados cirurgicamente e em muitos casos seu dano é irreparável, pois célula nervosas
não tem a capacidade de regeneração como as demais células.
Subsequente às demais, a embolia pulmonar é a complicação grave mais comum
das fraturas sérias ou em galho verde do quadril ou da pélvis. Ela ocorre quando um
coágulo de sangue se forma em uma veia, se solta (êmbolo), se desloca para um pulmão e
ali bloqueia uma artéria. Como resultado, o corpo pode não receber oxigênio suficiente.
Sofrer uma fratura do quadril aumenta consideravelmente o risco de embolia
pulmonar pois ela envolve Lesão na perna, onde se forma a maioria dos coágulos que
causam embolia pulmonar bem como Imobilidade forçada (ter que permanecer na cama)
por horas ou dias, diminuindo a velocidade do fluxo sanguíneo e, assim, dando a
oportunidade de coágulos se formarem. A mesma coisa ocorre nos casos de embolia
gordurosa, a gordura residente dentro de ossos longos pode acabar parando no pulmão e
impedindo a troca gasosa.
Além disso, em crianças, se uma placa de crescimento em um osso sofre uma
fratura, a região afetada pode não crescer normalmente e pode ficar mais curta que a
outra correspondente. As placas de crescimento, que são feitas de cartilagem, permitem
aos ossos se alongar até as crianças atingirem sua altura total. Se uma fratura não envolver
a placa de crescimento, ela pode estimular o crescimento do osso a partir do próprio local
da fratura. Se estimula o crescimento, o osso fraturado pode crescer demais e ficar mais
comprido que o análogo. Em adultos, a cirurgia para reparar o osso da coxa pode resultar
em uma perna ficando mais comprida que a outra. Em última análise, Em casos raros,

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

desenvolve-se uma síndrome compartimental. Por exemplo, ela pode surgir quando os
músculos lesionados incham muito depois de uma fratura de um braço ou de uma perna.
Como o inchaço exerce pressão nos vasos sanguíneos adjacentes, o fluxo sanguíneo para
o membro lesionado fica reduzido ou bloqueado. Consequentemente, os tecidos no
membro podem ficar danificados ou necrosar e o membro pode ter de ser amputado. Sem
tratamento imediato, a síndrome pode ser fatal. A síndrome compartimental é mais
provável de ocorrer em pessoas com certas fraturas da parte inferior da perna, certas
fraturas do braço ou uma fratura de Lisfranc (um tipo de fratura do pé).

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa revisão bibliográfica teve por objetivo principal a explanação primeira do que
seriam as fraturas em galho verde para aqueles que buscam um trabalho introdutório à
temática. Sendo assim, foram abordados aqui os principais conceitos de como a lesão se
forma, em quais segmentos prioritariamente, qual a área de abrangência encarregada de
cuidar dos pacientes e em qual fase da vida elas ocerrem com mais frequência. Para tanto,
foi-se utilizado um recorte de material bibliográfico cuja abordagem está centrata nos
públicos infantil (enquanto objeto de estudo) e no médico ortopedista (enquanto
profissional que estuda tal assunto).
Embora o entendimento central do artigo não seja de difícil entendimento, a
temática aqui exposta tem sua relevância ao contribuir com a compactação de um tipo de
lesão comum entre crianças. Dessa forma, fragmentos de diferentes fonte foram
adicionadas ao trabalho, visando corroborar com o conteúdo de forma sucinta.
Conclui-se então que, devido a relevância e frequência de fraturas em galho verde
no meio pediátrico, a abordagem do assunto na formação médica, dentro do campo da
ortopedia pediátrica, é de fundamental importância.

REFERÊNCIAS
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em:https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/lesões-e-envenenamentos/fraturas/consideraçõesger ais-
sobre-fraturas. Acesso em 17 de setembro de 2022.
[2] SBOP, Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediatrica. Orientações sobre fraturas em galho verde
em crianças. Disponível em: https://www.sbop.org.br/noticia/11/orientacao
[3] SPIEGATO.Informações sobre fraturas em galho verde. Disponível em:
https://spiegato.com/pt/o-que-e-uma-fratura-em-galho-verde
[4] Atanelov Z, Bentley TP. Greenstick Fracture. [Updated 2022 Apr 26]. In: StatPearls [Internet].
Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-.
[5] Radswiki, T., Lustosa, L. Greenstick fratura. Artigo de referência, Radiopaedia.org. (acessado em
21 de setembro de 2022) https://doi.org/10.53347/rID-12606
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novembro; 28 (4):907-26. [ PubMed ] [Ref list]
[7] Richard W. Kruse DO, Susan M. Dubow, Greenstick Fractures. Disponivel em:
https://kidshealth.org/en/parents/fractures-greenstick.prt-en.html
[8] Cheng JC, Shen WY. Padrão de fratura de membro em diferentes faixas etárias pediátricas: um
estudo com 3.350 crianças. J Ortop Trauma. 1993; 7 (1):15-22. [ PubMed ]
[9] Sharma S, Vashistha A, Chugh A, Kumar D, Bihani U, Trehan M, Nigam AG. Fraturas mandibulares
pediátricas: uma revisão. Int J Clin Pediatr Dent. 2009 maio; 2 (2):1-5. [ PMC free article ] [ PubMed ]

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

[10] Chandra SR, Zemplenyi KS. Temas em Trauma Craniofacial Pediátrico. Cirurgia Plástica Facial Clin
North Am. 2017 novembro; 25 (4):581-591. [ PubMed ]
[11] Noonan KJ, Price CT. Fraturas do antebraço e rádio distal em crianças. J Am Acad Orthop Surg.
1998 maio-junho; 6 (3):146-56. [ PubMed ]
[12] Franklin CC, Robinson J, Noonan K, Flynn JM. Medicina baseada em evidências: manejo das
fraturas pediátricas do antebraço. J Pediatr Ortop. setembro de 2012; 32 Supl 2 :S131-4. [ PubMed ]
[13] Schmuck T, Altermatt S, Büchler P, Klima-Lange D, Krieg A, Lutz N, Muermann J, Slongo T, Sossai
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Pediatr Surg. setembro de 2010; 20 (5):316-20. [ PubMed ]
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antebraço: um gesso de braço curto é superior a uma tala de pinça de açúcar? J Pediatr Orthop B. 2017 Set;
26 (5):424-428. [ PubMed ]
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fraturas em galho verde do eixo do rádio mal reduzidas. J Pediatr Ortop. 2012 junho; 32 (4):e15-9. [
PubMed ]

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 7
Perfil de fraturas pela ocorrência de maus tratos em
crianças
Alexandra Aisha Ribeiro Salla
Carla Daniela Faba da Silva
Maria Angela Fraguas Coutinho
Sarah Juliana Silva da Cunha
Vanessa Karoline Oliveira Lima
Aline Cristiane Côrte de Alencar
Eduardo Lima de Abreu
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
Os maus tratos infantis configuram-se como um problema social e de saúde
pública, devido a influência direta na qualidade de vida das vítimas e possibilidade de
causar danos físicos, psíquicos ou morais. De acordo com o Relatório de Status Global
sobre Prevenção da Violência contra Crianças 2020 da Organização Mundial da Saúde
(OMS) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), publicado
em junho de 2020, metade das crianças do mundo, ou aproximadamente 1 bilhão de
crianças a cada ano, é afetada por violência física, sexual ou psicológica, causando
ferimentos, incapacidades ou morte. Nesse sentido, as fraturas decorrentes de maus
tratos se apresentam como um achado no exame físico e nos exames de imagens, assim
como estão associadas a escoriações, equimoses ou hematomas, sendo de grande valor
diagnóstico e, portanto, de atenção especial pelos profissionais de saúde.

2. OBJETIVO
Caracterizar as fraturas ortopédicas de crianças derivada de maus-tratos.

3. METODOLOGIA
Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura usada comumente na área da
saúde que permite análise de diferentes estudos experimentais e teóricos contribuindo
para uma visão mais global de uma determinada temática.[1] A Revisão Integrativa da
Literatura é construída por seis fases ou tópicos:[1][2]
• Fase 1: Elaboração da pergunta norteadora;
• Fase 2: Amostragem ou busca na literatura;
• Fase 3: Coleta de Dados;
• Fase 4: Análise crítica dos estudos incluídos;
• Fase 5: Interpretação dos resultados;
• Fase 6: Apresentação da Revisão Integrativa.
Para conduzir está pesquisa a pergunta norteadora foi: Como se caracterizam as
crianças e as fraturas sofrida decorrente de maus-tratos ?.
A busca na literatura foi feita nas bases de dados Scientific Electronic Library Online
(SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e
PubMed. Utilizando-se como palavras-chaves os termos extraídos dos Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS) da Biblioteca Virtual em Saúde: maus tratos infantis, abuso
infantil, fraturas, maltrato a los niños, abuso de niños e fracturas. Empregando o operador
booleano AND com os descritores da seguinte forma: (maus tratos infantis AND fraturas),
(abuso infantil AND fraturas), (maltrato a los niños AND fracturas) e (abuso de niños AND
fracturas).
Os seguintes critérios de inclusão foram estabelecidos para posterior leitura na
íntegra: artigos publicados entre 2000-2022; no idioma português e espanhol; gratuitos
e disponível na íntegra; título relacionável com a temática maus tratos e fraturas; e
palavras-chaves e resumos relacionados ao tema a ser estudado. No campo de pesquisa
avançada das respectivas bases de dados foi colocado as restrições iniciais de ano, idioma,

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

gratuidade e disponibilidade na íntegra. Os critérios de exclusão são: artigos incompletos,


em outros idiomas, fora do período estabelecido, pagos e duplicados.
A coleta de dados ou categorização do estudo tem como objetivo organizar e
sumarizar as informações para formar um banco de dados de fácil manejo, assim, extraiu-
se: autor, ano, objetivos, principais achados e base de dados.
A análise crítica dos resultados ocorreu por meio de uma leitura explorativa e
analítica do conteúdo dos estudos tendo como auxilio algumas na avaliação a seguintes
perguntas: qual era a questão da pesquisa; os sujeitos selecionados para o estudo estão
corretos; o que a questão da pesquisa responde; e a metodologia do estudo está
adequada.[3]

4. RESULTADOS
A busca nos bancos de dados SciELO, PubMed e LILACS resultou em 44 artigos,
após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão com a retirada das duplicatas (21), 14
artigos foram lidos na íntegra com ao final a amostra sendo composta por 7 artigos.

Quadro 01: Resultados da coleta e análise crítica dos dados.


Autor\ Base de
Item Objetivo Principais achados
Ano dados
A Anamnese juntamente com
o exame físico e de imagem
são os mecanismos para
Ressaltar a importância da história diagnostico de fraturas
Toro P. clínica para a suspeita de fraturas por derivadas dos maus tratos
1 et al. LILACS maus tratos aclarando a existência de infantis. Ainda que os maus
2005 grupos de riscos com relato de 3 tratos possam acontecer em
casos. qualquer estrato social
percebe-se que famílias
desestruturadas tem uma
propensão para a prática.
Após reavaliação ortopédica
e psicossocial de 18 casos de
crianças que sofreram
Bergama
Reavaliar crianças que sofreram fraturas diafisárias de fêmur
schi,
2 LILACS fraturas do fêmur até a idade de três de idade até os 3 anos.
J.P.M.
anos. Observou-se que 33% era por
2007
maus tratos, 16,7% por
patologias, 16,7% acidental e
11,1% por outros motivos.
Pesquisa com participação de
96 pediatras no qual 51 deles
se sentiam capacitados para o
Avaliar o preparo do profissional diagnóstico de indivíduos que
pediatra para o diagnóstico de maus sofreram maus tratos.
tratos na infância e, ao mesmo tempo, Outrossim, a maioria
Carvalho
pesquisar quais são as atitudes destes conhecia a característica de
3 , A. A. et LILACS
profissionais após o aten¬dimento de uma criança que sofria maus-
al. 2010
vítimas de abuso e maus tratos frente tratos, entretanto,
à necessidade de denúncia aos órgãos apresentava
responsáveis. desconhecimento acercar da
conduta legal a ser seguida
nos casos de suspeita de
maus tratos.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Quadro 01: Resultados da coleta e análise crítica dos dados.(continuação)


Autor\ Base de
Item Objetivo Principais achados
Ano dados
Os raio-x são uma ferramente
importante para a suspeita de
fraturas por maus tratos
Quiros, Entender a importância dos raios-x
sendo comum lesões nos
4 L. A. LILACS para o diagnóstico de síndrome da
ossos longos se apresentando
2012 criança agredida.
como lesões metafisárias,
epifiso-metafisária e
diafisária.
Das 500 notificações de
lesões físicas analisadas pelos
autores 63 apresentavam
Avaliar o perfil epidemiológico de fraturas com 30 pacientes
Picini, pacientes atendidos em hospital de com imagens disponíveis
Marcos referência com suspeita de maus- percebendo as fraturas em
5 LILACS
et al. tratos físicos, em especial quanto à ossos longos em 71%. Desses
2017 ocorrência de fraturas, entre 2005- 63, 50 pacientes tinham até 3
2015. anos de idade com a mãe
apresentada como provável
agressor e a maioria das
crianças do sexo masculino.
Analisaram 267 casos de
todos os tipos de maus tratos
físicos com amostra formada
Castillo- Caracterizar as crianças maltratadas e em média com criança de 8,6
Godoy, suas lesões na Clínica Forense de anos, 57,3% meninas, 84,3%
6 LILACS
N.D. et Tegucipalpa, Honduras, entre o ano agredidas em casa com a mãe
al. 2018 de 2010 e 2015. como agressora principal.
Além disso, 61% apresentava
contusões com somente 2
casos de fraturas craneanas.
O diagnóstico de maus tratos
Revisar a literatura acercar dos maus é um importante diagnostico
Terra,
tratos infantis e relatar um caso de diferencial ao verificar
7 B.B. et SciELO
recém-nascido de 27 dias com fraturas em crianças sem
al. 2003
fraturas vítima de maus tratos. elucidação adequada do
mecanismo de trauma.

5. DISCUSSÃO
O diagnóstico de fraturas atrelado aos maus tratos infantis deve ser construído
com base nos achados na anamnese, exame físico e os exames de imagens como a
radiografia, com os conflitos entre esses diferentes fatores um meio para a suspeita de
fraturas por maus tratos infantis físicos.[4][5][6]
Na anamnese encontra-se histórias vagas, confusas e contraditórias entre o pai e
mãe descrevendo como o mecanismo da fratura queda de cadeira ou banheiro ou uma
pegada mais forçada para evitar alguma queda que não coincidência com os achados do
exame físico ou de imagem.[4][5][7]
No exame físico de crianças maltratadas fisicamente iremos encontrar no geral
lesões musculoesquelético, equimoses, hematomas subdural, lesões em mucosas e partes
moles, contusões simples, choro constante, dor à palpação ou impedimento da realização
do exame, fraturas ósseas, tensão, temor e escoriações.[4][5][6][8][9] Ainda que lesões

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

na pele sejam um sugestivo da presença de fratura, devemos estar atentos à presença de


fraturas sem lesões de pele ou hematomas.[5]
A radiografia é um dos principais exames de imagens solicitados para confirmação
da presença de fraturas.[6] No raio-x de fraturas em crianças que sofreram maus tratos
físicos é comum encontrar fraturas em ossos longos como o úmero, fêmur e tíbia com
outras fraturas como de arcos costais, craniais e escapulares existindo em alguns
casos.[4][5][6][10] Dentre as características da lesão na região de ossos longos o padrão
são fraturas metafisárias e diafisárias.[1][5][10] As lesões no crânio quando apresentadas
mostram-se ser um fator de risco para obtidos de crianças.[8]
Em estudos com 63 crianças com fraturas vítimas de maus tratos, 44 (71%)
apresentava fraturas em ossos longos com 30% deles sendo no fêmur, havendo no geral
46 (76%) deles com fraturas isoladas. Dos pacientes somente 36 tinham radiografias
disponível com o padrão de lesão na diáfise em 87% desses raio-x.[10]
No que se refere a idade, há um predomínio fraturas por maus tratos em crianças
menores de 3 anos de idade, sendo considerado os maus-tratos um dos principais motivos
de fraturas em lactentes.[4][5][10] O gênero das crianças nessas situações não é muito
definido pelos diferentes estudos, todavia, em uma amostra o sexo masculino se fez mais
presente.[10]
De modo geral, os agressores em sua maioria são as pessoas responsáveis pela
criança como pai ou mãe no qual apresenta um ambiente familiar conturbado com pais
dependentes químicos, criança de gravidez indesejável, mães com depressão pós-parto e
famílias desestruturadas economicamente, torna-se um fator de risco para a ocorrência
de maus tratos em crianças.[4][5][8][9][10] Ressalta-se uma atenção para a mãe como
responsável pelos maus tratos na maioria das vezes.[8][10]
Não devemos esquecer antes de diagnosticar fraturas por maus tratos outros
diagnósticos diferenciais como: osteogênese imperfeita, raquitismo, leucemia e sífilis
congênita.[4] Além disso, nas radiografias podemos encontrar lesões não acidentais em
diferentes estágios de consolidação por isso é importante uma boa anamnese para tentar
encontrar o período provável que a fratura foi causada.[4][5]

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A violência contra a criança e ao adolescente é uma triste realidade responsável
por altas taxas de mortalidade e morbidade no Brasil, sendo necessário ocorrer um
reconhecimento rápido desses casos, para ocorra diminuição dessa taxa. Com base nos
artigos analisados, pôde-se concluir que os principais dados são: predomínio de fraturas
em ossos longos, em crianças menos de 3 anos de idade tendo mais predominância no
sexo masculino, e os agressores sendo principalmente as pessoas responsáveis pela
criança como pai ou mãe e também cuidadores. A partir disso, é importante frisar a
importância de formar médicos capacitados e preparados para lidar com esse tipo de
situação, saber a conduta a ser adotada, saber reconhecer os principais sinais e sintomas,
priorizar o caso, estar atento para os sinais verbais e não verbais e ter conhecimentos dos
aspectos legais como obrigatoriedade da notificação, políticas públicas de saúde adotadas
no país e municípios, dados epidemiológicos e fatores de risco, para que possa ocorrer
rapidamente a resolução do quadro.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

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tratos. HU Revista. Centro de Estudos do Hospital Universitário. 2010.
[10] PICINI, M. et al. Evaluation of suspected physical abuse in children: a 500-case study. Study
conducted at Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR, Brazil . Revista Brasileira de Ortopedia [online].
2017, v. 52, n

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 8
Susceptibilidade de lesões osteoarticulares em crianças
com Síndrome de Down – Revisão integrativa de
literatura
Júlia Schneider Ribeiro
Thaís Diniz Pereira de Matos
Geyza Cristina de Souza Dias
João Pedro Serra Gonçalves Marques
Samuel Costa Monteiro
Aline Cristiane Côrte de Alencar
Eduardo Lima de Abreu
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza
Tyane De Almeida Pinto Jardim.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
As crianças com síndrome de Down possuem disfunção genética devido ao
cromossomo 21 extra que codifica para o colágeno tipo 6 (COL6), tornando tais crianças
possuidoras de características específicas em relação à musculatura e articulações,
acarretando fraqueza muscular generalizada e hipermobilidade articular. Observou-se
que há uma variabilidade no quesito grau, pelo fato de em alguns casos haver maior
susceptibilidade ao comprometimento motor e surgimento ou evolução de doença, ou
seja, algumas crianças podem ter dificuldades nas marchas e um outro percentual nunca
chegará a deambular devido frouxidão ligamentar (FREITAS et al., 2005).
A hipotonia presente nas crianças com síndrome de Down tem como consequência
o atraso no desenvolvimento postural antigravitacional e o alinhamento postural. Tais
crianças podem apresentar ombros voltados para frente, aumento ou diminuição das
curvaturas naturais da coluna, movimentação além do limite anatômico por
hiperextensão articular, repetidos quadros de entorses de tornozelo, tendem a sentar
sempre se apoiando e com as pernas voltadas para trás (sentar em W), além de ser comum
estarem deitados e com os pés pronados para brincar (REED et al., 2007).
As crianças com síndrome de Down geralmente são assintomáticas nos quadros de
hipermobilidade articular e hipotonia, e ainda, a grande maioria possui maior resistência
à dor, dificultando assim, que os pais possam observar de forma precoce. Nota-se ainda
disfunções motoras com tempos de reações de movimentos mais longos e com contração
de músculos agonistas, tendem ainda a ter a contração aumentada a fim de compensar a
frouxidão ligamentar com o aumento da rigidez (HOYOS et al., 2017).
É de suma relevância a relação entre a trissomia do 21 e a frouxidão ligamentar e
hipotonia no desenvolvimento motor adequado infantil, com enfoque em avaliar o tônus
muscular e possíveis articulações acometidas nas crianças com Down de forma precoce,
devido à alta susceptibilidade de lesões, traumas, atrasos no marco de desenvolvimento,
má formação óssea e fraturas ortopédicas, prejudicando o adequado desenvolvimento
motor, assim como a marcha. Além disso, limita e debilita essas crianças em uma fase mais
tardia e, à longo prazo, observa-se que a sobrecarga imposta sobre as articulações
ocasionou diversas deformidades ortopédicas e principalmente no tronco, membros
inferiores, joelhos e pés, levando a rupturas de ligamentos e destruição da cartilagem
articular.
Tônus e articulações adequados são necessários para a manutenção da base de
sustentação do corpo contra a ação da gravidade, a fim de que haja controle do tronco e
rotação do corpo de forma conjunta com braços e pernas dentro da amplitude devida
(ZAMORA et al., 2012).

2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Identificar a susceptibilidade de patologias ortopédicas em crianças com síndrome
de Down.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


• Apresentar as principais alterações osteoarticulares decorrente da Síndrome de
Down;
• Identificar as principais articulações afetadas;
• Discorrer sobre as principais consequências decorrentes das lesões articulares.

3. METODOLOGIA
3.1. MÉTODO DE PESQUISA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura cujo processo metodológico
cumpriu criteriosamente as seguintes etapas: identificação do tema e seleção da hipótese
ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa; estabelecimento de
critérios para inclusão e exclusão de estudos; categorização dos estudos; avaliação dos
estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; apresentação da
revisão/síntese do conhecimento.

3.2. QUESTIONAMENTO NORTEADOR E PALAVRAS-CHAVE


O referido estudo pretendeu responder à seguinte pergunta norteadora: quais
lesões osteoarticulares as crianças com síndrome de Down estão mais susceptíveis e quais
patologias são mais comuns decorrente dessa susceptibilidade?
As palavras-chave selecionadas constam dos vocabulários descritores em Ciências
da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH): “Down Sydrome”, “orthopedics”,
“disease susceptibility”, “Joint Instability” e “Muscle Hypotonia”. A busca incluiu também
sinônimos e termos relacionados, formando as seguintes chaves de busca: “Muscular
Diseases”, “Joint Instability” e “Trisomy 21”.

3.3. BUSCA NAS BASES DE DADOS


Os critérios e inclusão adotados para a busca e seleção das publicações foram:
artigos publicados em periódicos científicos nacionais e internacionais que abordassem a
temática “Lesões osteoarticulares em crianças com síndrome de Down”, divulgados em
língua portuguesa, inglesa ou espanhola, sem delimitação temporal das publicações,
indexados nas bases de dados Biblioteca Eletrônica Científica Online (SciELO), (PubMed)
U.S. National Library of Medicine, National Institutes of Health e Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS). Esses indexadores foram escolhidos por terem apresentado mais artigos em
busca prévia.
Apesar da dificuldade na busca de literaturas referentes aos assuntos,
considerando-se as bases de dados utilizadas, foram selecionados cinco trabalhos, e por
fim foram elaborados resultados e uma discussão que contemplaram as descrições das
etapas percorridas para a elaboração da presente revisão e as principais contribuições
extraídas dela no que tange à precoce susceptibilidade a alterações osteoarticulares que
acometem articulações específicas decorrente da trissomia do cromossomo 21.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

4. RESULTADOS
Quadro 1 - Principais dados dos artigos usados como base.
TÍTULO AUTOR ANO OBJETIVOS PINCIPAIS RESULTADOS
Discorrer sobre a distrofia Na literatura têm-se observado
muscular congênita (DMC) e a que as crianças com deficiência
necessidade da marcação do do COL6, inclusive com
colágeno do tipo VI para confirmação genética,
Análise expressão Regina Toni
identificação e classificação dos apresentam um fenótipo
colágeno VI distrofia Loureiro de 2005
diversos subtipos de DMC, que caracterizado por fraqueza
muscular congênita Freitas
afetam a estrutura muscular muscular generalizada, retrações
dos pacientes, incluindo dos musculares proximais,
portadores de síndrome de hiperextensibilidade articular
Down. distal e cognição normal.
Esclarecer as situações de
hipotonia extrínseca (exemplo A partir de dados, se torna
síndrome de Down) e evidente a importância do exame
intrínseca, caracterizando as físico, podendo revelar aspectos
Síndrome da criança principais afecções deste grupo dismórficos que são peculiares
Umbertin A
hipotônica: causas 2007 no recém-nascido e no lactente, em algumas doenças, como em
Conti Reed
neuromusculares e enfatizando quais os aspectos muitas das cromossomopatias
clínicos que permitem orientar (Down). Essa condição pode gerar
as hipóteses diagnósticas e múltiplas deformidades
indicar os exames articulares na criança hipotônica.
complementares adequados.
A partir dos critérios clínicos, 11
joelhos estavam estáveis e 13
instáveis. A razão de prevalência
é uma medida que torna possível
estimar a força de associação
Analisar displasia troclear em
Displasia troclear e entre a presença de instabilidade
Tiago Amaral pacientes portadores de
instabilidade patelar (exposição) e as alterações na
Rebouças 2015 síndrome de Down na presença
em pacientes com radiografia (anormalidade). A
Moreira e na ausência da instabilidade
síndrome de Down razão de prevalência de patela
femoropatelar.
alta entre os pacientes estáveis
foi de 0,68, usando o método de
Caton Deschamps. A displasia
troclear foi encontrada apenas
em pacientes com instabilidade.
Determinar a prevalência de A prevalência de instabilidade
Prevalência da
instabilidade atlantoaxial em atlantoaxial na população
instabilidade
crianças com síndrome de estudada foi de 9,5%. Não foi
atlantoaxial e sua
Érica Cesário Down e verificar a associação verificada associação
associação com sinais 2015
Defilipo entre a instabilidade estatisticamente significativa
clínicos em crianças
atlantoaxial e a presença de entre os sinais sugestivos e a
com síndrome de
sinais e sintomas desta presença de instabilidade
Down
alteração. atlantoaxial.
O índice médio de migração pré-
operatória foi de 46% e o índice
médio de migração pós-
operatória foi de 37%. O índice de
Efeito do
migração delta médio (a
procedimento de Analisar retrospectivamente o
diferença no índice de migração
Sharrard na efeito do procedimento de
pré-operatório e índice de
instabilidade do Frederike Sharrard na instabilidade do
2021 migração pós-operatório mais
quadril em crianças ECM Mulder quadril em crianças com
recente) mostrou uma melhora
com síndrome de síndrome de Down (SD),
de 9,3%. Observou-se melhora no
Down: um estudo medida pelo índice de migração.
índice de migração em 52%,
retrospectivo
nenhuma alteração em 29% e
piora em 19% dos quadris. Não
ocorreram (re)luxações em 91%
dos quadris.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

5. DISCUSSÃO
5.1. PREJUÍZOS DA ALTERAÇÃO DO COLÁGENO E A HIPOTONIA GENERALIZADA
Segundo (TONI et al., 2005), a distrofia muscular congênita (DMC) está presente
nas crianças com a síndrome de Down, pois a hipotonia e a fraqueza muscular já são
notadas no primeiro ano de vida. Essa patologia pode ser desenvolvida a partir da
formação do colágeno VI (COL6) de forma deficiente, podendo haver ausência ou
deficiência da marcação para merosina.
Na literatura têm-se observado que as crianças com COL6 deficiente, apresentam
um fenótipo caracterizado por fraqueza muscular generalizada, além de atraso no
desenvolvimento motor, retrações musculares proximais em joelhos e cotovelos,
hiperextensibilidade articular distal e luxação congênita do quadril, podendo perder a
capacidade para a marcha.
Contudo, a autora ainda descreve uma variabilidade quanto ao grau do
comprometimento motor e a evolução da doença, porque enquanto alguns adquirem a
capacidade para a marcha, muitos nem chegam a deambular, sendo comprovado que os
fenótipos mais leves da doença apresentam deficiência parcial do COL6 na biópsia
muscular.
A hipotonia é uma das principais causas das disfunções motoras em crianças com
Down e, consequentemente, da alteração no controle postural, a qual depende de uma
integração contínua entre o sistema sensorial e o motor. Além disso, carência de tônus
muscular nessas crianças traz como consequência um fraco controle dos músculos, tendo
como resultado movimentos desajeitados e mal coordenados.
Corrobora com esse assunto, o artigo de (REED et al., 2007), pois expõe a síndrome
da criança hipotônica, uma condição presente na criança com Down, além de explicitar os
subtipos e as causas neuromusculares da hipotonia. A síndrome de Down se enquadra em
uma hipotonia secundária por se manifestar em uma síndrome genética.
A autora (REED et al., 2007) considera o exame físico do recém-nascido e da
criança como extremamente importante, pois pode revelar aspectos dismórficos que são
peculiares na cromossomopatia. Essa avaliação da hipotonia deve ser valorizada a fim de
obter um diagnóstico precoce e a partir de então, incentivar o cuidado com o
desenvolvimento diferenciado dessa criança, reduzindo possíveis lesões causadas por
essa diminuição do tônus muscular, assim como descrito por (TONI et al., 2005).

5.2. APRESENTAÇÃO DAS PRINCIPAIS CONDIÇÕES QUE LEVAM A LESÕES


OSTEOARTICULARES
Até esse ponto, fora apresentado algumas condições que podem contribuir para o
parecimento das lesões osteoarticulares em crianças com a síndrome de Down. A
susceptibilidade de lesões osteoarticulares acomete principalmente algumas articulações
como a femoropatelar, a coxofemoral e a C1-C2.
Crianças com Down irão passar por todas as fases de desenvolvimento que uma
criança que não possui a síndrome, porém de uma forma retardada devido ao atraso
motor que ocasiona uma série de alterações ortopédicas. Logo, é de suma importância,
desde as primeiras semanas de vida, o acompanhamento com ortopedista, tanto para
prevenir que tais crianças desenvolvam-se com deformidades, como para tratar
deformidades que ocorreram e ainda auxiliar no desenvolvimento motor ao longo da vida.

86
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Deve-se, em cada fase do desenvolvimento infantil, observar a criança atentamente


por ela ser mais propícia a lesões ou ocorrência de traumas e subsequentes fraturas. Por
exemplo, observa-se mais nos primeiros anos de vida, a articulação do quadril, podendo
ser acometida pela luxação e subluxação.
Conforme o crescimento, observam-se joelhos e pés para que a marcha dessas
crianças possa ser trabalhada de forma correta. Deve-se ainda avaliar a coluna cervical
para definir limiares que indicam qual tipo de atividade física cada criança estará apta a
praticar como natação e esportes de contato.
A susceptibilidade de crianças com Down é devido à instabilidade acometida, à
hiperfrouxidão ligamentar e será, apropriadamente, explicitada nessa discussão, segundo
artigos referentes a cada uma das articulações mais acometidas.

5.3. ARTICULAÇÃO FEMOROPATELAR E INSTABILIDADE PATELAR ACOMETIDA


Consoante à (MOREIRA et al., 2015), dentre portadores de síndrome de Down, há
pacientes com instabilidade femoropatelar grave associada à luxação precoce da patela.
Considera-se a presença de instabilidade segundo a classificação de Dugdale e Renshaw,
que divide a instabilidade femoropatelar nos pacientes portadores de síndrome de Down
em cinco graus, grau I estável e de grau II em diante instável. É maior a gravidade da
instabilidade com a maior graduação, e acredita-se também que as alterações musculares
da síndrome de Down possam ser responsáveis por essa retração do quadríceps que
causaria a patela alta na maioria dos pacientes, mesmo naqueles indivíduos que não
apresentaram instabilidade femoropatelar.
As crianças com síndrome de Down estão mais suscetíveis ao joelho em valgo
(geno valgum), e ainda podem ter o pé plano, desse modo, a criança anda com o pé um
pouco pronado. Eles estão mais suscetíveis também à lateralização e a patela pode se
apresentar muita para cima ou muito para baixo.
O joelho valgo (joelho em “x” ou em tesourinha) pode ser observado, e durante a
movimentação, a patela sai da sua posição normal e se desloca lateralmente, voltando
espontaneamente para sua posição normal, estaremos diante da instabilidade. Se for feita
a palpação da patela, percebe-se que não está localizada na frente do joelho, mas na face
lateral da articulação, então se está diante da luxação patelar.
A instabilidade patelar é um problema que acomete a articulação da patela (rótula)
com o fêmur, tornando a patela mais propensa a se desencaixar de sua posição normal.
Existem, ainda, dois tipos de instabilidade patelar: o primeiro é conhecido como luxação
traumática da patela, em geral, resultante de um trauma agudo no joelho, quando a patela
é empurrada completamente para fora do sulco troclear; o outro tipo de instabilidade é
conhecido como instabilidade patelar crônica. Além das fraturas transversas,
longitudinais e cominutivas, há também as fraturas osteocondrais, geralmente localizadas
no polo medial da patela, que podem ser causadas por trauma direto ou, mais comumente,
estão associadas à lesão esportiva e à luxação aguda da patela.

5.4. ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL E INSTABILIDADE DO QUADRIL ACOMETIDA


A síndrome de Down, também conhecida como trissomia do 21, é a anormalidade
cromossômica sintomática mais comum com sobrevivência até a idade adulta e está
associada a várias anormalidades musculoesqueléticas, incluindo instabilidade do

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

quadril. Aproximadamente 7% a 30% das crianças com Down apresentam subluxação e


luxação do quadril. A expectativa de vida deles aumentou para 55 anos e espera-se um
crescimento contínuo, o que pode resultar em um aumento da incidência de artrite
dolorosa, osteoporose, fragilidade óssea e problemas relacionados no futuro.
A literatura (MULDER et al., 2021) sugere que pacientes com síndrome de Down
possuem desenvolvimento normal do quadril no útero, porém apresentem
posteriormente deficiência da parede acetabular posterior, retroversão acetabular
aumentada, anteversão femoral aumentada e um ângulo cervical normal. Enquanto
alguns estudos propuseram a frouxidão articular como uma possível causa da
instabilidade do quadril, outros não encontraram uma relação entre a frouxidão articular
e a migração do quadril nos pacientes com Down. O fator etiológico da instabilidade do
quadril pode ser o desequilíbrio muscular, já descrito em (REED et al., 2007).
Crianças com síndrome de Down retratam atraso no desenvolvimento motor,
associado a hipotonia muscular, frouxidão ligamentar e disfunção cerebelar, sendo que
as características da disfunção motora são tempos de reação e de movimento mais longos.
Elas apresentam, também, aumento da rotação externa do quadril, flexão prolongada do
quadril e aumento da flexão/extensão do joelho.
Além disso, ainda segundo (MULDER et al., 2021), a fraqueza dos extensores do
quadril resulta em um padrão de caminhada consistindo dos músculos flexores do quadril
e inclinação pélvica anterior, criando assim um ponto de gravidade atrás do eixo do
quadril para evitar quedas para frente. Acredita-se que essa diferença no equilíbrio
muscular afete a forma e o crescimento da articulação do quadril, o que pode causar
distúrbios do desenvolvimento do quadril.
O artigo de (MULDER et al., 2021) ainda descreve múltiplas intervenções para a
instabilidade do quadril em crianças com síndrome de Down. Com base na hipótese de
que essa condição é causada pelo desequilíbrio muscular, acreditava-se que o
procedimento de Sharrard poderia ser benéfico no tratamento da instabilidade do quadril
nessas crianças.
O objetivo deste procedimento é restabelecer o equilíbrio muscular, reduzindo a
posição de flexão do quadril durante a caminhada, fortalecendo a extensão e abdução da
articulação do quadril. Um obstáculo é o fato de a pelve e o quadril na síndrome de Down
apresentarem uma variedade de aspectos anatômicos que interferem no planejamento
cirúrgico.
Na Holanda, várias crianças com síndrome de Down e instabilidade do quadril já
receberam terapia cirúrgica de acordo com o procedimento de Sharrard. Logo, para maior
disseminação desse procedimento e suas vantagens, deve-se analisar retrospectivamente
as crianças operadas, seus resultados e buscar contemplar mais crianças com essa mesma
condição.

5.5. ARTICULAÇÃO C1-C2 E INSTABILIDADE ATLANTOAXIAL


Segundo (DEFILIPO et al., 2015), a hiperfrouxidão ligamentar e a hipotonia
generalizada são características que, na síndrome de Down, contribuem para a alteração
do alinhamento no segmento atlantoaxial.
A instabilidade atlantoaxial é definida como uma maior mobilidade da primeira
vértebra cervical (atlas) sobre a segunda (áxis). A alteração no alinhamento pode estar

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

associada à dor, transtornos neurológicos, compressão medular alta e, em alguns casos,


pode ocasionar morte súbita.
É imprescindível que os profissionais de saúde se preocupem com a presença desta
alteração, já que a prática de atividades físicas que exijam flexão cervical forçada pode
ocasionar subluxação ou luxação das vértebras, podendo resultar em compressão da
medula espinhal.
Deste modo, crianças com síndrome de Down com evidências de instabilidade
atlantoaxial devem ser submetidas rotineiramente a acompanhamento radiográfico da
coluna cervical antes de serem liberadas para a prática de esportes.
Em termos de tratamento, as crianças com Down tendem a receber o mesmo tipo
de terapia que uma criança com atraso ou alterações do desenvolvimento motor,
semelhantes em termos de apresentação clínica. Entretanto, o autor (DEFILIPO et al.,
2015) destaca a importância da escolha de abordagens terapêuticas específicas, assim
como a otimização de estratégias individualizadas para essa população.
A literatura de (DEFILIPO et al., 2015) trata de um estudo descritivo, de caráter
transversal, que contou com a participação de crianças com diagnóstico médico de
síndrome de Down, com idade entre três e cinco anos.
Os dados da criança (sexo, idade e raça), assim como a presença de sinais
sugestivos de instabilidade atlantoaxial, como dor no pescoço, dificuldade de andar,
fraqueza em membros inferiores, cansaço, dificuldade de equilíbrio, incontinência fecal e
urinária e vômito em jato, foram obtidos através de uma entrevista com o cuidador e
armazenados em um formulário por uma das pesquisadoras do estudo.
Posteriormente, as crianças foram submetidas à radiografia da coluna cervical em
perfil em três diferentes posições: neutro, flexão e extensão. Nas três incidências
radiográficas, foi feita a partir de uma linha perpendicular traçada da extremidade
inferior do arco anterior da primeira vértebra cervical (atlas) até a face anterior do
processo odontoide.
O autor (DEFILIPO et al., 2015) incentiva a prática de esportes para indivíduos com
síndrome de Down, mesmo na presença de instabilidade atlantoaxial e julga
desnecessária a triagem radiológica preconizada.
Portanto, parece que o acompanhamento radiográfico em idade precoce se faz
necessário a estas crianças, como na faixa etária abordada neste estudo, considerando que
a sintomatologia pode não ter associação com estas alterações clínicas sugestivas de
instabilidade atlantoaxial, e a prática esportiva pode se tornar perigosa na ausência desta
informação.
Acrescenta-se, ainda, que uma possível lesão, causada por essa instabilidade
acometida em crianças com síndrome de Down, seria a escoliose. A escoliose é um desvio
que ocasiona uma curvatura na coluna em forma de “C” ou “S”, podendo causar dores
musculares, problemas respiratórios; danos na coluna vertebral, desenvolvimento de
problemas emocionais e psicológicos. Nos casos mais graves, há interferência na
capacidade de respiração por causa da deformidade do tórax e diminuição do espaço para
os pulmões.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessa revisão, foi possível observar que a prevalência de alterações
ortopédicas é muito alta em crianças com síndrome de Down, pois geralmente elas têm
alterações em seu sistema musculoesquelético, condicionadas por dois fatores:
hiperfrouxidão ligamentar e hipotonia muscular, que dão origem a uma grande
mobilidade articular durante toda a infância, quando condições desse tipo se acumulam.
Muitas vezes, essas alterações não colocam a vida do paciente em risco, mas podem
ser a causa do aumento da incapacidade e da deficiência do desenvolvimento motor.
Destacam-se os distúrbios descritos explicitamente nessa revisão integrativa, tais como,
instabilidade patelar, instabilidade do quadril e atlantoaxial, os quais propiciam lesões
osteoarticulares mais comuns nessas crianças.
Atualmente, são criadas associações com equipes de médicos especializados nas
diversas áreas para melhor conhecimento e tratamento das diferentes condições comuns
à síndrome de Down. Os serviços de educação especial têm contribuído, amplamente, para
melhorar a qualidade de vida dessas crianças.
Chama-se atenção para a dificuldade de encontrar literaturas referentes ao
assunto nos mais variados bancos de dados. Contudo, essa revisão integrativa de
literatura respondeu, com sucesso, ao questionamento principal: “quais lesões
osteoarticulares as crianças com síndrome de Down estão mais susceptíveis e quais
patologias são mais comuns decorrente dessa susceptibilidade?”.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 9
Traumas ortopédicos pediátricos na fase escolar: Um
estudoepidemiológico
Isabelle Alves da Fonseca
Sarah Eduarda Mamed dos Santos
Vitória Daou Modesto
Vitória Mourão Monteiro
Vinícius Pinheiro dos Santos
Paulo Daw Wen Su
Nilton Orlando Júnior
Sandokan Cavalcante Costa
Aline Cristiane Côrte de Alencar
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Karoline Costa de Souza

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
O atendimento pré-hospitalar ao trauma em crianças permanece sendo algo
recorrente em todo o mundo. A avaliação e conduta do Trauma na infância segue os
mesmos preceitos aplicados à população adulta, Evidenciando a vida do paciente e
reservando a avaliação do sistema músculo-esquelético para o momento seguinte,
nomeadamente, os princípios do Advanced Trauma Life Support (ATLS).
O trauma ortopédico é caracterizado por abalos estruturais como lesões gravesnos
ossos, articulações e/ou tecido mole, ou pelo desequilíbrio fisiológico do organismo sendo
eles de baixa energia ou alta energia, resultante de uma ação abrupta no corpo. A diferença
entre o adulto e a criança interfere no tratamento de fraturas e lesões, entorses e
contusões podem não causar algo grave em um adulto, mas podem trazer episódios
dolorosos e complicados para uma criança, a qual os ossos ainda estão em fase de
crescimento.
Por ano cerca de 60 milhões da parcela da população mundial sofre algum tipode
impacto traumático, um em cada seis pessoas tem uma internação por trauma2. Os
traumas ortopédicos ganham espaço nas estatísticas de internações hospitalares.Destarte
o presente estudo tem a finalidade de denotar a epidemiologia por meio deuma analise
descritiva retrospectiva baseada em pesquisa de campo com intuito de obter dados que
mostre o predomínio de casos de traumas em criancas de 6 a 10 anos de idade. Dessa
forma, apresentando dados com o intuito informativo sobre o tema descrito.

2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL:
Identificar traumas ortopédicos em crianças em fase escolar atendidas em um
hospital de referência.

2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO:


• Apresentar Tipos de traumas ortopédicos pediátricos de 6 a 10 anos de idade
atendidos no Hospital Joãozinho.
• Descrever as condutas médicas realizadas nos atendimentos.
• Apontar as regiões traumáticas afetadas.

3.METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo baseado em pesquisa de campono
Hospital e Pronto Socorro Joãozinho, mediante a revisão dos prontuários de crianças
entre 6 a 10 anos atendidas de Janeiro a dezembro de 2021. Os dados serãocoletados no
período de Setembro a Outubro de 2022.
Serão Critérios de Inclusão: 1)Idade, de 6 a 10 anos. 2)Prontuários preenchidosde
maneira Completa.3)Pacientes que concluíram o tratamento no hospital de Pronto
Socorro Joãozinho

92
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Critérios de Exclusão: 1) Prontuários preenchidos de maneira Incompleta.


2)Pacientes que foram transferidos para outra unidade hospitalar.3)Traumas denatureza
não ortopédico.
As buscas eletrônicas foram realizadas sem restrições de idioma ou data,
utilizando as seguintes bases de dados PubMed, Scielo através de artigos selecionados.
Técnicas e Instrumentos de levantamento de dados será obtido por meio de um
intrumento de coleta de dados (Anexo 1) com as seguintes variáveis como idade,sexo, dia
da semana, mecanismo de trauma, parte do corpo afetada, procedência, tratamento,
tempo de internação e desfecho hospitalar. Os dados serão analisados através de tabelas
mediante o programa Microsoft Office Excel 365 (Microsoft ®)2019.
A pesquisa seguirá as recomendações da regulação CNS/NS 466/2012, com
benefício epidemiológico e dados que demonstrarão a prevalência de trauma ortopédico
em crianças de 6 a 10 anos. Ademais, apresenta riscos de exposição de dados de menor de
idade.

4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1. TRAUMA ORTOPÉDICO
Segundo o Ministério da Saúde, o trauma é considerado um problema de saúde
pública dada a morbimortalidade com prevalência na população economicamente ativa.
A intervenção eficaz para o restabelecimento das estruturas afetadas, muitas vezes, é a
cirurgia ortopédica (BRASIL, 2014).
O Trauma é uma agressão aos tecidos que formam o corpo humano, proveniente
da ação de uma força deformatória que atua sobre eles, depende da intensidade e duração
da força que o provoca (KFURI JUNIOR, 2011).

4.2. FRATURA
Uma fratura óssea, uma quebra na continuidade do osso, geralmente ocorre
quando a força aplicada ao osso é maior do que a força que ele pode suportar. A fratura é
grave e geralmente resulta de uma lesão externa direta de grande força e gravitação. Mas
também pode ocorrer em decorrência de deformidades ou patologia óssea (RENATA;
GOMES; ANDRÉ, 2014).
Quando os ossos são quebrados, as estruturas adjacentes também são afetadas, e
há um grande risco de causar hematoma dos tecidos moles, sangramentos musculares e
articulares, luxações articulares, rupturas de tendões, rupturas de nervos e danos nos
vasos sanguíneos. Assim, as principais queixas, que podem diferir dependendo da
localização e do tipo de fratura, são dor, inabilidade de movimentação do membro e
deformidade (HERBERT; XAVIER, 2008).

4.3. AS CLASSIFICAÇÕES DE FRATURAS


É uma categorização de fratura e é definida como: fratura transversal.Isso ocorre
quando uma lesão óssea forma um ângulo de 90 ° com a linha do segmento ósseo. A fratura
oblíqua ou perpendicular ocorre quando o ângulo formado pela lesãoé diferente de 90 °
em relação à linha do segmento ósseo. Quando o tecido ósseo nolocal da fratura se rompe

93
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

e forma fragmentos que destroça a fusão das duas aparências. Suas conexões são
classificadas como fraturas comunais. As fraturas por impacto ocorrer quando um osso
quebrado entra em contato com uma superfície ilesae o impacto perfura o osso.
Quando uma fratura ocorre devido a uma doença crônica que afeta o tecido ósseo,
é chamada de fratura patológica (LOMBA, 2012). Conforme Smelzer, Bare (2002), outra
categorização existente detalha a localização anatômica dos fragmentos ósseos. A
descrição da fratura pode ser feita da seguinte forma: Descolamento, esmagamento,
complexo, compressão, depressão, epífise, espiral, haste verde, impacto, oblíquo,
patológico, simples e transversal.
• Fraturas e lesões – Comparação entre Crianças e Adultos
Segundo Maurício Kfuri (2001 apud SILVA; KFURI, 2022), o trauma ortopédicoé
uma das condições mais mórbidas existentes na sociedade contemporânea,
comprometendo em larga escala a função do indivíduo, representando cerca de 7,4% a
8,7% das recepções em hospitais e pronto socorros à nível mundial (2003 apud BACKER;
HOCKEY, 2022). No Brasil, o trauma vitimiza milhares de brasileiros todos os anos, e
reponde em média por 45% a 65% do movimento cirúrgico semanal de um hospital
referência no município de Ribeirão Preto – SP (2011, não p.).
Aliado a isso, as lesões traumáticas ortopédicas são de grande relevância na prática
pediátrica, visto que ocupa o primeiro lugar em muitos países como causa demorbidade
e mortalidade, principalmente na faixa etária de 1 a 14 anos (Ministério daSaúde Pública,
2007). Apesar da obviedade, as crianças apresentam diversas diferenças, em comparação
ao adulto, a respeito de traumas.
Por possuir quatro tipos diferentes é necessário nomeá-las e classificá-las da
seguinte maneira: contusão, entorse, fratura e luxação, sendo essas a divisão do trauma.
Contusão corresponde a lesão traumática do tegumento, não havendo ruptura da
continuidade da pele, apresenta sintomas característicos como edema, dor, hematoma e
corresponde a cerca de 37%. Entorse refere-se a uma lesão traumática, de caráter
torcional comum em partes moles localizadas em articulações, normalmente não
apresenta comprometimento grave, apresentando características de dor e inchaço além
de dificuldade de movimentar a área afetada, dentro das recepções hospitalares
corresponde a 9% dos casos. A fratura é uma lesão óssea, noqual ocorre a ruptura total da
porção cortical, pessoas acometidas de tal lesão costumam apresentar muitas dores,
sendo esse o principal sintoma, apresenta-se como responsável pelos 50% dos casos
recepcionados no pronto atendimento hospitalar. Por fim, tem-se a luxação, lesão
articular em que existe perda parcial e total do contato entre o osso que compõe o meio
tratado, como característica, apresenta dor, dormência e edema, dentre as outras fraturas,
corresponde a 4% doscasos.(Sociedade Brasileira de Ortopedia,2022)
Outrossim, lesões que comumente são apresentadas na infância, contam comouma
das características que diferem uma lesão adulta a uma lesão pediátrica, sendouma delas
a respeito da fise, essa é considerada uma cartilagem de crescimento localizada entre a
metáfise e a epífese de ossos longos, possuindo uma forma organizada, e se localiza na
extremidade de ossos longos denominada assim, como ossificação endocondral. (Revista
Brasileira de Ortopedia, 2022)
Segundo Ruy Maciel de Godoy Junior (2017, p. 2381), cerca de 30% das fraturas
dos ossos longos nas crianças envolvem as fises. Compere 1 encontrou 15% de lesões
fisárias nos traumas envolvendo o sistema esquelético da criança. Rogers 2 encontrou

94
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

alterações de crescimento na fise em 10% dos casos de lesões fisárias traumáticas.


Levantamentos mais recentes, como de Mann e Rajmaira,3 mostraram, que quando todas
as fraturas envolvendo a fise são consideradas, a taxa de distúrbios do crescimento é
próxima a 30%. Por outro lado, apenas 2% apresentam resultado final com alteração
funcional significativa.
A respeito de outras características como: prevalência de sexo, idade, horário do
ocorrido e dia da admissão hospitalar. Em um centro de tratamento de crianças vítimas
de trauma noAlabama, a relação entre meninos e meninas atendidos foi de 1,7:1 com
maior incidência durante a primavera, o horário predominante entre meio-diae meia-
noite (79%) e dentre todos os traumas atendidos, 36% das crianças apresentavam lesão
ortopédica (1990 apud JUNIOR, SEGAL, CARVALHO, FREGONEZE, SANTILI. 2017)
Também encontraram que os meninos estão mais expostos aos agentes e situações
de risco, sendo envolvidos em maior número de acidentes (1990 apud JUNIOR, SEGAL,
CARVALHO, FREGONEZE, SANTILI. 2017).
• Lesões Traumáticas Pediátricas Especiais
Outrossim, torna-se importante salientar que existem tipos especiais de fraturas
ortopédicas. Na população infantil, conforme Schwartsmann (2003), encontram-se
quatro fraturas particulares, uma vez que o tecido ósseo ainda se encontra em
crescimento nesses indivíduos. Tais traumas são: a fratura “em galho verde”, fratura
subperiostal, fratura epifisiólise e fratura plástica deformante.
Em primeira análise, as crianças possuem uma densidade óssea menor que no
adulto, o que torna seu tecido ósseo mais elástico e, dessa forma, proporciona a facilidade
para deformações. Uma dessas lesões traumáticas causada por esse aspecto ósseo é
conhecida por fratura “galho verde” ou “greenstick fracture” caracteriza-se pelo
rompimento incompleto do osso cortical, o qual produz uma deformidade angular e
rompimento do periósteo.
Consoante a sociedade brasileira de ortopedia pediátrica a fratura subperiostal é
localizada sob o periósteo, na qual o trabeculado ósseo é fraturado. No entanto, nessa
lesão não há o rompimento do periósteo, uma vez que na criança tal porção óssea é
altamente resistente. Esse mecanismo de lesão pode ser observado na fratura
subperiostal do terço distal do rádio.
A lesão epifisiólise caracteriza-se pela separação isolada da epífise na linha fisária
e se sucede na área das células cartilaginosas. Nesse viés, conforme Schwartsmann
(2003), existem relatos que a fragmentação metafisária segue a sua separação. Além
disso, é fundamental nesse trauma a redução precisa, ou seja, o encaixe das partes ósseas
sem a necessidade de intervenção cirúrgica, a fim de evitaro fechamento prematuro parcial
ou total da placa de crescimento, conhecida como fise.
A fratura plástica deformante se refere a uma deformação plástica ocasionada por
uma força flexora. Essa deformidade produz o afastamento de dois fragmentos ósseos no
seu lado convexo e essa distração não alcança a porção côncava do osso. Além disso, é
relevante relatar que tais lesões ocorrem apenas na população infantil devido a
demasiada elasticidade do osso encontrado nessa faixa etária. Entretanto, segundo
Schwartsmann (2003) esse trauma ortopédico é de difícil visualização no raiox.
Destarte, na criança o tecido ósseo apresenta especificidades, como o aspecto mais
poroso pela existência de uma maior número de vasos capilares em comparaçãoao osso

95
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

adulto e consistência mais elástica. Dessa maneira, tais atributos contribuempara esses
tipos especiais de fraturas que ocorrem exclusivamente em ossos elásticos, as quais
toleram um maior grau de flexão.

5. RESULTADOS ESPERADOS
Nesse aspecto, a seguinte pesquisa terá como resultado esperado, definido através
de busca ativa de prontuários estudados.Desse modo, conjecturasse que a análise quanto
ao perfil epidemiológico evidencie que a maior parte das crianças de trauma ortopédico
internadas no Hospital Joãozinho, será constituída por crianças dosexo masculino entre 7
e 9 anos de idade.
Assim como, a causa do trauma, os dados devem demonstrar que os acidentes
domésticos serão os mecanismos de trauma mais frequentes. Seguindo para as áreas
acometidas, os membros inferiores deverão ser mais afetados, com destaque para o
segmento joelho/perna seguidos pelo acometimento de múltiplas regiões. Ao tratamento,
realizado pressupõe-se que seja conservador pelo alto índice de regeneração do osso que
a criança pode ter. A maioriados pacientes deve evoluir para alta, com melhora do quadro
clínico. Dessa forma, delineará o perfil epidemiológico decorrente de traumas na cidade
de Manaus.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

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97
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

ANEXOS

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

99
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 10
Desenvolvimento motor em criança: Benefícios e
prejuízos da atividade física
Brenda Salla Martins
Deyvid Batalha Bastos
Joaber Jerônimo de Oliveira Junior
José Mozart Holanda Pinheiro Neto
João Victor Santos Maquiné
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su

Resumo: Objetiva-se abordar os fatores de complicações e benefícios da atividade física durante


o desenvolvimento da criança, apresentando um estudo sistemático de obras literárias e
debatendo acerca das perspectivas de cada autor. Assim, torna-se essencial discutir, do mesmo
modo, fatores sobre a inatividade física que tem se tornado um dos principais índices de risco para
a mortalidade global, o qual contribui para o aumento do excesso de peso e obesidade em crianças.
A metodologia aplicada neste documento ocorreu através de uma revisão bibliográfica de
literatura, tendo como base pesquisas e publicações da Organização Mundial da Saúde (OMS). O
processo de diretrizes da OMS, portanto, é um método rigoroso, sistemático e transparente para
o desenvolvimento de recomendações, usando a Classificação de Recomendações e Avaliação.
Resultados: Os autores resumem as primeiras diretrizes globais sobre tempo gasto em atividade
física, sedentarismo, comportamento (incluindo tempo de tela e tempo de contenção) e padrões
de sono em bebês (do nascimento a 1 ano de idade), crianças pequenas (1 a 2,9 anos de idade) e
pré-escolares (3-4,9 anos de idade). Conclusões: Diante as publicações da OMS, a mesma divulga
e apoia ativamente a implementação dessas diretrizes por adoção e adaptação nacional, por meio
de vínculos com o desenvolvimento da primeira infância e o Plano de Ação Global sobre a
Atividade Física.

Palavras-chave: Desenvolvimento Motor. Infância. OMS.

100
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
A inatividade física foi identificada como um fator de risco para a mortalidade
global eum contribuinte para o aumento do excesso de peso e obesidade em crianças [1].
Embora saibamos que mais de 28% dos adultos e 80% dos adolescentes não são
suficientemente ativos fisicamente, atualmente não há dados globais comparáveis para
crianças mais novas. As recomendações globais sobre atividade física para a saúde foi
estabelecida para 3 grupos etários da população (5-17 anos, 18-64 anos e 65 anos ou
mais)[2].
Deste modo, a importância de interações entre atividade física, comportamento
sedentário e tempo de sono adequado na saúde e bem-estar físico e mental foram
reconhecidos pela Comissão sobre Acabar com a Infância e Obesidade, que exigia
orientaçõesclaras sobre atividade física, comportamento sedentário e sono em crianças
pequenas [3].
Ao estabelecer tais diretrizes, será possível realizar a vigilância populacional de
comportamentos de movimento contra recomendações, monitorar tendências ao longo
do tempo e suas respectivas desigualdades e fornecer evidências para informar as
intervenções. Essas diretrizes específicas tornam-se necessárias para a epidemia de
obesidade infantil em todo o mundo [4].
Para tanto, desenvolvendo hábitos de vida saudáveis e mudanças nas normas
sociais para apoiar o aumento da atividade física ao longo da vida são fundamentais para
a saúde infantil, onde auxilia na redução da inatividade física em 15% até 2030 [5,2].

2. IMPACTOS POSITIVOS DA ATIVIDADE FÍSICA NO GRUPO INFANTIL


2.1. ATIVIDADE FÍSICA REGULAR EM CRIANÇAS
Evidências clínicas, epidemiológicas e de pesquisa básica apoiam claramente a
inclusão de atividade física regular como uma ferramenta para a prevenção de doenças
crônicas e na melhoria da saúde geral [6].
Algumas recomendações específicas quanto à intensidade, duração e frequência de
exercício concentravam-se anteriormente na melhoria da saúde cardiorrespiratória ou
aeróbica, acrescentado posteriormente como os benefícios adicionais para a saúde de
forma generalizada em crianças e adultos [7].
Em crianças, a substituição de comportamentos sedentários, como assistir
televisão e jogos de computador, por meio de atividades de intensidade moderada podem
melhorar a saúde e auxiliar na prevenção de doenças crônicas na juventude. Assim, os
inúmeros benefícios para a saúde do exercício regular depende do tipo, intensidade e
volume deatividade perseguido pelo indivíduo [8].
O exercício aeróbico reduz o estresse mental e depressão, melhora o oxigênio no
sistema de transporte e função endócrina e reduz lipoproteínas sanguíneas de baixa
densidade enquanto aumenta a alta de lipoproteínas do sangue de densidade,
melhorando assim a taxa decolesterol [9].
No treinamento resistido dinâmico em um nível moderado de intensidade com
curtos intervalos de descanso (treinamento em circuito) demonstrou promover
benefícios de saúde semelhantes em adultos. Conforme o exposto, comporta-se com
resultados positivos semelhantes em perfis lipídicos no sangue e foi observado, do mesmo

101
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

modo, que a capacidade oxidativa prejudicada do músculo esquelético associada com


insuficiência cardíaca em crianças melhorou com treinamento muscular [10].
O efeito positivo do treinamento físico regular em crianças com diabetes tipo
II éagora amplamente aceito. Uma única sessão de exercício aumenta o fluxo sanguíneo e
entregade glicose, aumentando assim o efeito de máximas concentrações de insulina no
músculo esquelético humano [11].
O efeito é aumentado pelo treinamento físico regular, um fenômeno que ainda está
sobinvestigação. Recentes evidências sugerem que o treinamento de resistência também
melhora o metabolismo da glicose em adultos. Assim, outros autores observaram
alterações positivas no metabolismo da glicose em crianças do sexo masculino diabéticos
tipo I envolvidos em treinamento de resistência [12].
Além disso, o treinamento de exercícios de resistência é mostrado para melhorar
a função muscular, promovendo assim a independência, especialmente nos últimos anos.
O exercício é recomendado como medida preventiva para aumentar a densidade óssea e,
assim, desencorajando a osteoporose antes da menopausa em mulheres [13].

2.2. IMPACTOS NEGATIVOS NA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NA INFÂNCIA


Estudos recentes demonstram que crianças estão cada vez mais participando de
esportes em idades mais precoces e em maior nível de intensidade. Como consequência,
há uma contribuição para o aumento da ocorrência de lesões e, portanto, é reforçado pelo
rápido desenvolvimento ósseo na pré-puberdade [14].
A criança pré-púbere tem um risco aumentado de lesão devido a uma redução na
flexibilidade articular causada pelo crescimento rápido nos ossos longos. Os benefícios de
ganhos de força também podem adicionar uma resistência adicional a lesão esportiva na
criança pré-púbere e reduzir a incidência de lesão por uso excessivo [15].
Já em 1983, a Academia Americana de Pediatria concluiu que a força é um
componente vital da aptidão relacionada à saúde e função fisiológica em crianças. Uma
das principais preocupações da participação em exercícios na infância é o risco de
danos ao sistema musculoesquelético em desenvolvimento e, em particular, a epifisária
ou placa de crescimento [16].
Acredita-se, portanto, que os ossos em crescimento das crianças sejam menos
resistentes ao estresse físico do que os ossos adultos maduros. A lesão da epífise pode
resultarem uma interrupção do desenvolvimento normal do osso e no comprometimento
do crescimento normal.
Em outras obras literárias, concluiu-se que a principal causa de lesão esportiva foi
o mau condicionamento físico. Há evidências de que a aptidão física e a experiência pode
desempenhar um papel na redução do risco de lesões [17].
Assim, considera-se que os benefícios para a saúde do treinamento de resistência
em crianças são semelhantes aos dos adultos e incluem: força, potência, resistência
muscular, densidade óssea, força da interface tendão-osso, melhora do desempenho
motor, autossatisfação, autoestima e imagem corporal [18].
Pesquisas recentes indicam que existe um aumento da dor na coluna entre os
alunos doensino fundamental e jovens semelhante ao relatado em adultos. Um organismo
forte e uma musculatura equilibrada promoverá uma postura saudável e reduzirá a

102
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

ocorrência de lesõesnas costas [19].


No mais, não há estudos satisfatórios que comprovem e relatem malefícios das
atividades físicas na infância em crianças saudáveis.

3. MATERIAIS E MÉTODO
Estudo de caráter transversal o qual ocorreu a partir de junta documental e
bibliográfica da respectiva temática. Tais documentações explicitadas através de
referências literárias foram extraídas de bases de dados específicas como:
a) PubMed;
b) Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações – BDTD;
c) Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES;
d) Scientific Electronic Library Online – SciELO;
e) Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação;
f) Repositório Digital- Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
g) Banco de tese da Universidade de São Paulo – USP;
h) Banco de Teses e Dissertações da Universidade de Brasília – UNB;
i) Biblioteca Digital da Unicamp;
j) UNESCO Brasil e;
k) Outros sítios eletrônicos pertencentes a esfera de Medicina e saúde.
Por conseguinte, as pesquisas escolhidas para esta revisão de literatura foram
extraídasde bases de dados específicas da esfera da saúde pertencentes apenas a língua
inglesa dos últimos 30 anos (1992-2022).
Ao todo foram selecionados cerca de 28 obras científicas, entre as quais foram
selecionadas documentos do tipo Revisão de Literatura, Revisão Sistemática, Estudos
Originais de coorte, Teses de Doutorado e Dissertações de Mestrado. Após a escolha de
juntas documentais e literárias houve o fracionamento destes documentos a partir do
método universal de Inclusão e Exclusão.
Para a devida seleção de artigos científicos, teses e dissertações de mestrado foram
adotados os seguintes critérios como:
a) Pertencer a temática proposta;
b) Compreender o período dos últimos 30 anos (exceto Leis e Decretos) e;
c) Pertencer a Esfera de saúde e Odontologia.
Para a exclusão todos os documentos não adequados nos critérios de Inclusão
foram descartados.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma área adicional de pesquisa é o efeito do exercício e treinamento sobre o
sistema imunológico de uma criança. Um programa de exercícios progressivos de
intensidade moderada não afetará adversamente o sistema imunológico e pode ter

103
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

um efeito benéficosobre a interleucina-2 e sistema de células natural killer [20].


As interleucinas, por sua vez, podem estimular o crescimento de células imunes e
trabalham em conjunto com células natural killer que destroem células tumorais, células
infectadas por vírus e eliminam o tecido lesionado. Em atividades como lutas realizadas
com intervalos pequenos de exercício não afetarão a função imunológica; porém, um
exercício intenso e mais estressante tem um efeito adverso sobre o sistema imunológico
[21].
Deste modo, considera-se que 90±120 min. de exercício em 60% da capacidade
aeróbica (VO2 max.) reduz o National Killer e contagem de células, possivelmente
aumentando a suscetibilidade a infecções virais e tumorgênese. O treinamento excessivo
contribui a um distúrbio cumulativo da função imune [22].
Desfavoráveis reações imunológicas associadas a exercícios desafiadores podem
ser reduzidas usando uma abordagem mais progressiva e/ou reduzindo a intensidade
para um nível moderado. Ao diminuir os comportamentos sedentários e, assim, aumentar
a atividade física diária, crianças podem experimentar muitos benefícios na redução do
estresse, o que pode melhorar o sistema imunológico [23].
A atividade física regular tem sido mostrada para melhorar os níveis de energia,
concentração mental, desempenho e humor. Também é atribuído como uma redução da
tensão, ansiedade, depressão e hostilidade. Para tanto, os benefícios de melhora do humor
a curto prazo do exercício físico e atividade estão bem estabelecidas na literatura [24].
Assim, diminuições de curto prazo nos índices de estresse psicológico, como
ansiedade, tensão, depressão e raiva são promovidas pelo exercício e a atividade
moderada a vigorosa com duração de 40 min demonstrou promover uma diminuição da
reatividade cardíaca (frequência cardíaca e pressão arterial média) ao estresse
subsequente em crianças normais [25].
No mesmo estudo, durações inferiores a 40 min não tiveram efeito da reatividade
cardíaca. No entanto, a análise de tendências não suportam uma relação dose-resposta
entre duração da atividade física, reatividade cardíaca e variáveis psicológicas. O
repelente de dose e gradiente sugere que uma relação linear ou curvilínea que existe entre
níveis diminuídos de doenças crônicas e aumento dos níveis de atividade física [26].
Diante os níveis moderados de intensidade e duração mostrou-se estarem
relacionados aos níveis reduzidos de estresse. No entanto, aumentando a duração ou a
intensidade além do nível moderado demonstrou não ter nenhum efeito redutor de
estresse adicional e a atividade de baixa intensidade de menos de 30 min. ilustra uma
semelhante falta de efeito [27].
Por fim, muitas complexidades de pesquisa impedem uma conexão conclusiva
entre o aumento dos níveis de atividade física e a redução de níveis de estresse e
variáveis elacionadas ao estresse em crianças. O dilema desta pesquisa existe porque os
mecanismos que aumentam ou diminuem o estresse de forma aguda e em resposta a
regular são consequentes de episódios repetidos de atividade física [28].

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante as resultantes extraídas da junta documental sobre benefícios e malefícios
da atividade física em crianças, torna-se evidente que os benefícios versus malefícios neste
grupode indivíduos possuem diferenças elevadas e visíveis a nível clínico.

104
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Tais afirmativas decorrem das altas quantidades de publicações que documentam


e relatam os benefícios a nível celular da prática em crianças, como a melhoria da função
imunológica, estimulação do crescimento de células imunes que atuam na eliminação de
células tumorais e infectadas por vírus.
Em contraste, não houve documentos satisfatórios que apresentem malefícios
causados em crianças saudáveis além de possíveis lesões articulares e musculares após
uma má conduta durante a execução de exercícios de alta intensidade.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 11
Traumas pediátricos: Fraturas supracondilianas do
úmero na criança
Evelyn Bezerra Santos
Maria Clara Alencar Vieira
Ana Caroline Silva Tiradentes
George Lucas Brandão Justiniano
Prince Kauã Barros da Graça
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Maria das Graças Costa Alecrim
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza

107
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. JUSTIFICATIVA
As fraturas supracondilianas do úmero são um tipo de trauma bastante comuns
dentre as fraturas que acometem as crianças. Uma vez que, a ocorrência das fraturas
supracondilianas de úmero tem um grande percentual de suas decorrências associadas a
queda, que é evento comum e inerente durante os primeiros anos de vida do ser humano.
Ademais, as fraturas supracondilianas do úmero apresentam riscos evidentes para o
desenvolvimento infantil. Por esse motivo, o presente artigo faz uma revisão integrativa
sobre o assunto que é de sumaimportância para diversas áreas médicas no viés pediátrico,
ortopédico etraumatologista.

2. OBJETIVOS
2.1. GERAL
Devido às peculiaridades e condições únicas do desenvolvimento ósseo infantil,
bem como dos recorrentes casos de fraturas na população pediátrica, este trabalho tem
por objetivo fazer uma revisão integrativa sobre as fraturassupracondilianas do úmero
na criança.
2.2. ESPECÍFICOS
Desse modo, os objetivos concentram-se em revisar literaturas de bancos sobre a
ossificação infantil, anatomia dos ossos que formam o cotovelo, a fratura supracondiliana
do úmero em crianças, além do diagnóstico e tratamento.

3. METODOLOGIA
O presente trabalho é um estudo de revisão bibliográfica do tipo revisão
integrativa da literatura, a qual faz análise de estudos relevantes, sintetiza o
conhecimento produzido e leva ao incremento de conclusões gerais a respeito da
temática.
É um método de pesquisa que contempla as seguintes etapas: seleção das
hipóteses ou da questão da pesquisa; critérios para a seleção da amostra; busca na
literatura, avaliação dos dados; análise dos dados; e apresentação dos resultados.
A pesquisa está sendo orientada a partir da seguinte questão: A habitualidade das
fraturas supracondilianas do úmero em crianças. As buscas das publicações estão
ocorrendo no período de setembro e outubro de 2022, com buscas sendo realizadas nas
bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PUBMED e ResearchGate,
por meio de termos cadastrados no site dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS):
sendo realizado cruzamento dos termosmediante o uso do operador booleano “AND”.
Estão sendo aplicados os seguintes critérios de inclusão : artigos disponíveis em
meio eletrônico, textos completos abordando o tema, inseridos nas bases de dados
nacionais e internacionais, nos idiomas inglês, português e espanhol. E como critérios de
exclusão foram: reflexões, resumos de anais, revisões bibliográficas, artigos que não
estejam na íntegra, outros idiomas, documentos repetidos em base de dados, fora do
período de interesse, estudos duplicados e quenão atendessem a temática proposta.
A análise dos dados deu-se a partir da proposta de MINAYO (2012) para estudos
qualitativos, incluindo: pré-análise, exploração do material e tratamento dos dados,

108
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

interpretação dos resultados e elaboração das categorias temáticas do estudo. Após a


seleção e análise crítica, os estudos foram dispostos em quadro sinóptico contendo título,
autor, ano de publicação, base de dados, delineamento e principais resultados para a
definição e composição das categorias analíticas que responderam à pergunta norteadora
da pesquisa.

4. INTRODUÇÃO
A infância é marcada por diversos processos do desenvolvimento, sendo eles
cognitivos, físicos e mentais. Por isso, o período que compreende a infância é de bastante
adaptação e mudança. Os traumas pediátricos são comuns e possuem suas peculiaridades,
já que a formação óssea infantil, que será discutida adiante, é particular e diferente da
conformação óssea de um adulto. Por sua vez, associado ao desenvolvimento infantil e a
queda que é uma característica clássica da infância,a fratura supracondiliana de úmero
tem grande recorrência entre os traumas pediátricos.
As fraturas supracondilianas do úmero são as de ocorrência mais comum no
cotovelo da criança (16,6%) e ocupam o segundo lugar geral em frequência, sendo
suplantadas apenas pelas fraturas dos ossos do antebraço (AMARAL, 2001). Cerca de 85%
das fraturas do cotovelo na criança ocorrem na parte distal do úmero, e, dessas de 55 a
75% são supracondilares (porção inferior do úmero), que representam 3% de todas as
fraturas na criança (AZEVEDO, 2013).
O mecanismo de trauma mais frequente são por trauma direto na região do
cotovelo e o trauma indireto, como na queda da própria altura sobre o braço estendido, e
podem ser classificadas com base em sua direção de deslocamento nos planos sagital e
coronal, o que tem implicações para o envolvimento de estruturas neurais e vasculares
(WINGFIELD, 2015). Este tipo de fratura apresenta complicações importantes, sendo a
lesão da artéria braquial e do nervo radial as mais comuns.
O diagnóstico se baseia na suspeita clínica, segundo mecanismo da lesão, idade do
paciente e radiografia simples do cotovelo em duas projeções. A classificação de Gartland
é a mais usada para estabelecer a gravidade da fratura e guiar o tratamento, que pode ser
ortopédico em fraturas não deslocadas, porém nãohá um consenso na literatura sobre
como conesse tipo de lesão, podendo ser um tratamento cirúrgico ou não. No entanto, os
avanços no tratamento e na assistência contribuíram para melhores resultados e
reduziram drasticamente a complicação mais temida conhecida como contratura
isquêmica de Volkmann (FUMO, 2010).

5. OSSIFICAÇÃO INFANTIL
A infância é um período da vida de grandes adaptações fisiológicas, morfológicas,
psíquicas e sociais. Dessa forma, o corpo infantil está em constante mudança durante o
crescimento, e com os ossos não é diferente. A estrutura óssea começa a ser formada na
vida intrauterina, na sexta semana do desenvolvimento embrionário os membros
superiores começam a mostrar diferenciações e o desenvolvimento do cotovelo começa a
acontecer. Porém, mesmo após o nascimento, os ossos continuam o desenvolvimento que
percorre por toda a infância. Por isso, o osso na criança é considerado imaturo, devido a
série de particularidades fisiológicas e morfológicas da criança (POGGIALI, 2022),
(MOORE,2016).

109
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Na perspectiva do desenvolvimento ósseo infantil, destaca-se a particularidade da


presença da placa de crescimento. A placa de crescimento ou fise compõe uma
particularidade importante na morfologia óssea infantil, uma vez que é responsável pelo
crescimento longitudinal e pela forma do osso, estando presente apenas em ossos
imaturos (PABLOS, 2019).
O trauma ósseo é comum em crianças, são diversas as causas que podem levar ao
trauma infantil. Assim como a morfologia e fisiologia óssea infantil são de características
particulares, diante dos casos de traumas ósseos de criança a conduta, abordagem e
tratamento são bastante particulares e merecem atenção especial (PABLOS,
2019),(YANAGUIZAWA, 2008).

6. ANATOMIA DO COTOVELO
O cotovelo é uma articulação capaz de efetuar extensão e flexão, possibilitando as
diversas atividades do antebraço e da mão, como flexão, extensão,pronação e supinação
(THOMPSON, 2011).
Anatomicamente, o cotovelo é formado pela junção de três ossos: úmero, rádio e
ulna. Além disso, possui articulações e músculos que auxiliam e permitem seu movimento.
O úmero, maior osso do membro superior, tem sua articulação superior coma
escápula formando a articulação do ombro; por sua vez, na parte inferior faz articulação
com o rádio e com a ulna formando a articulação do cotovelo (GALLAHUE, 2000).
A extremidade distal do úmero forma o côndilo do úmero e é composta por: a
tróclea,o capítulo, e as fossas do olécrano (coronóidea e radial). O côndilo possui duas
faces articulares:capítulo lateral, que faz articulação com a cabeça do rádio, e tróclea
medial, que faz articulação com a extremidade proximal da ulna (THOMPSON, 2011).
Nas crianças, os ossos que formam a articulação do cotovelo (úmero, rádio e ulna),
ainda estão em desenvolvimento durante a infância. Sendo assim, no úmero,o epicôndilo
medial tem ossificação até os 5 anos de idade, já o epicôndilo lateral tem ossificação mais
tardia até os 11 anos de idade.
Com isso, os traumas ósseos nos ossos que formam a articulação do cotovelo, em
especial o úmero, são muito comuns na infância por vários fatores e exigem condutas
de tratamento específicas de acordo com a fratura e a idade dacriança.

7. FRATURA SUPRACONDILIANA DE ÚMERO EM CRIANÇAS


Dentre as fraturas dos ossos do cotovelo, as fraturas supracondilianas do úmero
na criança são as mais comuns. São diversos os fatores que levam aos frequentes casos
desse tipo de fratura no esqueleto imaturo, dentre eles pode-se citar a intensa
remodelação óssea do úmero distal durante a infância com ápice entre os 5 e 8 anos de
idade, idade que coincide com o pico da ocorrência dessetipo de trauma; a anatomia do
osso que apresenta menor diâmetro e a frouxidão ligamentar.
A fratura supracondiliana do úmero infantil tem pico entre 5 a 7 anos de idade,
sendo a média 6 anos de idade, geralmente o lado esquerdo é o mais acometido.
Constituindo cerca de 3% a 17% das fraturas pediátricas e 50% a 60% das fraturas do
cotovelo; grande parte dessas fraturas são decorrentes de quedas.

110
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Existem dois tipos de fraturas supracondilianas do úmero: em extensão e em


flexão. As fraturas em extensão são as mais recorrentes, compreendendo cerca de 95%
das fraturas supracondilianas do úmero, geralmente associadas a quedas com a palma da
mão espalmada e hiperextensão do cotovelo. Nas fraturas de extensão, o olécrano sofre
o impacto e exerce força sobre a fossa do olécrano e atua na região supracondilar, gerando
a fratura. Já a fratura por flexão, é pouco incidente, ocorrendo em apenas 5% dos casos.
Nos traumas por flexão, a fratura ocorre na região posterior com o cotovelo fletido,
promovendo o deslocamento do fragmento distal.
Para classificar as fraturas existe a classificação de Gartland, a qual dispõeas
fraturas em três tipos.
• Gartland de tipo I: São fraturas sem desvio ou com mínimo desvio. A linha da
fratura é invisível na radiologia inicial. A circunferência do periósteo permanece
intacta. A única evidência da lesão óssea é o sinal de coxim gorduroso.
• Gartland de tipo II: São fraturas que apresentam um leve desvio na região
posterior. O traço da fratura é visível. A dobradiça cortical posterior permanece
estável.
As fraturas de tipo dois são divididas em subtipos: IIA e IIB, são classificadas em
fraturas apenas em extensão e desvio rotacional ou angular, respectivamente.
Essa subdivisão das fraturas de tipo dois é importante para direcionar o
tratamento.
• Gartland de tipo III: São fraturas com desvio acentuado. Apresentam risco evidente
de lesões vasculares e nervosas. A integridade cortical posterior é comprometida,
com perda de contato entre as corticais. Ocorre a interposição de partes moles.
Perda da estabilidade.
Posteriormente, adicionou-se um quarto tipo de classificação das fraturas:
• Garland tipo IV: São fraturas com altíssima instabilidade tanto na flexão, como na
extensão. Apresentam maiores riscos de lesões neurovasculares. Perda da
circunferência do periósteo (MARTINI, 2002), (FERNANDES, 2019), (PENÃ,
2020).

8. DIAGNÓSTICO CLÍNICO E EXAME FÍSICO


Sinais típicos de fratura, como edema e impotência funcional absoluta, podem ser
acompanhados por semiologia individual. Caso a fratura esteja completamente deslocada,
o cotovelo tem uma deformidade em forma de "S" por motivos de dois pontos de
angulação. O primeiro ponto é o anterior, que se localiza na parte distal do braço,
corresponde ao segmento proximal. E o segundo ponto de angulação é o posterior, na
zona do olécrano.
A equimose é visualizada frequentemente na prega anterior do cotovelo. Por
conseguinte, caso haja a penetração do fragmento no músculo braquial e uma das
espículas atingiu a derme, visualiza-se uma cova no braço em sua face posterior,
indicando que será difícil a diminuição da fratura.
No caso de fraturas com um mínimo de desvio ou desvio ausente, o único sinal
clínico é o derrame articular, além da dor. Esse derrame é palpado com facilidade no
espaço posterior ao músculo ancôneo. Esse ponto localiza-se na porção média da linha

111
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

que se relaciona à área central da cabeça radial à proeminência mais exacerbada do


olécrano. De maneira que a dor se localiza em ambas as margens umerais na região
supracondilar, deve-se dar importânciapara a palpação leve das eminências ósseas.
As radiografias em serviços de urgências servem apenas, na maioria das vezes,
para confirmar diagnóstico clínico. Entretanto, posteriormente, é fundamental o uso
desse exame para o plano de tratamento inicial.
Essa relação está associada à luxação do cotovelo, em que há perda da relação com
o olécrano. Podendo existir a exacerbação do olécrano situado posteriormente ao
epicôndilo. Também podemos citar fraturas do rádio e dos côndilos umerais (HEBERT,
2017).

9. TRATAMENTO
Por conta do elevado índice de traumatismos em cotovelo e por consequência um
elevado número de fraturas supracondilianas do úmero em crianças, o manejo inicial com
base na classificação de Gartland proporciona maior segurança para um tratamento eficaz
e com menor risco de deformidades posteriores principalmente se tratando de
complicações neuromusculares relacionadas a esse tipo de fratura. A limitação anatômica
das supracondilianas do úmero relacionada ou não a osteossíntese estável é o ideal para
a conduta nesses pacientes, por haver dificuldade em manter um posicionamento
adequado entre os fragmentos da fratura em que a longo prazo se não feita uma
abordagem adequada pode haver limitações de movimentos articulares. Sendo de suma
importância priorizar também as partes moles juntamente com um criterioso
monitoramento da função neuromuscular (MARTINI, 2002), (FUMO, 2010), (HEBERT,
2017).
Atualmente, se fazem presentes diversos tratamentos que geram um bom
resultado para o paciente. Como exemplos de metodologias de tratamento há : tração
cutânea, tração esquelética olecraniana, redução fechada associada à imobilização
gessada, redução incruenta e fixação percutânea 1, redução cruenta e osteossíntese com
fios de Kirschner que permite bons resultados quando realizada com visualização direta
e isolamento do nervo ulnar (AZEVEDO, 2013), (PENÃ, 2020), (FUMO, 2010).
Ortopedistas que defendem o tratamento denominado incruento, defendem-o por
haver altos números de resultados positivos por estarem ligados a uma funcionalidade
boa nas áreas dos ombros que estão também associadas a remodelação óssea, esse
método por muito tempo foi um exemplo de qualidade terapêutica (FUMO, 2010).
Há quem defenda o tratamento cirúrgico para fraturas com desvio acentuado por
conta da redução anatômica associada à fixação com fios de kirschner diminui as taxas de
complicações precoces, como, lesão dos nervos periféricos, lesão da artéria braquial,
podendo haver a síndrome compartimental que pode evoluir para uma contratura
isquêmica de Volkman. Podendo haver complicações tardias, como, lesões fisárias, rigidez
articular, miose ossificante (MARTINI, 2002).
Quando se trata em casos de gestão de emergência, a conduta inicial depende da
classificação da fratura em cada paciente. A classificação usada é a de Gartland,
comprometimento neurovascular. Segundo a classificação I, na maioria dos casos não há
complicações, por tanto, a conduta a ser efetuada é a de imobilização com tala
braquiopalmar com cotovelo fletido a 90° com antebraço em posição neutra. Segundo a

112
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

classificação, a do tipo II caso não haja sinais de hipoperfusão, o membro é imobilizado


com o intuito da não realização de movimentos de redução, certificando-se que tal fique
bem perfundido após a imobilização. Em casos de sinais de hipoperfusão ou não havendo
pulso radial, a extremidade deve ser tracionada em extensão até a perfusão ser restaurada
e imobilizada na posição. Caso a perfusão da mão não volte se faz necessário uma
intervenção cirúrgica de urgência. Em casos de a mão apresentar apenas déficit sensitivo
e ser o único achado, não se faz necessário uma cirurgia imediata, nesses casos na grande
maioria deles é observada uma neuropraxia que tem como resolução quando há de fato a
redução da fratura (PENÃ, 2020).
Nas fraturas de classificação Gartland I é aceito um leve deslocamento posterior,
desde que a linha umeral anterior intercepte o capítulo em algum momento por se tratar
de lesões pediátricas, este grupo possui uma capacidade grande de remodelação óssea.
Porém, este procedimento pode levar a apresentar chances de haver um impacto na
coluna que pode passar despercebido gerando uma possível complicação, cúbito varo em
que não há remodelação. Quando houver suspeitas, se faz necessário uma avaliação de
membros para analisar o ângulo de carga, caso encontrado, a conduta é a redução com
alinhamento lateral do cotovelo. Podendo ser imobilizado com tala ou fixado com dois
pinos e imobilizado o cotovelo com tala de 90° tendo um menor risco de perda da
redução.
Classifica-se como II A com variação do ângulo de Baumann menor que 5° em
relação ao membro sadio e II B se essa variação for maior que 5° (PENÃ, 2020), (FUMO,
2010).
O tratamento cirúrgico recomendado para as fraturas Gartland II b a IV é a redução
incruenta com fixação percutânea com pino, por serem fraturas desviadas que precisam
da correção diminuindo complicações. A redução anatômica e um espaçamento máximo
entre os pinos no foco da fratura para evitar a falha da fixação, sendo recomendado o uso
de três pinos nas fraturas II e IV. A técnica da redução fechada e fixação percutânea com
pino as fraturas supracondilianas desviadas podem ser conduzidas de várias formas
(redução fechada sem fixação, tração de partes moles, tração esquelética, redução aberta
com fixação). Porém, o tratamento de escolha se faz pela redução fechada e fixação com
pino, por terem resultados com menos tempo de internação e complicações (PENÃ, 2020).

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113
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

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[7] HEBERT, Sizínio K. et al. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 5.ed. ed. Porto Alegre :
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https://doi.org/10.1590/S0100-39842008000300013.]

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 12
Traumas ortopédicos pediátricos relacionados
acidentes de trânsito: Uma revisão integrativa da
literatura
Ana Luiza Nazareth Alagia
Júlia Carvalho da Silva
Maria Letícia Lisboa Gomes
Rafaela Guimarães Almeida
Karoline Costa de Souza
Maria das Graças Costa Alecrim
Nilton Orlando Junior
Paulo Daw Wen Su
Sandokan Cavalcante Costa
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso

Resumo: As vítimas pediátricas de atropelamento comumente apresentam a tríade de Waddell:


fratura de fêmur, trauma cranioencefálico e lesões do tronco. O objetivo geral do trabalho em
questão é analisar o conhecimento científico elaborado sobre traumas ortopédicos pediátricos
por acidentes de trânsito nas publicações da área da saúde. Foi realizada uma busca nas bases de
dados PUBMED e SCIELO, através das palavras-chave: traumas, tríade, Waddell, pediátrico,
acidentes. No presente estudo, houve evidências consistentes de que os casos de Tríade de
Waddell estão associados à diminuição do desempenho funcional da vítima, ao tratamento não-
cirúrgico de baixo resultado e a maiores níveis de dor. Além disso, é de grande importância
conhecer que a idade, o peso e o índice de massa corporal mais jovens serão determinantes para
maior magnitude do trauma. A partir desta revisão, entende-se que quando crianças pedestres se
envolvem em acidentes de automóvel, é importante não presumir que elas tenham apenas um
órgão lesionado e que toda equipe de trauma deve estar envolvida no manejo de crianças com
Tríade de Waddell.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
O trauma ortopédico é uma das condições mais mórbidas existentes na sociedade
contemporânea, comprometendo a função do indivíduo, sua participação econômica na
sociedade e sua integração familiar e comunitária (JUNIOR, 2011).
No que se refere a traumas ortopédicos decorrentes de acidentes de trânsito, as
vítimas podem apresentar a ´´Tríade de Waddell´´. A tríade de Waddell é uma emergência
pediátrica de impacto de alta energia em pacientes, sujeitos a trauma de força
contundente, em geral secundária a impacto direto por um veículo motorizado, na qual o
pedestre pediátrico absorve toda a energia de colisão. Ela inclui fratura do eixo femoral
ipsilateral, lesão intratorácica ou intra-abdominal ipsilateral e lesão contra-lateral na
cabeça, as quais podem gerar hemorragia interna e intensa perda de sangue, observando-
se a necessidade de monitorar sinais de choque (AL, 2010). Tendo em vista a reduzida
produção científica nessa temática, esta revisão faz uma síntese do material encontrado
no campo científico.

2. OBJETIVOS
Geral: Analisar o conhecimento científico elaborado sobre traumas ortopédicos
pediátricos por acidentes de trânsito nas publicações da área da saúde.
Específicos:
• Analisar os aspectos ortopédicos envolvidos na Tríade de Waddell relacionada a
acidentes de trânsito;
• buscar estatísticas sobre traumas pediátricos relacionados a veículos motorizados
e atropelamentos;
• Compreender fatores resultantes psicossociais do trauma ortopédico e suas
implicações nos pacientes pediátrico.

3. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa do tipo Revisão Integrativa da literatura, na qual foram
realizadas buscas nas bases de dados PUBMED e SCIELO, através das palavras-chave
traumas: tríade, Waddell, pediátrico, acidentes. Foram utilizados como critéros de
elegibilidade do artigo: estar relacionado à temática, completos, nos idiomas inglês,
português e espanhol, gratuitos, bases de dados internacionais e site oficial, ter sido
publicados entre os anos de 1999-2022. Como critérios de exclusão: artigos em outros
idiomas além dos descritos e de plataformas pagas. Outros artigos foram utilizados como
base teórica, não abrangendo o tema central. Foi realizada uma leitura seletiva e
exploratória de dados seguida de uma síntese do conteúdo.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

4. RESULTADOS
Lesões de veículos motorizados estão entre as 15 principais causas de deficiência
em crianças em todo o mundo (PAZ, 2022) e as lesões causadas por trauma por veículo
automotor em movimento (VAM) do tipo atropelamento pediátrico são a principal causa
de morte em crianças entre 5 e 14 anos (AL, 2010).
Segundo o Sistema de Informações hospitalares do SUS (SIH/SUS), de janeiro a
novembro de 2011, foram internadas, no Brasil, como vítimas de acidentes de trânsito
(transporte terrestre), 28.754 crianças e adolescentes (0 a 19 anos), perfazendo uma
média de 87 internações por dia.
Em um estudo feito retrospectivo transversal e observacional durante janeiro de
2017 e agosto de 2018 no maior centro de traumatologia do estado de Mato Grosso,
Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, foram analisados 182 pacientes, onde
33,52% dos casos eram em crianças. Sobre o mecanismo de trauma, 19,23% foram casos
de acidentes de trânsito (atropelamento, colisões de veículos) (ROSA. 2018).
Em espectro internacional, nos Estados Unidos, uma dentre três crianças (cerca de
22 milhões) é, anualmente, vítima de trauma (ADVANCED TRAUMA LIFE SUPPORT,
1993). Cerca de 80% dos traumas são contusos, representados principalmente, por
acidentes de veículos a motor, bicicletas e quedas (COOPER, 1995). Nos acidentes
automobilísticos, as vítimas ou foram atropeladas ou ocupavam o veículo, cujas lesões
mais comuns foram os traumas cranioencefálicos e da coluna cervical (PEDIATRIC
ADVANCED TRAUMA LIFE SUPPORT, 1994), caracterizando a Tríade de Waddell.
Os atropelamentos são a principal causa de morte entre crianças de 05 a 09 anos,
nos EUA. As vítimas de atropelamento comumente apresentam a tríade de Waddell:
fratura de fêmur, trauma cranioencefálico e lesões do tronco (PEDIATRIC ADVANCED
TRAUMA LIFE SUPPORT, 1994), sendo importante a necessidade de quando uma criança
apresentar 1 ou 2 sinais da tríade após uma lesão no veículo motorizado, procurar o
terceiro sinal que pode aparecer posteriormente (PAZ, 2022).
Foi realizado um estudo no qual todos os casos de pacientes pediátricos
diagnosticados com tríade de Waddell foram analisados no Hospital General de
Puebla: foram incluídos 13 pacientes dos sexo masculino e 8 do sexo feminino. Dos 21
casos em relação ao traumatismo craniano, os achados foram os seguintes: 13 casos com
edema cerebral moderado a grave (62%), 7 com hemorragia subaracnóidea (33,3%), e 1
(4,8%) com fratura parietal direita. Nos traumatismos torácicos ou abdominais, 8 com
contusão torácica ou abdominal, 5 com hemopneumotórax, 4 com lesão de víscera oca, 3
com lesão hepática, e 1 com lesão esplênica. Com relação ao fêmur, 71,4% das vitimas
apresentaram comprometimento (AL, 2010). Outrossim, todos os pacientes necessitaram
de internação na UTI após estabilização hemodinâmica ou cirurgia de emergência.

117
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Tabela 1- Adaptada da revista Air Medical Journal. O conceito da tríade de Waddell foi
se desenvolvendo no decorrer das décadas. A presente tabela expõe a triáde entre os
anos 1970-1990.

Fonte: adaptado de Orsborn et al. (1999).

5. DISCUSSÃO
No presente estudo, houve evidências consistentes de que os casos de Tríade de
Waddell estão associados à diminuição do desempenho funcional da vítima, ao
tratamento não-cirúrgico de baixo resultado e a maiores níveis de dor (LEWIS, 2003).
Além do supracitado, é de grande importância conhecer que a idade, o peso e o
índice de massa corporal mais jovens serão determinantes para maior magnitude do
trauma. Pacientes com peso inferior a 15 kg apresentaram 100% de lesões
musculoesqueléticas associadas, concluindo-se que o peso está bastantes associado às
lesões causadas por trauma por VAM (ROSA, 2018). Paralelamente, o tamanho do veículo
também afetará o padrão das lesões, assim como as características físicas da vitima, visto
que quanto mais alto o para-choque do veículo, mais alta a região do corpo que sofrerá
dano. Lesões graves no pélvis, abdômen e tórax do pedestre podem ocorrer por um
impacto direto do para-choque de um veículo com tração nas quatro rodas (EID et al.,
2007).
Em relação à Tríade de Waddell e seu tratamento, o conservador é a melhor
escolha, consistindo em um período de tração inicial, seguido de colocação de gesso
pelvipodal até a consolidação. Outros tratamentos têm sido descritos com fios de
Kirschner e gesso, redução aberta e fixação óssea com placa e parafusos, bem como haste
intramedular e recentemente fixação externa (ROSA. 2018).
Os índices de trauma fornecem uma descrição objetiva das condições dos pacientes
e ajudam a selecionar e reconhecer as lesões de maior gravidade. A escala Pediatric
Trauma Score é facilmente aplicada para triagem pré e intra-hospitalar (seleção de
pacientes de acordo com sua gravidade) com base em múltiplas aplicações, incluindo
previsão de sobrevida, correlação com outros preditores padrão de gravidade da lesão e
deterioração do desempenho (ROSA, 2018).

118
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Ademais, analisa-se que fatores devem ser considerados ao observar pacientes


com trauma pediátrico, como: idade, lesão nos tecidos moles, tipo e localização da fratura,
trauma torácico, abdominal, experiência do cirurgião e situação psicossocial da família,
uma vez que a criança pode ter sintomas depressivos e transtorno de estresse pós-
traumático, principalmente em casos de lesões graves e multissistêmicas (PAZ, 2022). Os
estudos analisados constataram a associação de acidentes de trânsito a prejuízos
psicossociais, identificando como principais envolvidos jovens do sexo masculino os quais
podem desenvolver tendência à agressividade e à transgressão social (LOUREIRO, 2007).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desta revisão, entende-se que quando crianças pedestres se envolvem em
acidentes de automóvel, é importante não presumir que elas tenham apenas um órgão
lesionado. Toda equipe de trauma deve estar envolvida no manejo de crianças com Tríade
de Waddell.
A Tríade de Waddell é uma condição de emergência para os pacientes pediátricos,
a qual ocorre devido ao trauma contuso sofrido secundário ao impacto direto de um
pedestre por um veiculo motorizado. Possui alta incidência de lesões associadas a fraturas
de fêmur e, devido a isso, os pacientes politraumatizados necessitam de atendimento
multidisciplinar.
A Pediatric Trauma Score, é uma escala/ Score utilizada nas emergências como
bom indicador da gravidade da condição do paciente. Deve-se reiterar que os pacientes
politraumatizados com a tríade de Waddell podem ter lesões fatais, objetivo principal do
clinico durante o exame físico inicial deve ser: descartar lesões associadas e,
posteriormente, tratar todas as lesões que requerem atendimento de emergencia. Quando
uma criança apresenta um ou dois sinais da tríade após uma lesão automobilística, é
importante procurar o terceiro sinal que pode se apresentar posteriormente, razão pela
qual sempre devem ser descartadas e priorizadas.
O manejo inicial de um paciente com tríade de Waddell começa com a avaliação
primária usual ou pesquisa de trauma. A pesquisa primária aborda vias aéreas,
respiração, circulação, déficit neurológico e exposição do paciente e controle do ambiente.
Traumas graves e multissistêmicos podem causar dificuldades psicológicas e
sociais significativas e de longo prazo para o paciente e sua família. As crianças também
estão em risco de sintomas depressivos e transtorno de estresse pós- traumático. O apoio
psicológico e social durante e após o período de ressuscitação é importante. Ademais, o
tratamento proposto é o conservador, consistindo em um período de tração inicial,
seguido de colocação de gesso pelvipodal até a consolidação óssea.

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Surgeons, Chicago, p. 1 – 406, 1993.
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Revista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 40(3):345-51, jul./set., 2007.
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[10] PAZ, Michael; et al. Tríade de Waddell. StatPearls, janeiro-julho, 2022.
[11] PEDIATRIC ADVANCED LIFE SUPPORT. Textbook of american academy of pediatrics. American
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[12] ROSA, Joris Oliveira. AZEVEDO, Wagner Felipin. FLORÊNCIO, Rodrigo Pereira de Souza.
Epidemiologia do trauma ortopédico pediátrico em um hospital público. Revista Científica Multidisciplinar
Núcleo do Conhecimento. Ano. 03, Ed. 12, Vol. 01, pp. 166-173 Dezembro de 2018.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 13
Fraturas na infância associada ao uso frequente de
glicocorticóides
Eduardo Frazão da Silva
Isadora Torres de Sousa
Iury Bernard Coelho da Silva
João Victor Bezerra Silva
Lívia Marques Neiva
Paulo Daw Wen Su
Nilton Orlando Júnior
Sandokan Cavalcante Costa
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Thiago Guimarães Mattos de Souza
Tyane de Almeida Pinto Jardim

Resumo: Neste artigo, apresentam-se a relação entre fraturas ortopédicas infantis e o uso de
glicocorticoides na literatura. De acordo com Ward et al. (2020), o uso frequente de glicocorticóides em
crianças interrompe o modelo mecanostático do desenvolvimento ósseo, induzindo à osteoporose. Nesses
casos, conforme Weinstein et al, os glicocorticóides contribuem para a patologia pela ação direta sobre
células da formação óssea em duas fases distintas. Em consonância com Yue et al. (2018), os
glicocorticóides podem induzir Células Endoteliais Microvasculares Ósseas (BMECs) a expressar várias
citocinas, o que contribui para o desenvolvimento de Osteonecrose da Cabeça Femoral Induzida por
Glicocorticóides (ONFH). Constituindo uma pesquisa de relevância intelectual, o presente estudo contribui
para a prática de profissionais da saúde, por meio do esclarecimento da ação dos glicocorticóides na indução
da osteoporose secundária, embasando para a análise cotidiana de casos semelhantes, principalmente em
casos diagnósticos de Distrofia Muscular de Duchenne, leucemia e síndrome nefrótica. Essa revisão foi
realizada porque a maioria das recomendações de fraturas associadas ao uso de glicocorticóides, até o
momento, foram guiadas por estudos em adultos e, portanto, não reconhecem os princípios específicos da
pediatria que informam as estratégias de monitoramento, diagnóstico e tratamento em crianças. Além disso,
vale ressaltar também que existe pouca produção nacional a respeito do papel dos osteoblastos no controle
hormonal de reabsorção óssea atrelado às crianças.

Palavras-chave: Glicocorticóides. Fraturas. Infância.

121
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. OBJETIVOS
1.1. GERAL
Estabelecer como o uso prolongado de glicocorticóides está associado à ocorrência
de fraturas.

1.2. ESPECÍFICOS
• Apresentar os aspectos bioquímicos e fisiológicos relacionados ao uso prolongado
de glicocorticóides em crianças
• Descrever de que forma o uso de glicocorticoides pode ocasionar outras doenças
• Analisar estudos referentes à literatura existente.

2. METODOLOGIA
2.1. TIPO DE PESQUISA
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, baseada na reunião de dados de
fontes secundárias consideradas importantes para o tema de fraturas nas crianças por
uso de glicocorticóides. Foram colhidas informações sobre bioquímica, fisiologia e
patologias crônicas que necessitam do uso prolongado de corticoides.

2.2. BUSCA NAS BASES DE DADOS


Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca na seguinte
base de dados: PubMed. Com o objetivo de encontrar artigos direcionados ao assunto
principal, utilizou-se os respectivos descritores e suas combinações nas ligas portuguesa
e inglesa: "Infância", "Corticoide", "Fraturas", “Childhood”, “Corticosteroid” e “Fractures”.

2.3. ANÁLISE DE DADOS


A inclusão de artigos foi baseada a partir dos seguintes critérios: artigos na língua
portuguesa e inglesa, publicações majoritariamente realizadas a partir de 1998, nível de
relevância científica com base na metodologia utilizada. Nessa pesquisa, achou-se o
quantitativo de 253 artigos, dos quais 19 foram selecionados após uma leitura criteriosa
buscando relevância temática.
Todos os artigos foram lidos na sua forma integral, com ênfase nas discussões e
conclusões, em busca de diversas visões pesquisas sobre as seguintes questões: ação
bioquímica de células ósseas na contribuição para a osteoporose induzida por
glicocorticoides, doenças mais incidentes na infância que justificam o uso frequente de
glicocorticoides e estudos sobre a ação dos glicocorticóides na modelação óssea.

3. REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com Yasuda (2021), o tecido ósseo é caracterizado, dentre outros
fatores, por uma dinamicidade entre mecanismos de reabsorção e formação óssea que de
maneira homeostática, modelam a constituição desse tecido. Intrínseco a isso, há a ação

122
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

de células como osteoclastos e osteoblastos que, respectivamente, reabsorvem e formam


o osso.
Ademais, outro componente importante da formação óssea é o eixo formado pelas
proteínas RANK, RANK-L e osteoprotegerina (OPG). Conforme Teitelbaum (2000), o
RANK-L, sintetizados por células como osteoblastos e osteócitos, é um dos responsáveis
pela regulação negativa da formação óssea, a partir da interação com RANK, presente em
precursores de osteoclastos, estimulando a diferenciação dessas células em osteoclastos
ativos que promovem a desmineralização óssea. Além disso, Teitelbaum (2000) ressalta
ainda a importância da OPG, secretada por osteoblastos e outras células, como uma
proteína que interage com RANK-L para a redução da ativação da osteoclastogênese,
favorecendo a mineralização óssea.
Yasuda (2021) ressalta que, em condições normais, as ações dos osteoclastos e
osteoblastos são, fisiologicamente, estritamente controladas para serem de intensidades
equivalentes. No entanto, em certas condições anormais, há um aumento da ação dos
osteoclastos, o qual está relacionado com o desenvolvimento de doenças ósseas
metabólicas, como a osteoporose.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), define a osteoporose como uma patologia
esquelética sistêmica a qual possui como característica a redução da massa óssea e
deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, consequentemente, há um aumento da
fragilidade do tecido e suscetibilidade às fraturas.
Na osteoporose ocorrem alterações na diáfise e metáfise do osso, perda da
trabécula do osso esponjoso e adelgaçamento do córtex. Tal patologia é classificada em
primária e secundária. Na presente revisão, limita-se a análise à segunda, a qual possui o
uso de corticoides como uma das possíveis causas.
Segundo Donatti, et al. (2011) glicocorticóides são hormônios esteroides que são
produzidos e secretados pelo córtex da adrenal e exercem um papel importante em vários
órgãos e sistemas, o qual caracteriza o eixo endógeno que participa da regulação
fisiológica e da adaptação às situações de estresse, como também modula a amplitude das
respostas defensivas. No combate a diversas patologias, o uso exógeno de glicocorticóides
visa a melhora clínica, porém, de forma adversa, pode também contribuir com o
desequilíbrio entre neoformação e reabsorção óssea, um precursor determinante na
incidência de diversas fraturas ósseas.
Conforme Moreira e Krepker (2013), uma fratura óssea é a perda da continuidade
de um osso, que o divide em dois ou mais fragmentos. As fraturas ósseas são
acontecimentos muito frequentes. Embora haja várias causas acidentais de fraturas, cerca
de 40% das fraturas acontecem no ambiente doméstico. Algumas fraturas são tão simples
que nem chegam a ser percebidas ou resolvem-se espontaneamente, mas outras podem
ser tão graves que acarretam risco de morte.

4. DISCUSSÃO
O uso frequente dos glicocorticóides (GC) para tratar crianças com doenças graves,
particularmente aquelas com distúrbios neuromusculares, inflamatórios e
hematológicos, apresentam um importante fator de risco para a fragilidade óssea, em
grande parte devido aos seus efeitos adversos diretos no metabolismo esquelético. Sendo

123
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

este uso, portanto, passível de acarretar osteoporose associada a glicocorticóides (GIO) e,


sucessivamente, fraturas no esqueleto pediátrico.
Segundo Rauch e Schoenau (2001), a teoria mecanostática de Frost propõe que a
peça central do desenvolvimento ósseo é o circuito de feedback entre a deformação óssea
(tensão do tecido) e a resistência óssea. Durante o crescimento, a estabilidade óssea é
ameaçada por dois fatores principais:
1. O aumento do comprimento longitudinal o qual irá aumentar o movimento de
alavanca e de flexão gerando, portanto, um aumento de tensão; e
2. O aumento da força muscular uma vez que está irá aumentar a deformação óssea
durante a contração muscular. Esses desafios para a estabilidade do crescimento
ósseo criam a necessidade de mudanças adaptativas, na massa e na arquitetura
óssea, as quais serão comandadas pelas células ósseas mestres – o sistema de
osteócitos.
Vale ressaltar, ainda, que esse sistema é conduzido pelos músculos e placa motora.
Os osteócitos identificam essas tensões, que excederam um limite geneticamente
determinado, no tecido ósseo e iniciam cascatas efetoras, sinalizando para osteoclastos
realizarem a reabsorção do osso danificado no local tensionado e para osteoblastos
repararem esse local depositando novo osso.
Os efeitos adversos de glicocorticóides usados com frequência em crianças são
explicados já que estes interrompem várias facetas do modelo mecanostático
possibilitando a indução da osteoporose e, por consequência, de fraturas na infância
(Ward et al, 2020).
Segundo Weinstein et al. (2004), a osteoporose induzida por glicocorticóides tem
duas principais causas, sendo a primeira pela ação desses medicamentos sobre os
osteoclastos e a segunda por conta da ação dos glicocorticóides sobre os osteoblastos e os
osteócitos.
De acordo com estudos promovidos por O'Brien CA et al. (2004), a partir da
geração de camundongos transgênicos, análise imuno-histoquímica e métodos, foi
observado que o uso exacerbado dos glicocorticóides tem ação direta nos osteoclastos,
aumentando a sobrevida dessas células por meio da acentuação da osteoclastogênese, o
que diminui significativamente a densidade mineral óssea (DMO) pela exacerbada
reabsorção promovida por esse maior quantitativo de osteoclastos. Além disso,
constatou-se que os glicocorticóides possuem atividade pró-apoptótica em relação aos
osteoblastos e osteócitos, o que contribui para uma má formação óssea.
Em um estudo observacional realizado em um período de três meses por von
Tirpitz et al. (2003) com 25 pacientes acometidos com a doença de Crohn e necessitados
de tratamento com glicocorticóides, foi relatado que os marcadores da formação óssea
são afetados por esses medicamentos, tendo sido observada uma inibição da proteína
osteoprotegerina (OPG), a qual é uma das reguladoras positivas da formação óssea, além
de um aumento sérico de RANKL, que propicia a maior atividade dos osteoclastos,
resultando, assim, em uma diminuição considerável da Densidade Mineral Óssea (DMO)
desses pacientes.
Torna-se necessário ressaltar como os glicocorticóides podem induzir a fragilidade
óssea. Para tal, o presente estudo analisa a diminuição da atividade angiogênica e

124
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

aumento da atividade apoptótica das células endoteliais ósseas em pacientes com


osteonecrose da cabeça femoral induzida por glicocorticoides.
Ao realizar os ensaios de formação e migração de tubos para comparar as
atividades Angiogênica de células endoteliais microvasculares ósseas (BMECs) no grupo
Osteonecrose da Cabeça Femoral Induzida por Glicocorticóides (ONFH). No grupo
controle, os BMECS formaram estruturas alongadas e semelhantes a vasos. Os BMECs do
grupo ONFH, formaram redes tubulares incompletas ou esparsas. Dessa forma, nota-se
que a capacidade de migração foi diminuída no grupo ONFH em relação ao grupo controle.
Com base na atividade de apoptose, foi realizado o ensaio de TUNEL. Ao comparar
os ensaios, foi notório que a apoptose de BMECs foi consideravelmente maior no grupo
ONFH em relação ao grupo controle.
Em consonância com Yue et al. (2018), os glicocorticóides podem induzir BMECs a
expressar várias citocinas, o que contribui para o desenvolvimento de ONFH induzida por
glicocorticoides.
Além do mais, foram realizadas outras experiências para medir a expressão de
proteínas relacionadas à apoptose, como caspase 3 clivada, caspase 3, Bcl-2 e Bax. Os
Resultados, em relação ao grupo controle, demonstraram que o Bcl-2 estava diminuído,
enquanto o Bax estava elevado no grupo ONFH. Ademais, foi notório que os níveis de
expressão de caspase 3 clivada foram notavelmente elevados no grupo ONFH.
Segundo Yu et al. (2015), os glicocorticóides influenciam demasiadamente o
transcriptoma de BMECs, durante os estágios iniciais da ONFH por glicocorticóides. Dessa
forma, é válido salientar que a ONFH induzida por glicocorticóides é uma doença
ortopédica intratável e provocada pelo uso prolongado ou overdose do tratamento.
Assim, tais estudos indicam, de forma pioneira, que pacientes com ONFH induzida por
glicocorticóides possuem atividade angiogênica diminuída e aumento da atividade
apoptótica em comparação com BMECs de pacientes com fraturas do colo do fêmur. Desta
maneira, foi relatado que a disfunção dos BMECs provocam dificuldades à microcirculação
da cabeça femoral, o que é crucial para o desenvolvimento da ONFH induzida por
glicocorticoide.
Com o intuito de desvendar a complexidade dos efeitos do GC no esqueleto em
desenvolvimento em uma perspectiva prática, estudos de história natural auxiliaram na
categorização de crianças tratadas com GC em um dos três grupos:
1. Aqueles com exposição agressiva mas transitória ao GC (como crianças com
leucemia).
2. Aqueles com exposição variável ao GC (como crianças com doenças reumáticas
tratadas com GC e síndrome nefrótica).
3. Aqueles com exposição agressiva e de longo prazo ao GC ( como meninos com DMD
tratada com GC). (Rauch e Schoenau (2001).
Segundo Amardeep et al. (2016), em seu estudo feito sobre a distrofia muscular de
duchenne (DMD) por meio da revisão de prontuários os quais totalizaram 49 crianças do
sexo masculino com DMD, observou-se que 100% dos pacientes evoluíram com fratura
vertebral (FV) após 9 anos utilizando deflazacort. Os pacientes foram suplementados com
vitamina D e carbonato de cálcio mastigável, mas acredita-se que tal medida não interferiu
na ocorrência de FV.

125
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Ainda sobre DMD, Shuko et al. (2019), um estudo de coorte foi realizado a partir
da análise de prontuários do banco de dados NorthStar do Reino Unido que reuniu
informações de 832 meninos com DMD de idade mediana de 6,9 anos. Sobre os dados,
obteve-se que 149 pacientes, aproximadamente 18%, tiveram fratura. Além disso, 29
(20%) pacientes que utilizaram prednisolona diária tiveram fratura após 10 anos do uso
dessa terapia farmacológica. Enquanto isso, em relação ao deflazacort, 10 pacientes em
regime de uso diário do medicamento foram acometidos com primeira fratura após 6 anos
a partir do início do tratamento. Outro método terapêutico abordou a prescrição de
prednisolona concomitante ao deflazacort e concluiu-se que 49 pacientes tiveram sua
primeira fratura após 6 anos desde o início do tratamento. Sendo assim, observa-se que
os pacientes tratados com deflazacort tiveram um menor intervalo de tempo até a
primeira fratura quando comparado aos meninos tratados com prednisolona. Tal estudo
não apresentou evidência sobre o uso de bifosfonatos como profilaxia na ocorrência de
fraturas.
Outro estudo foi realizado em nove meninos com DMD (Tung e Chan, et al.,2017),
de idade média de 9 anos. O tratamento se iniciou com prednisolona, dose de 0,66
mg/kg/dia, por uma duração média de 4,2 anos, nenhum deles com fratura vertebral ou
de osso longo anteriormente. Esses 9 meninos foram comparados com 27 meninos
saudáveis e o estudo demonstrou que não houve diferença significativa no índice de
massa corporal entre os dois grupos. No entanto, os índices de microestrutura trabecular,
incluindo vBMD (densidade mineral óssea) trabecular, volume de osso trabecular para
volume de tecido, número de trabéculas, espessura trabecular e separação trabecular no
rádio distal, foram significativamente inferiores nos meninos com DMD quando
comparados aos meninos saudáveis.
De acordo Velentza et al. (2021), a leucemia linfoide aguda(LLA) infantil é uma
patologia cujo tratamento requer a utilização de esteroides sintéticos, geralmente,
dexametasona ou prednisona. Além disso, antes mesmo do diagnóstico e início do
tratamento, já observa-se uma redução da DMO dos pacientes, o que potencializa o
surgimento de osteoporose secundária. Tendo em vista o quadro geral da criança e sua
fragilidade osteomuscular, é comum o aparecimento de fraturas principalmente por
compressão vertebral.
Os efeitos divergentes observados da terapia com glicocorticóides na vBMD
cortical e trabecular também foram descritos em crianças com síndrome nefrótica
sensível a esteróides (Wetzsteon, Shults e Zemel et al., 2009), nas quais, vBMD cortical
mais alta no Z escores e vBMD trabecular inferior a Z pontuações por pQCT foram
observadas quando comparadas com o controle. Esta observação é consistente com a
histomorfologia vista na biópsia transilíaca de meninos com DMD. Da mesma forma, outro
estudo (Tsampalieros, Gupta e Denburg et al., 2013) analisando as mudanças
longitudinais na vBMD com o tratamento com glicocorticóides em crianças com síndrome
nefrótica também mostrou achados consistentes.
Postula-se que isso esteja relacionado à formação óssea suprimida e maior
mineralização secundária com o tratamento com glicocorticóides. Curiosamente, isso é
contrário à observação em adultos com osteoporose induzida por glicocorticóides (GIOP),
em que pacientes com GIOP e FV apresentaram menor vBMD total e espessura cortical
mais fina, independente da vBMD. Isso destaca a diferença entre o esqueleto em
crescimento e o esqueleto maduro. Como resultado, a redução da vBMD e alterações da
microarquitetura inferior dos ossos trabeculares, mas maior vBMD cortical foram
observadas em meninos com DMD em uso de glicocorticóide oral a longo prazo.

126
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessa revisão foi possível observar que a administração frequente de
glicocorticóides na infância tem ação direta sobre células da formação óssea, induzindo a
osteoporose e, por consequência, fraturas no esqueleto pediátrico. Dessa forma, é válido
salientar que os achados deste estudo indicam que os células endoteliais microvasculares
ósseas (BMECs) obtidos de pacientes com HNFH induzida por glicocorticóides
apresentam diminuição da atividade angiogênica e aumento da atividade apoptótica. Este
fato é responsável pela patogênese e progressão da ONFH induzida por glicocorticóides.
Portanto, proteger a função de BMECs, como promover angiogênica ou inibir a apoptose
de BMECs, poderia oferecer um alvo terapêutico eficiente para ONFH induzida por
glicocorticóides, que precisa ser mais explorada.
Nesse contexto, observou-se que a saúde óssea piorou à medida que a função
motora diminuiu em meninos em ambulatórios com DMD. Por conseguinte, destaca-se a
complexidade deste estudo na avaliação da saúde óssea na DMD. Tais achados têm
implicações para moldar a prática clínica e podem ser úteis na revisão das diretrizes de
manejo ósseo do público em questão. Tal análise é fundamental para determinar os
limiares clínicos para prever o risco de fratura e relacionar o estágio e a gravidade da
distrofia muscular com medidas ideais de imagem óssea, a fim de fornecer estratégias
preventivas e de tratamento oportunas e eficazes para a osteoporose em meninos com
DMD.
Ademais, é de extrema importância ressaltar que a maioria das recomendações de
fraturas associadas ao uso de glicocorticóides, até o momento, foram guiadas por estudos
em adultos e, portanto, não reconhecem os princípios específicos da pediatria que
informam as estratégias de monitoramento, diagnóstico e tratamento em crianças. Logo,
constata-se a dificuldade de encontrar literaturas referentes à osteoporose secundária
induzida por glicocorticóides em crianças. Dessa maneira, mais pesquisas são necessárias
para entender as causas desconhecidas da relação entre a má formação óssea e o uso de
glicorticóide, para que estratégias apropriadas de prevenção de lesões possam ser
desenvolvidas.

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tratamento e evolução. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/ortopedia-e-saude/370949/fratura-
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127
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

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128
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 14
Fraturas em crianças com sobrepeso e obesidade na
idade pré-escolar
Aline Lagos Melo
Giovanna Moreira Leal Fernandes
Giselle Paracat de Araújo
Luigi de Carvalho Müller
Mariana Paludo
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza

129
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
O assunto "fraturas em crianças" está cada vez mais sendo discutido em sociedade,
o que inclui as causas e os fatores que aumentam o risco dessas ocorrências, entre eles a
obesidade infantil.
A obesidade infantil é um dos mais sérios desafios de saúde pública do século. As
consequências da obesidade em crianças podem ser visualizadas em vários aspectos da
saúde desses indivíduos, ocorrendo prejuízos significativos no funcionamento físico,
escolar, emocional e social. O ganho de peso na infância está associado a diversos fatores,
que acredita-se ser um distúrbio com inúmeras causas. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde, as causas fundamentais são mudanças na dieta, com ingestão de
alimentos gordurosos,ricos em açúcar , porém escasso em vitaminas e minerais, ademais,
associado à tendência ao sedentarismo. (PANTOJA, et al 2018)
O desenvolvimento de problemas de saúde física em crianças prevalentes em
sociedade moderna está associado, entre muitos fatores, com a obesidade infantil. O peso
em excesso facilita a ocorrência de patologias ortopédicas, mas não particulares de
indivíduos obesos. No entanto, as lesões se tornam mais suscetíveis por consequência da
sobrecarga maior existente nos segmentos corporais.
As complicações de origem ortopédica do excesso de peso são, em sua maioria, de
natureza mecânica e derivam de stress e à tensão exercida sobre os ossos, cartilagens e
articulações que não foram concebidos para determinada sobrecarga.

2. JUSTIFICATIVA
Segundo Paulo Dimitri, 2019, crianças cujo índice de massa corporal apresenta-se
muito elevado possuem uma massa óssea e regional menor em relação ao seu tamanho
corporal.
Dessa forma, a resistência óssea no esqueleto apendicular não se adapta
adequadamente ao aumento do tamanho, o que resulta em um descompasso entre a
resistênciaóssea e a força
das quedas.
Nesse sentido, ainda, segundo Dimitri, surge uma disparidade entre as possíveis
causas do aumento de fraturas em crianças com sobrepeso e obesas, dentre as quais
podemos citar alterações na estabilidade postural e marcha e incompatibilidade entre o
tamanho do corpo e o osso.
Sendo assim, esse trabalho justifica-se no fundamento de pesquisas de campo
baseadas na associação entre o sobrepeso pré-escolar e o risco aumentado de fraturas na
infância, além de patentear o conhecimento dos riscos provenientes do excesso de peso
na saúde em geral.

130
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

3. OBJETIVO
3.1. OBJETIVO GERAL
Identificar ocorrências de fraturas ósseas em crianças na idade pré-escolar, bem
como identificar se existe associação deste tipo de evento com o sobrepeso/ obesidade
infantil.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


● Realizar uma revisão literária sobre associação entre excesso de peso/
obesidade e o aumento das taxas de fraturas em crianças na idade pré-escolar.
● Verificar o risco de fratura óssea segundo o diagnóstico de sobrepeso
eobesidade ao longo do seguimento em crianças.
● Salientar a importância da compreensão dos riscos do excesso de
peso nasaúde em geral, que vão além do psicológico e estético.

4. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa do tipo Revisão Integrativa de Literatura, que consiste
em pesquisar através da seguinte pergunta norteadora “Qual o elo existente entre o
excesso de peso e a ocorrência de fraturas ósseas no público pueril? ”.
Serão realizados lances de pesquisas na base de dados PubMed, Web of Sciencie,
EMBASE e Scielo, através das palavras-chave “obesidade”, “sobrepeso”, “fraturas” e
“crianças”, utilizando operador AND. Serão utilizados critérios de elegibilidade:
Artigos
sobre fraturas em crianças com sobrepeso e obesidade na idade pré-escolar,
publicado a partirde 2018, nos idiomas português, inglês e espanhol, gratuitos, bases de
dados nacionais e internacionais e sites oficiais. Critério de exclusão: artigos incompletos,
outros idiomas, fora do período escolhido para a publicação e pagos.
Será realizada uma leitura seletiva e exploratória dos dados. Seguida de uma
síntese em quadro explicativo contendo autor e ano de publicação, base de dados e
principaisresultados. Buscando assim amparar o leitor e público consumidor do presente
documento das nuances que nortearam a formatação das e seleção das informações que
constam no excerto.

131
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

5. RESULTADOS

Tabela 1 – Base de dados de documentos referenciais


Base de
Autor / ano Objetivos Achados Principais
dados
Classificar o estado
nutricional das A maioria dos pais tem uma imagem real
Margarida Lourenço,
crianças de idade e ideal de peso normal
Elisabete Nunes, Revistas
pré-escolar; analisar (47,4% e 55,4%, respetivamente). Não
1 Judite Vaz, Filip científicas
a percepção parental existe diferença estatisticamente
Andrade, Sérgio UCP
relativamente ao significative entre percepção real e ideal
Deodato/2020.
estado nutricional em função do género das crianças.
das mesmas.
Vitória Caroline Investigar uma
Ramos Fonseca, possível relação de
Conclui-se que pacientes com extremos da
Rebeca Lins de ocorrência de
Brazilian classificação nutricional, desnutridos ou
Carvalho, Derberson fraturas e estado
Journal of obesos, e que são diagnosticados com o
2 José do Nascimento nutricional de
Health tipo III de osteogênese imperfeita são
Macêdo, Larissa de crianças e
Review mais propensos a sofrerem com mais
Andrade Viana, Alícia adolescentes com
fraturas por ano de vida.
Natalie Silva dos osteogênese
Santos/2022. imperfeita.
Determinar a
Louise Menezes da
associação entre Observou-se que as crianças classificadas
Cunha, Matheus de Revista
sobrepeso/obesidad como estróficas apresentaram escores
Sousa Pantoja, Ana Brasileira
e e a qualidade de medianos de QVRS gerasuperiores quando
3 Victória Martins Lima, de
vida relacionada a comparados aos escores apresentados
Márcia Bitar Portella, Obesidade
saúde (QVRS) em pelas crianças com diagnóstico de
Ismari PeriniFurlaneto RBONE
crianças na cidade de sobrepeso/obesidade.
/2018.
Belém.
Investigar uma
possível relação de O tipo III quando comparado ao tipo I, se
ocorrência de destacou com uma maior quantidade de
Rebeca lins de
fraturas e estado fraturas por ano de vida, e os indivíduos
carvalho e Vitoria
4 SciELO nutricional de que estavam classificados nos extremos
caroline ramos
crianças e dos parâmetros antropométricos
Fonseca/2021.
adolescentes com apresentaram uma maior media de
osteogênese fraturas por ano de vida.
imperfeita.
Dayana Aular Castillo,
Em relação às medidas de densitometria
Ena Camacho Jaimes
Determinar os óssea entre os participantes do sexo
San Vicente de Paul,
fatores que afetam a feminino e masculino, observou-se que
Jorly Montilla Mejia,
5 SciELO densitometria óssea meninas e adolescentes do sexo feminino
Nadia Villasmil Reyna,
em crianças e apresentaram menor escore Z da coluna,
Alfonso Henríquez
adolescentes obesos. enquanto o escore Z do quadril foi maior
Bravo, Ramírez
em relação aos meninos e adolescentes.
Fernández/2019.
Determinar se ter
um índice de massa
Jennifer CE Lane,
corporal (IMC) com
Katherine L Butler, As fraturas de membros superiors foram
sobrepeso ou
Jose Luis Poveda, os sítios esqueléticos mais acometidos em
obesidade no início
6 Daniel Martinez, SciELO ambos os sexos, seguidas de membros
da escola está
Carlen Reyes, Jeroen inferiores, sendo as fraturas “axiais” raras
associado ao
de Bont, Muhammad na infância.
aumento da
Kassim Javaid/2020.
incidência de
fraturas na infância.

132
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Tabela 1 – Base de dados de documentos referenciais (continuação)


Autor / ano Base de dados Objetivos Achados Principais
No subgrupo de fraturas
Identificar se o aumento supracondilianas, 85
do IMC está associado a homens (64%) foram
uma maior incidência de contados e 47 mulheres
Dr. Carlos Luis Faculdade fraturas de Fraturas do (36%). Destes, 102
7 Abarca Campos/ Pernambucana de côndilo lateral versus (77%) tiveram peso
2021. Saúde supracondilianas do classificado como
úmero distal na normais ou menos, 11
população infanto- (8%) estavam com
juvenil. sobrepeso e 19 (15%)
obesos.
Identificou-se a inter-
relação entre variáveis
Identificar se a
comportamentais e de
ocorrência de fraturas
crescimento físico entre
ósseas entre crianças de
crianças ao longo de seu
sete e oito anos durante
crescimento. verificou-se
Carlos Augusto de Universidade Estadual um período de segment
8 a ocorrência de fraturas
Carvalho Filho/2022. Paulista de 24 meses, bem
ósseas entre crianças de
como, se a prática
seis, sete e oito anos
esportiva figura como
durante um período de
fator de proteção ou
segment de 24 meses
risco a este desfecho.
figura como fator de
risco a este desfecho.

6. DISCUSSÃO
No presente estudo, destacou-se principalmente, a relação da obesidade e o
excesso de peso com a ocorrência de fraturas ortopédicas em crianças de idade pré-
escolar, que estão diretamente relacionadas com a prática de atividade física, hábitos e
estilo de vida como fatores que influenciam positiva ou negativamente para a ocorrência
de traumas ortopédicos. A obesidade pediátrica está diretamente relacionada com o
aumento de fraturas por diversos fatores, como; a falta de hábitos alimentares saudáveis
que resultam na obesidade e no excesso de peso e que podem afetar no desenvolvimento
cognitivo e motor através de pressões sociocomportamentais, e a prática de atividade
física quando se encontra ausente, uma vez que é classificada com extrema importância
para o desenvolvimento da saúde entre crianças e adolescentes.
Vale ressaltar que, nos casos em que a prática de atividade física está presente de
forma contínua é possível observar uma melhora no estilo de vida e expressiva
diminuição no número de pacientes obesos em idade pré-escolar com fraturas
ortopédicas. Segundo Malina (2004 apud CARLOS, 2022, p. 14) “Dentre os diferentes
aspectos da saúde pediátrica afetados positivamente pela prática de atividades
físicas/esportivas está a saúde óssea. Força e geometria óssea são determinadas de
maneira importante por agentes ambientais estressores, os quais geram tensão sobre a
matriz óssea, e dentre os diferentes agentes capazes de gerar tal efeito sobre a matriz
óssea destaca-se a ação muscular (contração), a qual é rotineiramente estimulada em
quase todos os esportes” (MALINA et al. 2004; TENFORDE eFREDERICSON, 2011). Dessa
forma foi-se possível apresentar a prática de atividade física como promissora de forma
significativa no ganho de massa óssea entre crianças e adolescentes praticantes de
esportes de diferentes níveis de impacto.

133
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Por outro lado, é importante destacar os possíveis “efeitos colaterais” que podem
ser causados pela prática de atividade física, como o aumento na ocorrência de fraturas
ósseas entre essas crianças e adolescentes, que de forma direta estão sujeitos a quedas,
torções, choques físicos e contusões, os quais podem ser acompanhados por fraturas
ósseas de diferentes níveis de complexibilidade. Segundo THANDRAYEN (2011 apud
CARLOS,2022, p. 16) a ocorrência de fraturas ósseas é afetada por muitos fatores, dentre
eles etnia/raça, sexo e maturação (THANDRAYEN et al. 2011). Nos EUA, crianças com
ascendência europeia são mais suscetíveis a ocorrência de fraturas (WREN et al. 2012),
embora os mecanismos pelos quais isso ocorre são pouco claros ainda. Da mesma forma,
as fraturas na infância são mais comuns em meninos do que em meninas e de maior
ocorrência durante a adolescência do que na infância (CLARK, NESS, TOBIAS, 2008;
RAUCH et al. 2001; COOPER et al, 2004). A maturação biológica também deve ser levada
em consideração, uma vez que há um desequilíbrio linear e temporário entre o rápido
crescimento corporal e o desenvolvimento e ganho de massa óssea.
No entanto, é importante destacar que a prática de atividade física aliada à bons
hábitos e estilo de vida saudáveis resultam em uma expressiva diminuição nos fatores de
risco para o acontecimento de traumas ortopédicos entre crianças obesas e com
sobrepeso em idade pré-escolar, uma vez que eles influenciam de forma direta no
desenvolvimento psicomotor aliado ao amadurecimento, desenvolvimento e ganho de
estatura corporal, massa óssea e maior resistência a impactos corporais.

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134
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

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135
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 15
Fraturas do rádio e tipos de tratamento: Cirúrgico e
não cirúrgico
Marcelo Robert Fadul
Marcos Gabriel Sa Araújo Portela
Rayner Augusto Libório dos Santos Monteiro
Sergio Murilo de Sousa
Yuri Moisés Taketomi Olímpio
Sandokan Cavalcante Costa
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Junior
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Paulo Daw Wen Su
Thiago Guimarães Mattos de Souza

Resumo: Este artigo visa comparar os resultados funcionais, clínicos e radiológicos após cirurgia versus
tratamento conservador das fraturas do rádio distal em adultos a partir de uma revisão de literatura dos
últimos 30 anos 1992-2022). Os materiais e métodos utilizados para esta coleta foi uma junta documental,
a qual aplicou a extração de literaturas em bases de dados como PubMed, MEDLINE, Embase, CENTRAL
(Cochrane Central Register of Controlled tests) e bancos de dados CINAHL (Índice Cumulativo de Literatura
de Enfermagem e Aliados à Saúde). Foram pesquisados estudos comparando cirurgias versus não-
operatória no tratamento das fraturas distais do rádio. Para a seleção do estudo, ensaios clínicos
randomizados (ECRs) e estudos observacionais relatando sobre a fratura aguda do rádio distal com
tratamento cirúrgico (fixação interna ou externa) vs. tratamento não operatório (imobilização gessada, tala
ou órtese) foram aplicados, bem como abordagens sobre pacientes com 18 anos ou mais e o resultado
funcional. Estudos em um idioma diferente do inglês ou língua vernácula ou relato de tratamento para
refratura foram excluídos. Assim, para a extração e síntese de dados foi realizada independentemente por
2 revisores (autores). Doravante as abordagens realizadas e a coleta de dados, considera-se que ss
estimativas de efeito foram agrupadas usando modelos de efeitos aleatórios e apresentadas como razões de
risco (RRs) ou diferenças médias (MDs) com IC de 95%. Os dados foram analisados em setembro de 2022.

Palavras-chave: Fraturas. Tratamento Cirúrgico. Não Cirúrgico. Rádio.

136
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
A fratura do rádio distal é a lesão mais comum em adultos, sendo responsável por
aproximadamente 17,5% das fraturas.
As fraturas do rádio distal têm distribuição etária bimodal na população, com pico
de incidência observado em pacientes com menos de 18 anos e um segundo pico em
pacientes com50 anos ou mais velhos. Estudos recentes indicam que a incidência mundial
de fraturas do rádiodistal está aumentando a cada ano devido ao potencial geral de viver
mais tempo comcomorbidades como osteoporose.
Embora a população idosa esteja em maior risco, as fraturas do rádio distal ainda
têm um efeito significativo na saúde e bem-estar de adultos não idosos. Relatos
mostraram um aumento significativo do rádio distal e fraturas em pacientes de 17 a 64
anos. Assim, o manejodas fraturas do rádio distal consiste em tratamento cirúrgico ou não
cirúrgico.
No entanto, não há consenso sobre o método de tratamento ideal. Várias
metanálises foram publicadas sobre a comparação entre o tratamento operatório e não
operatório e meta- análises recentes focaram especificamente em populações de
pacientes com 60 anos ou mais. Essas meta-análises não encontraram diferença no
resultado funcional entre operatório e não operatório durante o tratamento em pacientes
idosos.
No entanto, a taxa internacional de tratamento cirúrgico do rádio distal e fraturas
tem aumentado, apesar do custo mais alto e da evidência de resultado funcional limitada
para apoiaresta mudança. Até o momento, nenhuma metanálise, até onde se sabe, avaliou
o resultado funcional em pacientes menores de 60 anos, incluindo todos os pacientes com
18 anos ou mais
Além disso, a alta incidência de fraturas do rádio distal e as inconsistências nas
práticasde tratamento indicam que uma investigação mais aprofundada é garantida para
entender os métodos e resultados de tratamento atuais.
Assim, ensaios clínicos randomizados (ECRs) e estudos observacionais são cada
vez mais usados em meta-análises de trauma ortopédico para avaliação dos efeitos do
tratamento. Evidências crescentes mostram que meta-análises de ECRs e estudos
observacionais podem ser valiosos em comparação com meta-análises de ECRs
isoladamente. Desde que os estudos observacionais sejam de alta qualidade, a adição
destes estudos observacionais em meta- análises aumentam o tamanho da amostra e
podem fornecer uma melhor visão de pequenos efeitos do tratamento e medidas de
resultados pouco frequentes.
Além disso, estudos observacionais podem fornecer informações sobre os efeitos
do tratamento em uma população de pacientes mais heterogêneas em comparação com
as populações de pacientes geralmente altamente selecionadas em ECRs. A adição de
estudos nesta meta-análise podem aumentar o tamanho da amostra e a heterogeneidade
nas características dos pacientes, o que poderia levar à avaliação de diferentes faixas
etárias, em comparação com os anteriores de metanálises selecionadas com foco em
idosos.
O objetivo principal desta revisão e meta-análise foi comparar os aspectos
funcionais, clínicos e resultados radiológicos após o tratamento cirúrgico versus não
cirúrgico de fraturasdo rádio distal em adultos. Como objetivo secundário, procurou-se os

137
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

comparar os resultados em estudos que incluíram apenas pacientes de 60 anos ou mais e


outros estudos que incluírampacientes com 18 anos ou mais.
Por fim, foi comparado o efeito de estimativas de RCTs e estudos observacionais.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Estudo de caráter transversal o qual ocorreu a partir de junta documental e
bibliográficada respectiva temática.
Os materiais e métodos utilizados para esta coleta a qual aplicou a extração de
literaturasem bases de dados como: PubMed, MEDLINE, Embase, CENTRAL (Cochrane
Central Register of Controlled tests) e bancos de dados CINAHL (Índice Cumulativo de
Literatura de Enfermagem e Aliados à Saúde).
Foram pesquisados estudos comparando cirurgias versus não-operatória no
tratamento das fraturas distais do rádio. Para a seleção do estudo, ensaios clínicos
randomizados (ECRs) eestudos observacionais relatando sobre a fratura aguda do rádio
distal com tratamento cirúrgico (fixação interna ou externa) vs. tratamento não operatório
(imobilização gessada, tala ou órtese) foram aplicados, bem como abordagens sobre
pacientes com 18 anos ou mais e o resultado funcional.
Estudos em um idioma diferente do inglês ou língua vernácula ou relato de
tratamento para refratura foram excluídos. Assim, para a extração e síntese de dados foi
realizadaindependentemente por 2 revisores (autores).
Tais documentações explicitadas através de referências literárias foram extraídas
de bases de dados específicas como:
a) PubMed;
b) Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações – BDTD;
c) Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES;
d) Scientific Electronic Library Online – SciELO;
e) Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação;
f) Repositório Digital- Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
g) Banco de tese da Universidade de São Paulo – USP;
h) Banco de Teses e Dissertações da Universidade de Brasília – UNB;
i) Biblioteca Digital da Unicamp;
j) UNESCO Brasil;
k) Outros sítios eletrônicos pertencentes a esfera de Saúde.
Diante os sujeitos de pesquisa, os selecionados para este estudo estão os
profissionais formados em fonoaudiologia e o grupo-alvo estudado (pacientes idosos > p=
60) submetidos areabilitação vestibular.
Por conseguinte, as pesquisas escolhidas para esta revisão de literatura foram
extraídasde bases de dados específicas da esfera de saúde pertencentes a língua vernácula
e inglesa dos últimos 30 anos (1992-2022).
Entre as obras selecionadas destacam-se documentos do tipo Revisão de

138
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Literatura, Revisão Sistemática, Estudos Originais, Teses de Doutorado e Dissertações de


Mestrado.
Após a escolha de juntas documentais e literárias houve o fracionamento destes
documentos a partir do método universal de Inclusão e Exclusão.
Para a devida seleção de artigos científicos, teses e dissertações de mestrado foram
adotados os seguintes critérios como:
a) Pertencer a temática proposta;
b) Compreender o período dos últimos 30 anos (exceto Leis e Decretos);
c) Pertencer a Esfera de Fonoaudiologia e;
d) Pertencer a Esfera de Saúde.

3. RESULTADOS
Os 23 estudos incluíram 2.254 pacientes únicos, dos quais 1.040 foram tratados
cirurgicamente e 1.214 não operatórios. A idade média ponderada geral foi de 67
(variação, 22-90) anos (66 anos no grupo operatório e 67 anos no grupo não operatório)
da sobras selecionadas.
No geral, os estudos que apresentaram dados de sexo incluíram 425 homens
(19,4%) e 1.769 mulheres (80,6%). O acompanhamento geral variou de 6 a 156 meses. As
característicasbasais para ECRs e estudos observacionais apresentam as características
de tratamento e fraturas de todos os estudos incluídos.
Assim, os estudos incluíram 851 pacientes (37,8%) que sofreram fratura AO tipo A;
164 (7,3%), tipo B; 689 (30,6%), tipo C; e 550 (24,4%), tipo desconhecido. Os 8
RCTs31,35,36,38,46-49 incluíram 656 pacientes (29,1%), dos quais 322 foram tratados
cirurgicamente e 334 não operatórios.
A idade média ponderada foi de 67 anos (67 anos no grupo cirúrgico e 68 anos no
gruponão operatório). Os estudos incluíram 130 homens (19,8%). O método operativo
partiu da redução aberta e fixação interna com placa volar em 6 estudos através de fixação
externa em 1estudo,31 e fixação percutânea em 1 estudo.
O método conservador foi imobilização gessada em todos os estudos e, cerca de 15
estudos observacionais (3 prospectivos, retrospectivos e estudos de coorte) incluíram
1.598 pacientes (70,9%). O tratamento cirúrgico foi realizado em 718 pacientes (44,9%)
e 880 (55,1%) foram tratados sem cirurgia.
Assim, a idade média ponderada nos estudos foi de 67 anos (66 anos no grupo
operatórioe 67 anos no grupo não operatório). Os estudos que apresentaram dados de
sexo incluíram 295homens (19,2%). O método operatório foi a redução aberta e fixação
interna com placa volar em 6 estudos, fixação externa em 1 estudo, fixação)o percutânea
em 1 estudo, fixação com haste intramedular em 1 estudo, fixação com fio K em 1 estudo
e pouco claro ou uma combinação de métodos em 5 estudos.
O método conservador foi lançado através de uma imobilização em 13 estudos e
incertoem 2 estudos.

139
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

4. DISCUSSÃO
O tratamento cirúrgico das fraturas do rádio distal foi associado a uma melhora no
score DASH comparado com tratamento não cirúrgico em adultos. Não foi observada
diferença em taxa de complicações entre os grupos de tratamento.
Houve também melhora da força de preensão em favor do tratamento cirúrgico.
No entanto, nenhuma diferença foi encontrada no escore DASH de médio prazo no
subgrupo de estudos que incluiu apenas pacientes com 60 anos ou mais. Além disso, nos
estudos que incluíram apenas esses pacientes, uma diferença significativa na taxa de
complicações favoreceu o não operatório tratamento.
Análises de subgrupo com estudos de alta qualidade e estudos com período de
estudo após 2008 apresentaram resultados semelhantes, em comparação com as
análises primárias.Não foi encontrada diferença entre estimativas de efeito de RCTs e
estudos observacionaissobre as medidas de desfecho primário (escore DASH de médio
prazo e taxa de complicações).As estimativas de efeito combinado mostraram que o
tratamento cirúrgico estava associado a uma melhora no escore DASH de médio prazo
em comparação com o tratamento não cirúrgico, que está em contraste com os achados
de meta-análises anteriores.
A presente revisão incluiu 10 estudos com 845 pacientes na análise DASH de médio
prazo, o que resultou em um aumento do número de pacientes disponíveis para análises,
superando assim as amostras de metanálises anteriores.
Além disso, apenas a meta-análise de Song ; Coles (2015) avaliou-se o escore DASH
aos 12 meses. As metanálises destes autores não distinguiram entre médio e longo prazo
incluindo os estudos em suas análises. No geral, o resultado funcional de médio prazo pode
serassumido para refletir o efeito do tratamento, com longo prazo e acompanhamento
sendo influenciado por outras condições, eventos ou fatores do paciente que, por sua vez,
podem influenciar os resultados funcionais.
Os relatórios mostraram que a pontuação DASH após a fratura do rádio distal e o
tratamento tende a estabilizar após 12 meses. As metanálises anteriores se concentraram
principalmente em pacientes idosos., especificamente focado em populações de pacientes
com60 anos ou mais. Assim, outros autores incluíram apenas estudos com pacientes com
45 anos ou mais, com a maioria dos pacientes em suas análises DASH com 60 anos ou
mais.

140
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Figura 1 – Manipulação fechada da luxação da epífise radial distal esquerda e da fratura


em galho verde doulnar esquerdo.

Fonte: Alencar Neto, et al. (2019).

Esses achados estão de acordo com nossas análises de subgrupo dos estudos que
incluíram apenas pacientes 60 anos ou mais, não mostrando diferença na pontuação
DASH demédio prazo.
No entanto, encontramos um significativo na melhora no escore DASH de médio
prazono subgrupo de outros estudos que incluíram pacientes de 18 anos ou mais. Até onde
sabemos, com a análise de 6 estudos com 458 pacientes, este estudo é a primeira meta-
análise para avaliaro resultado funcional com foco em populações de pacientes com 18
anos ou mais.
No entanto, isso raramente é possível devido ao número inadequado de estudos e
meta diante a regressão geralmente não deve ser considerada quando há menos de 10
estudos, conforme descrito em com o Cochrane Handbook for Systematic Reviews of
Interventions.
Essa tendência mostra que, para melhorar o atendimento personalizado, é
necessária uma avaliação adicional de meta-análises de dados de pacientes individuais.
Não encontrou-se diferença na taxa geral de complicações entre cirurgias e não-
operatórias e tratamento, de acordo com os estudos de Song et, al. (2020) e Yu et, al.
(2016). No entanto, nestas análises com estudos que incluíram apenas pacientes com 60
anos ou mais, uma diferença significativafavoreceu o tratamento não cirúrgico.
Esses achados podem indicar que o tratamento cirúrgico resulta em maior risco de
complicações na população idosa. O estudo de outros estudos subdividiu as complicações
em menor e maior, classificando menor como não necessitando de tratamento cirúrgico.
Não encontraram nada significativo e diferença nas complicações menores; no
entanto, houve uma diferença significativa nas principais complicações, sendo as
principaiscomplicações mais comuns lesões de nervos e tendões.
Na presente revisão, não subdividiu-se as complicações maiores e menores; no
entanto, apresentou-se classificações de complicações com incidência, mostrando que
lesão nervosa ou sintomas foram os principais complicações em ambos os grupos. Na

141
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

presente revisão, não fomos capazes de comparar com precisão as principais


complicações menores ou especificar lesões e sintomas nervosos.
Infelizmente, isso continua difícil devido a informações limitadas ou ausentes
sobre a apresentação e tratamento de complicações nos estudos. Foram encontrados uma
melhora significativa da força de preensão em favor do tratamento operatório, que está em
contraste com2 meta-análises anteriores.
Assim nos estudos que se seguem não encontraram diferença significativa na força
de preensão em sua análise de 4 estudos com 337 pacientes. Demais autores avaliaram a
força depreensão palmar aos 12 meses com os resultados de 2 estudos com 133 pacientes
e não encontraram diferença.
No entanto, ambas as meta-análises de Ju; Cols (2020) podem ser limitados pelo
númerode pacientes incluídos em sua força de preensão e análises. Assim, através desta
revisão, a força de preensão foi relatada em 13 estudos e avaliados em quilogramas e
porcentagem do lado não afetado com 509 e 462 pacientes, respectivamente.
Não encontrou-se diferença significativa entre os grupos de tratamento em relação
à amplitude de movimentos do punho. Esses achados também estão de acordo com os de
Chen et al. (2015) que relataram que a amplitude de movimento do punho não diferiram
significativamente no acompanhamento final entre os 2 grupos de tratamento.
Análises de subgrupos, incluindo apenas estudos de alta qualidade ou estudos
realizadosapós 2008, mostraram que resultados semelhantes em relação às medidas de
desfecho primário, pontuação DASH de médio prazo e complicações e suas respectivas
taxas, em comparação comas análises primárias não demonstraram nenhuma diferença
observada no efeito de estimativasde RCTs e estudos observacionais sobre as medidas de
desfecho primário apresentaramresultados de acordo com meta-análises anteriores de
trauma ortopédico.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A incidência de luxação do cotovelo em crianças é de 3% e de adultos 6%, de acordo
com os estudos apesentados.
As frraturas da diáfise do úmero representam 5% do total de número de fraturas
neste grupo estudado. Aproximadamente 15% de todas as fraturas em crianças e adultos
envolvem as fraturas do radial distal, no entanto, representam até um terço de todas as
fraturas.
A partir destas compreensões, cerca de vinte por cento dessas fraturas envolvem a
zona fisária do terço distal do rádio e ests são consideradas pela literatura como lesões
fisárias radiais,onde 58% são Salter Harris tipo II.
Considera-se que alguns estudos associaram duas dessas três lesões, muitas vezes
com a ocorrência simultânea de fraturas em um ou ambos os ossos do antebraço e na
diáfise do úmero; essa lesão é chamada cotovelo flutuante, com incidência entre 2 e 17%.
Não houve relatos foram encontrados na literatura pesquisada descrevendo
associação dessas três lesões no mesmo paciente. O tratamento das lesões associadas
considerou que cadalesão para restabelecer a anatomia, leva a congruência articular e a
amplitude de movimento do membro ao fechamento, a qual deve ser realizada a
manipulação da luxação do cotovelo e a luxação da epífise radial e em seguida da

142
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

imobilização da articulação distal com tala antebraquiopalmar.


A maioria das fraturas do rádio distal em crianças e adultos pode ser tratada sem
cirurgia devido à maior capacidade de remodelação óssea. Assim, os critérios
radiográficos e clínicos justificam o tratamento não cirúrgico deste paciente, incluindo a
angulação frontal da fratura de < 10° e a falta de uma lesão neurovascular.
Por conseguinte, o método de abordagem inicial para uma fratura da diáfise do
úmero encontra respaldada na literatura traz evidências sobre se o paciente cumpriu os
critérios radiográficos que permitiram o tratamento não cirúrgico, incluindo desvio em
varo < 30° e rotação < 15°, o que caracteriza uma fratura estável.
Comparado com o tratamento conservador, as hastes melhoram o alinhamento
anatômico, reduzem o tempo de internação, possibilitam um retorno mais rápido às
atividadesdiárias e permitir um melhor controle da dor.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

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144
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 16
Fraturas por estresse do pé e tornozelo nas crianças
Francisco Muniz
Guildberg Araújo Uchôa
Maria Carolina Pordeus e Silva Cardoso
Patrick Celani Pinheiro
Tanna de Verçosa
Paulo Daw Wen Su
Eduardo Lima de Abreu
Nilton Orlando Júnior
Aline Cristiane Côrte de Alencar

145
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
A crescente participação de adultos e crianças em esportes competitivos e
atividades físicas hodiernas resultou no aumento da incidência de lesões por sobrecarga
no sistema músculo-esquelético. Quando afeta a estrutura óssea, tem como resultado a
fadiga e ocorrência de fratura por ação mecânica de repetição. Em crianças e adolescentes,
estas fraturas são menos comuns. Assim sendo, a identificação precoce é importante para
evitar a progressão para fratura completa.
Pesquisas apontam que os jovens atletas são a segunda população de maior risco
quando comparados a atletas mais velhos. As fraturas nos metatarsos são muito comuns
em corredores.
Sabe-se que o fator de risco mais conhecido para fraturas de uso excessivo é o
aumento súbito na quantidade de atividade física praticada sem o preparo adequado, bem
como o uso de materiais inadequados associados ou a prática em locais impróprios.
Nesse contexto, discorreremos nesse trabalho acerca de uma série de casos de
fraturas de estresse envolvendo o pé e tornozelo em crianças, descrevendo padrões
peculiares de acometimento e realizando a revisão de literatura.

2. JUSTIFICATIVA
A presente pesquisa tem como justificativa o crescente aumento do número de
fraturas por estresse no pé e tornozelo de crianças e adolescentes, decorrente da
quantidade de atividade física praticada sem o preparo adequado e com o uso de materiais
inadequados, associados a prática em locais impróprios, tendo por objeto a identificação
precoce a fim de prevenir a progressão para a fratura completa.
Justifica-se, ainda, pelas contribuições que a pesquisa pode trazer à prevenção e
tratamento de fraturas por estresse no pé e tornozelo de crianças, no sentido de
proporcionar resposta aos problemas ou ampliar formulações teóricas a respeito.
Por fim, justifica-se pela necessidade revisão de literatura a respeito do tema, bem
como pela possibilidade de sugerir eventuais modificações, sempre tendo como objetivo
evitar que a fratura por estresse ocorra no pé e tornozelo de crianças.

3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVOS GERAIS
Com a presente pesquisa pretende-se descrever uma série de casos de fraturas de
estresse envolvendo o pé e tornozelo em criança, tendo por objeto destacar as principais
lesões causadas por estresse, na prática de exercícios repetitivos.
Tem-se ainda como objetivo realizar a revisão da literatura referente à patologia
fratura por estresse envolvendo o pé e tornozelo em criança.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Ainda, importante investigar se a participação dos indivíduos em esportes
competitivos e atividades físicas regulares provocou aumento na incidência de lesões por
sobrecarga no sistema músculo esquelético, uma vez que, quando afeta a estrutura óssea,

146
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

isso resulta na reação à fadiga e ocorre fratura por ação mecânica de repetição.
No mesmo diapasão, imprescindível analisar se as fraturas nos metatarsos são
mais comuns em corredores e se fraturas próximas aos joelhos estão mais relacionadas a
esportes que apresentam paradas bruscas, como tênis.
Por fim, verificar se o aumento súbito na quantidade de atividade física praticada
sem o preparo adequado é fator de risco para fraturas por estresse, bem como o uso de
materiais inadequados associados ou a prática em locais impróprios também é fator de
risco.

4. METODOLOGIA
A presente pesquisa será abordada por meio de fontes bibliográficas. Inclusive,
previamente à escolha do tema, houve pesquisa às fontes bibliográficas renomadas
disponíveis, referente ao tema em análise.
Para embasamento da redação, houve a pesquisa em livros, artigos e revistas,
assim como em plataformas que reúnem artigos científicos renomados e realizada a
revisão de literatura de uma série de casos de fraturas por estresse no pé e tornozelo de
crianças.

5. REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com PRADO et al. (2012), as fraturas de estresses são apenas
consideradas relativamente raras nas crianças, quando comparadas com a incidência em
adolescentes e adultos, pois se tem uma falha no diagnóstico adequado, principalmente
pela falta de suspeição. Os autores afirmam que essa hipótese diagnóstica também deve
ser levantada e devidamente pesquisada em crianças abaixo de dez anos, visto que, elas
vêm praticando atividades físicas regulares desde cedo. O número desse tipo de fratura
por estresse nessa faixa etária vem aumentando com o passar dos anos e diferentemente
do que ocorre em adolescentes e adultos, geralmente nos casos das crianças, essa fratura
acomete um ou mais ossos do pé. Este fato se dá em razão da continuidade do exercício
físico que acaba levando a criança a utilizar do mecanismo compensatório em outras
porções do pé.
Ademais, segundo os autores citados, as crianças ainda não possuem maturidade
esquelética e atividade física realizada por elas comumente são de variação rápida na
intensidade com impacto, o que acaba por favorecer a ocorrência de fratura por estresse.
Como resultado do estudo feito pelos autores, cerca de 80% (dezesseis pacientes)
das crianças avaliadas sofreram fraturas de estresse do pé, sendo o tálus, o calcâneo e o
navicular, os ossos mais acometidos por essas fraturas, e dentre essas crianças, onze
realizavam atividades físicas regulares. (PRADO et al., 2012).
Segundo RAMMELT et al. (2016), 12% das lesões ósseas no público pueril são
localizadas na região do pé e tornozelo, salientando ainda a importância do devido
diagnóstico para, além de tratar devidamente o quadro apresentado, evitar
acometimentosque são provenientes, principalmente, de inadequado tratamento, como
síndrome de compartimento e necrose avascular. Ademais, é válido ainda destacar a
importância de relacionar, além da localização anatômica da fratura, à idade óssea, para
buscar revitalização adequada da funcionalidade e conjuntura estrutural normal do sítio

147
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

acometido.
Ainda segundo o autor acima citado, as fraturas indicadas são acompanhadas de
investigação minuciosa por imagem radiográfica, para definir adequado diagnóstico e
decidir entre tratamento mais conservador ou intervenção cirúrgica.
Fraturas que circundam a região que envolve o tornozelo são representadas entre
10 a 25% por lesar a placa epifisária, típica do crescimento ósseo. Além disso, para o
público pré-escolar, foco do presente documento, as lesões da região maleolar são mais
comumente causadas por impactação ou por flexão distal da tíbia, além dos eventos de
trauma consequente por rotação externa do pé contra a face interior da perna, abdução e
adução. Concomitante a isso, a posição do pé no momento da fratura exerce importante
achado para definir o traço da lesão, no qual, em 75% dos casos, esse se encontra em
inversão. (RAMMLET et al., 2016).
Ainda de acordo com RAMMLET et al. (2016), as fraturas de tálus são mais raras,em
virtude da importante resistência elástica dessa porção óssea. Deve-se ainda referir a
maior frequência de acometimentos envolvendo o colo do tálus, além de apresentar raros
episódios de fratura na região talar periférica e serem de difícil diagnóstico. No caso de
lesões calcâneas, as mais ocorrentes causas são quedas de alturas ou alguns tipos de
episódios de acidentes de trânsito. Por último, vale salientar as fraturas envolvendo
metatarsos e dedos do pé, são as mais prevalentes, ocorrendo entre 70 e 90% dos
episódios de lesão óssea, as quais apresentam baixos índices de complicações
Segundo RIBBAS et al. (2005), as fraturas do pé em crianças geralmente têm um
bom prognóstico e em sua maioria são tratadas sem cirurgia. As fraturas deslocadas do
tálus e do calcâneo e as luxações tarsometatársicas são raras em crianças e o seu resultado
se mostra positivo em crianças mais novas. Já no caso de adolescentes mais velhos, que
possuem essas lesões, precisam de tratamento semelhante ao que um adulto seria tratado
pela mesma lesão para obter um bom resultado.
Desse modo, as fraturas do pé em crianças podem representar um desafio
diagnóstico, particularmente na ausência de alterações radiográficas óbvias. O exame
clínico repetido e o uso criterioso de técnicas de imagem, como cintilografia óssea
isotópica e ressonância magnética, são necessários para estabelecer um diagnóstico. Além
disso, o conhecimento da anatomia e significado dos ossos acessórios do pé e distúrbios
do esqueleto do pé em crescimento são úteis no tratamento de lesões do pé da criança.
Fraturas por estresse têm sido descritas na maioria dos ossos do pé e tornozelo,
sendo o segundo metatarso o mais comum. Ocorrem principalmente em adolescentes que
em uma atividade física incomumente pesada ou naqueles que estão envolvidos em
treinamento intenso repetitivo. Um primeiro metatarso curto pode ser um fator
contribuinte em alguns casos. As fraturas por estresse apresentam dor e sensibilidade
localizada. O inchaço é incomum. As radiografias iniciais geralmente são radiografias
normais e repetidas 2 semanas depois, e mostram reação de cerceta perios e formação de
calo. A cintilografia óssea é útil em casos duvidosos, mas geralmente não é necessária. Eles
são tratados com um período de imobilização engessada e retorno gradual ao esporte.
Deslocamento e não união são extremamente raros. (RIBBAS et al., 2005).
No mesmo sentido, as autoras CASSAS e CASSETTARI-WAYHS (2006) defendem
que a participação esportiva dos jovens traz um risco inerente de lesões, incluindo lesões
por uso excessivo. Segundo elas, o tratamento consiste em repouso completo, seguido de
reabilitação e o retorno gradual às atividades.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Ainda de acordo com as autoras acima citadas, as modalidades diagnósticas


incluem radiografia simples, cintilografia óssea, tomografia computadorizada, tomografia
computadorizada por emissão de fóton único e ressonância magnética. O tratamento
geralmente é conservador.
A apofisite do calcâneo (ou doença de Sever) é uma causa comum de dorcalcanhar
em atletas jovens, apresentando-se como dor na face posterior do calcâneo. (CASSAS e
CASSETTARI-WAYHS, 2006).
Tendo por objeto relatar problemas ortopédicos na infância, CASARES et al.
(2018), destacaram, em uma tabela elucidativa, os principais problemas ocorridos em
lesões por uso excessivo ou fraturas por estresse em crianças e adolescentes. Vejamos:

Figura 01: Tabela de lesões por uso excessivo

Fonte: CASARES (2018)

Por fim, no mesmo sentido dos demais autores, destacou OLMEDO (2019), queas
lesões do pé e tornozelo são comuns em crianças, com pico de incidência entre 8 e 15anos
de idade e, geralmente, são produzidas por uso excessivo no ato de pronação ou
supinação, associadas ou não a mecanismos de rotação, ocasionadas comumente por
acidentes esportivos.
A presente pesquisa será financiada com recursos dos próprios discentes, os quais
serão divididos de forma igualitária.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

RERERÊNCIAS
[1] PRADO, Marcelo Pires et al. Fraturas por estresse do pé e tornozelo na criança. Serviço de Imagem
Músculo Esquelética do Hospital Albert Einstein – HAE. São Paulo, SP. Artigo Científico publicado em 02 de
maio de 2012. Disponível
em:<file:///C:/Users/mcpor/Downloads/Fraturas+por+estresse+do+p%C3%A9+e+torno
zelo+na+crian%C3%A7a%20(1).pdf> Acesso em 16/09/2022.
[2] RAMMELT, Stefan et al. Fraturas do tornozelo e do pé na infância: revisão de literatura e
evidências científicas para o tratamento adequado. Departamento de Ortopedia e Traumatologia da
Faculdade de Medicina de São Paulo, SP. Publicado em 16 de abril de 2016. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbort/a/kBCxFjYgmRpytbF6ZJHZs9h/abstract/?lang=pt>. Acesso em
16/09/2022.
[3] RIBBANS, William J. et. al. Pediatric foot fractures: evaluation and treatment. Disponível em:
<https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Kay+RM&cauthor_id=11575910>. Publicado em março de
2005. Acesso em: 16/09/2022.
[4] CASSAS, Kyle J. e CASSETTARI-WAYHS, Amelia. Childhood and adolescente sports- related
overuse injuries. Publicado em março de 2006. Disponível em: <
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16570735>. Acesso em 23/09/2022.
[5] CASARES, JA Conejero e TORRES, MD Romero. Problemas ortopédicos. ADOLESCERE – Revista de
Educação Continuada da Sociedade Espanhola de Medicina do Adolescente. Volume VI. N.º 2. Maio, 2018.
[6] OLMEDO, J. Lopez. Fraturas mais comuns na infância: entorses e epifisiólise. Unidade de
Ortopedia Infantil do Complexo de Assistência Universitária de Salamanca. Revista de Pediatria Integral.
Ed. 13. 2019, XXIII.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

Capítulo 17
Efeitos da atividade física na infância sobre o
desenvolvimento ósseo
Lucas Wanderley Moreira Marques
Letícia Braga Zortéa
Thiago Taketomi Rodrigues
Luana Magalhães Siqueira
Pedro Silva Monteiro
Paulo Daw Wen Su
Karoline Costa de Souza
Nilton Orlando Júnior
Sandokan Cavalcante Costa
Vanine de Lourdes Aguiar Lima Fragoso
Thiago Guimarães Mattos de Souza

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

1. INTRODUÇÃO
Desde meados de 1800 já se conhecia a influência ambiental sobre o
desenvolvimento do indivíduo. No entanto, foi somente no século dezenove que se passou
a discutir se o desenvolvimento era resultado da herança genética, das condições sociais
ou da influência geográfica (Zeferino AMB, Barros Filho AA). Dito isso, percebe-se que o
processo de desenvolvimento ósseo possui diversas variáveis envolvidas, sobretudo o
fator ambiental, o qual representa os hábitos de vida durante o processo de maturação.
Tais hábitos de vida incluem alimentação e, principalmente, a prática de atividade física
na infância.
Segundo Nickols Richardson, foi constatado que o exercício tem uma fundamental
importância na maximização da densidade mineral óssea (DMO), sobretudo quando é
realizado no período pubertário. Além do desenvolvimento ósseo, a prática de exercícios
físicos na infância induz a melhora da sociabilidade, a redução do percentual de gordura,
o espírito de competitividade, entre outros.
Nos últimos anos, houve uma explosão do exercício nos países ocidentais
(Davidson & Taunton, et. al 1987). Essa circunstância torna necessário estudos que visam
analisar os efeitos da atividade física na infância, logo, o atual artigo busca, através da
investigação de dados, esclarecer a relação entre o exercício físico praticado na infância e
seus benefícios no desenvolvimento ósseo.

2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL:
Apresentar dados e discussões acerca dos efeitos da prática de exercício físico na
infância

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:


Discorrer sobre o desenvolvimento da estrutura esquelética
Destacar os aspectos mais importantes e norteadores, os quais possam esclarecer
o tema proposto.

3. METODOLOGIA
A busca por evidências e aspectos que tornassem possível elucidar, assim como
desenvolver o tema proposto, teve como base o estudo em diversos artigos, os quais foram
selecionados de forma com que, nesses estudos, fossem abordadas perspectivas
relacionadas á prática de exercício físico durante a infância e os seus efeitos sobre o
crescimento ósseo. Dito isso, foram encontrados 17 artigos nos idiomas inglês e
português, os quais foram publicados entre os anos de 1984 e 2018, no entanto, somente
10 foram utilizados como base de pesquisa, devido ao fato de que alguns tangenciaram o
tema e objetivo proposto no presente artigo. A pesquisa dos artigos foram realizadas
através do Google Acadêmico, Scielo e Pubmed.

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ÓSSEO
A formação óssea inicia-se desde o período embrionário no mesênquima,
ocorrendo através da ossificação endocondral ou ossificação intramembranosa. A
ossificação intramembranosa é responsável pela formação do tecido ósseo, como os ossos
chatos, a partir do mesênquima. Já a ossificação endocondral, é responsável pela formação
de ossos longos e curtos, como as falanges e o fêmur. Ambos os processos resultam no
mesmo tecido, no entanto, se distinguem pela presença ou ausência de um modelo de
cartilagem.
Segundo BAR-OR (1996), o desenvolvimento ósseo pode ser dividido em 3
processos: crescimento, modelagem e remodelagem. O crescimento compreende o
desenvolvimento de toda estrutura esquelética, tanto na largura quanto no comprimento
- fenômeno controlado principalmente pelo sistema endócrino. O desenvolvimento
longitudinal é a característica principal do processo de crescimento, o qual é inibido pela
redução dos espaços epifisiários, especialmente nos ossos longos. Por sua vez, a
modelagem é responsável pelo aumento da resistência óssea, pelo ganho de massa e
corresponde principalmente ao tamanho ósseo. A remodelagem tem como principal
função, a reparação de micro fraturas ocorridas no dia-dia por um contínuo ciclo de
destruição e posterior renovação óssea, ou seja, a ativação dos osteoclastos leva a
reabsorção óssea e as ações dos osteoblastos reconstroem a matriz óssea, levando a nova
mineralização do tecido.(BARROS et. al, 2008).
Além disso, o processo abordado também é dependente do sistema endócrino, o
qual através da fisiologia hormonal garante uma série de mecanismos de crescimento. No
entanto, esses processos do desenvolvimento ósseo sofrem mudanças significativas
quando estão sob estímulos ambientais, como a atividade física, seja associada a cargas
mecânicas, considerando a força, frequência e tempo de realização.
Conforme BAR-OR (1996), as forças mecânicas induzidas pelo exercício físico,
agem sobre os osteoblastos para formar novo tecido, adaptando-o aos estímulos externos.
De forma similar, a ação muscular resulta em estresse mecânico no osso gerando
potenciais elétricos que afetam o equilíbrio da atividade osteoblástica e osteoclástica,
induzindo-o a novas modificações. Com o avanço da idade, ocorre o predomínio da
atividade osteoclástica aumentando o processo de desmineralização óssea, a qual é
atribuída principalmente a degeneração dos constituintes trabeculares da estrutura
óssea. Embora haja alguma compreensão acerca das modificações ósseas em função de
estímulos mecânicos, ainda não se sabe quais os níveis e frequências de estimulação
mecânica necessários para desencadear o processo de controle/regulação da modelagem
e remodelagem óssea.(FONSECA et. al, 1999).

4.2. ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA E O DESENVOLVIMENTO ÓSSEO


Atualmente, ainda há muitos questionamentos acerca dos efeitos do exercício
físico e do crescimento de crianças e adolescentes, entretanto, estudos variados com
crianças e adolescentes têm evidenciado que, entre os fatores exógenos existentes, o
exercício físico tem efeitos benéficos no crescimento e desenvolvimento, como o aumento
da densidade mineral óssea (DMO). No entanto, a prática de atividade física de forma
inadequada, sem respeitar a idade ou o próprio crescimento infantil e puberal pode causar
disfunções, evidenciando a importância da adequação da intensidade dessas atividades

153
Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

com a idade. Dessa maneira, o que ocorre durante o exercício é o aumento da atividade
osteoblástica estimulado pela contração muscular e consequente aumento da
mineralização óssea, o que causa durante a puberdade uma potencialização do aumento
de massa óssea, pois é nesse período que ocorre o pico máximo de velocidade de
crescimento. Nesse contexto, a atividade física de forma regular durante a infância e
adolescência é capaz de prevenir danos ósseos na vida adulta, como a osteoporose e
fraturas. (ALVES e LIMA, 2008)
Para Ferreira (et al., 2015), é importante ressaltar que a atividade física moderada
tem a possibilidade de potencializar o pico de massa óssea, pois esse pico está relacionado
com o aumento da massa magra que é o principal coeficiente precursor para o aumento
de DMO durante o crescimento. Entretanto, um exercício físico executado de forma
incorreta pode causar lesão da placa de crescimento, que, na maioria das vezes, resulta
em uma resposta de reparação, na qual a calcificação do tecido danificado pode levar a
formação de uma ponte óssea, que pode gerar consequências graves nas crianças. Porém,
exercícios físicos moderados realizados pelas crianças durante o crescimento influenciam
no pico de DMO entre 10% a 20% quando comparado às crianças que não praticam, sendo
que o período mais susceptível para o aumento da densidade, durante o crescimento, é na
faixa etária entre 11-13 anos para meninas e 12-14 anos para meninos.
Nesse sentido, estudos mostraram que o tipo de esporte a ser praticado não mostra
influência negativa sobre o crescimento, desde que seja respeitada a ingestão calórica
necessária, o volume adequado de carga de treinamento e a realização de exercícios de
intensidade moderada. Sendo assim, os esportes de baixo impacto, como natação,
caminhada, alguns exercícios de musculação, entre outros, podem ser praticados por
períodos mais longos do que os esportes de alto impacto, observando-se a importância da
prática do exercício físico, pois os esportes potencializam o ganho de massa óssea.
Existe um pensamento bem disseminado em nossa sociedade de que as crianças
não devem frequentar academias de ginástica, pois os exercícios físicos de força podem
comprometer o crescimento linear. Uma revisão sistemática com metanálise (FROIS RR
2014) analisou o efeito do treinamento de força ou exercício resistido sobre o crescimento
longitudinal em crianças de sete a 12 anos. Dos 16 estudos com 1.008 participantes
analisados e que tiveram aferidos o crescimento longitudinal, não foi observada diferença
no crescimento linear das crianças submetidas ou não ao treinamento de força (p = 0,46).
A conclusão dos autores foi a de que o treinamento de força não influencia negativamente
o crescimento linear das crianças. Um outro estudo, de coorte, observou que atividade
física vigorosa em escolares limitava o crescimento do tecido adiposo, mas não o
crescimento linear (Jáuregui, 2012). Relacionado a fase pré-púbere e púbere, exercícios
físicos vigorosos não parecem causar prejuízos ao crescimento, contanto que não haja um
balanço energético negativo, ou seja, a alimentação não seja adequada. Ferreira (et
al.,2015), pois nessa situação, pode ocorrer atraso do desenvolvimento puberal devido à
alteração do eixo hipotalâmico-hipofisário. Dessa maneira, se associados esses dois
aspectos, a prática do exercício físico pode trazer benefícios para o resto da vida, pois a
prática de exercício físico durante a fase de crescimento do indivíduo, conhecido como
estirão, aumenta o osso cortical, responsável por fornecer força mecânica a proteção, por
meio da expansão periosteal, resultando em um osso mais resistente. (ALVES E ALVES,
2019)
Apesar do número escasso de estudos voltados ao tema do crescimento e
desenvolvimento ósseo infantil e puberal relacionado a prática de atividade física, os
artigos existentes convergem para a asserção de que o tecido ósseo é capaz de se

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Tópicos em Ortopedia Pediátrica – Volume 1

desenvolver e se auto-organizar de acordo com a carga e atividade físicos-esportivas


realizadas, principalmente durante a fase puberal, mas os efeitos das diferentes
atividades na saúde óssea ainda não são claros. Ademais, explora- se, além dos estudos de
densidade mineral óssea (DMO) e conteúdo mineral ósseo (CMO), parâmetro de
geometria óssea que servem para avaliar a qualidade do esqueleto de crianças e
adolescentes e há indícios de que indivíduos pré-púberes e púberes que praticam
esportes com sobrecarga possuem ossos geometricamente maiores, mais fortes e,
consequentemente, mais saudáveis. (Krahenbühl et al., 2018).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo do material selecionado comprova a intríseca relação entre a prática de
exercício físico por crianças e adolescentes e a melhora da densidade óssea, gerando
efeitos positivos no desenvolvimento estrutural, o que envolve ganho de massa muscular,
aumento da estatura e mais flexibilidade. Sendo observado que a atividade física de
intensidade, frequência e de resistência propiciam um melhor desenvolvimento ósseo do
que atividades pouco intensas e de relaxamento. No entanto, é imprescindivel a
importância do acompanhamento profissional durante a realização de tais atividades, as
quais devem respeitar limite de idade, peso e frequência suportadas e o limite físico da
criança, afim de evitar lesões e crescimento muscular inadequado. Portanto, observa-se a
necessidade do incentivo a prática de exercícios físicos na infância, sobretudo de
atividades de resistência e força, e a extinção dos paradigmas que norteam tal prática.

REFERÊNCIAS
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8ª Jornada Acadêmica.
[2] Ferreira, M. N. G. A influência da atividade física e esportes sobre o crescimento e a maturação.
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OF BONE AND MINERAL RESEARCH, v.10, n.6, 1995.
[6] BONJOUR, J. P. Anos críticos e estágios da puberdade para a coluna vertebral e acúmulo de massa
óssea femoral durante a adolescência. Revista de Endocrinologia Clínica e Metabolismo, v.73, n.3, 1991.
[7] MAFFULLI, N. e King, J. B. Efeitos da atividade física em alguns componentes do sistema
esquelético. Medicina Esportiva, v.13, p.393-407, 1992.
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Martin Program in Human Nutrition, v.37, n.2
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de crianças e adolescentes. Rev Paul Pediatr, v.26, n.4, p. 383-391, 2008.
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